Brasil celebra 20 anos morte de Renato Russo

Ele estava em casa quando morreu. Era o começo da madrugada do dia 11 de outubro de 1996, quando Renato Russo não resistiu a complicações provocadas pelo vírus da Aids. O corpo pediu trégua e o país se despediu de um dos seus maiores ídolos. Acabava ali a jornada da maior banda da música nacional, a Legião Urbana. Vinte milhões de discos vendidos e, de fato, uma legião de fãs órfã.

Em vez de, mais uma vez, rememorarmos a trajetória do cantor e compositor, que saiu de Brasília e se transformou em um fenômeno nacional, talvez seja melhor abrir espaço para que os próprios legionários nos contem um pouco mais sobre a intrigante figura que foi Renato Russo. Duas décadas depois, ele ainda vende como poucos, ocupa as salas de cinema, rende peças de teatro e ganha ares messiânicos por parte dos fiéis seguidores da banda, que enxergam o grupo e, principalmente Renato, quase como uma religião.

Entre eles, talvez esteja o paulista Rogério Santos. “Eu conheci a banda em 1988, em um show no Ibirapuera”, conta. Foi o bastante para que Rogério inaugurasse um fã-clube dedicado ao grupo. Dedicação, inclusive, não faltou. Eles logos entraram em contato com a gravadora e estreitaram os laços. “A EMI começou a intermediar nossos contatos com a banda, até que o Renato nos conhece. Nosso primeiro encontro pessoal foi no show seguinte. Falamos sobre o fã-clube, que ele passou a reconhecer.”

A partir daí, Rogério manteve uma relação próxima com o cantor. Eles se falavam por telefone mensalmente e Hoje, Rogério ainda nutre o mesmo carinho por Renato. Falar da Legião sempre o motiva. E não à toa: Rogério é dono de um dos maiores acervos relacionados ao grupo, com mais de 450 fotos próprias, infinitos discos, apresentações gravadas e singles. Aos 47 anos, Rogério alterna o cotidiano entre duas funções. Como representante comercial, paga contas. Mas, nas horas vagas, ele ainda cuida da paixão maior, a Legião Urbana. O fã-clube ainda existe: Legião Urbana Infinito. Pode procurar.

Quem também teve a chance de manter uma relação ainda mais próxima com Renato Russo foi a carioca Cristina Valente, que trabalhou por anos como supervisora de imprensa na gravadora do grupo, a EMI. Ela participou, inclusive, do momento em que os meninos assinam o primeiro contrato. Dali em diante, Renato seria uma companhia constante.

Cristina pôde conhecer Renato na íntegra, e não somente o homem em cima do palco. “Conviver com Renato era meio difícil naquela época, porque ele bebia muito. Era punk, literalmente. Mas sempre tivemos muitas afinidades. Tanto que me elegeram para acompanhá-lo em programas de tevê e nas viagens promocionais”, recorda.

Ela teve a oportunidade de testemunhar um dos mais trágicos episódios da banda, principalmente na memória do brasiliense, o fatídico show de 1988 no Mané Garrincha, que gerou uma rebelião pela cidade. “Deu toda aquela confusão. Depois, no hotel, ele foi se encontrar com os jornalistas, entre eles Arthur Dapieve e Beatriz Coelho. Ainda espantado, ele disse que nunca mais faria show em Brasília”. Como se sabe, Renato cumpriu a palavra.

Ao falar do compositor e poeta, principalmente às vésperas do aniversário de morte, Cristina acaba por fazer um depoimento, que define bem quem era Renato Manfredini Júnior: “Doce, maluco e inteligente, acima de tudo. Todos enxergavam nele uma luz, um caminho. Quando penso em Renato, lembro de um menino gentil, amável, mas com uma personalidade forte. Um gigante do bem, que só se destruía. Ele era destrutivo sim.
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