SEBRAE: SEMANA GLOBAL DE EMPREENDEDORISMO COMEÇA NA SEGUNDA 18 NOVEMBRO

“Empreender é viver o futuro hoje”. Esse será o tema da 12ª edição da Semana Global de Empreendedorismo (SGE), que acontece de 18 a 24 de novembro, em todos os estados do país. 

O evento é um movimento mundial que inspira, conecta e capacita jovens e adultos que se interessem por empreendedorismo. Em vários países, durante sete dias, são realizadas palestras, workshops, oficinas, feiras, cursos, debates, competições online. No Brasil, a programação vai além – se estendendo ao longo de todo o mês de novembro. No estado de Pernambuco, será realizado em várias cidades, do litoral ao sertão, com foco no desenvolvimento do digital e no aumento da inovação nas micro e pequenas empresas.

"A escolha do tema é muito feliz. Espelha com fidelidade o engajamento do Sebrae com a inovação, sua luta por um país mais empreendedor e seu compromisso com a construção permanente de futuros melhores para os pequenos negócios. Pernambuco fará sua parte nesse movimento, dedicando o período de 18 a 24 de novembro à difusão massiva de novas práticas de negócio, suportadas pelas tecnologias digitais apropriadas aos microempreendedores individuais (MEI) e às micro e pequenas empresas (MPE)", pontua Francisco Saboya, superintendente do Sebrae Pernambuco.

Na programação de Pernambuco, o Sebrae elencou entre os destaques atividades como Estratégias de Marketing Digital, Direito do Consumidor no E-commerce, Instagram Avançado, Gestão 4.0 por Trás das Empresas Inovadoras, Transformação Digital e Adequação às Novas Exigências do Consumidor 4.0, entre outras. 

Em Petrolina, no Sertão do São Francisco, as ações terão início de 18 a 21 de novembro, na Fundação Nilo Coelho, com o Vale Empreender. De 25 a 26 de novembro, será realizado o curso “Internet que vende”. No dia 27/11, os interessados poderão participar da oficina “Google Ads e Presença digital: saiba como ser a melhor opção para seu cliente e venda mais”.  No dia 28/11, a oficina “O poder das vendas no Whatsapp Business e  Instagram Comercial”.

O presidente do Sebrae Nacional, Carlos Melles, ressalta que o evento vai abordar o empreendedorismo do futuro com uma visão inclusiva. “É fundamental tratar a inovação como um processo de inserção transversal nos negócios. Iremos trabalhar quais comportamentos empreendedores e competências são necessários para que os donos de pequenos negócios possam enfrentar os desafios que encontrem pela frente”, destaca Melles.

SERVIÇO: Semana Global de Empreendedorismo. Quando: 18 a 24 de novembro
Onde: Fundação Nilo Coelho (Av, R. Aristarco Lopes, 330 - Centro) e Sebrae (Av. 31 Marco - S/N - Centro)
Inscrições: loja.pe.sebrae.com.br
Programação: www.pe.sebrae.com.br
Outras informações: 0800 570 0800 / (87) 2101-8900

Fonte: Fabiano Barros

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MOTORISTAS E USUÁRIOS DO CIRETRAN JUAZEIRO RECLAMAM DA LENTIDÃO EM SERVIÇOS PRESTADOS PELO ORGAO

A demora na emissão de documentos por parte do Ciretran de Juazeiro tem provocado reclamações. O processo tem demorado três vezes mais do que o normal. A cada dia que passa cresce o número de insatisfação dos usuários com os serviços prestados pela Oitava Ciretran, órgão diretamente ligado ao Detran na Bahia.

Dezenas de leitores deste Blog reclamam do atendimento da Ciretran Juazeiro, Bahia. o O motorista Edinho Silva disse que são as constantes a demora em se receber a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e ooutros procedimentos para renovação do documento. Ainda de acordo com informações até mesmo os documentos demora a chegar. "São mais de trinta dias que dei entrada na segunda vida da Carteira Nacional de Habilitação e até agora nenhuma resposta".

O prazo máximo determinado pelo Código de Trânsito Brasileiro para a renovação da carteira de habilitação é de 30 dias, mas de acordo como os motoristas da cidade de Juazeiro o procedimento realizado pela Cinetran não tem cumprido os prazos.

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SEMIÁRIDO SHOW TRAZ PROGRAMAÇÃO COM FOCO NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL

De 19 e 22 de novembro acontece a oitava edição do Semiárido Show, maior evento de inovação tecnológica para a agropecuária dependente de chuva do Nordeste. A iniciativa busca levar aos produtores e empreendedores da região as principais pesquisas e inovações com foco no desenvolvimento sustentável do Semiárido brasileiro. O evento é promovido pela Embrapa, em parceria com o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), e acontece em uma área de 20 hectares da Embrapa Semiárido, na zona rural de Petrolina-PE.

Com o tema “Dinâmicas de Desenvolvimento Regional e Inovação”, a feira traz uma programação intensa e diversificada, que envolve mais de 70 oportunidades de capacitações entre minicursos, palestras, oficinas, seminários e Dias de Campo, tudo gratuito e aberto ao público. Entre os temas que serão abordados estão os sistemas de cultivo para o Semiárido, tecnologias de captação de água e irrigação, criação animal (galinha, caprinos e ovinos), modelos para a exploração sustentável da Caatinga, manejo e conservação dos solos e apresentação de novas cultivares.

Nas Unidades Demonstrativas estarão expostos os materiais de campo da Embrapa e de parceiros, com destaques para as forrageiras, espécies de plantas que podem ser utilizadas para alimentação de rebanhos. Ainda no campo, os visitantes terão a oportunidade de conferir cultivos como o algodão, feijão, milho, gergelim, sisal, amendoim, sorgo, macaxeira, mamona, além de técnicas para armazenamento e gestão da água e modelos de iLPF.

De acordo com o Chefe-geral da Embrapa Semiárido, Pedro Gama, este é um evento de grande importância, pois torna possível a milhares de pessoas o acesso as informações geradas pela Embrapa e instituições parceiras, contribuindo com o dinamismo, produtividade e sustentabilidade da atividade agropecuária na região.

“Temos espaços planejados para permitir o máximo de intercâmbio de conhecimentos, com estandes, auditórios e áreas de exposição que divulgam e dão visibilidade a produtos e serviços locais, ampliando as oportunidades de parcerias e de fortalecimento de mercados para o semiárido”, explica o gestor.

A organização estima a participação de 15 mil pessoas no evento, entre agricultores, estudantes, empresários, pesquisadores, agentes de assistência técnica, extensão rural e demais interessados. Também são aguardadas mais de 100 caravanas provenientes de vários estados do Nordeste, e participação internacional com comitiva de produtores e representantes de instituições de países que compõem o corredor seco, entre eles: El Salvador, Honduras, Guatemala e México.

Fonte: Ascom Embrapa Semiárido

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EXPECTATIVA UNIVASF: BOLSONARO JÁ INTERVEIO EM METADE DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS QUE REALIZARAM ELEIÇÕES PARA REITOR

Por lei, o reitor e o vice-reitor de instituições federais de ensino são nomeados pelo presidente, que avalia a lista elaborada pelo colegiado das instituições, composto por professores (que representam 70% do grupo), funcionários e estudantes (os demais 30%).

Formalizar a escolha da consulta interna da universidade (isto é, nomear o primeiro colocado da lista tríplice) é uma forma de respeitar a autonomia universitária. Mas, em diversas notas à imprensa, o Ministério da Educação e Cultura vem martelando o argumento de que não há hierarquia entre os indicados das listas tríplices. “A relação é enviada para o Ministério da Educação e a palavra final é do presidente da República”, diz o site oficial do MEC.

Desde que que assumiu o Palácio do Planalto, o atual presidente Jair Bolsonaro não "teve bons olhos e os gestos" e até agora não foi simpático pelas listas tríplices das instituições federais de ensino. Formadas pelos três candidatos mais votados em eleições dentro das universidades, as listas são uma maneira de garantir a democracia e autonomia universitária.

Jair Bolsonaro (PSL) já desrespeitou por sete vezes a decisão da comunidade universitária ao nomear dirigentes para institutos e universidades federais.

O professor e atual vice-reitor, Telio Leite, foi indicado pela comunidade universitária, a reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) para o quadriênio 2020-2024. Para vice-reitora, a apontada foi a professora Lúcia Marisy, atual pró-reitora de Extensão. A consulta eleitoral foi realizada em 16 seções no início do mês nos campi da Univasf. O resultado foi homologado na última quinta-feira (7).

O resultado da consulta eleitoral deverá nortear a decisão do Conselho Universitário (Conuni) para compor a lista tríplice, que será encaminhada ao Ministério da Educação (MEC). A nomeação ainda precisa ser aprovada pelo governo federal.

A Comunidade universitária reuniu 3.858 votos, sendo 468 votos de professores, 304 de técnicos e 3086 votos de estudantes. A chapa 3 com Telio e Lucia obteve o maior número de votos (254 dos professores, 208 de técnicos e 1.422 de estudantes).

Em segundo lugar ficou a Chapa 2 com Jorge e Ferdinando ( 159 dos votos dos docentes, 85 dos técnicos e 1307 dos estudantes). Em terceiro, a Chapa 4 com Virginia e Américo (32 votos dos professores, 6 votos dos técnicos e 307 dos estudantes) . E na última posição, a Chapa 1 com Valota e Jaime (23 votos dos professores, 5 dos técnicos e 50 dos estudantes). Já os votos Nulos foram 77.

Os professores Télio e Lucia em contato com a reportagem deste Blog Ney Vital, avaliaram que não há motivos para o atual Governo Federal mudar a regra na Univasf. "Temos um trabalho reconhecido atuando como vice reitor e professora Lucia uma história atuante a serviço da comunidade, então não existe motivo para temer uma intervenção no que a comunidade acadêmica determinou". 

O mandato do atual reitor, Julianeli Tolentino, encerra em março de 2020.

Bolsonaro já sinalizou a intenção de privilegiar candidatos alinhados a ele para ocupar as reitorias, independentemente das escolhas expressas pelas comunidades acadêmicas (professores, funcionários e alunos). 

A intervenção não termina na nomeação – até porque os reitores perderam poder no novo governo. Em maio, Bolsonaro assinou um decreto que tirou dos reitores a autonomia para nomear dirigentes (como diretores e pró-reitores) de instituições federais, que terão que passar pelo crivo de Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil.

O discurso é o mesmo do ministro Educação Abraham Weintraub. “Uma parte dos reitores veio do passado e tem ligação com PSTU, PSOL, PT, essas coisas. Mas tem uma parte que não é”, ele disse em entrevista ao Jornal o Estadão. 

A expectativa é que a escolha de reitores mais abertos ao bolsonarismo poderia contribuir para a adesão das universidades ao Future-se, programa proposto pelo governo federal que prevê que as universidades e institutos federais contratem uma organização social para gerir suas atividades e tenham investimento privado.

Embora Bolsonaro critique o aparelhamento das instituições por partidos de esquerda ou centro-esquerda, em governos anteriores os reitores empossados eram eleitos pelas próprias comunidades acadêmicas e os presidentes apenas chancelavam o resultado dessas consultas internas, nomeando os primeiros colocados na lista. Essa tradição se repetiu por 15 anos e foi rompida justamente pelo novo governo.

Até agora, Bolsonaro já fugiu à regra em metade das nomeações de reitores de universidades federais previstas para este ano – e em um Centro Federal de Educação Tecnológica, o Cefet, no Rio de Janeiro. Das 12 nomeações, ele escolheu reitores com poucos votos ou até mesmo fora da lista tríplice em seis delas. 

Um dos exemplos foi a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Data da nomeação: 1° de agosto. Reitor nomeado: Fábio Josué Souza dos Santos, último colocado na lista tríplice

Neste caso foi preterida a professora Georgina Gonçalves dos Santos, que liderava a lista da universidade, tanto na consulta acadêmica junto aos alunos, quanto no conselho universitário. Georgina publicou uma carta aberta questionando a decisão presidencial. 

“Não podemos minimizar o que ocorreu. A pergunta é: por que não foi respeitado o desejo da comunidade da UFRB? Por que o governo brasileiro interferiu na normalidade institucional nomeando o terceiro indicado? Não podemos ser ligeiros ou precipitados nessa análise mas sim, investirmos todo nosso esforço de compreensão para entender o que aconteceu. Racismo? Homofobia? Misoginia? Nenhuma ingenuidade nos será perdoada”, criticou a docente, que recebeu 17 votos no conselho universitário. Professor de pedagogia, Santos recebeu 3 votos e foi escolhido.

Outro exemplo foi a Universidade Federal do Ceará (UFC) havia sido a primeira universidade do Nordeste a rejeitar o programa Future-se. “O que se escancara, aos nossos olhos, é que se encontra em marcha uma estratégia para reduzir a presença do Estado [da União] na garantia do direito à educação e, ao mesmo tempo, abrir à financiamentos do ensino público, transformando-se a educação em mercadoria que tem o lucro e não o compartilhamento, a geração e difusão do conhecimento como objetivo final”, dizia a nota da universidade de 14 de agosto, ainda sob o comando do reitor Henry Campos. 

Poucos dias depois, mal tomou posse, o professor Cândido Albuquerque aderiu ao programa.
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"NÃO PODEMOS PERMITIR QUE OS MILICIANOS ACABEM COM ESTE PAÍS", DIZ LULA

Este país é de 210 milhões de habitantes e não podemos permitir que os milicianos acabem com este país”, disse Lula.

Ao retornar neste sábado (9) ao reduto de origem do PT, a região do ABC Paulista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez mais um duro discurso contra os procuradores da Lava Jato de Curitiba, o ex-juiz Sergio Moro e o presidente Jair Bolsonaro (PSL). "Eu estou de volta", disse, sob aplausos de militantes. "Estou com mais coragem de lutar do que quando eu sai daqui."

O petista usou parte do discurso para atacar a política econômica do governo, em especial a reforma da Previdência. Outra parte da fala de improviso usou para se defender das acusações da Lava Jato e de suas condenações na Justiça. "Esse país é nosso", disse, depois de ter se referido ao governo federal como um governo de milicianos.

"O Moro não era um juiz, e sim um canalha que estava me julgando", disse o presidente, ao se referir ao hoje ministro da Justiça que o condenou no processo do tríplex de Guarujá que o levou à prisão. Em seguida, disse que o procurador Deltan Dallagnol montou quadrilha no comando da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. "Uma mentira atrás da outra."

Fonte: Folha de S.Paulo
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BRAULIO TAVARES: A MELODIA E LETRA DE CALDEIRÃO DOS MITOS GRAVADA NA VOZ DE ELBA RAMALHO

Tenho visto alguns livros muito interessantes em que compositores explicam como foram criadas algumas de suas canções mais conhecidas, o processo de composição, as circunstâncias, como foi gravada a música...

Tenho alguns volumes da série de Ruy Godinho Então, foi assim? e o livro de Paulo César Pinheiro Histórias das Minhas Canções (LeYa).

Pensei comigo: está aí um bom assunto para escrever de vez em quando, porque mesmo quando as músicas não sejam grande coisa (tem as que são, e as que não são), às vezes a história lança alguma luz sobre processos criativos em si, sobre o meio musical, sobre um momento da História, e tudo isso interessa.

Minha primeira música gravada foi “Caldeirão dos Mitos”, que Elba Ramalho incluiu no seu segundo disco, Capim do Vale (1980). Foi composta, como a maioria das músicas que faço sozinho, em duas fases: primeiro a melodia, depois a letra.

A melodia era muito antiga, era dos anos 1970, quando voltei de Belo Horizonte para Campina Grande e passava o dia inteiro pegado com o violão, redescobrindo o forró e a cantoria de viola. Se bem que essa melodia, especificamente, era anotada em meus caderninhos com o título provisório de “I wanna sing this all together”, verso que misteriosamente se transformou, anos depois, em “Eu vi o céu à meia-noite”.

Esse título não era pra valer, aliás era meio chupado de uma canção dos Rolling Stones, acho que em Their Satanic Majesties Request, mas na época em que fiz essa música eu ouvia muito umas bandas menores, que tocavam no rádio. Uma delas era o Mungo Jerry, com uma canção brincalhona e simpática chamada “In the Summertime”:

https://www.youtube.com/watch?v=fZWsGf0KgQw

Uma pessoa com o mais rudimentar conhecimento musical vai dizer que as duas músicas não têm nada a ver uma com a outra, e este é um dos mistérios da criação artística. Ela se dá por uma cadeia de associações de idéias com saltos tão grandes que na quarta ou quinta parada já não se tem a menor noção de como aquilo começou.

A única coisa clara para mim era que não haveria a tal “segunda parte”, que é uma coisa da MPB e da música fonográfica em geral. Eu queria o modelo da canção folk: estrofe musical única, com sucessivas letras nas mesmas notas. É o modelo “Asa Branca”, é o modelo que o folk-rock norte-americano, Bob Dylan à frente, empregava, bebendo nas canções irlandesas e escocesas trazidas pelos colonizadores.

No São João de 1978 eu morava em Salvador, e não tinha grana para ir passar a festa junina em Campina Grande. Me veio a idéia de fazer uma música falando em São João, mas a primeira frase que me veio à mente foi “o Apocalipse de São João”. (Olha aí como funcionam as associações de idéias!).

Essa imagem me trouxe à mente o céu pegando fogo, a qual de imediato me lembrou uma espécie de trocadilho que eu já tinha usado antes, em mais de um contexto: o fato de que “corisco” quer dizer relâmpago, e “lampião” quer dizer candeeiro, ou seja, duas coisas que produzem clarão dentro da noite. Estava pronta a primeira estrofe:
Eu vi o céu à meia-noite
se avermelhando num clarão
como o incêndio anunciado
no Apocalipse de São João
porém não era nada disso
era um corisco, era um lampião.

O que faz o compositor preguiçoso? Exatamente o que eu fiz: pega a estrutura da primeira estrofe e a repete, com outros elementos, sem introduzir nenhum conceito novo. O conceito da canção (que eu poderia, se quisesse, ter expandido para 200 estrofes) era: “Eu vi uma coisa assim-assim; não era tal-e-tal-coisa da Bíblia; era tal-e-tal-coisa do Sertão”.

Claro que o conceito não é seguido de forma totalmente rígida, me permiti introduzir aqui e ali uns elementos destoantes (Inglaterra, Paris, Japão), mas é isso mesmo. O dono do poema é o poeta. Ele não precisa obedecer a regra nenhuma, nem mesmo a que ele acabou de criar. Georges Perec, um obsessivo criador de regras, pregava o conceito de “clinâmen”, e dizia: “Crie uma regra super rigorosa, e a obedeça da maneira mais fanática; depois, num ponto escolhido com cuidado, desobedeça essa regra. Produza voluntariamente uma exceção, num ponto onde seria facílimo ter continuado a fazer como antes.”

O primeiro título que dei à música depois de pronta, pegando como deixa a estrutura “eu vi isso, eu vi aquilo”, foi “Visão do Mundo”. Tá vendo como é bom continuar procurando uma segunda idéia?

Toquei essa música em público pela primeira vez em 1979, numa coletiva de compositores baianos no Teatro Castro Alves repleto, na qual entrei por obra e graça de Zelito Miranda, com quem eu estava compondo bastante na época. Eu não tinha coragem de subir no palco, mas ele praticamente me arrastou até o microfone e disse: “Vai, Galo, agora canta essa porra.”

Na primeira versão a música não tinha o “riff” entre as estrofes, que depois ficou característico, o “tãrãrã -- tãrãrã”. Este foi criado algum tempo depois, quando eu estava no Recife ensaiando para um show que fiz com outro parceiro, Zé Rocha. Ele gostava da música mas achava que era meio repetitiva (e é), era preciso dar uma encorpada nela com alguma coisa instrumental e diferente, já que a gente ia tocar com banda. E na hora mesmo do ensaio eu fiz o rasqueado veloz, 3+3 notas, que foi logo incorporado.

Cantei muito essa música em palco de bar e em mesa de bar. Em 1979, Elba Ramalho levou para a Bahia seu show Ave de Prata, no lançamento desse seu álbum de estréia, e se apresentou no Teatro Vila Velha, acompanhada pela Banda Rojão (Zé Américo, Guil Guimarães, Joca, Marcos Amma, Élber Bedaque).

Falou que queria gravar alguma coisa minha. Eu mostrei o “Caldeirão”, ela disse: “Me mande numa fita! É genial, vou gravar com certeza”. (Eu levaria alguns anos para perceber que ela diz isso com toda música minha, mas só grava de vez em quando.)

A música foi gravada para o segundo disco dela pela CBS, Capim do Vale (1980), e acabou sendo a música de abertura do Lado A, uma honra impensável para um compositor desconhecido que estava tendo uma canção gravada pela primeira vez. Ainda mais num disco que trazia Sivuca, Alceu Valença, Zé Ramalho, Pedro Osmar, Elomar...

Quando o disco saiu, toda vez que chegava gente querendo ouvir “o disco novo de Elba”, eu tirava o vinil de dentro da capa e checava toda vez o selo pra ver se meu nome continuava lá.

A gravação de Elba produziu um arranjo perfeito, com levada de arrasta-pé (que eu chamo de “marcha-quadrilha”), e a ótima idéia de começar com a música “solta”, sem ritmo, somente voz e sanfona se erguendo lentamente em meio às percussões, e só depois a banda atacando completa no “tãrãrã -- tãrãrã”.  E no meio da canção, quando fala “Era um fole de 8 baixos a tocar numa noite de forró”, a intervenção agilíssima de Abdias.

Fonte: Mundo Fantasmo: Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
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RIO SÃO FRANCISCO: POPULAÇÃO DE ITACURUBA SE REÚNE E DIZ NÃO A INSTALAÇÃO DA USINA NUCLEAR

Desde 2010, a população de Itacuruba-PE vive uma situação de angústia provocada pela possibilidade da construção de uma usina de energia nuclear no município, que fica às margens da Barragem de Itaparica, construída no Rio São Francisco. Em 2011, após o acidente na usina de Fukushima, no Japão, a discussão perdeu força, para alívio da população. No entanto, a usina em Itacuruba voltou a ser parte do debate desde o lançamento do plano de energia do Governo Federal.

Nos dias 05 e 06 de novembro, representantes da Regional Nordeste 2, órgão ligado à Conferência Nacional dos Bispos – CNBB, estiveram em Itacuruba e Floresta para ouvir a opinião da população local sobre o assunto. Quase todas as pessoas se colocaram contra a construção da usina. Após a escuta realizada na igreja matriz de Itacuruba, o grupo de bispos de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte se dirigiram para as margens do São Francisco, local onde, segundo as/os moradoras/es, está prevista a construção da usina.

Assim como a população local, o pesquisador doutor na área de energia e professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini também se colocou contra a geração de energia nuclear. "Nós somos contrários a essa proposta, já que o Brasil não precisa dessa energia", declarou o professor que integra a Articulação Antinuclear Brasileira.

De acordo com Heitor Scalambrini, as usinas nucleares de Angra I e Angra II, no Rio de Janeiro, geraram apenas 2,5% de toda energia do país. Além disso, o professor apresentou dados que dão conta que a energia nuclear é quase cinco vezes mais cara que outras alternativas, como energia solar e eólica. Por fim, Heitor ainda chama atenção para o risco de acidentes, o que "seria desastroso para todo o Nordeste", afirma.

As informações, trazidas por Heitor, deixaram cientes do perigo pessoas como dona Ozicleide dos Santos, agricultora do Povo Indígena Tuxá, de Itacuruba. Ela reside a aproximadamente um quilômetro do local previsto para a instalação da usina. Caso aconteça a instalação, a comunidade terá que ser expulsa de suas terras pela segunda vez, haja vista que isso já aconteceu durante a construção da barragem de Itaparica. "Não estamos nos sentindo bem com a usina nuclear, porque só traz tristeza para nós", desabafa dona Ozicleide.

Assim como em outros casos de implantação de grandes empreendimentos, a proposta de uma usina nuclear em Itacuruba veio cheia de promessas de desenvolvimento e geração de emprego, algo que Dom Paulo Jackson, bispo de Garanhuns e Presidente da Regional Nordeste 2, da CNBB, conhece bem. Quando criança, o religioso viveu em São José de Espinharas-PB, onde há uma jazida de urânio. Segundo ele, a cidade recebeu pessoas de várias partes do mundo que iam até lá para mapear justamente o minério que é utilizado nas usinas nucleares.

Dom Paulo Jackson conta que por um tempo até houve a geração de empregos, porém o que mais marcou foram os problemas provocados pelos forasteiros. "Deixaram um rastro de alcoolismo, de famílias destruídas, de adultérios e de moças, meninas grávidas, gravidez na adolescência. O rastro do impacto social foi imenso", aponta Dom Jackson.

O bispo classificou como "balela", "aquilo que era prometido de mundos e fundos, de melhorias e de crescimento para a cidade, crescimento econômico, empregos. As promessas que foram feitas nunca foram cumpridas. Se eles não cumpriram em São José dos Espinhares, por que cumpririam aqui, em Itacuruba? ", questiona o religioso.

Dom Jackson fez uma reflexão sobre os impactos do primeiro grande projeto que atingiu a população de Itacuruba: "A região aqui já foi vítima de um bmegaprojeto", lembrou o bispo e questionou o cumprimento das compensações sociais, o que até hoje a população de Itacuruba não viu ser efetivado.

Na tarde do dia 05 e manhã do dia 06 foi realizado um seminário no Centro de Formação da Diocese de Floresta, que reuniu pesquisadoras/es, estudantes e membros de comunidades tradicionais da região de Floresta. O evento foi organizado pela Diocese de Floresta e a Regional NE 2, da CNBB.

FONTE: Texto e Fotos: Comunicação Irpaa
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