Revolução Cultural usando o Baião e o Frevo

O aniversário de cem anos do frevo foi em 2007. O centenário de Luiz Gonzaga Rei do Baião em 2012. Dominguinhos, Sivuca e Jackson do Pandeiro valorizam o Frevo.

O frevo possui o título de patrimônio cultural e imaterial da humanidade. Luiz Gonzaga ainda no início de sua trajetória musical, poucos sabem, divulgou e cantava Frevo. Em 1946 gravou "Cai no Frevo". Detalhe: usou sua majestosa sanfona. Puxou a sanfona também no Frevo "Quer Ir mais Eu?", este regravado várias vezes até os dias de hoje e executado pelas orquestras de frevos nas ruas e bailes Brasil afora. 

Luiz Gonzaga gravou nos ano 80 "Bia no Frevo" e "Forrobodó Cigano". Homenageou o genial Capiba-Lourenço Fonseca Barbosa, tocando o frevo "Ao mestre com carinho".

Luiz Gonzaga em parceria com João Silva, já no final da carreira, anos 80, grava "Arrasta Frevo". Ainda Na seara do carnaval o Rei do Baião  participou do primeiro forró trio-eletrizado junto com Dôdo e Osmar, Instrumento Bom. Viva a Bahia. 

Toda esta trajetória faz Luiz Gonzaga atual...basta ouvir a letra de "Eu quero dinheiro, saúde e mulher. É isto mesmo e vice e versa Mulher Saúde e Dinheiro e o resto é conversa. Eu quero ser deputado, senador, vereador. Eu quero ser um troço qualquer para mais fácil arranjar Dinheiro Saúde e Mulher"...Impressionante, visionário, Luiz Gonzaga, gravou essa façanha em marcha-frevo no ano de 1947.

Como se vê, o frevo deveria sempre ficar em alta. O frevo e o baião deveriam ser tocados nas Rádio o ano inteiro. Mas frevo para quê? Por que frevo? Para que Baião? Por que Baião?

A resposta está na conexão de estudos e reflexões sobre a cultura brasileira que conduzindo-me à constatação: vivemos num país que reluta em aceitar-se integralmente. Não se valoriza o Frevo e o Baião!

Antonio Nobrega é multi-instrumentista, argumenta que nossa tarefa está em amplificar, dinamizar, trazer para a órbita de nossa cultura contemporânea os valores, procedimentos e conteúdos presentes nessa Revolução cultural.

Essa ação amplificadora poderia abranger escolarização musical – por que não se estuda frevos e baião em nossas escolas? a riqueza lúdica e criadora proporcionada pelo seu multifacetário estoque de movimentos–; a valorização de modelos de construção e integração social advindos do mundo-frevo... Tudo isso ajudaria ao Brasil entender-se melhor consigo mesmo e com o mundo em que vivemos.

O frevo e o baião são duas representações simbólicas mais bem-acabadas e representativas que o povo brasileiro construiu. Assim como o samba, o choro, uma entidade transregional cuja imaterialidade poderemos transmudar em matéria viva operante se tivermos a suficiente compreensão do seu significado e alcance sociocultural.

Fonte: Antonio Nobrega é multi-instrumentista, dançarino e cofundador do Instituto Brincante de cultura e dança popular.

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