FICA DECRETADO: A PARTIR DESTE INSTANTE A LIBERDADE SERÁ ALGO TRANSPARENTE COMO UM FOGO, UM RIO

Amadeu Thiago de Mello é um poeta e tradutor brasileiro natural do Estado do Amazonas, é um dos poetas mais influentes e respeitados da América Latina, reconhecido como um ícone da literatura. Tem obras traduzidas para mais de trinta idiomas.

Confira Estatutos do Homem. Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade.
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV.
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo Único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V.
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.

Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI.
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo.
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

(Fonte: Tiago de Melo. Santiago do Chile, abril de 1964. Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto: Porque a Manhã Vai Chegar (1965).
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A NATUREZA SE REVELA DURANTE DISTANCIAMENTO SOCIAL DOS HUMANOS

Enquanto os pernambucanos ocupam suas casas e respeitam o isolamento social, medida necessária para diminuir a proliferação do Coronavírus, doença que já vitimou quase 6 mil pessoas no país, a natureza vem se mostrando cada vez mais presente durante a pandemia. Há alguns dias vêm sendo registradas mudanças no meio ambiente, como a volta das capivaras ao Rio Capibaribe e o nascimento de pés de mangue em uma área próxima à Igrejinha, ponto turístico de Tamandaré.

De acordo com a Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), a diminuição dos veículos e o desaceleramento das indústrias contribuíram para a recuperaração do meio ambiente. “A diminuição das interferências humanas nas áreas urbanas repercutiu favorável na fauna e na flora. Temos informações sobre a recuperação de vegetação, o aumento do aparecimento de aves e de outras espécies de animais, como as capivaras”, comentou o diretor-presidente da CPRH, Djalma Paes.

A baixa circulação de barcos na Bacia do Pina, na Zona Sul do Recife, e a menor quantidade de pescadores, por exemplo, fizeram com que cardumes de sardinhas pudessem ser vistos e fotografados por moradores da região. O secretário municipal de Meio Ambiente de Tamandaré, Manoel Pedrosa, também apontou que a ausência de frequentadores nas praias fortaleceram o aparecimento de pés de mangue na Igrejinha. “Eu moro aqui há 30 anos e nunca tinha visto mangue neste local. Sem a passagem das pessoas, a vegetação apareceu. Isto nos mostra o impacto que causamos no meio ambiente”, comentou Pedrosa.

Até mesmo aqueles que se mostravam muito atentos a natureza se surpreenderam com o momento. Este é o caso do cientista social e pesquisador de mercado, Roberto Harrop, que há mais de 20 anos fotografa aves de Aldeia, em Camaragibe, mas agora está em isolamento no seu apartamento em Recife.

“Quando eu estou em Aldeia, acordo cedo, pego a minha máquina e capricho nas fotos. É uma paixão. Mas, não estou indo para lá. Então, parece que as aves resolveram colaborar para eu não perder, literalmente, o foco. Chegam junto à janela do apartamento e eu as fotografo. São minhas amigas. Diminuem a minha angústia, neste tempo de isolamento”, comentou o cientista social.

Devido à pandemia, o centro está recebendo apenas filhotes de animais, ou aqueles que estiverem feridos ou ainda animais que se encontram em vias de extinção. A entrega voluntária deve ser feita no Cetas Tangara, sob agendamento, pelo número 3182-9022.

Sem os carros e diminuição das indústrias, até mesmo o ar tem se mostrado mais limpo. Na área do Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca, o isolamento social resultou na diminuição de 15% no lançamento de dois compostos químicos que poluem o ar: o dióxido de carbono (CO2) e dióxido de nitrogênio (NO2). “É uma redução representativa, mas, neste caso, só podemos comemorar, com a adoção de modelos produtivos que impactem menos o meio ambiente, o que vai gerar resultados positivos para a qualidade do ar”, aponta Djalma Paes. (Diário de Pernambuco)
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RÁDIO MEC CELEBRA O DIA DA LITERATURA BRASILEIRA COM PROGRAMAÇÃO ESPECIAL

Nesta sexta-feira (01), a Rádio MEC (FM 99,3 MHz RJ e AM 800 kHz RJ e BSB) apresenta uma programação especial pelo Dia da Literatura Brasileira, com interprogramas a cada começo de hora, com diversos escritores do país, que já passaram pelos estúdios da emissora ao longo dos anos. A data marca o aniversário do escritor José de Alencar, nascido no Ceará em 1829.

A literatura, em suas mais diversas formas, sempre esteve presente na programação da Rádio MEC. Nesta sexta, a emissora apresenta, ao longo de toda programação, registros de nosso acervo com e sobre alguns expoentes das letras no Brasil. Ouça Jorge Amado, recitando trechos de "Gabriela, cravo e canela";  Érico Veríssimo, Caio Fernando Abreu e Raquel de Queiroz falando sobre o ato de escrever. E trechos de poemas, crônicas e romances de Fernando Sabino, Cecília Meireles, Clarice Lispector e Vinícius de Moraes, apresentados nas mais diferentes séries e programas. 

Lista de destaques: 
Jorge Amado - (voz do autor), gravação feita em 1961 por ocasião da posse do escritor na Academia Brasileira de Letras. Ele lê um trecho de seu Romance "Gabriela Cravo e Canela". 

Érico Veríssimo (voz do autor), entrevistado na década de 1960 por Paulo Autran para a Rádio MEC. Na ocasião ele estava terminando seu romance "O senhor embaixador." 

Fernando Sabino - confira na voz de um ator do casting da Rádio MEC um trecho do romance "O encontro marcado", uma das mais reconhecidas obras de Sabino

Caio Fernando Abreu (voz do autor) - o autor foi entrevistado na série Contistas brasileiros, produzida por Maurício Salles Vasconcelos, em 1981.

Cecília Meireles - trecho da crônica "O que se diz o que se entende" - escrito para o programa de crônicas Quadrante

Geraldo Carneiro (voz do autor) lê seu poema "O elogio das Índias Ocidentais", para a série Belas Palavras

Ferreira Gular -  Paulo César Pereio lê o poema "Traduzir-se", de Ferreira Gular. 

Raquel de Queiróz (voz da autora) - um trecho da cerimônia de posse da autora na ABL e um trecho dramatizado de seu romance "O Quinze"

Clarice Lispector -  "Uma Galinha", conto lido pelo ator Hélio Ary em um programa da série Visão da Literatura.

Vinícius de Moraes - leitura de "São demais os perigos desta vida" e trechos de músicas com poemas de Vinícius veiculados no programa Ecos de uma era, de Pedro Paulo Colin Gil. 
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SEM INTERNET E COM RENDA COMPROMETIDA, MORADORES DE BAIRROS PERIFÉRICOS DE JUAZEIRO E PETROLINA ENFRENTAM DIFICULDADES NO ISOLAMENTO SOCIAL

Nos bairros mais periféricos de Juazeiro e Petrolina, combater o coronavírus é um desafio. Da dificuldade de comunicação à falta de itens essenciais, como alimentos e água nas torneiras moradores enfrentam obstáculos diários e contam com a solidariedade para enfrentar o isolamento social.

A dona de casa Angélica Santos é avó e diz que está em isolamento social mas é muito difícil cumprir as regras "direitinho". Ela mora no bairro Tabuleiro. "Os meus netos ficam vendo apenas televisão o tempo todo. Não temos internet. Internet é muito cara. Custo de vida muito dificil".

Quem mora no bairro e não tem internet reclama que fica isolado do resto da cidade. O motivo é, justamente, a falta de comunicação. "São poucos os moradores que tem assinatura de rede de internet paga, a maioria tem no mínimo conta móvel de vinte reais mês, que acaba logo, às vezes, fica sem o serviço logo na primeira semana do mês".

Uma dos jovens conta que a oportunidade de trabalhar em home office foi perdida "Não posso pagar uma operadora. É muito complicada a situação aqui”, diz Luzia.

De acordo com Luzia é nesta hora que se percebe o quanto os serviços públicos estão longe das comunidades periféricas, afastadas do centro da cidade. "Imagino que o certo era o bairro ter sinal de uma rede de internet acessível e assim possibilitar comunicação e chance de trabalhar nesse período de pandemia. Trabalha em casa e tem entretenimento via internet aqueles que têm dinheiro e condições de pagar”, conclui Luzia.

O coordenador geral da Comissão do Conselho Popular de Petrolina, Rosalvo Antonio, ressalta que em termos de comunicação a internet passou a ser tão importante no dia a dia da comunidade o quanto ar e água é fundamental para a vida.

"O grande problema é que os moradores, as pessoas que trabalhavam e que agora estão em casa por causa da quarentena, tem enorme  carência, inclusive de  feijão, arroz para o sustento familiar. Mas difícil ainda é ter condições para pagar a internet. o que deveria ser direito assegurado pelo poder público, pelo menos para as comunidades mais carentes", afirma Rosalvo.

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CANTOR E COMPOSITOR JURANDY DA FEIRA CANTA E CONTA HISTÓRIAS NO DIA 05 DE MAIO DURANTE LIVE

"Vai ser um prazer imenso cantar e contar um pouco da minha trajetória como compositor. Vai ser muito bom interagir com vocês nesse momento que todos precisam de todos e muito mais"! Em contato com a reportagem do BLOG NEY VITAL, o cantor e compositor Jurandy da Feira, confirmou para o dia 5 de maio, terça-feira,  às 17hs, Live, a transmissão ao vivo de áudio e vídeo.

Jurandy da Feira é um dos nomes mais valiosos da música brasileira, devido a versatilidade que vai do forró ao samba e a importante contribuição para o repertório gravado, exemplo, Luiz Gonzaga.

Morador do Rio de Janeiro há mais de 40 anos, Jurandy mantém a sua essência e nunca deixa de estar bem perto do Nordeste, ao tomar em consideração suas escolhas estéticas e de repertório. Jurandy é o compositor entre outros sucessos das músicas Frutos da Terra, Nos Cafundó de Bodocó, Canto do Povo e Terra Vida Esperança. Para Jurandy da Feira, a resistência é seu alimento e é o que faz sentido para seguir no meio musical, pois somente o talento não basta. 

A história conta que Luiz Gonzaga costumava acolher em casa compositores, em quem descobrisse afinidades, e acreditasse, obviamente, no talento. Depois de avisar que seriam gravados por ele, vinha o convite para ir ao Rio de Janeiro. Jurandy teve o privilégio de ser um amigo de Luiz Gonzaga.

Jurandy Ferreira Gomes é conhecido como Jurandy da Feira, o “da Feira” foi praticamente imposto por Luiz Gonzaga. Quando começou a aparecer como artista em sua cidade natal, Tucano, no sertão da Bahia, ele era chamado de Jurandy da Viola, por causa do violão, seu instrumento desde a adolescência.

“Quando Luiz Gonzaga gravou a primeira música minha, quando fui olhar no selo do disco. Estava lá Jurandy da Feira. Fui conversar com ele. Disse que aquilo não ia pegar bem na minha cidade, porque iam pensar que eu queria ser de Feira de Santana. Ele disse que não era de Feira de Santana, mas da feira, a feira do povo, do cantador. Acabei concordando, mas até hoje eu tenho que me explicar ao povo de lá”, conta Jurandy.

Jurandy revela que Luiz Gonzaga em vida, sorria e se divertia com esta história e explicava: "Eu botei assim, para lembrar o lado de cantador, de poeta de cordel em feiras livres do Interior". 

Em depoimento o rei do Baião apontava que o "talento de Jurandy é de uma riqueza muito grande, igual ao dia de feira nos sertões brasileiros."

Para o ano de 2020, Jurandy da Feira, está repleto de poesia, mesmo respeitando todas as regras de distanciamento social, motivado pela pandemia, então a forma encontrada é cantar nas plataformas digitais.

O compositor tinha 24 anos quando conheceu o Rei do Baião. Foi levado a ele por José Malta, um jornalista, e produtor dos shows de Gonzagão. 

“Fomos para Exu, para a casa de Luiz Gonzaga. Passei uma semana lá. Mas era aquela coisa. Ninguém chegava a Gonzaga. Ele é que chegava às pessoas. Era fechado, meio cismado. Foi ele que se chegou pra mim, e perguntou sobre o violão que eu havia levado comigo. Se eu tinha um violão, por que não tocava? Quis saber se eu fazia músicas. Pediu para cantar para ele. Depois me disse que queria uma música que falasse de Bodocó”. 

Passou algum tempo e Jurandy mostrou a música Nos cafundó de Bodocó, conta o compositor. O cafundó, foi porque eu achei que a cidade ficava longe de tudo. Naquela época ainda estavam asfaltando as estradas, e fui da Bahia até lá de Karmann-Ghia (carro esportivo, de dois lugares, saído de linha em 1971), a maior poeira, foi um sofrimento a viagem até o sertão pernambucano”.

Luiz Gonzaga gostou da composição e gravou Nos cafundó de Bodocó. Veio o inevitável convite para ir ao Rio de Janeiro. A música foi aprovada pelos produtores de Gonzagão na época, coincidentemente dois pernambucanos, Rildo Hora e Luiz Bandeira. 

Nos cafundó de Bodocó entrou num dos melhores álbuns de Luiz Gonzaga nos anos 70, Capim novo (1976). Lula gravaria mais outras três composições de Jurandy, que sacramentariam uma amizade que durou até o final da vida de Lua.

O baiano Jurandy da Feira, portanto, testemunhou os bons e maus momentos de Luiz Gonzaga em suas duas últimas décadas de vida: “Ele passou uma época em baixa. Várias vezes assisti a apresentações suas numa churrascaria chamada Minuano, na estrada Rio/São Paulo. Era aquele barulho de churrascaria. Mas quando ele dava o boa noite., pra começar a cantar, menino ficava quieto. Os adultos se calavam. Ficava silêncio enquanto ele cantava”.

Foi Luiz Gonzaga que levou Jurandy para gravadora, e ajudou a suas músicas serem gravadas por nomes como Trio Nordestino, Terezinha de Jesus. Atualmente Jurandy da Feira é um dos artistas mais admirados no meio da cultura brasileira e gonzagueana.

“Ele, Luiz Gonzaga, chegou a me prestigiar num show num colégio de padres em Tucano, minha terra natal. Passou a me apelidar de “minha paz”, porque quando chegava sempre desejava a ele: “Uma paz, seu Luiz”, relembra emocionado Jurandy.

Jurandy traz a poesia do ritmo da cultura brasileira na alma. É fartura de dia de Feira. Luiz Gonzaga sabia reconhecer um fiel discípulo.

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GOVERNADOR DA BAHIA DIZ NÃO TER COMO ASSEGURAR QUE NÃO HAVERÁ ATRASO DE SALÁRIO PARA SERVIDORES

O governador Rui Costa afirma que não há como garantir que os salários do funcionalismo público será pago em dia nos próximos meses. A declaração do chefe do Executivo se dá diante do cenário de incertezas em meio à pandemia do coronavírus.

"Hoje, não tem previsão de atrasar salário. Mas não tenho como saber o impacto que isso terá mas adiante. Não posso dar garantia em função da imprevisibilidade dos próximos meses", explicou o governador durante entrevista à rádio Sociedade, Salvador Bahia.

O governador chamou a atenção para o caso de Minas Gerais, onde há a previsão de atraso no pagamento dos salários dos funcionários públicos.

Na última semana, Rui Costa já havia alertado para o caso do funcionalismo público baiano. "Por causa da pandemia, a situação financeira do mundo se complicou. Por isso, oriento aos servidores públicos não contraiam dívidas a longo prazo”, disse.
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DOCUMENTÁRIO CONTA HISTÓRIA DE ZÉ LAURENTINO PARA MANTER VIVA A MEMÓRIA DO POETA

Um documentário produzido durante quatro anos foi lançado em 2020 com o objetivo de disseminar a poesia do paraibano José Laurentino da Silva e manter viva a história e a arte do poeta.  “Zé Laurentino – O Poeta do Povo” está disponível na internet e também vai ser exibido em vários festivais de cinema pelo país.

“Nós disponibilizamos o documentário de forma gratuita na internet para que as pessoas tenham acesso a um conteúdo de qualidade neste tempo de distanciamento social e possam desfrutar da história de Laurentino em suas casas”, disse o jornalista e poeta Rafael Melo. 

O DOC de mais de 20 minutos traz imagens inéditas do poeta poucos meses antes de sua partida. Nas imagens, Zé Laurentino aparece em dois momentos importantes da reta final da vida: o período em que esteve cego e a fase em que voltou a enxergar. Entre recitações e narrativas da própria história, e algumas doses de cachaça brejeira, o artista se emociona e toca o público que o acompanhou por anos.

“São imagens nunca antes exibidas que tivemos o prazer de coletar e de tratar com muito carinho e cuidado durante todo este tempo para trazer ao público de uma forma singela, serena, bonita, assim como tudo o que fazia Zé Laurentino”, disse um dos idealizadores do projeto, Sandro Branco, ativista cultural do estado do Paraná, que se encantou com o poeta no contato que teve com o paraibano em 2015.

As imagens foram captadas durante a realização do projeto “Encontro de Raízes”, nascido da parceria de artistas de Campina Grande, na Paraíba, com ativistas e artistas da associação Caracol, do estado do Paraná. “Os paranaenses perceberam o valor da poesia de Zezinho e voltaram num segundo momento do projeto e aproveitaram para gravar e extrair o máximo dele. Pouco tempo depois nasceu a ideia do documentário”, disse Rafael.

O filme que conta um pouco da história de Zé Laurentino escutou pessoas importantes na vida dele e que também tiveram influência do “poetinha”, como carinhosamente era conhecido. Braulio Tavares, Astier Basílio, Afrânio de Brito, José Laurentino Neto, Aziel Lima, Robson Borracha, Tiago Monteiro, Gabriel Diniz e Rafael Melo são alguns dos entrevistados.

José Laurentino da Silva tem centenas de poemas populares que o elevam à categoria dos grandes poetas da poesia, cabocla do Brasil. Dentre os principais poemas estão “O mal se paga com o bem”; “Existe felicidade”; “Carona de passageiro”; “Eu, a cama e Nobelina”; “Matuto no futebol”. Zé publicou vários livros e cordéis: “Sertão. Humor e poesia”; “Meus versos feitos na roça”; “Carta de matuto”; “Poesia do Sertão”; “Dois poetas, dois cantares”; “Poemas, prosas e glosas”.

José Laurentino  nasceu em 11 de abril de 1943 no sítio Antas, na cidade de Puxinanã, anteriormente poetizada em um poema famoso de Zé da Luz. Zé Laurentino cresceu em uma casa onde sempre eram realizadas cantorias de repentistas violeiros. Na fase adulta foi político (vereador) e ficou bastante conhecido pela poesia nos programas de rádio que apresentava. Zé Laurentino atuou durante muito tempo na Rádio Borborema, Rádio Cidade de Esperança, e apresentou o programa Sala de Reboco na TV Borborema ao lado do poeta Amazan. Ele também foi destaque no programa Som Brasil da Rede Globo.

Nos últimos anos de vida, depois de fazer sucesso inclusive fora do país, Laurentino ficou cego e também passou por uma fase de problemas com a bebida alcoólica. O poeta morreu em 2016 com 73 anos de idade vítima de um câncer de fígado.


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