Suas
canções são patrimônios incontestes. Por seu legado, ele recebeu várias
homenagens pelo país: estátuas, bustos, títulos, museu, memorial, parque, ruas,
praças e sites. Em Aracaju-Sergipe por exemplo, temos o Gonzagão; um
freqüentado espaço cultural da cidade.
O Rei do
Baião”, título que conquistou no auge do sucesso, além de ser homenageado por
sua obra, também fez homenagens. Assim, personagens, lugares e costumes de
Sergipe estão representados em algumas
de suas músicas.
Nas
terras sergipenses, Luiz Gonzaga mantinha algumas amizades. Dentre elas, a de
Pedro Chaves, ex-prefeito de Propriá. Para seu amigo, ele compôs “Forró de
Pedro Chaves” (Luiz Gonzaga, 1967, RCA Victor).
Cantou
também em ritmo de baião “Propriá” (Guio de Morais e Luiz Gonzaga, 1951, RCA
Victor). Nesta música, Gonzaga manifesta a intensa saudade e o desejo de
retorno à cidade. Lá, conforme a letra, ele deixara tudo de que dependia: a
família, o roçado e a amada. Por isso, o baião termina assim: “a minha vida tá
todinha em Propriá”.
Luiz
Gonzaga fazia várias apresentações na “Princesa do São
Francisco”. Em 1955, quatro anos após gravar “Propriá”, mestre Lua emprestou
seu nome a uma praça da cidade.
Malhada fica
a 82 Km de Aracaju e se tornara cidade em 1953. Segundo se sabe, Luiz Gonzaga
começou a escrever sobre o pequeno povoado ainda na fazenda do já referido
amigo Pedro Chaves, na zona rural de Propriá.
Além de Própria e Malhada dos Bois, mais uma cidade
sergipana foi evocada pelo sanfoneiro do Araripe. Trata-se de Canindé de São
Francisco. A música “São Francisco de Canindé” (Julinho e Luiz Bandeira, 1977,
RCA) alude à proteção do santo que, enchendo o rio, acaba com a seca no sertão,
tema caro na musicografia gonzagueana.
As três cidades sergipanas homenageadas no
cancioneiro de Gonzagão ficam na região do Baixo São Francisco. Canindé, no
entanto, é a mais distante da capital, a 200 Km, na micro-região do sertão
sanfranciscano.
Contudo, a
Canindé recitada por Luiz Gonzaga não existe mais. Ela foi inundada em
decorrência da construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, em fins da década de
1980. Uma nova Canindé foi construída noutra área mais elevada, a quatro
quilômetros da sede anterior. Atualmente, o município é um dos atrativos
turísticos de Sergipe, justamente por oferecer, entre outras coisas, culinária
ribeirinha, banhos e passeios pelos cânions e lago formado pela barragem da
usina.
Além do amigo e cidades
sergipanas, Luiz Gonzaga também cantou lugares e monumentos de nosso estado,
tais como a praia de Atalaia Velha e o estádio de futebol Batistão.
A praia de Atalaia, um dos nossos pontos turísticos
mais importantes, foi homenageada na música “Adeus Iracema” (Zé Dantas e Luiz
Gonzaga, 1962, RCA Victor). A toada menciona as principais praias do Nordeste e
sobre a nossa diz: “Navega [oh! Jangada]/ No Nordeste pela praia/ (...)/ Quero
ver minha Atalaia”. O narrador se identifica com nosso cartão postal, tomando-o
para si e demonstrando intensa saudade do paraíso sergipano.
Quanto ao
Batistão - Estádio Estadual Governador Lourival Baptista –, principal praça de
esportes de Sergipe e a mais moderna do Norte/Nordeste, à época, o sanfoneiro
gravou seu hino.
Na segunda estrofe, o rei do baião entoa: “No
gramado do Batistão/ Enquanto o craque chuta a bola/ As crianças dão lição/
Nosso estádio tem escola/ O estádio de Sergipe/ É o mais completo da nação/ Dá
ao povo futebol/ E à infância educação”. (Hugo Costa e Luiz Gonzaga, 1969).
O Batistão
possuía dez salas de aula para atender 1.200 (mil e duzentos) alunos em três
turnos, ou seja, educação e esporte estavam presentes no mesmo sítio como
atividades complementares. Hoje, as salas são ocupadas por sedes de federações
de esportes. Inaugurado em 09 de julho1969, um ano antes da conquista do
tri-campeonato pelo Brasil da copa mundial de futebol no México, o Batistão é
um marco na história do desporto sergipano. A seleção brasileira de futebol,
inclusive, participou do jogo inaugural e venceu a seleção sergipana por 8x2.
Na
abertura oficial da solenidade, Luiz Gonzaga cantou o hino do estádio, momento
inesquecível para quem participou da festa.
Fonte: Amâncio Cardoso e Raimundo Melo