ROSIL CAVALCANTI 50 ANOS DE SAUDADE

O mundo todo pegou fogo em 1968, muita dor, muito desespero. Na França, barricadas.Nos Estados Unidos, Joan Baez e Marter Luter King se punham a frente dos protestos contra a guerra do Vietnã. E tal tal tal. Milhares de mortos por lá. No Brasil, foi o que se viu:  militares verde oliva chegavam a bater continência a seus aliados civis, de grande poder financeiro. E o povo se lascando, os estudantes chiando. Morte no calabouço.

A passeata dos 100 mil foi realizada, no Rio, em Junho. No mês seguinte, o paraibana Geraldo Vandre dava os toques finais a  guarania que viraria uma espécie de hino alternativo.....
No dia 10 de julho de 1968, os nordestinos perdiam um dos seus maiores compositores: Rosil Cavalcanti.

Ao todo, Rosil compôs 82 músicas. Desse total duas dezenas foram gravadas originalmente por Jackson do Pandeiro
A primeira música gravada por Jackson foi Sebastiana, de Rosil.Ouça-o contando um pouco dessa história.

O tempo passou levando o campinense Rômulo Nóbrega a publicar, em parceria com o pesquisador de MPB José Batista Alves,  uma  das biografias musicais mais minuciosas e completas,   “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: andanças de Rosil Cavalcanti”. 

Foi nesse ritmo que Jackson do Pandeiro (1919 – 1982)  se lançou no cenário nacional com o coco “Sebastiana”, onde em Recife fez sucesso com esta música em  dias que antecederam o carnaval de 1953, em meio ao mais fervoroso clima de frevo naquela capital Pernambucana.

Quem estava por trás de tudo isto? Ele, Rosil Cavalcanti (1915/1968), o pernambucano de Campina Grande, como ele mesmo se intitulava, dado ao apego e carinho que tinha por esta cidade e onde conheceu seu grande amor Maria  das Neves Ramos Coura, com quem se casou.  Nascido em 20 de dezembro de 1915, no engenho Zabelê, no atual município de Macaparana (Pe), desde a infância e juventude participa das moagens de cana, fabrico de rapadura, de açúcar, cachaça, ouve estórias do povo, as cantadeiras de novenas, emboladores de coco, violeiros, participa de sambas (forrós).

 De família tradicional na política de Pernambuco, Rosil de Assis Cavalcanti trabalhou toda vida como funcionário público. Em sua adolescência estuda nos melhores colégios recifenses, nos anos de 1930, Colégio Oswaldo Cruz e Marista, destacando-se nas atividades artísticas e no jeito brincalhão e espirituosO.

Seu primo de segundo grau, Joaquim Francisco chegou a ser governador do estado. Em 1943, com pouco mais de 20 anos, outro parente de Rosil assumiu a prefeitura da cidade de Macaparana, que manteve até a gestão passada sob influência da família. Na mesma década de 1940, Zé Francisco, Pai de Joaquim Francisco, iniciou sua carreira política como deputado estadual. 

Maviael Cavalcanti foi deputado estadual por vários mandatos. Maviael Cavalcanti Filho, foi prefeito na última gestão.  Mas a paixão de Rosil era outra.   Em Aracaju formou sua primeira dupla “O Tabareu e o Turco da Prestação” ao lado de Pedro Telles. Em João Pessoa refez a dupla “Café com Leite”, com José Gomes (o futuro Jackson do Pandeiro), na Rádio Tabajara e em Campina Grande foi onde atingiu o auge de toda sua riqueza artística, pois atuou como cômico e crítico ora estava fazendo o povo rir, cantar, brincar, dançar, ora provocando polêmicas, denunciando situações erradas, dando suas opiniões, fazendo seus comentários como âncora, algo inusitado para a época através de seus programas policiais que muitas vezes trouxe problemas para si, onde enfrentou severas agressões.

Embora ríspido em certos momentos, de pavio curto, Rosil conseguia angariar a simpatia e amizade de todos e se tornou mais conhecido quando lançou o programa “Forró de Zé Lagoa”, pela Rádio Borborema de Campina Grande, cujo comandante era o próprio, que se caracterizava do “Capitão Zé Lagoa.

Teve oitenta e duas músicas gravadas originalmente pelos mais renomados cantores: Jackson, Marinês, Genival Lacerda, Teixeirinha, Abdias, Zé Calixto, Luiz Gonzaga, Ary Lobo, Trio Nordestino, Ademilde Fonseca, Jacinto Silva dentre outros. Sucessos como Meu Cariri, Sebastiana, Cabo Tenório, Faz Força Zé, Aquarela Nordestina, Mané Cazuza, Assunto Novo, Moxotó, Forró na Gafieira, Lição de Tabuada, Saudade de Campina Grande, Na base da Chinela, Amigo Velho, Tropeiros da Borborema, Quadro Negro, foram mais tarde regravados por muitos intérpretes como Clara Nunes, Gal Costa, Zé Ramalho, Dominguinhos, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Biliu de Campina e mais recentemente por Lucy  Alves.

Falecido prematuramente no dia 10 de julho de 1968, fato que comoveu não só Campina Grande, mas toda a região nordestina, a radiofonia campinense perdeu  um dos seus grandes sustentáculos na difusão da cultura nordestina, isto porque a famosa Rádio Borborerma transmitia em ondas médias e tropicais, atingindo suas ondas até países do exterior.

 Tudo isto é narrado no livro “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: andanças de Rosil Cavalcanti”, (445 p), de autoria de Rômulo C. Nóbrega e José Batista Alves, que foi lançado em outubro último, ano do seu centenário. Encantado com a riqueza de informações abrangendo Rosil e todo seu grupo, o promotor público Agnello Amorim prefaciou esta biografia numa rica e harmoniosa história onde há o envolvimento mútuo de Rosil e Campina Grande.

Por fim, Rosil deixou um legado a esta cidade abraçada por ele, quando musicou o poema do tribuno Raymundo Asfora, “Tropeiros da Borborema”, uma associação perfeita entre letra e música, interpretada por Luiz Gonzaga, onde colocou os tropeiros num patamar muito bem sedimentado, ofuscando ainda hoje os demais benfeitores e construtores desta cidade como os boiadeiros, fabricantes de farinha e de rapadura, os comerciantes pioneiros e seus fabulosos artífices.

Fonte: Blog Assis Angelo
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SERRA TALHADA PERNAMBUCO CELEBRA OS 80 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO

O “Tributo a Virgolino – A Celebração do Cangaço”, promovido pela Fundação Cabras de Lampião, ocorrerá em Serra Talhada entre os dias 25 e 29 de julho. O evento, que recorda os 80 anos da morte de Lampião, o cangaceiro mais famoso, é gratuito e aberto ao público

No próximo dia 28 de julho, completam-se 80 anos da morte de Virgulino Ferreira – o cangaceiro Lampião. Para recordar a data histórica, a Fundação Cabras de Lampião traz muitas novidades no “Tributo a Virgolino – A Celebração do Cangaço”, que tem início no próximo dia 25 de julho e segue até o dia 29 do mesmo mês, na Estação do Forró e no Museu do Cangaço, em Serra Talhada (PE), Sertão do Pajeú, terra onde Lampião nasceu. 

O evento vai reunir grupos musicais, folclóricos, violeiros repentistas, cantores, poetas, historiadores e pesquisadores do cangaço. Nele, também serão promovidos pontos de cultura e feira de artesanatos, tudo para celebrar a cultura de raiz. A proposta é integrar música, teatro, dança, fotografia, cultura popular, literatura, artesanato e gastronomia.

Durante a programação do Tributo a Virgolino, haverá apresentações musicais com trios e grupos de forró pé de serra, danças populares, área de alimentação com comidas típicas da região, além da realização da celebração do cangaço, um momento em que todos os grupos e artistas convidados se reúnem para afirmarem a importância do Cangaço na identidade cultural do povo sertanejo.

 Além disso, na ocasião, será realizado o espetáculo “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião”. As atividades ocorrerão na Estação do Forró, na Área de Alimentação da Feira Livre, dentro das escolas, no Museu do Cangaço e no Sítio Passagem das Pedras – localidade onde nasceu Lampião, utilizando-se diversos espaços e palcos paralelos.


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LUIZ GONZAGA, O SANFONEIRO APAIXONADO POR FUTEBOL BRASILEIRO

Luiz Gonzaga, sanfoneiro, Rei do Baião.  Em entrevista ao Bate Bola Nacional, transmitido pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, José Sergival da Silva - o Sergival - recebeu o então músico que gozava na época de grande popularidade e Luiz Gonzaga contou curiosidades sobre a história e paixão pelo  futebol.

Apaixonado pelo esporte, especialmente o futebol, Luiz Gonzaga, lógico, teve até um time do coração: no Rio de Janeiro torcia pelo Botafogo e no seu Pernambuco o preferido era  Santa Cruz de corpo e alma.

Em sua discografia constam  músicas que citam o  futebol como tema. Siri jogando bola, Hino do Batistão e Lá vai a pitomba. Em 1987, Luiz Gonzaga foi homenageado pelo sobrinho, conhecido por Piloto que criou um time com o seu nome em Exu, a 630 quilômetros da capital pernambucana.

O Gonzagão Futebol Clube disputou a sua primeira partida contra uma equipe de Araripina. O Seu Lua fez questão de dar o ponta pé inicial. A imagem acima  foi o último registro de Luiz Gonzaga como torcedor.
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CONGRESSO DE COMUNICAÇÃO MOVIMENTA JUAZEIRO E PETROLINA

O Intercom Nordeste 2018,  cujo tema é "Desigualdades, Gênero e Comunicação", acontece entre os dias 5 e 7 deste mês, em Juazeiro – BA. Com 1.435 inscritos e cerca de 650 trabalhos nas modalidades Expocom, DT's e Intercom Jr, o evento conta com a participação de estudantes, profissionais e professores das áreas de publicidade e propaganda, jornalismo, relações públicas, rádio e Tv, e impulsiona o turismo e a economia nas cidades de Juazeiro – BA e a vizinha Petrolina – PE.

As ilhas banhadas pelo Rio São Francisco, museus, restaurantes com comidas típicas, bares com música ao vivo nas orlas das duas cidades, feiras de artesanatos e vinícolas são atrativos de ambas as cidades. Uma diversa rede de hotéis e pousadas recepcionam turistas durante o ano inteiro.

De acordo com Paulo Gil, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Bares e Restaurantes de Juazeiro e Região da Bahia (SECHBRJUBA), a cidade possui cerca de 10 hotéis e 8 pousadas em funcionamento, com uma média de  20 leitos por estabelecimento.

Juazeiro e Petrolina são cidades de médio porte, situadas no sertão nordestino. Também conhecidas como cidades-irmãs dispõem de fácil acesso por via terrestre, ou aérea, através do Aeroporto Senador Nilo Coelho, que fica na cidade pernambucana.

Para saber mais informações sobre o congresso, acesse o site www.intercomnordeste2018.com.br ou visite as redes sociai​s @intercomne2018 e IntercomNE2018.

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TRIBUNAL INTERNACIONAL CONDENA BRASIL POR NÃO INVESTIGAR MORTE DE VLADIMIR HERZOG

Mais de quatro décadas depois da morte de Vladimir Herzog, em 24 de outubro de 1975, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) condenou hoje (4) o Estado brasileiro pela falta de investigação, julgamento e sanção dos responsáveis pela tortura e assassinato do jornalista. O Brasil terá de seguir uma série de determinações do tribunal.

Para a Corte, o Estado é responsável pela violação ao direito de “conhecer a verdade e a integridade pessoal” em prejuízo dos parentes de Herzog. O documento menciona a mãe, Zora; a mulher, Clarice; e os filhos, André e Ivo Herzog.

A Corte ordenou o Estado a reiniciar, com a devida diligência, a investigação e o processo penal cabíveis pelos fatos ocorridos em 1975 para identificar, processar e, se necessário, punir os responsáveis pela tortura e morte de Herzog.

Também determinou reconhecer, sem exceção, que não haverá prescrição, por se tratar de crimes contra a humanidade e internacionais.

A Corte exige ainda que se promova um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional em desagravo à memória de Herzog, que se publique a sentença e que sejam pagas as despesas do processo.

O tribunal internacional concluiu ainda que o “descumprimento do direito de conhecer a verdade” foi causado pela versão falsa da morte de Herzog, da negativa, por parte do Estado, de entregar documentos militares e da ausência de identificação dos responsáveis.

"A CorteIDH determinou que os fatos ocorridos contra Vladimir Herzog devem ser considerados como um crime contra a humanidade, como é definido pelo direito internacional", diz a sentença de cinco páginas.

O tribunal informou ainda que, devido à falta de investigação, o Estado brasileiro também violou os direitos às garantias judiciais e à proteção judicial dos familiares da vítima, identificados como Zora, Clarice, André e Ivo Herzog.

Em outro trecho, o documento destaca a tensão vivida no Brasil no período em que Herzog morreu, principalmente os atos das forças policiais “cometidos em um contexto sistemático e generalizado de ataques à população civil”.

Aos 38 anos, Vladimir Herzog apresentou-se de forma voluntária para depor perante autoridades militares do DOI/Codi de São Paulo. Ele foi preso, interrogado, torturado e morto. Herzog foi declarado morto em consequência de “suicídio”, versão contestada pela família do jornalista e também  no processo.

O processo ressalta que, na época, o Brasil vivia em plena ditatura e havia ataques contra a população civil considerada "opositora" à ditadura brasileira, e, em particular, contra jornalistas e membros do Partido Comunista Brasileiro.

Parentes do jornalista apresentaram, em 1976, uma ação civil na Justiça Federal que desmentiu a versão do suicídio e, em 1992, o Ministério Público do Estado de São Paulo pediu a abertura de uma investigação policial, mas o Tribunal de Justiça considerou que a Lei de Anistia era um obstáculo para investigar.

Após uma nova tentativa de investigação, em 2008, o caso foi arquivado por prescrição, segundo o processo.

Durante o processo, o Brasil admitiu que houve prisão arbitrária, tortura e morte de Herzog, causando “severa dor” à família e reconhecendo responsabilidade.

Em nota, o  Ministério dos Direitos Humanos informou que "dará cumprimento integral à sentença".  

"Este ministério reafirma o seu compromisso com as políticas públicas de direito à memória, à verdade e à reparação, reconhecendo a sua importância para a não repetição, no presente, de violações ocorridas no passado, tais como as práticas de tortura e limitações à liberdade de expressão", diz o texto.

A sentença, "ainda que condenatória ao Estado brasileiro, representa uma oportunidade para reforçar e aprimorar a política nacional de enfrentamento à tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes, assim como em relação à investigação, processamento e punição dos responsáveis pelo delito", acrescenta a nota.  
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DISPARADA NO PREÇO DOS SERVIÇOS PRESSIONA A INFLAÇÃO E O ORÇAMENTO FAMILIAR

Os chamados preços administrados — aqueles pré-estabelecidos em contrato ou supervisionados pelo governo, como os de combustíveis, planos de saúde, energia elétrica e botijão de gás — estão impactando fortemente a inflação. O Banco Central (BC), em seu último relatório trimestral sobre o tema, aumentou drasticamente a projeção de aumento médio do conjunto desses preços em 2018, de 4,9% para 7,4%. De acordo com especialistas, como se trata de produtos difíceis de substituir, porque altamente necessários para as famílias, a alta deve limitar o consumo, que já está bastante reprimido.

Economistas destacam que a política monetária, de definição de juros, é estabelecida de acordo com os preços livres, mas ressaltam que o avanço dos administrados pode contaminar os valores de outras mercadorias, principalmente por conta do encarecimento dos combustíveis. 

Os três itens que mais afetaram a inflação nos últimos 12 meses, medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), foram dos preços administrados. Dos 3,7% medidos no período, 1,92 ponto percentual (p.p) foi consequência das altas da gasolina (1,08 p.p), energia elétrica (0,44 p.p) e planos de saúde (0,4 p.p).

Os fortes avanços nos combustíveis são ocasionados pela elevação do dólar e da cotação do petróleo no exterior.  Mauro Rochlin, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que há preocupações bem fundamentadas com o avanço dos preços administrados. “A questão decisiva é o comportamento do câmbio. Se o dólar ficar acima de R$ 4,10, vai ser inevitável que os custos se transfiram para os preços domésticos”, afirmou.

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BONITA MARIA DO CAPITÃO VIRGULINO FERREIRA, O LAMPIÃO

A aventura da menina que saiu de casa aos 19 anos para percorrer o sertão nordestino a pé num bando de cangaceiros até tombar, aos 27, humilhada a ponto de ter a cabeça, decepada quando ainda vivia, exposta à curiosidade popular, tem sido narrada em prosa, verso, imagem e som. O centenário de nascimento de Maria Bonita, mulher de Lampião, motivou o lançamento de um livro que celebra sua vida e seu mito, .

Nascida e criada na Malhada da Caiçara, no sertão baiano, Maria de Déa foi destinada ao casamento, celebrado em plena adolescência, e a uma vida pacata. Aos 16 anos, casaram-na com o sapateiro Zé de Nenê, mas o lar do casal, que foi morar no povoado de Santa Brígida. No fim de 1929, cruzou a soleira dos pais dela, Zé Filipe e Dona Déa, o temível Rei do Cangaço no sertão, Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião aos 32 anos.

O chefe de bando era vingativo, cruel e destemido, mas também tinha lá seus laivos de herói romântico. Dos saques das fazendas dos ricaços do sertão furtava perfumes franceses de boa cepa e o melhor uísque escocês. Ao relento nos acampamentos no zigue-zague das fugas para escapar da perseguição policial, puxava um fole de oito baixos e a ele foi atribuída a autoria de um dos maiores sucessos do cancioneiro sertanejo e nacional, "Muié Rendeira", de cuja autoria se apropriaria, no Rio, Zé do Norte.

Não era de estranhar que fizesse corte à morena e começou por lhe encomendar que bordasse suas iniciais CL (Capitão Lampião) em 15 lenços de seda, o que permitiu a abordagem e, depois, serviu de pretexto a novo encontro, que terminou com a retirada da morena separada do marido da casa dos pais. Foi, então, que a beleza da escolhida do Rei lhe deu a alcunha com que morreu na Grota do Angico, Sergipe, ao lado do amante, e que se fixou na memória do povo: Maria Bonita.

Expedita, filha do casal real da caatinga, criada no Estado em que os pais morreram, Sergipe, sobreviveu à carnificina e gerou, entre outros filhos, Vera Ferreira, que, professora universitária em Aracaju, tem mantido viva a memória dos avós e empreendeu obra de vulto para comemorar o centenário da avó.

 "Bonita Maria do Capitão", livro trazido em 2012, a lume pela Editora da Universidade do Estado da Bahia. O volume de 328 páginas, organizado pela neta, jornalista e escritora, com a cumplicidade da desenhista paraibana Germana Gonçalves de Araújo reproduz o legado da personagem lembrada pelos caprichos e vontades, mas também pelo bom humor e descontração quase infantil, com esmero e bom gosto.

O casal, evidentemente, foi tema de muitos romances de cordel. Num deles, Saboia, chamado de Marechal de Cordel do Cangaço, registrou: "Cupido fez passatempo /com Maria e Lampião/ ela Rainha ele Rei /governou nosso sertão /cangaço e amor viveu /não foi uma ilustração". Rouxinol do Rinaré e Antônio Klévisson Viana versejaram: "Maria Gomes de Oliveira /amou muito a Lampião /decidiu ser a primeira /cangaceira do sertão /ignorando o destino /acompanhou Virgolino /pela força da paixão". O livro reproduziu a capa de um cordel de Sávio Pinheiro sob título "O Arranca-rabo de Yoko Ono com Maria Bonita ou A Desaventura de John Lennon e Lampião", editado em 2008.

A beleza de Maria, mostrada em foto e cinema por Benjamin Abrahão, fascinou artistas plásticos como Mino e virou tema obrigatório de xilogravadores como J. Borges, Mestre Noza, J. Miguel e Marcelo Soares. Suas peças de vestuário e as joias que usava foram reproduzidas no livro, que também se refere à peça de Rachel de Queiroz sobre ela e a filmes do gênero dito nordestern, que a adotaram como personagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Bonita Maria do Capitão - Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915). Tel. (011) 3814-5811. Terça-feira, 18h30.
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