PROFESSOR JOSÉ URBANO: VIVA O MESTRE VITALINO

O Alto do Moura é, desde sempre, o bairro sagrado da cultura de Caruaru. Nasceu como uma comunidade rural, e hoje está integrado a paisagem urbana da cidade, pelos bairros que foram nascendo no seu entorno, as vias de acesso e principalmente pelo fator  cultural, espaço rural escolhido pelo Mestre Vitalino para viver, constituir família e de onde foi para a eternidade, nos deixando um legado cultural grandioso.   Como expressão cultural, Vitalino se tornou mestre, a matriz da cultura do barro figurativo, reconhecido pelo Brasil e mundo afora, há 75 anos passados.

A grandeza desse personagem também está representada pela escola de arte popular que ele, talvez sem ter consciência disso, formatou e que perdura até os nossos dias.  

Foram discípulos de Vitalino artesãos da grandeza de Manuel Eudócio, que tem peças expostas na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro (eu fui lá conferir em 2019) Zé Caboclo, Luiz Antonio, D. Ernestina (primeira mulher artesã de Caruaru) e tantos outros que tem descendestes que vivem exclusivamente da arte do barro na cidade.   

Em 1947 a coleção de Vitalino, com temas 100% nordestinos, foi levada para uma exposição no Rio de Janeiro, então capital federal, e atraiu os olhares do país para a nossa arte popular.   Nos anos 50 algumas peças foram levadas para outra exposição na Suíça, e foi um sucesso.   Vitalino tornou-se nosso embaixador cultural de Caruaru.  

Outro artesão migrou para o Alto do Moura e criou um novo estilo do artesanato em barro, e hoje tem um importante memorial, o Mestre Galdino, que fez um trabalho numa simbiose entre humano, animais e seres  de mundos imaginários.

A arte do Alto do Moura é 75% exportada para todos os Estados do Brasil, movimenta a economia com muita força. Atualmente, mais de 600 famílias vivem da arte do barro, que tem recebido toda atenção das administrações públicas, nos quesitos de urbanização, com escola, Casa da Mulher Artesã, Associação dos Moradores, asfalto, iluminação, segurança pública e no período junino, grande pólo onde se curte o verdadeiro forró, criado por Luiz Gonzaga, nosso pernambucano do século.

Viva Vitalino, viva a cultura Nordestina

Professor José Urbano

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