Padre Agio, 99 anos transformando vidas através da música

O monsenhor Ágio Augusto Moreira, conhecido como Padre Ágio, completou 99 anos no inicio deste ano. Apesar da idade o movimento e pensamentos vibram com as notas musicais.

Há cinco décadas ele se dedica à Escola de Educação Artística Heitor Villa-Lobos, mantida pela Sociedade Lírica do Belmonte - SOLIBEL, em Crato, Ceará. A instituição ensina música a jovens, a maioria da zona rural, que possuem inclinação para a arte musical. Em 2015, Padre Ágio foi homenageado com o documentário “O Padre Azul”, de José Wilton Soares e Silva, que conta a história do projeto que começou com uma orquestra de camponeses.

O sacerdote nasceu na cidade de Assaré e mora em uma casa simples no sítio Belmonte, no sopé da Chapada do Araripe. A escola de música está localizada no distrito de mesmo nome, próxima à sua residência, onde a vida e obra de artistas como Beethoven, Mozart, Chopin, Villa-Lobos e Luiz Gonzaga são referências para os cerca de 150 alunos da instituição.

As aulas são ministradas para crianças a partir dos 4 anos e ultrapassam gerações, como é o caso de Cícero Galdino, que entrou na escola aos 8 anos, em 1989, por influência dos pais que também foram alunos, e permanece até hoje, agora como professor e um dos diretores.

“A escola de música mudou minha família, ampliou o nosso olhar sobre a vida e, sobretudo, me fez um ser humano melhor”, diz.

Fonte: Foto: Patrícia Silva/Diocese de Crato- CE)
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Mestre Manuel Eudocio terá Memorial em Caruaru

Nesta segunda-feira (13), será inaugurado no Alto do Moura, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, o memorial em homenagem ao Mestre Manuel Eudócio, um dos maiores nomes da cultura. A data marca um ano da morte do artesão.

Em 2005, Eudócio se tornou Patrimônio Vivo de Pernambuco. Ele morreu aos 85 anos, após uma insuficiência renal crônica. A ideia do memorial é da família do artesão, para manter viva as obras criadas em 68 anos de dedicação a arte.
Segundo o filho do artesão, Ademilson Eudócio, o memorial era um desejo do artista, que queria deixar sua história registrada.

Manuel Eudocio nasceu em Caruaru em 28 de janeiro de 1931.

"Era um desejo dele em vida. Inclusive algumas peças ele já tinha separado para o memorial. Com a morte dele, passou um ano fechado. Nós achamos por bem não abrir. Como está completando um ano, em homenagem a ele, a essa cultura, nós resolvemos abrir para receber os admiradores da arte. Vamos manter aberto, é a maneira que encontramos de deixar tudo isso vivo", disse.

As peças de Manuel Eudócio relatam os folguedos, as manifestações culturais e o cotidiano do povo, ele ficou conhecido como o 'cronista do barro'. Uma das esculturas mais famosas é o Reisado. Outra obra que ficou bastante conhecida é a Família de Retirantes, entregue ao Papa Emérito Bento XVI, pelo ex-presidente Lula.

Manuel Eudócio morou na Rua Mestre Vitalino, no Alto do Moura. Começava a trabalhar às 5h. Antes do café da manhã, ele já sentava para esculpir as peças. Do contato com o barro, surgiram obras espalhadas pelo mundo e também sucessores dA arte, como o filho, Luiz Carlos.

"Ele sempre nos orientava sobre o trabalho, a posição de uma peça, os cuidados com a perfeição. Convivendo com ele, eu fui desenvolvendo o trabalho, creio que é um dom. É quase impossível fazer sem existir o dom, é impossível fulgir dessa arte. Temos que prosseguir. Se ele partiu, ficou para nós dar prosseguimento a nossa cultura", disse.
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Graciliano Ramos: "A realidade profunda, a verdade única está no fundo da alma"

O escritor alagoano Graciliano Ramos tinha amava a verdade nua e crua, sem nenhum enfeite ou remendo. José Lins do Rego comentou em artigo que alguns dos personagens de Graciliano falam sozinhos — falam para dentro, mantêm diálogos com sombras. “A realidade profunda, a verdade única está no fundo da alma.”

O escritor Graciliano Ramos em menos de duas décadas, o autor deixou uma obra que divide a literatura nacional entre antes e depois de sua produção. Apenas 22 anos separam seu primeiro romance, Caetés de 1933 da sua morte em 20 de março de 1953. Seu romance de estreia veio, aos 41 anos de idade, mas, prolífero como poucos, deixou um dos maiores legados literários naquilo que se convencionou chamar  romances sociais.

Considerado o maior romancista moderno, “o velho Graça” era reconhecido como grande escritor já pelos seus contemporâneos. Não apenas sua escrita, mas seu pensamento crítico, sua filosofia e postura política o fizeram crescer em popularidade entre os intelectuais e artistas de seu tempo. Ramos assistiu em vida sua consagração.

Estilista do regionalismo, o escritor alagoano misturava simbolismo a um realismo pungente e construía com verdade cortante personagens que em suas trajetórias espelhavam os dramas da vida brasileira. Era mestre em tornar palpável a tristeza do mundo. Suas obras foram traduzidas para mais de 28 idiomas, transportadas para o cinema e para o teatro, analisadas por críticos e literatos. E mesmo, após 63 anos de sua morte, seus escritos ainda carregam inúmeras dimensões da realidade nacional.

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Carnaval Juazeiro-Bahia, Targino Gondim e o legado da sanfona de Luiz Gonzaga

O carnaval de Juazeiro-Bahia terá início nesta sexta-feira, 10, e se estenderá até o próximo domingo, 12. O evento é realização da Prefeitura Municipal, através da Superintendência de Eventos e da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes. O tema é "Tropicália na Terra da Alegria", numa homenagem aos 50 anos do Tropicalismo.

A organização do Carnaval de Juazeiro valoriza mais uma vez a cultura a partir do legado de Luiz Gonzaga e a sanfona:. Targino Gondim, Flor Serena, Joao Sereno vão soltar a voz mostrando que é carnaval.

Em tempos de tanta música ruim, onde a porcaria musical impera, será uma riqueza ouvir Targino Gondim e sua sanfona em pleno carnaval. Cabe aqui citar que a identidade cultural no mundo globalizado é fator de atração turística. O forró, baião, xaxado sempre será um fator de desenvolvimento econômico e social.

Louvável a atitude da Prefeitura de Juazeiro-Bahia  ter na programação sanfoneiros. Meu incentivo para que todos os eventos isto seja repetido na busca de repensar as relações entre cultura e discurso oficial. A atitude representa um exercício da cidadania cultural.

Luiz Gonzaga, diga-se, poucos sabem,  na década de 40 e 50 derrubava todos os preconceitos já "cristalizados" pelo tempo e puxava sua sanfona em pleno carnaval. Em 1947 o maior sucesso do carnaval foi "Quer ir mais eu?", frevo regravado até os dias de hoje.

Também na sanfona de Luiz Gonzaga foram gravados para o carnaval "Bia no Frevo", Ao Mestre Capiba, Arrasta Frevo.

No carnaval da Bahia, décade de 80,  o Brasil e o mundo tomou conhecimento do primeiro forró trio eletrizado:  "Instrumento Bom", autoria de Morais Moreira na voz de Luiz Gonzaga,  gravado com Trio Eletrico de Armandinho, Dôdo e Osmar. O Brasil canta até hoje...

Portanto é necessário criar uma expectativa de reorganização da política cultural, mesmo com a descrença no aparelhamento público (o Estado ainda é necessário quando a serviço da coletividade).

Cultura, sanfona e diversão. Tenho dito: Viva o Nordeste. Viva o carnaval com sanfona!Viva o forró!

*Ney Vital-Jornalista
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O Frevo completa 110 anos

A palavra Frevo foi publicada pela primeira vez na imprensa no Jornal Pequeno, no dia 9 de fevereiro de 1907. Em 04 de dezembro de 2012 o ritmo recebeu um dos seus maiores presentes, o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade, concedido pela Unesco. “Um viva para a cultura pernambucana”.

Em comemoração ao terceiro ano de sua fundação, o Paço do Frevo, no Centro do Recife, preparou uma programação especial, a partir desta quinta-feira (9), quando é celebrado o aniversário de 110 anos do surgimento do gênero musical. A programação segue até março, com oficinas, palestras, lançamento de livro e visitas programadas.

“O frevo é essa imensa variedade de símbolos. Não há coreografia, o ritmo é quem dita a dança. O Paço do Frevo é muito mais que o lugar, que a estrutura, que a beleza do ambiente. Nos faz sentir vivos e está a serviço de uma ideia, uma causa".

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Flavio Leandro: "Meu parceiro Zé Alberto pegou a sacola cheia de sonhos e saiu, de mansinho"

Meu parceiro Zé Alberto pegou sua sacola cheia de sonhos e saiu, de mansinho. Foi ali, logo ali, na dimensão dos sonhos, tocar seus sonhos com as mãos...Cá, ficamos nós! Nesse mundo cão! Atordoados, com o seu novo caminhar... Descanse em paz, poeta sonhador! Nossa associação ficará capenga sem suas pernas, mas, encontrará forças para continuar o seu pensar; nossa música ficará mais triste sem os seus acordes, mas, a festa da vida não aceita dança sem ritmo; temos que cantar...ainda que doa...sempre...até que chegue a hora de recolhermos nossas sacolas de sonhos e irmos ao seu encontro nos palcos do céu para cantarmos essa eterna melodia! Deus te acolha e proteja os teus aqui na terra. Valeu pela parceria na música "Pra Você Voltar" que tão brilhantemente engrandeceu meu álbum ACÚSTICO em 2002. Paz!!!

Fonte: Flávio Leandro - poeta, cantor e compositor.
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Triunfo, Pernambuco: Serras, Frio, Cachaça e Café

Triunfo, Pernambuco é um cenário coberto de serras e vales, um paraíso em plena região da seca. A cidade ainda preserva casario colonial imponente e prédios centenários.

Triunfo fascina turistas. Mais uma vez comprovei o feitiço da cidade! Há muito o que descobrir. No Pico do Papagaio, ponto mais alto de Pernambuco, com 1,2 mil metros de altitude, há um mirante mais do que privilegiado da natureza. Além da vista deslumbrante do Planalto da Borborema, há outra raridade em Triunfo: a temperatura é bem mais amena do que no restante do sertão.

A cidade tem os seus sabores, doces caseiros e rapaduras de café. No centro da cidade tem o único teleférico de Pernambuco. E a vista do alto é privilegiada. E Triunfo possui também cachaça!

Histórias não faltam. Uma delas é que Lampião deve ter se encantado quando passou pela cidade. Dizem que o rei do cangaço se refugiou no Sítio das Almas, que guarda histórias de assombração e uma curiosidade: a construção fica entre dois estados, Pernambuco e Paraíba. Basta ir da sala para o quarto que se chega à Paraíba. A divisa fica exatamente no ponto mais alto da casa, na cumeeira que divide o telhado.

Para o carnaval a chamada é para "os caretas", personagens do folclore, que estalam seus chicotes pelas ladeiras há mais de cem anos. É uma brincadeira cheia de cor e mistério que só existe em Triunfo.
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