EDITORA IFSERTÃO LANÇA OBRA QUE APRESENTA PLANTAS DA CAATINGA

A caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e guarda uma riqueza em fauna e flora privilegiada. O bioma tem cerca de 1000 espécies vegetais conhecidas, sendo que 318 destas só são encontradas na caatinga. É sobre parte desse universo que a obra “Plantas da caatinga: um olhar multidisciplinar” lança luz, apresentando diferentes aspectos de 25 espécies do bioma.

A obra é organizada pela professora do Campus Petrolina Zona Rural do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), Elizângela Maria de Souza, e conta com a contribuição de professores e estudantes do instituto e de outras instituições parceiras. O livro surgiu dos projetos de extensão que são ou foram desenvolvidos envolvendo a trilha ecológica do Campus Petrolina Zona Rural. Assim, todas as espécies apresentadas na obra ocorrem na trilha e foram catalogadas ao longo dos anos.

“Plantas da caatinga: um olhar multidisciplinar” tem ainda um diferencial: todas as espécies apresentadas no livro têm termos em Língua de Sinais Brasileira. Os sinais foram criados por membros da comunidade surda do Vale do São Francisco, surdos e ouvintes (professores, instrutores e intérpretes de libras). O trabalho contou também com a colaboração da Associação de Surdos de Petrolina – ASP.

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RICARDO KOTSCHO: O LUGAR DA REPORTAGEM NÃO MUDA, É NA RUA

Equipes reduzidas, demissões em massa, crise do modelo de negócios. São muitas as transformações e incertezas que cercam a prática jornalística. Mas há algo que, para o repórter Ricardo Kotscho, permanece inalterado mesmo no mais pessimistas dos cenários: “O lugar da reportagem não muda, é na rua, e não na redação”.

“Quando a gente quer fazer, faz. Não tem esse negócio de crise, nenhum editor recusa uma boa matéria. Não há desculpa pra não fazer. Mas aí, mais do que um meio de ganhar a vida, [a reportagem] tem que ser uma opção de vida. Muitos repórteres que conheço têm esse compromisso com a sociedade brasileira – e aqui tem muita história para ser contada, onde quer que você vá. E está faltando gente para contar”, afirmou o repórter, que trabalhou em todos os principais veículos da imprensa brasileira, em jornais, revistas e redes de televisão – com exceção da revista VEJA – tendo exercido todas as funções, de repórter a diretor de redação. 

“Crise sempre existiu”, disse.

Leonencio Nossa, repórter especial do Estadão, autor de Homens invisíveis (Editora Record), e Mata! (Companhia das Letras), concorda. “Em nenhum momento tivemos uma situação favorável para a produção de grandes reportagens no Brasil. É uma prática marginalizada dentro do mercado da comunicação”, afirmou. 

Ele ressaltou como a grande reportagem corre paralelamente aos outros trabalhos de apuração do repórter, que raramente consegue se ausentar do dia-a-dia da redação para trabalhar apenas em uma história – o que também vale para os freelancers que, da mesma forma, se dedicam a várias pautas de uma vez só.

“Se você é de um grande jornal, não dá pra dizer para o seu chefe que vai fazer uma grande reportagem, não tem como vendê-la se ela não estiver quase finalizada”, afirmou. “O relógio da reportagem é muito específico e único. Não é o relógio do editor do jornal, do cara que vai comprar o seu frila. É o relógio da história, que tem um tempo de maturação.”

Mesmo que essas histórias sejam contadas de novas formas, em outras plataformas, “a natureza do trabalho do repórter não muda”, afirma Kotscho . “Estamos aqui para ouvir as histórias dos outros. A nossa função como repórter é descobrir um Brasil que não está na mídia, um Brasil que não compra jornal, que é a maioria do povo brasileiro. Como dizia Audálio Dantas, o repórter é quem pergunta.  Mas hoje, o repórter já chega com a pergunta e com a resposta pronta”, criticou.

Carol Pires, ex-repórter da piaui, roteirista do programa Greg News, na HBO, e colaboradora do New York Times en Español, lembrou que, quando viajou ao Uruguai com a tarefa de escrever um perfil do ex-presidente José Mujica, já tinha o tom da história mais ou menos pronto na cabeça. 

“Imaginei que faria um perfil super engraçado do Mujica: o presidente que anda de fusca e tem uma cachorra de três patas. E não foi nada disso. Mujica é mal humorado, ranzinza. No dia que eu cheguei, a irmã dele tinha morrido. Virou um perfil melancólico, uma história sobre a velhice”, lembrou. “É preciso ter empatia, estar aberto a se surpreender e a quebrar as suas próprias convicções.”

Para ela, o principal erro da imprensa, hoje, é não ter repórteres espalhados por vários cantos do Brasil. “Acho que a imprensa americana aprendeu a lição com a eleição do Trump, de não entender o que estava acontecendo no interior. Espero que a gente não tenha o nosso Trump pra fazer cair a ficha.” 

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EMBRAPA E UPE REALIZAM EVENTO VIRTUAL SOBRE CLIMA, TERRITÓRIO E VEGETAÇÃO NO SEMIÁRIDO

Estão abertas as inscrições para VI Simpósio de mudanças climáticas e desertificação no semiárido brasileiro, III Simpósio do bioma caatinga e VII Workshop de sementes e mudas da caatinga. Podem participar, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, produtores rurais e profissionais das diversas áreas relacionadas aos temas. As inscrições podem ser feitas clicando aqui. https://www.smud-sibic-wsmc.com.br/inscricao.

A organização dos eventos é da Embrapa e do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental para o Semiárido, da Universidade de Pernambuco (UPE). Nesta edição, os três eventos serão realizados de forma conjunta e totalmente online, entre os dias 28 a 30 de setembro de 2021.

Para os pesquisadores, também está aberta a chamada para submissão de resumos, que segue até dia 15 de agosto. Os trabalhos científicos poderão ser selecionados para a publicação em um dos periódicos parceiros do evento. Os resumos aprovados terão os pôsteres expostos na plataforma digital do evento.

O evento reunirá especialistas nacionais e internacionais para discutir as inovações e os desafios da proteção ambiental e do desenvolvimento sustentável no semiárido frente às alterações climáticas.

A programação conta com duas palestras em cada uma das três manhãs, além das sessões de apresentação de trabalhos. No período da tarde, são realizados três workshops simultâneos em cada dia, que os participantes poderão optar conforme a área de interesse.

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MINISTRO DA EDUCAÇÃO DEFENDE UNIVERSIDADE PARA POUCOS E DIZ QUE REITOR DE UNIVERSIDADE FEDERAL NÃO PODE SER ESQUERDISTA

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, que reitores das universidades federais não podem ser “esquerdistas”.

“Alguns optaram por visões de mundo socialistas. Não precisa ser bolsonarista. Mas não pode ser esquerdidas, nem lulista”, disse. “Reitor tem que cuidar da educação e ponto final. E respeitar todos que pensam diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político, nem direita, muito menos de esquerda”, defendeu.

Segundo Ribeiro, o Ministério tem bom diálogo com “20 a 25” reitores entre os 69 diretores das universidades federais.

“Se na lista tríplice já tem gente reclamando, imagina se a gente pudesse indicar diretamente. É uma expressão da vontade dos alunos e não me oponho a ela, nesse primeiro momento. Tem que saber conviver com isso”, completou.

Pastor e ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ribeiro afirmou que não conhecia estruturas do MEC como a rede federal de educação técnica e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Ele disse ainda que pais de alunos da educação básica devem procurar o conselho tutelar se encontrarem conteúdo ideológico nos livros didáticos.

Na entrevista, Milton Ribeiro, ainda disse que, durante a pandemia, não faltaram recursos ao Ministério da Educação (MEC) e que a pasta aportou dinheiro tanto para equipamentos de prevenção ao novo coronavírus, como equipamentos de proteção individual (EPIs) e álcool em gel, quando no treinamento de professores para prepararem aulas virtuais.

“Só para cuidar da parte de objetos e elementos para cuidar da pandemia, como máscaras, EPI e álcool em gel, o MEC transferiu R$ 1,7 bilhão, fora o dinheiro que o governo federal aportou nos estados e municípios. O MEC, que tem o terceiro maior orçamento da Esplanada, aportou vários, vários recursos e, ao lado disso, tivemos a capacitação [gratuita] que foi feita para que os professores pudessem se capacitar [para] prepararem uma aula através do computador”, disse Ribeiro.

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RODA DE DIÁLOGO ALERTA PARA OS RISCOS DA INSTALAÇÃO DE USINA NUCLEAR COM USO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Populações tradicionais, ambientalistas e ativistas da região da bacia do rio São Francisco continuam promovendo mobilizações e ações que têm o objetivo de alertar para os perigos que ameaçam a permanência de um dos rios mais importantes do Brasil: o Rio São Francisco. 

A TV Raízes da Cultura e a Pastoral da Comunicação da Diocese de Floresta estão promovendo "Roda de Diálogo" sobre a possibilidade de instalação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, Sertão de Pernambuco, fazendo uso das águas do Rio São Francisco.

Os debates tem o objetivo de ouvir o posicionamento de parlamentares estaduais e federais, técnicos sobre as leis existentes e as discussões que vem ocorrendo nas casas legislativas, a ameaça que isso representa aos Territórios Tradicionais e os riscos e as falsas promessas de geração de empregos na região.

Na próxima sexta-feira (13) uma nova live com a participação dos representantes de movimentos sociais será promovida. E na outra semana uma reunião acontece com a presença de dois senadores e deputados eleitos em Pernambuco.

O rio São Francisco sob nova ameaça. Essa é a constatação dos Movimentos Sociais. "A Instalação do empreendimento vai exigir uma vazão que o rio São Francisco não suporta, além de impactos na segurança hídrica e alimentar, e na qualidade de vida das comunidades ribeirinhas", diz Padre Luciano Aguiar.

Atualmente o interesse em fazer uso das águas do rio São Francisco e instalar a Usina Nuclear tem que passar pela de revisão dos licenciamentos de uso das águas do Rio São Francisco já em vigor, é importante considerar as condições ambientais do rio para a concessão de licenciamentos futuros. 

Nesta direção, tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 09/2019, de autoria do deputado estadual Alberto Feitosa (PSC), que prevê a alteração do artigo 216 da Constituição Estadual, garantindo as condições para a implantação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, município localizado na região do Submédio São Francisco pernambucano.

Uma série de argumentos contrários ao empreendimento, dentre os quais estão o descumprimento à Constituição Estadual e riscos à saúde física e psicológica da população local.

“Pergunto se as vantagens econômicas de curto prazo, como a geração de empregos na fase de construção da usina, valeriam o sacrifício humano, os riscos de acidentes e impactos negativos à população de Itacuruba, que seria, mais uma vez, vítima das consequências negativas de um empreendimento energético,” pontuou o deputado do PT, João Paulo.

O autor da PEC 09/2019, o deputado Alberto Feitosa (PSC), defende a instalação da Usina Nuclear. “imaginem as vantagens econômicas trazidas pelo empreendimento, que deverá mobilizar um investimento de U$ 30 bilhões na região.

O educador social do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) em Floresta, Pedro João, afirma que a instalação da Usina Nuclear representa o fim da pesca artesanal, atividade que serve à alimentação e à geração de renda das comunidades ribeirinhas.

“A água vai impactar no ecossistema local. A água que volta após resfriar os reatores estará aquecida em 2ºC, o que impacta na sobrevivência e na reprodução dos peixes.Atualmente, os reservatórios já sofrem com o baixo volume de água, devido às mudanças climáticas que tornam as chuvas irregulares. Neste momento, por exemplo, estamos há tempos sem chuva. Fora isso, o eixo Leste da Transposição do rio São Francisco, localizado entre Petrolândia e Floresta, também usa essas águas, reduzindo ainda mais o volume. Com a implantação da usina, que vai demandar água para resfriar os reatores, o volume de água vai ficar ainda menor, tornando a pesca artesanal inviável, reflete Pedro João.

ITACURUBA:  A escolha de Itacuruba, Pernambuco para a implantação da usina se deu através do Plano Nacional de Energia 2030. Construído pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e lançado em 2007, prevê um investimento de R$ 30 bilhões para a construção de seis reatores com capacidade de produção de 6.600 megawatts. A área de instalação está localizada no Sítio Belém de São Francisco, distante 8 km de Itacuruba, e pertence à Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (Chesf).

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WEBNÁRIO ESTUDOS DE JORGE AMADO REÚNE ESCRITORES E PESQUISADORES DE DIVERSAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS

Um dos maiores escritores do mundo, Jorge Amado, morreu em 6 de agosto de 2001 consternando o mundo. O autor acreditava, segundo a jornalista, escritora, pesquisadora e biógrafa dele, Josélia Aguiar, que depois de 20 anos de sua morte seria esquecido. Engano. Não só continua lembrado como sua obra permanece cada vez mais debatida, analisada e provocando novas reflexões e releituras.

Uma das ações que discute o autor maior da Bahia é o II Webinário Estudos Amadianos que prossegue até o final do mês. Reúne autores consagrados como Antônio Torres, Socorro Acioli, Itamar Vieira Júnior, Josélia Aguiar, Aleilton Fonseca, Cyro de Matos, Ordep Serra, Ruy Póvoas, Nelson Cerqueira, Sérgio Habib, Edilene Matos, entre outros grandes nomes, totalizando 60 convidados.

“Jorge Amado é um dos grandes representantes da afro-brasilidade. A partir da literatura amadiana, impossível não o perceber como régua e compasso para outras afro-brasilidades e afro-baianidades literárias, pictóricas, audiovisuais e musicais ao lado de Caymmi. O filho de Oxóssi e ministro de Xangô desafiou parâmetros estabelecidos, tornou o povo pobre e negro-mestiço da Bahia protagonista de suas obras, lidas e divulgadas em diversos idiomas”, afirma Gildeci Leite, coordenador geral do evento.

“Perceber e discutir parte da contribuição de Jorge Amado para nossa afirmação identitária plural, diversa, é também mapear o quanto de baianidade há pelo mundo, fruto da caneta deste grapiúna. Se a Bahia e algumas de suas cidades são conhecidas e prestigiadas em diversas partes do planeta, isso, sem dúvida, deve-se a nosso maior embaixador e diplomata untado de dendê”, acrescenta.

Gildeci informa que o Webinário Estudos Amadianos foi criado pelo Grupo de Pesquisa Crítica Literária e Identidade Cultural (Clic), com a finalidade de se constituir um instrumento de divulgação, difusão, apoio e incentivo a pesquisas, atividades extensionistas e de ensino, relacionadas à obra do autor brasileiro mais lido em todo mundo. Ele informa que a ideia é que seja um projeto de formação de leitores.

O público, que poderá conferir 20 mesas dos mais variados temas sobre o autor, poderá acessar o evento através do Canal Universidade da Gente no YouTube.

“Contaremos, também, com a participação da família de Jorge Amado e teremos o apoio cultural do Grupo Companhia das Letras, através da Companhia na Educação, que irá doar e-books de obras do escritor durante o evento”, informa Gildeci Leite.

O coordenador-geral destaca que também é intenção do CLIC lutar para criar uma cátedra (cadeira de quem ensina; cadeira professoral) sobre Jorge Amado nas universidades baianas, incentivando novas pesquisas e interpretações de seus livros.

O II Webinário contará com conferência magna do prof. Dr. Félix Ayoh’Omidire, intitulada A yorubaianidade de Jorge Amado e o Triunfo dos Orixás Nagô-Yorubanos na Literatura Brasileira. Félix representa Obafemi Awolowo University, Ile-Ife, da Nigéria.

Do país africano, por telefone, ele afirma que, em sua tese de doutorado, demonstra como Jorge Amado “extrapolou a imagem identitária do povo Ketu/Nagô do candomblé da Bahia para a construção da identidade do baiano comum”, acrescentando que o imaginário yourubano também está presente em municípios como Santo Amaro, Maragojipe e Nazaré das Farinhas.

Já a escritora Josélia Aguiar, que no próximo dia 11, às 19h, participa da mesa Jorge Amado e a Literatura Contemporânea, junto com os escritores Itamar Vieira (Torto Arado) e Socorro Acioli (A Cabeça do Santo), com a coordenação do Prof. Dr. Schneider Carpeggiani, afirma que a obra de Jorge Amado se renova constantemente. “Ele deu grande contribuição ao protagonismo feminino, à defesa das religiões de matriz africana, ao debate da questão racial, entre outros temas”.

A biógrafa de Jorge Amado afirma que na mesa em que participa será analisado o eco da obra de Jorge Amado na produção literária brasileira. Entre os temas que são revistados por outros escritores, Josélia cita a luta pela terra. “Ele também tinha uma escrita cativante e um olhar afetuoso sobre seus personagens”, complementa.

Na programação, as mesas Corpos alugados: uma Leitura do trabalho em Cacau e Suor, de Jorge Amado; Literatura e Saúde, Narrando Epidemias e Contaminações Sociais na obra de Jorge Amado; Mar Morto: A morte mítica entre a Terra e o Mar e Dona Flor – nas Encruzilhadas da Nova Mulher.

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EDUCAÇÃO CIENTÍFICA É ARMA CONTRA OS MALES DO NEGACIONISMO

Quando a ciência está sob ataque, é preciso empunhar armas para defendê-la e fazer o inimigo recuar. Armas, no caso, que não disparam tiros ou arrancam a vida de ninguém, mas são o terror do obscurantista: a escrita e a divulgação correta dos dados científicos.

Marcelo Knobel é mais um que entra nesse campo de batalha para afastar o negacionismo e a pseudociência. Em seu novo livro, A Ilusão da Lua, o reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor do Departamento de Física da Matéria Condensada daquela instituição reúne em textos acessíveis, escritos com bom humor e uma prosa fácil, um bom punhado de ciência para tempos tão estremecidos. 

“Quanto mais as pessoas aprenderem a pensar criticamente, a questionarem as informações, menos gente propagará a desinformação”, comenta Knobel na introdução do livro.

Lançado pela Editora Contexto, o livro é organizado em três partes. Na primeira, a ciência surge dos fatos do cotidiano, reunindo curiosidades que podem vir de uma criança de 3 anos ou da criança que, de vez em quando, ainda aparece em nós. Em textos curtos e ágeis, Knobel explica por que cobertores nos protegem do frio, comenta sobre a falta de consenso a respeito da ilusão do tamanho da Lua no céu e discorre sobre a complexidade por trás de uma xícara de café, dentre outros fatos do dia a dia enredados pela ciência.

“Ao vestir uma roupa ou ao hibernar sob um aconchegante cobertor, diminuímos as correntes de ar próximas à pele e, assim, minimizamos as perdas de calor por convecção”, escreve o docente. “Fora isso, os cobertores e agasalhos para o frio possuem fibras que são intimamente dobradas e facilitam a formação de bolhas estacionárias de ar no seu interior. O ar que permanece próximo à nossa pele por alguns instantes é aquecido, o que faz com que a variação de temperatura seja menor entre o ar e o corpo, reduzindo igualmente a taxa de perda de calor por radiação.”

Na segunda parte do livro, o tema é a importância do fazer científico e da divulgação com qualidade desse saber. O reitor da Unicamp faz nos textos reunidos uma defesa do investimento na ciência básica, trata da espinhosa questão do plágio na comunidade científica e recupera o valor dos museus de ciência e tecnologia.

“Precisamos fazer da ciência um assunto cada vez mais presente”, escreve Knobel. “Nas escolas, na imprensa, nas redes sociais. Não falo apenas das aplicações práticas, mas também de toda a atividade científica e das maravilhas que vamos descobrindo sobre os seres vivos e o Universo. Estimular perguntas é tão importante quanto dar respostas. Quais hipóteses são avaliadas em um estudo? Quais as chances de ele dar certo? Como comprovar que algo realmente funciona? O que se busca em determinado processo de inovação tecnológica?”

O terço final de A Ilusão da Lua traz uma seção com reflexões sobre pseudociências e negacionismo. Knobel alerta para os sinais de discursos falseadores e pseudocientíficos, como o uso de argumentos de autoridade, correlações de causa e efeito que não se sustentam e exemplos selecionados apenas para comprovar teses. Pontua que a pseudociência não tem compromisso com a realidade, mas apenas se molda às preferências do público.

Um dos exemplos mais atuais disso é o negacionismo em relação à eficácia da vacinação. “O movimento antivacina, que se utilizava da pseudociência mais baixa, foi um prenúncio do que viria depois com a pandemia da covid-19, com a ode à cloroquina, o uso em massa de vermífugo como uma mentirosa profilaxia e a negação da importância do confinamento. Os efeitos devastadores são conhecidos. A questão é como chegamos aqui”, escreve o professor. Fonte-Luiz Prado-Jornal da USP

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