Março: 70 anos da primeira gravação da toada Asa Branca

Este ano o baião Asa Branca, completa 70 anos. São 70 anos da música Asa Branca. Sete décadas! Um marco da música brasileira e universal!

Luiz Gonzaga, nascido em Exu, Pernambuco e Humberto Teixeira, em Iguatu, Ceará interpretaram o sofrimento e também as poucas alegrias de sua gente. Foi por meio de "Asa Branca" que elevaram à condição de epopéia a questão nordestina. Podemos afirmar  que "Asa Branca" é o hino do Nordeste: o Nordeste na sua visão mais significativamente dramática, o Nordeste na aguda crise da seca.

No dia 3 de março de 1947, no estúdio da RCA, foi gravado a música, composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira,  Há mais de quinhentas interpretações diferentes no mundo. Uma das gravações é de 1975,  o cantor grego Demis Roussos gravou versão da canção em inglês, também chamada White Wings. Asa Branca ganhou também versão em inglês em 1970, criada pelo roqueiro Raul Seixas.

Humberto Teixeira contou em depoimento para o Museu da Imagem e Som (Nirez) que “No dia em que gravaram, com o conjunto de Canhoto, ele disse: puxa, vocês depois de um negócio desses, de sucessos, vêm cantar moda de igreja, de cantador que pede esmola. Que troço horrível!’ Aí então, eles com um pires na mão, saíam pedindo, brincando, uma esmola pro Luiz e pra mim, dentro do estúdio. Mal sabiam eles que nós estávamos gravando ali uma das páginas mais maravilhosas da música brasileira”.

A gravação de Asa Branca foi tão importante que nos anos 60 saiu uma "conversa" que os Beatles iam gravar “Asa Branca". Foi uma das mentiras de Carlos Imperial que entrou para a história e virou filme: “Eu Sou Carlos Imperial". Cínico, mulherengo e grande marqueteiro, Carlos Eduardo da Corte Imperial ficou conhecido como o apresentador de TV que fecundou a Jovem Guarda e lançou nomes como Roberto Carlos, Elis Regina, Tim Maia e Wilson Simonal.

O próprio Gonzagão e seu parceiro Humberto Teixeira na autoria do lamento contra a desgraça da seca na vida dos caboclos do norte se surpreenderam. O velho Lua, que não se cansava de destilar ressentimento contra o iê-iê-iê que coroou outro rei, Roberto Carlos, em um trono que fora seu, mostrava um autêntico orgulho de tamanha honraria.

"Os meninos ingleses têm muito sentimento e não avacalham a música. A toada deles parece bastante com as coisas do Nordeste. Até as gaitas de fole lembram a nossa sanfona", publicou a revista Veja numa reportagem sobre a volta ao sucesso do sanfoneiro por causa da gravação de sua canção pelos artistas mais famosos do planeta.

Carlos Imperial tinha uma tese de que havia semelhanças musicais entre o rock e o baião.
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