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Compositores Janduhy Finizola e Onildo Almeida vivem em Caruaru |
Os dois se reuniram para
relembrar os sucessos que compuseram para Gonzagão e até cantaram trechos das
músicas famosas.
"Os poderes não valorizam Gonzaga como deviam", diz Onildo
Almeida. "Gonzaga é o músico mais importante deste país", complementa
Janduhy Finizola.
“Cabôco... Essa música é sua?”
Onildo Almeida conheceu Luiz
Gonzaga no fim da década de 1950, nos corredores da extinta Rádio Difusora de Caruaru. O compositor
trabalhava como operador de áudio da emissora e, nas horas vagas, rabiscava
alguns versos para exercitar sua grande paixão: a música. Gonzaga estava
visitando a rádio, de passagem pela cidade, quando ouviu uma canção gravada por
Almeida em 1956. Perguntou a Zé Almeida (irmão de Onildo) quem era aquele
cantor, quando foi apresentado ao poeta.
"Cabôco... Essa música é sua?" A pergunta de Gonzaga ao entrar
no estúdio da emissora foi o início de uma amizade que durou até a morte do Rei
do Baião, em agosto de 1989. “A Feira de Caruaru” só foi gravada em 1957. Fez
parte do LP "O Reino do Baião", que rendeu o primeiro Disco de Ouro
da carreira de Luiz Gonzaga, ultrapassando a marca de 150 mil cópias vendidas.
Onildo Almeida diz se orgulhar das 34 versões em língua estrangeira que
a música ganhou e, ao mesmo tempo, revelou para o mundo. “A gravação na voz de
Gonzaga levou ao conhecimento do mundo uma das feiras populares mais
movimentadas do Nordeste brasileiro”, diz. Almeida conta ainda que sonhava em
ter um baião interpretado por um grande nome da música nacional.
"Eu só
havia gravado 'A Feira...' porque não tinha encontrado um cantor. Fui ao Recife
várias vezes, até que o diretor de uma gravadora me convenceu de colocar a voz
na canção. Mas eu sabia que ninguém cantava baião como Luiz Gonzaga",
relembra, emocionado. Depois do encontro, surgiram outras parcerias do
caruaruense com o sanfoneiro:
1957: A Feira de Caruaru (Onildo Almeida); Capital do Agreste (Onildo
Almeida e Nelson Barbalho)
1967: Hora do Adeus (Onildo Almeida e Luís Queiroga)
1970: Xote do Saiote (Onildo Almeida)
1973: Só xote (Onildo Almeida)
1974: Bom? Pra uns (Juarez Santiago e Onildo Almeida); É sem querer (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida) Teitei no arraiá. (Onildo Almeida)
1978: Onde o Nordeste garôa (Onildo Almeida)
1980: Lá Vai Pitomba (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida)
1984: O Regresso do Rei (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida); Aproveita gente (Onildo Almeida)
1985: Sanfoneiro Macho (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida); Tá bom demais (Onildo Almeida e Luiz Gonzaga)
1986: Queimando Lenha (Onildo Almeida)
1967: Hora do Adeus (Onildo Almeida e Luís Queiroga)
1970: Xote do Saiote (Onildo Almeida)
1973: Só xote (Onildo Almeida)
1974: Bom? Pra uns (Juarez Santiago e Onildo Almeida); É sem querer (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida) Teitei no arraiá. (Onildo Almeida)
1978: Onde o Nordeste garôa (Onildo Almeida)
1980: Lá Vai Pitomba (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida)
1984: O Regresso do Rei (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida); Aproveita gente (Onildo Almeida)
1985: Sanfoneiro Macho (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida); Tá bom demais (Onildo Almeida e Luiz Gonzaga)
1986: Queimando Lenha (Onildo Almeida)
"É o 'Doutor do Baião'?"
Já o médico Janduhy Finizola, natural de Jardim do Seridó (RN), chegou a Caruaru em 1959. Ele sempre se considerou um admirador de Luiz Gonzaga e das manifestações culturais nordestinas.
Já o médico Janduhy Finizola, natural de Jardim do Seridó (RN), chegou a Caruaru em 1959. Ele sempre se considerou um admirador de Luiz Gonzaga e das manifestações culturais nordestinas.
Em 1973, ocorreu o primeiro contato entre o médico e o sanfoneiro.
Finizola trabalhava no Hospital São Sebastião, em Caruaru, quando soube que
Gonzaga ia fazer um show no Clube Intermuncipal.
"Onildo Almeida sabia da
minha admiração por Luiz Gonzaga e me disse que havia chegado a hora de
conhecê-lo. Mas coincidiu de eu estar de plantão no hospital. Então, enviei uma
letra que havia escrito em homenagem a Gonzaga, que ia receber o título de
Cidadão de Caruaru.", relembra.
Era madrugada quando um enfermeiro acordou Janduhy Finizola para avisar
que Luiz Gonzaga estava precisando de atendimento – o músico havia sofrido um
mal-estar, sem gravidade, durante a apresentação. O sanfoneiro entrou na sala
de atendimento e disparou: “É o 'Doutor do Baião'?”, querendo confirmar a
autoria da música “Cidadão de Caruaru”.
Após o grande sucesso de execução nas rádios, o médico-poeta desenvolveu
outras parcerias que também foram gravadas por Luiz Gonzaga. Mas foi a saga
"A Missa do Vaqueiro" que deu contornos ainda mais sólidos aos
trabalhos do médico com o músico.
Gonzaga desejava homenagear o primo, Raimundo
Jacó, assassinado em 1954 na área rural do município de Serrita, no sertão
pernambucano. A "Missa do Vaqueiro" é composta por nove canções
elaboradas por Finizola após assistir à celebração. Até hoje o evento religioso
é realizado em Serrita, sempre no 4º domingo do mês de julho. O grupo Quinteto
Violado registrou em LP as canções da missa em 1976.
Entre as principais
parcerias do médico do rei do baião estão:
1973: Cidadão de Caruaru (Janduhy Finizola e Onildo Almeida); A Nova
Jerusalém (Janduhy Finizola)
1974: Frei Damião (Janduhy Finizola)
1977: Jesus Sertanejo (Janduhy Finizola)
1978: Pai-Nosso (Janduhy Finizola)
1979: O Caçador (Janduhy Finizola)
1981: Os Bacamarteiros (Luiz Gonzaga e Janduhy Finizola)
1974: Frei Damião (Janduhy Finizola)
1977: Jesus Sertanejo (Janduhy Finizola)
1978: Pai-Nosso (Janduhy Finizola)
1979: O Caçador (Janduhy Finizola)
1981: Os Bacamarteiros (Luiz Gonzaga e Janduhy Finizola)
Fonte: G1/TV Asa Branca/Afiliada Rede Globo