PERNAMBUCO CELEBRA 06 DE ABRIL O DIA ESTADUAL DO RÁDIO

 

Pernambuco passa a celebrar a partir de 06 de abril de 2021 o Dia Estadual do Rádio. O Presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) , Eriberto Medeiros, promulgou a Lei 16.241, de autoria do Deputado Clodoaldo Magalhães (PSB-PE), que institui 6 de abril como O Dia Estadual do Rádio.  A proposta nasceu da ASSERPE- Associação das Emissoras de Rádio e TV de Pernambuco, como forma de ter uma data que marque o nascimento do veículo no país. 

A data relembra a primeira transmissão pelas ondas do rádio registrada no Brasil, que ocorreu no Recife, em 1919, pela Rádio Clube. Só em 1922 a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que é, até então, considerada a pioneira, fazia sua primeira transmissão oficial. Foi exatamente no dia 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do país, com a transmissão, à distancia e sem fios, da fala  do presidente Epitácio Pessoa. Mas a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, tendo à frente o médico Roquete Pinto, só começou a operar, no entanto, em 30 de abril de 1923.

“Apesar da contribuição indiscutível de Roquette Pinto ao meio, a história é contada e provada: o rádio nasceu antes em Pernambuco. A promulgação da Alepe representa, portanto, um resgate da história da radiodifusão pernambucana.” Enfatisa o presidente da Asserpe, Nill Junior, argumentando que o rádio nasceu no Brasil, aqui em Recife no dia  06 de abril de 1919, e o extinto “Jornal do Recife” noticiava: "Consoante convocação anterior, realizou-se ontem na Escola Superior de Electricidade, a fundação do Rádio Clube, sob os auspícios de uma plêiade de moços que se dedicam ao estudo da electricidade e da telegrafia sem fio. Ninguém desconhece a utilidade e proveito dessa agremiação, a primeira do gênero fundada no País." 

Era o marco inicial de uma conquista de nomes como o radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. A Rádio Clube foi a pioneira em função de ter feito a primeira transmissão oficial, em um estúdio improvisado na Ponte d'Uchoa, no Recife. Em fevereiro de 1923, a Rádio Clube de Pernambuco passou a operar com um transmissor de 10W, tendo sua abrangência aumentada para toda a área do Recife. 

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NOVO CD AO VIVO EM CURAÇÁ, DO CANTOR, COMPOSITOR LUIZ DO HUMAYTÁ É O SÉTIMO DA CARREIRA DO POETA

O cantor e compositor, o poeta Luiz do Humaytá está preparando o lançamento do seu mais recente trabalho, o CD Ao Vivo em Curaçá. O CD Ao Vivo em Curaçá é o sétimo da carreira de Luiz do Humaytá e foi gravado no Teatro Raul Coelho em Curaçá, Bahia, no dia 21 de dezembro do ano passado.

"O projeto era para ter sido lançado em março,  mas com o surgimento da pandemia o lançamento foi adiado. Agora, quase um ano depois da gravação decidi lançar pelo menos no meio digital, já que os shows ainda estão suspensos", revela Luiz do Humaytá.

O novo CD Ao Vivo em Curaçá é predominantemente composto de músicas autorais mas inclui também músicas de outros compositores, um pouco diferente do "Decanto o Sertão" último cd do artista, que era totalmente autoral.

O CD Ao Vivo em Curaçá é composto por 13 canções e tem as participações super especiais de Cicinho de Assis na sanfona em todas as músicas  do CD e Targino Gondim em uma das faixas. 

"Neste cd eu faço um resumo da minha carreira desde os tempos do Forró Avulso. Mas a novidade é que estou com um trabalho novo que já está no estúdio e chama-se Boemia Cult, e deve estar pronto até o final do ano", ressalta Luiz do Humaytá. 

Uma usina de criatividade, Luiz do Humaytá, planeja que o CD Boemia Cult deve ser lançado em breve. O cd é composto por boleros e sambas tradicionais da música brasileira e mostra mais o lado de intérprete e de violonista do músico e poeta Luiz do Humaytá.

"Dependendo do andamento da pandemia estou pensando em fazer o lançamento duplo, Ao Vivo em Curaçá e Boemia Cult, quem sabe ainda este ano e quem sabe no Bar do Ananias em Curaçá, Bahia", finaliza Luiz do Humaytá.

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O BRASIL TEM 3.299 ESPÉCIES DE ANIMAIS E PLANTAS AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO, O BIOMA CAATINGA É UM DOS QUE MAIS PREOCUPA

O Brasil tem 3.299 espécies de animais e plantas ameaçadas, o que representa 19,8% do total de 16.645 espécies avaliadas. É o que aponta a pesquisa Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção no Brasil 2014, divulgada hoje (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Atualmente, são reconhecidas no país 49.168 espécies de plantas e 117.096 espécies de animais. Desse total, a pesquisa analisou as 4.617 espécies da flora e as 12.262 espécies da fauna listadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelo Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para as quais existem informações sobre seu estado de conservação. Elas representam, respectivamente, 11,26% e 10,13% do total de espécies reconhecidas.

Segundo o estudo, das espécies analisadas, 0,06% estão extintas, 0,01% estão extintas na natureza, 4,73% estão criticamente em perigo, 9,35% estão em perigo, 5,74% são vulneráveis, 3,98% estão quase ameaçadas de extinção, 62,82% são menos preocupantes e 13,33% foram classificadas como dados insuficientes, indicando a necessidade de mais pesquisas para avaliação. São consideradas ameaçadas as espécies nas categorias vulnerável, em perigo e criticamente em perigo.

A Mata Atlântica foi o bioma com mais espécies ameaçadas, tanto em números absolutos (1.989) quanto proporcionalmente (25%). Em seguida vêm o Cerrado, com 1.061 espécies ameaçadas, 19,7% do total de espécies do bioma, e a Caatinga (366 espécies ou 18,2%). O Pampa tem194 espécies ameaçadas, o que equivale a 14,5%.

á o Pantanal e a Amazônia têm as maiores proporções de espécies na categoria menos preocupante (88,7% e 84,3%, respectivamente) e também o menor percentual de espécies consideradas ameaçadas (3,8% e 4,7%, respectivamente). Em números absolutos, são 54 espécies ameaçadas no Pantanal e 278 na Amazônia.

A pesquisa analisou a fauna e a flora segundo sua ocorrência nos biomas – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Mar e ilhas oceânicas – e tipos de ambiente (terrestre, água doce e marinho). Uma mesma espécie pode ocorrer em diferentes biomas e ambientes. Nesse sentido, 47,7% das espécies eram observadas na Mata Atlântica, 35,7% na Amazônia, 32,4% no Cerrado, 12,4% no Mar e ilhas, 12,1% na Caatinga, 8,4% no Pantanal e 8% no Pampa.

Em relação à fauna no ambiente terrestre, a maior proporção de espécies ameaçadas se encontra nas ilhas oceânicas, com 30 espécies, ou 38,5% do total de espécies terrestres no Mar e ilhas. A Mata Atlântica tem um número absoluto maior de animais terrestres ameaçados (426), mas uma proporção menor (12,8% do total de espécies terrestres na Mata Atlântica).

ESPÉCIES EXTINTAS: Ao menos dez espécies estão extintas: as aves maçarico-esquimó (Numenius borealis), gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti), limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), peito-vermelho-grande (Sturnella defilippii), arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), e caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum); o anfíbio perereca-verde-de-fímbria (Phrynomedusa fimbriata); o mamífero rato-de-Noronha (Noronhomys vespuccii); e os peixes marinhos tubarão-dente-de-agulha (Carcharhinus isodon), e tubarão-lagarto (Schroederichthys bivius).

Além dessas, uma espécie está extinta na natureza, ou seja, depende de programas de reprodução em cativeiro: a ave mutum-do-Nordeste (Pauxi mitu), observada na Mata Atlântica. (Agencia Brasil)

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RIO SÃO FRANCISCO: BARRAGEM DE SOBRADINHO 2.900 METROS CÚBICOS POR SEGUNDO

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) informa que, em atendimento às diretrizes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), nesta quinta-feira, 5 de novembro de 2020, a vazão do Rio São Francisco, a partir do Reservatório de Sobradinho (BA) passará de 2.600 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 2.900 m³/s.

Essa será a maior vazão liberada por Sobradinho em sete anos, período em que a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco enfrentou sua maior crise hídrica. O período chuvoso começou este mês de novembro e termina em abril de 2021.

A água liberada de Sobradinho vai minimizar o rebaixamento do Reservatório de Itaparica, da Usina de Luiz Gonzaga (PE), visando manter o seu armazenamento em torno de 30% de seu volume útil. A vazão de Xingó (SE) será mantida em 2.300 m³/s, podendo chegar a 3.000 m³/s, a depender da necessidade de atendimento ao Sistema Interligado Nacional – SIN.

A Chesf destaca a importância de a população não ocupar as áreas ribeirinhas situadas na calha principal do rio, entre o trecho de Sobradinho até a foz, com o objetivo de garantir a segurança de todos. (Foto: Agência Brasil)

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A JUAZEIRENSE MILENA, JOÃO DO VALE E O BAIÃO FOGO DO PARANÁ


"Carcará pega, mata e come/ Carcará, não vai morrer de fome/ Carcará, mais coragem do que homem..." A metáfora social de Carcará, imortalizada por Maria Bethânia no lendário show "Opinião", nos anos 60, é de autoria de um poeta, compositor negro e semi analfabeto chamado João Batista do Vale, compositor de dezenas de músicas inesquecíveis que marcaram a canção brasileira.

Após morrer em 1996, o compositor maranhense, idolatrado por Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Nara Leão e outros grandes nomes da música brasileira tem um capítulo que o liga a Juazeiro Bahia.

Em 1977, ao ser convidado para fazer show no Projeto Pixinguinha, pela então recém-criada Funarte, o cantor e compositor maranhense João do Vale (nascido em 11 de outubro de 1934 e falecido em 6 de dezembro de 1996) pediu que a companheira de palco fosse Milena.

Tratava-se da cantora Milena, nascida em Juazeiro, terra de João Gilberto, dona de uma das mais belas vozes do cancioneiro brasileiro.

Milena percorreu o Brasil e soltou a voz mostrando os sucessos como Carcará (João do Vale e José Cândido, 1965), Peba na pimenta (João do Vale, José Batista e Adelino Rivera, 1957) e Pisa na fulô (João do Vale, Silveira Junior e Ernesto Pires, 1957).

A juazeirense faleceu este ano, marcando, infelizmente a falta de valorização da cultura brasileira e seus artistas. A amizade gerou shows e programas de TV feitos por Milena com João do Vale na década de 1980. Milena ainda em vida chegou a lançar o álbum João do Vale – Muita gente desconhece.

João do Vale é ainda autor da música Na asa do vento (João do Vale e Luiz Vieira, 1956), O canto da ema (João do Vale, Ayres Viana e Alventino Cavalcanti, 1956) e Coroné Antonio Bento (João do Vale e Luiz Wanderley, 1970).

O cantor e compositor Chico Buarque afirma que "João do Vale está na mesma linha de Luiz Gonzaga e a sua obra tem tanto peso e valor quanto a do rei do baião".

Este mês caminhando pelos sertões do Paraná, lembrei de Milena e João do Vale. Lembrei de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha interpretando o baião Fogo do Paraná. Emocionado chorei...


A história conta que o Incêndio florestal no Paraná foi um grande incêndio que ocorreu na década de 1960, no século XX, no estado do Paraná, Brasil. O incêndio atingiu principalmente a região do norte pioneiro e campos gerais do Paraná além de alguns municípios da região central e norte do estado. É ainda considerado um dos maiores incêndios ocorridos no Brasil e no mundo.

Este incêndio é tema do livro “1963-O Paraná em chamas” que traz a história de um incêndio florestal que ocorreu há cinquenta anos sete anos no Paraná.   Foram 3 anos de trabalho que incluiu pesquisas em mais de 1000 documentos, entre periódicos, estudos acadêmicos, arquivos eletrônicos, relatórios governamentais além de entrevistas com jornalistas, profissionais agrônomos da época e integrantes da Defesa Civil do Paraná.

Naquela época agosto e setembro foram meses de fortes estiagem no Paraná e o estado vinha passando por um período bem seco. Como era de costume, os lavradores faziam pequenas queimadas para limpar o terreno. Com os fortes ventos, não demorou muito para o fogo avançar sem controle. Essa combinação de fatores foi o estopim para o fogo se alastrar pelo interior do Paraná.

Jornais da época mostram que imóveis, entre casas, galpões e silos, viraram cinzas. Cerca de 10 mil famílias, a grande maioria formada por trabalhadores rurais, ficaram desabrigadas. Tratores, equipamentos agrícolas e incontáveis veículos foram atingidas.

O fogo causou a morte de cerca de 300 pessoas. Entretanto, não chegaram a um consenso sobre o número de mortos, que teria sido maior, segundo os jornais da época.

Naquela época João do Vale compôs, o baião Fogo do Paraná e Luiz Gonzaga cantou:

"José Paraíba  seu Zé das Crianças foi pro Paraná cheio de esperanças.

Levou a mulher e seis barrigudinhos:  Pedro, Juca e Mané, Severino, Zefa e Toínho. No norte do Paraná todo serviço enfrentou batendo enxadas no chão mostrou que tinha valor...Dois anos de bom trabalho até cavalo comprou.

A meninada crescia, robusta e muito feliz, estudava animada. A mulher sempre dizia: Ninguém tá com pança inchada tudo igualzinho a sulista, muita saúde de bochechinhas rosadas.

Se nordestino é pesado é do ofício, o cavaco é como diz o ditado, a corda só quebra no fraco. Deus quando dá a farinha o diabo vem, rasga o saco.

Aquele fogo, maldito que o Paraná quase engole e José lutava contra ele acompanhado da prole. 

Vosmicê fique sabendo que José nunca foi mole. 

Depois de tudo perdido chegando no seu ranchinho foi conferir os meninos e estava faltando Toínho...Voltou em cima do rastro gritando pelo caminho:

Cadê Toínho...Toínho num veio. Cadê Toínho, Responde pelo amor de Deus Toinho...

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POLÍTICAS DE VACINA E VACINAS POLÍTICAS

Quase todos os principais Laboratórios farmacêuticos do mundo estão se acotovelando para assegurar seu espaço na América Latina. A disputa por esse posto de provável fornecedor da vacina contra a COVID-19 se passa em algum lugar entre a Cidade do México, Buenos Aires, Lima e São Paulo. Essa competição sanitária coloca em cena, de forma inesperada, as relações estruturalmente assimétricas existentes nessa área — assim como em outras — entre os países do Sul e do Norte.

O que, de fato, são esses Laboratórios?

São grandes empresas da área da saúde, oriundas das grandes potências mundiais econômicas: dos Estados Unidos (Covaxx; Johnson & Johnson; Merck; Novavax), da China (CanSino; CNBG; Sinipharm; Sinovac), da Alemanha (Curevac; Pfizer), da Bélgica (Janssen), da França (Sanofi-Pasteur), da Itália (ReiThera), da Rússia (RDIF-Sputinik V), do Reino Unido (Oxford/AstraZeneca). A filantropia não constitui a razão de ser dessas companhias. Ela vem acompanhada do objetivo prioritário, o lucro, tal como ocorre com toda e qualquer empresa.

À primeira vista, surpreende essa sua presença na América Latina, “continente” de famílias com poder aquisitivo relativamente baixo, se comparado ao da renda média norte-americana, japonesa ou européia. Três fatores, no entanto, permitem compreender esse interesse sanitário e econômico. 

O primeiro é particularmente atraente: o mercado em potencial é enorme. Além disso, em razão do descumprimento social de medidas de prevenção do coronavírus, os sistemas de saúde ficaram rapidamente saturados e o número de pessoas infectadas se expande continuamente. A América Latina é atualmente a região do mundo com mais pacientes doentes, mortos ou em situação de risco grave e iminente. 

Não se pode esquecer que, incapazes de oferecer medidas de defesa e prevenção eficazes e suficientes, carentes de estruturas hospitalares à altura do desafio, os governos desses Estados, e seus cidadãos, contam com a vacina como a única solução viável, e por isso recorrem àqueles que são capazes de criá-la.

As autoridades regionais estão atirando para todos os lados e apelando para todos os santos. Os chefes desses Estados aproveitaram a tribuna das Nações Unidas, no final de setembro, para manifestar suas preocupações e expectativas quanto ao acesso universal à vacina. Eles aderiram ao sistema Covax Facility, da OMS, para garantir, mediante pagamento, o fornecimento de remessas mínimas.

 O México, por exemplo, efetuou, em 8 de outubro de 2020, um pagamento de 180 milhões de dólares, o que lhe dá direito a mais de 51 milhões de doses. Eles apelaram aos grandes Laboratórios do mundo, mencionados acima, e estes, diante do tamanho das necessidades e da urgência, responderam positivamente a esses pedidos, sem ignorar a força motivacional do primeiro dos fatores de seu interesse particular em atender esses Estados.

Com economias “intermediárias”, os países latino-americanos oferecem outra vantagem igualmente decisiva aos olhos dessas empresas. Eles têm a capacidade industrial para produzir localmente as vacinas criadas por esses Laboratórios internacionais. Argentina e México anunciaram, em 12 de agosto de 2020, um acordo de cooperação com a empresa britânica AstraZinovac. Esse contrato recebeu o apoio financeiro do homem mais rico do México, Carlos Slim. A Fiocruz, no Brasil, também fechou contrato com a britânica AstraZeneca. O Instituto Butantan, em São Paulo, associou-se à chinesa Sinovac. A vacina já tem, inclusive, um nome: CoronaVac. O TecPar, Instituto de Tecnologia do Paraná, buscou um acordo semelhante com a russa RDIF-Sputnik V.

Além da certeza de atenderem a uma demanda multimilionária, que será honrada financeiramente, e fabricada localmente, esses Laboratórios beneficiam-se de uma terceira contrapartida significativa. O de poder dispor de voluntários em abundância para realizar os ensaios ditos de fase três, quando se passa de testes em animais para testes em seres humanos. Os governos, pelas razões expostas acima, concederam todas as autorizações necessárias. 

Os trabalhadores da saúde, em primeiro lugar, por serem considerados vítimas em potencial, responderam massivamente a esses pedidos. A AstraZinovac está realizando testes na Argentina, no Brasil e no México. A CNBG na Argentina. Casino e CureVac no México. Janssen e Novavax no México. Johnson & Johnson e Sinopharm no Peru. Sinovac no Brasil e no Chile. Sanofi-Pasteur no México, assim como a ReiThera. Sputnik-V no Brasil e no México.

A pandemia é mortal. Ela mata. Ela é também a origem de várias disputas políticas. O contexto de competição “custe o que custar” pela produção da vacina provocou outras disputas e rivalidades. Os governos latino-americanos têm com que se preocupar: os países ricos lhes legarão a parcela devida das vacinas? 

Os Estados-Unidos, preocupados com a penetração de Laboratórios russos e chineses, tentam dar uma rasteira, e intervir no processo. No Brasil, o governo federal e os estaduais competem por vacinas e laboratórios. O presidente Jair Bolsonaro, depois de receber um enviado de Donald Trump, o Conselheiro de Segurança Nacional Robert O’Brain, desautorizou o seu terceiro ministro da saúde, o general Eduardo Pazuello, que havia acabado de anunciar uma grande compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac. Essa vacina tem um duplo defeito: é de origem chinesa, logo, ‘comunista’, e vem sendo promovida por um dos opositores de Bolsonaro, o governador do Estado de São Paulo, João Doria.

A OPAS, Organização Pan-Americana da Saúde, tentou oportunamente soprar ao pé do ouvido algumas reflexões, e advertiu, uns e outros, em 23 de outubro, nestes termos: “A América Latina não deve depender exclusivamente da vacina para acabar com a COVID-19”.

*Jean-Jacques Kourliandsky é diretor do Observatório da América Latina junto ao IRIS – Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, com sede em Paris e responsável pela cobertura e análise conjuntural geopolítica da América Latina e Caribe.

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ELEIÇÕES: NOVOS PREFEITOS ENCONTRARÃO CENÁRIO DESAFIADOR NAS CIDADES

Os prefeitos que assumirão a administração de suas cidades a partir de 1º de janeiro de 2021 encontrão mais dificuldades que os seus antecessores. A economia brasileira estará em recuperação após a recessão mais aguda da história, provocada pela pandemia de covid-19. No rastro da crise, queda de arrecadação e aumento do desemprego. As despesas não deverão dar trégua, ainda sob ameaça de mais gastos por causa de novas infecções.

“Num primeiro momento, eles vão enfrentar um cenário de terra arrasada”, prevê Ricardo Macedo, professor do curso de Ciências Econômicas do Ibmec no Rio de Janeiro. “Quem assumir uma prefeitura, além de ter poucos recursos, tem que descobrir novas fontes de receita.” Em sua opinião, o poder público municipal tem que fiscalizar mais, renegociar dívidas, e recuperar receitas - “pra fazer o caixa fluir”.

Os novos administradores municipais começarão o mandato fazendo conta de menos. Conforme previsto em lei, os municípios, assim como estados e Distrito Federal, deixarão de receber o auxílio emergencial pago pela União após nove meses de pandemia. Até dezembro de 2020, esses entes federativos terão recebido R$ 79,19 bilhões do governo federal.

“O socorro da União aos municípios não tem como se repetir em 2021. É um ano de muito desafio na parte fiscal”, descreve José Ronaldo de Castro Souza Júnior, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Os gestores municipais estão sem quase nenhuma disponibilidade de caixa para políticas públicas, investimentos e gastos que não sejam pagar salários”, descreve.

O consultor da área de estudos técnicos da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) Eduardo Straz também usa o termo “desafio” para falar da situação dos municípios no primeiro ano de mandato dos novos prefeitos. “A sociedade via cobrar fomento de emprego e renda e já vai votar pensando nisso”, alerta aos candidatos - lembrando que até o período de transição e de preparação da nova administração vai ser mais curto por causa do adiamento das eleições em mais de um mês entre outubro e novembro.

De acordo com o Índice Firjan de Gestão Fiscal, medido com dados de 2018 junto a 5.337 municípios (96% das cidades brasileiras), mais de um terço das prefeituras não gera receita suficiente para manutenção da própria estrutura administrativa. Um quinto das prefeituras terminou aquele ano sem caixa para quitar todas as despesas. Quase a metade das cidades (49,4%) gasta a maior parte da receita com pessoal (54%).

O estudo Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil, publicado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), também com dados de 2018 referentes a 4.533 cidades (81,4% do total), esboça igualmente quadro de preocupações para os novos prefeitos: de cada R$ 10 que o conjunto das administrações municipais dispunha, R$ 9,09 foram gastos com despesas de pessoal (R$ 300,19 bilhões no total) ou custeio da máquina pública (R$ 247,14 bilhões). Apenas 6,4% (R$ 38,37 bilhões) de tudo que foi gasto se destinaram a investimentos. (Agencia Brasil)

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