Estudar, pesquisar as composições interpretadas por Luiz Gonzaga é algo que apaixona! Asa Branca composta por Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga é fascinante e ninguém consegue sair impune ao ler os versos ou escutar a música!
O estudo da semiótica nos dá suporte para compreender os sentidos do texto, seja verbal, não verbal ou sincrético. Com análise da música Asa Branca é possível delinear o tempo, a pessoa e o espaço no enunciado; a trajetória do enunciador, seu sofrimento em meio à seca do sertão; o afastamento, solidão, ao sair de perto de tudo que ama; e a esperança de um dia voltar.
O uso de elementos do discurso é mais um mecanismo na apropriação de sentidos e o professor pode usá-los como mais uma ferramenta de ensino em sala de aula.
A semiótica francesa ou da Escola de Paris foi criada nos anos de 1960 para ser uma teoria da significação, para descrever os sentidos do texto. É um ramo das ciências da linguagem que se ocupa dos conjuntos significantes; seu objeto de análise sempre será um signo, enfim, tudo que carreia um sentido. É uma teoria, portanto, da significação, sob produção do sentido.
"Quando olhei a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu,
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nenhum pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas léguas
Nessa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu, meu coração".
Com base na semiótica greimasiana, é possível identificar, na segunda estrofe, o sentido das figuras presentes no texto: Que braseiro, que fornalha Nenhum pé de plantação Por falta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão"... A seca que assolou aquelas terras justifica a migração do enunciador, já que esse perdeu tudo o que tinha.
Essa ave chamada asa branca foi escolhida justamente por ser um animal muito resistente às severas secas. O enunciador faz uma comparação entre a força da ave em relação à sua própria força, pois se “até mesmo a asa branca bateu asas e voou” ele também precisa buscar um lugar que possa lhe proporcionar sustento, mesmo que esse lugar não o agrade e ele tenha que deixar para trás alguém muito especial em sua vida: “adeus Rosinha”.
O modo como o sujeito enunciador fala com a Rosinha deixa claro que ela é sua companheira e amada, o último verso dessa estrofe acentua ainda mais essa afirmação, pois a figura de linguagem inserida nele demonstra a reciprocidade no ato de amar.
Uma das análises mais emocionantes é quando se faz a alusão a “Deus” – “Eu perguntei a Deus do céu, ai/ por que tamanha judiação” - abrindo a possibilidade da leitura na dimensão religiosa.
As marcas do calor intenso inseridas nos lexemas “ardendo”, “fogueira”, “fornalha” remetem ao inferno, que devasta e destrói a vida.
Asa Branca gravada em 03 de março de 1947 continua atual e é por isto que Luiz Gonzaga vive!
O estudo da semiótica nos dá suporte para compreender os sentidos do texto, seja verbal, não verbal ou sincrético. Com análise da música Asa Branca é possível delinear o tempo, a pessoa e o espaço no enunciado; a trajetória do enunciador, seu sofrimento em meio à seca do sertão; o afastamento, solidão, ao sair de perto de tudo que ama; e a esperança de um dia voltar.
O uso de elementos do discurso é mais um mecanismo na apropriação de sentidos e o professor pode usá-los como mais uma ferramenta de ensino em sala de aula.
A semiótica francesa ou da Escola de Paris foi criada nos anos de 1960 para ser uma teoria da significação, para descrever os sentidos do texto. É um ramo das ciências da linguagem que se ocupa dos conjuntos significantes; seu objeto de análise sempre será um signo, enfim, tudo que carreia um sentido. É uma teoria, portanto, da significação, sob produção do sentido.
"Quando olhei a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu,
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nenhum pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas léguas
Nessa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu, meu coração".
Com base na semiótica greimasiana, é possível identificar, na segunda estrofe, o sentido das figuras presentes no texto: Que braseiro, que fornalha Nenhum pé de plantação Por falta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão"... A seca que assolou aquelas terras justifica a migração do enunciador, já que esse perdeu tudo o que tinha.
Essa ave chamada asa branca foi escolhida justamente por ser um animal muito resistente às severas secas. O enunciador faz uma comparação entre a força da ave em relação à sua própria força, pois se “até mesmo a asa branca bateu asas e voou” ele também precisa buscar um lugar que possa lhe proporcionar sustento, mesmo que esse lugar não o agrade e ele tenha que deixar para trás alguém muito especial em sua vida: “adeus Rosinha”.
O modo como o sujeito enunciador fala com a Rosinha deixa claro que ela é sua companheira e amada, o último verso dessa estrofe acentua ainda mais essa afirmação, pois a figura de linguagem inserida nele demonstra a reciprocidade no ato de amar.
Uma das análises mais emocionantes é quando se faz a alusão a “Deus” – “Eu perguntei a Deus do céu, ai/ por que tamanha judiação” - abrindo a possibilidade da leitura na dimensão religiosa.
As marcas do calor intenso inseridas nos lexemas “ardendo”, “fogueira”, “fornalha” remetem ao inferno, que devasta e destrói a vida.
Asa Branca gravada em 03 de março de 1947 continua atual e é por isto que Luiz Gonzaga vive!
Fonte: Luiz Tatit. Análise semiótica através das letras. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
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