José Urbano: O Rock reverencia o Pífano de Caruaru

Mega evento musical no Brasil, o Rock in Rio acontece em mais uma edição, celebrando 32 anos de sua primeira edição, ocorrida em 1985.  Naquele momento da história, o nosso país estava iniciando a sua inserção no panorama internacional de musicalidade, que surge no século XX no ano de 1969, tendo como matriz o Woodstock, primeiro encontro do gênero, realizado no estado de Nova York, nos Estados Unidos.  

Aqui no Brasil, a cidade do Rock, definição do marketing para o grandioso evento, esse ano abriu espaço para uma apresentação musical da Banda de Pífanos Zé do Estado, personagem este de saudosa memória e fundador do referido grupo musical, na primeira metade do século passado.  O estilo musical é conhecido pelo Brasil todo como a Banda de Pífanos de Caruaru, porém a sua origem não é regional nem também pernambucana.  Inicialmente denominada de “banda cabaçal”, “terno de zabumba” ou ainda “esquenta mulher”, originalmente essa tradição nasce no vizinho estado de Alagoas, desde os tempos imperiais.  

No ano de 1924, os irmãos Manoel e Clarindo Benedito Biano formatam o que viria a ser denominada Banda de Pífanos de Caruaru, cidade que acolhe os seus componentes em meados dos anos 40.  Presença indispensável em todos os eventos folclóricos e culturais da região, no ano de 1971 o grupo grava no Rio de Janeiro o primeiro vinil do gênero, pela gravadora CBS.  Composta por pífanos de bambu e percussão feita com zabumba que utiliza pele de animais, com o acréscimo de metais dos pratos, a sonoridade imprime uma marca e alcança status internacional.  No ano de 1972, Gilberto Gil gravou em seu disco Expresso 2222 a música pipoca moderna, dando um novo impulso ao estilo autenticamente alagoano.  

O reconhecimento dessa grandiosa trajetória que percorre todo o século XX e chega ao terceiro milênio, acontece em 2004, quando o grupo Banda de Pífanos de Caruaru recebeu o prêmio de Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras na 5ª edição do Grammy Latino. Em 2006, recebem a Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República. Em 2016 a Câmara Municipal,  concede o título de Cidadão de Caruaru, mais um título de reconhecimento social pela grandeza dos trabalhos do grupo.  Na nossa cidade, nomes como João do Pife, Marcos do Pífano, Biu do Pife, Anderson que hoje coordena com muita maestria as atividades da Banda Zé do Estado, emprestam seus nomes e talentos musicais em prol dessa significativa tradição cultural nordestina.  

Nos anos 90, Gilberto Gil reacende o compromisso e admiração pelo referido estilo musical, quando os denomina Os Beatles de Caruaru, simpática denominação que usa como referência a banda inglesa que é marca universal de música, desde os anos 60.  Particularmente vejo de uma forma por demais positiva, a cultura nordestina alcançar espaços em palcos que atraem a atenção de toda a mídia do planeta.  Aplausos para a tradição, a religiosidade, o forró, o cangaço, os cordéis, o frevo, a ciranda, o maracatu e todos os estilos que formatam a identidade cultural do Nordeste, hoje com ênfase para as Bandas de Pífanos, e particularmente Zé do Estado e seus valiosos artistas.  

Fonte: Professor José Urbano
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