"Amigo é coisa para se guardar  debaixo de sete chaves dentro do coração assim falava a canção que na América ouviu Mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir...Mas quem ficou, no pensamento voou com seu canto que o outro lembrou e quem voou, no pensamento ficou com a lembrança que o outro cantou"...

Já são cinco anos de tua ausência física. A sanfona, triangulo e zabumba continuam a lembrar que desafinados cantávamos. Cantar para viver a arte da fé e de ser Feliz. Sorrir para jamais perder a esperança. Cantar para afirmar que Luiz Gonzaga é Mestre do Baião, Xote, Forró Sanfonado! 

E na curva da estrada eu escutava sempre o homem/alegria criança dizer assim: Poeta Amigo Jornalista Vitalino, Ney Vital,  estamos chegando em Exu, Pernambuco. Aumenta o som: Viva a Fazenda Araripe. Meu Araripe, meu relicário eu vim aqui rever meu pé de serra Beijar a minha terra Festejar seu centenário Sejam bem vindos os filhos de Januário para o centenário do Araripe festejar...

E numa madrugada, 15 de outubro de 2017, veio o silêncio: "Eu vi a Morte, a moça Caetana, com o Manto negro, rubro e amarelo. Vi o inocente olhar, puro e perverso, e os dentes de Coral da desumana...vi asas deslumbrantes que, rufiando nas pedras do Sertão, pairavam sobre Urtigas causticantes, caules de prata, espinhos estrelados..." Não era sonho assim me disse o Poeta Ariano Suassuna.

Assim eu vi, juro que vi a Moça Caetana levando Anésio Lino de Souza Neto Tintas...e ele foi com o sorriso e braços abertos. E partiu assim...Nas asas do Pensamento uma lágrima. Petrolina, Garanhuns, Barbalha-Ceará, Juazeiro do Padim Ciço, Serrita-Missa do Vaqueiro, Feira de Caruaru, Paraíba-Campina Grande, rua Indio Cariris são cidades sonhos que choram tua saudade. E o Riacho do Navio onde nós e Italo/Abilio/Icaro pareciamos meninos a brincar de atravessar pontes e cantar...e o nosso relicário-Fazenda Araripe centenário festeja. E a hora mágica quando na Igreja do Araripe às 18 horas rezávamos Ave Maria.

Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum...Perdoe-me Pai Criador. Morrer tem seu sentido...as escrituras sagradas afirmam que sim: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. 

É assim que Penso: Anésio Lino de Souza-Neto Tintas fez a grande viagem. Foi colorir os céus do Sertão da Eternidade e em algum lugar está garantindo mais Felicidades e sorrisos na vida dos amigos...e tornando mais belo a razão de viver...e de haver estrelas...

Ney Vital é jornalista. Colaborador da RedeGn. Técnico em Agroecologia

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