LIVRO PEDRA DA BATATEIRA É TEMA DO LIVRO DA PROFESSORA FÁTIMA TELES

A conhecida lenda da Pedra da Batateira é o fio condutor da mais nova obra lançada pela escritora Fátima Teles, de Brejo Santo, Ceará. O livro, que conta com as ilustrações de João Alves, tem 29 páginas e traz personagens que relatam, através da oralidade, as histórias que permeiam o imaginário de cada um.

Segundo a autora, a ideia surgiu há dois anos, quando escreveu “A cidade que veio das águas”, que retrata a lenda do açaí. “Percebi que as crianças são receptivas, curiosas e atenciosas para as histórias trazidas pela nossa ancestralidade, e também eu quis iniciar a minha escrita sobre os costumes, histórias e lugares que permeiam a nossa região tão linda e rica culturalmente”, destaca Fátima.

A narrativa contada, diz que uma pedra situada no Rio Batateira, em Crato, pode rolar e inundar o entorno da Chapada do Araripe. Para Fátima, a "obra contribui com o fortalecimento do sentimento de pertencimento do povo caririense. Às crianças, o conhecimento de como nasceu a nossa região, de onde são, quem são. O livro fortalece também a memória oral, já que agora ela se imortaliza através da obra publicada", completa.

Fátima é Mestranda em Estado, Governo e Políticas Públicas pela Faculdade de Ciências Sociais da América Latina (FLACSO) e professora da rede pública municipal de Brejo Santo. Entre suas principais publicações, estão o livro infantojuvenil “Cidade que veio das águas”, “Centenário do Professor José Teles de Carvalho: O Pai da Educação de Brejo Santo”, de 2018; o livro “Brejo Santo: Revisitando o passado e construindo o presente”, e o livro de poesia feminista “Lições de Maria”, lançado em 2019.

A LENDA: Não é grande a distância que vai da lenda à História, do mito à realidade. Ambos se mesclam na confluência dos mesmos fatos e circunstâncias, apenas com as variantes definidoras da rotas trilhadas. O mito completa a História, e esta explicita aquele.

Lendo os originais do livro do Padre Antônio Vieira, “Eu Sou a Mãe do Belo Amor”, acudiu-me à lembrança as estórias ouvidas, ainda na infância, sobre a lenda da Pedra da Batateira, e mais tarde se me aguçou a curiosidade de realizar pesquisas para aprofundamento da temática, por ser, sem dúvida, de alta relevância histórica e sociológica.

Através de muitas crônicas históricas, sabe-se que os índios da chamada, Nação Cariri (Kariri ou Quiriri), os primitivos habitantes do Vale do Cariri e dos sertões nordestinos, do Rio São Francisco à Serra da Borborema, segundo versão de Capistrano de Abreu, provieram de “um lago encantado”, provavelmente do Amazonas ou Tocantins, sendo expulsos dessa região como do litoral pelos Tupinambás e Tupiniquins.

Como se vê, a água era predominante na cultura desses silvícolas. Era tradição serem de uma bravura e ferocidade estupenda, e como símbolo e troféu dos seus feitos épicos e homéricos, se ornamentavam com dentes de tubarão, jacaré e onça.

Os colonizadores, na sua gana predatória de domínio dos campos de criação de gado, tentaram eliminá-los nas chamadas “guerras justas”, cujos embates se alongaram de 1683 a 1713, nos cruentos e desumanos combates, conhecidos historicamente como “Confederação dos Cariris” ou a “Guerra dos Bárbaros”. E os conquistadores só conseguiram dominá-los e massacrá-los, graças ao esforço ponderável dos bandeirantes paulistas, em gente, armas e municiamento.

Foi uma guerra de extermínio, autêntico genocídio, como se costumava realizar à revelia da lei e dos princípios éticos e humanitários, nas novas terras descobertas.

Os remanescentes da tribo dos índios Cariris, alocados no Vale Caririense, trouxeram codificada, na sua sensibilidade, intuição e memória, a evocação da imensa Bacia Amazônica, das suas enchentes devastadoras, e não foi difícil à sua fértil imaginação idealizar que todo o Vale Caririense fosse um mar subterrâneo, com imenso caudal represado pela Pedra da Batateira; e precisamente onde hoje está situada a Matriz de Crato fosse a cama da baleia ou “Iara”, a Mãe das Águas, e que, um dia, a Pedra da Batateira rolaria, e todo o Vale Caririense seria inundado, e ninguém conseguiria sobreviver.

Os primeiros missionários que catequizaram os índios Cariris, no primeiro quartel do século XVIII, deixaram como lembrança uma imagem de Nossa Senhora, esculpida em madeira, com 40 centímetros de altura, tendo o Menino Jesus nos braços, a quem deram o nome de “Mãe do Belo Amor”, para atenuar os temores fatídicos da lenda e substituir os maus presságios da “Mãe das Águas” pela proteção carinhosa e afetiva da “Mãe do Belo Amor”.

E a imagem foi colocada exatamente sobre uma pedra do Rio Granjeiro, debaixo de um nicho de palha. Quando da instalação da Paróquia, mais tarde, a imagem passou a ser venerada com a invocação de Nossa Senhora da Penha, por duas circunstâncias históricas: o fato de ela ter sido colocada sobre uma rocha, e de que os capuchinhos que construíram a capela de palha, onde se encontra a Igreja-Catedral, eram de origem francesa, donde a singularidade da denominação de “Nossa Senhora da Penha de França”.

Outra versão lendária é a de que os índios vencidos, em lutas anteriores, haviam “encantado” (tampado) a grande nascente da Chapada do Araripe com a Pedra da Batateira, e que as águas acumuladas, no subsolo, acolhiam uma serpente sagrada, que faria deslocar a pedra, e todo o Vale do Cariri seria inundado, e que os índios Cariris voltariam a ser uma nação livre, senhores do mar, viveriam na paz e tranqüilidade de um Paraíso.

A lenda ultrapassou as fronteiras do Cariri, e o cineasta Hermano Penna sustenta a tese de que Antônio Conselheiro, quando se separou de Joana Imaginária, vagava pelos sertões cearenses, tendo trabalhado nos engenhos de rapadura do Cariri, onde certamente colheu os elementos lendários da Pedra da Batateira.

Tempos depois, o Conselheiro, seguido pelo grupo de camponeses espoliados dos latifúndios, pregava em pleno sertão adusto da Bahia “que o sertão ia virar mar”. E a profecia se cumpriu.

Canudos hoje está coberto pelas águas, e a barragem de Sobradinho e Itaparica cobriram meio mundo. Fato curioso é que os índios Cariris de Mirandela e Saco do Morcego, catequizados pelos capuchinhos, contribuíram com 300 caboclos flecheiros na defesa da cidadela do Império do Belo-Monte: Canudos.

O mito ainda hoje persiste na memória e imaginação do povo, mesclando-se com outras variantes, de tal forma que muita gente adventícia da Paraíba e Pernambuco, de descendência dos índios Cariris, residente em Juazeiro, recusa-se a morar em Crato, temendo a vingança da Pedra da Batateira.

Padre Cícero Romão Batista, filho de Crato, certamente, na infância, deve ter guardado estórias ouvidas que o induziram a desenvolver, mais tarde, como sacerdote, o culto a Nossa Senhora com a invocação de Mãe das Dores.

Por isso é que o poeta João Cristo-Rei, com ares de profeta, anuncia que, quando se sucederem esses fatos lendários:“Juazeiro fica trancado e seguro Cercado de muro sem contradição,Seu grande mistério se estende e cresceE nisto aparece o Rio Jordão”Sempre a força mítica da lenda das águas.

E este novo tempo, preconizado pelo poeta, tem a mesma visão do profeta Isaías “com uma nova era de mel e fartura, quando pedra será pão, e o mundo viverá do Belo Amor entre os homens”.

É certo o que diz a sabedoria multissecular da gente simples: “Deus fala pela boca do povo”. Pesquisas científicas atestam, que há milhões de anos, todo o Ceará, que é murado pelos contrafortes das serras, já foi mar, e um cataclismo telúrico determinou a depressão geológica de que temos o documento sedimentário dos fósseis encontrados no sopé da Chapada do Araripe, e as marcas da erosão nas rochas graníticas e faldas das montanhas, ao embate das ondas revoltas do mar.Podemos concluir parafraseando Shakespeare: “O povo sabe muito mais do que a nossa vã filosofia”.

(*) Armando Lopes Rafael é historiador. Sócio do Instituto Cultural do Cariri e Membro-Correspondente da Academia de Letras e Artes “Mater Salvatoris” de Salvador (BA).


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MANIFESTAÇÃO CONTRA BOLSONARO ACONTECE EM JUAZEIRO E PETROLINA

Movimentos sociais, centrais sindicais e estudantes se juntaram ao movimento nacional para protestar contra a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) hoje.

Na manhã deste sábado (19), manifestantes contra o governo Bolsonaro se reuniram em Juazeiro e Petrolina contra o presidente da República e o enfrentamento contra a pandemia da covid-19. O protesto também ocorre em outras cidades do Brasil. 

Os manifestantes protestaram contra o governo federal e cobram mais vacinas contra a Covid-19 por meio de uma caminhada e também uma carreata  que teve concentração na Orla Nova em Juazeiro.

Como os atos de rua acontecem ainda em meio à pandemia da covid-19, quando o Brasil se vê prestes a atingir a marca de 500 mil mortes pela doença, organizadores dos protestos pediram para que o público usem máscaras adequadas para participar das manifestações.

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PETROLINA É CIDADE PALAVRA CANTADA E DECANTADA EM VERSO E PROSA

A maior cidade do Sertão de Pernambuco, que polariza os limites da famosa Ponte Presidente Dutra com a vizinha Juazeiro(BA), chegou aos 125 anos de emancipação neste 21 de setembro de 2020. A cidade, o rio São Francisco que lhe mapeia e as histórias ribeirinhas já foram abordadas nas várias linguagens artísticas: da música às artes plásticas, cinema e literatura. No cancioneiro da MPB, poetas e compositores já decantaram Petrolina com sucesso alinhado seus versos na trilha do pertencimento, das belezas naturas e de seu povo, sempre tendo o Velho Chico como protagonista.

Para citar alguns de seus criadores, tomemos o filho da terra Geraldo Azevedo, como ponto de partida ao expor seu "eu lírico" para com oseu berço natal. No segundo disco de sua carreira, intitulado apenas Geraldo Azevedo(1977), em parceria com Carlos Fernando, uma das mais inspiradas e autobiográfica canções dele é "Barcarola do São Francisco", em cuja letra narra sua partida para o Rio de Janeiro, tendo Petrolina como endereço e cenário de despedida:

É a luz do sol que encandeia(...)Vento, vela a bailar/Barcarola do São Francisco/Me leve para o mar/Era um domingo de lua/Quando deixei Jatobá/Era quem sabe a esperança indo à outro lugar/Barcarola do São Francisco/Velejo agora no mar/Sem leme, mapa ou tesouro/De prata ou luar(...).

Independente de saudosismo, no início da carreira já com os pés no chamado Sul Maravilha, lançava de longe seu olhar sob o pertencimento das coisas que ficaram na sua memória fotográfica do passado e de sua origem na comunidade do Jatobá que está sempre plena e viva no filme de sua vida real.

Uma das canções mais conhecidas no país que fala de Petrolina é o xote "Petrolina e Juazeiro", gravada no final da década de 1970 pelo grupo Trio Nordestino e depois pelo autor pernambucano Jorge de Altinho que na década de 1970 morou na região. O compositor confronta de forma poética as duas cidades, buscando eliminar um possível senso de disputa e bairrismo, inserindo os dois territórios no campo das belezas naturais, como reforça na letra:

Nas margens do São Francisco nasceu a beleza e natureza ela conservou. Jesus abençoou com sua mão divina/Pra não morrer de saudade vou voltar pra Petrolina/Do outro lado do rio tem uma cidade/Que na minha mocidade visitava todo dia/Atravessava a ponte, ai que alegria/ Chegava em Juazeiro, Juazeiro da Bahia(...) Juazeiro, Petrolina/ Todas as duas eu acho uma coisa linda/Eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina/.

Em 1986, em um dos seus melhores discos "Mestiço é isso"(1986), Moraes Moreira em parceria com o Geraldo Azevedo, também carimbou uma canção batizada de "Petrolina e Juazeiro", usando as águas do Velho Chico como referência de batismo e unificação das cidades ribeirinhas.

"Meu barco é meu coração que vai sem mágoa/ Nas águas deixa paixão até o cais/ Beira de rio/ Pernambuco e Bahia/ Todo vapor Marinheiro pode trazer Meu amor Juazeiro/ Bela menina pode trazer meu amor Petrolina".

Filho de Petrolina radicado há mais de 30 anos em São Paulo o compositor, cantador e cordelista Aldy Carvalho, jamais quebrou seu cordão umbilical com a cidade natal. Suas temáticas sempre estão focadas no Nordeste, no Sertão e na caatinga. A ampla percepção das lembranças da infância se atualiza com o presente. Um de seus primeiros discos, o Redemoinhos, gravado em LP e depois reeditado em Cd (1999/2000), trafega pelo imaginário de temas que traduzem a amplitude de suas memórias vivas desde a infância em Petrolina. Não por acaso, ele dedicou o disco à cidade de Petrolina "O Sertão que vive em mim"

Nascido em de Santa Cruz, onde passou parte da infância, Virgílio Siqueira, radicado há décadas em Petrolina é um dos maiores poetas em atividade no Estado, com vários livros publicados e projetos independentes. Na edição de Vaga-lumear (2011), o leitor encontra Petrolina como pano de fundo no belo (trabalhado e inspirado) poema "A essência do nosso sonho", no qual expõe o homem e mulher inseridos na grandeza do sertão em que Petrolina é o cenário com beleza e energia do Velho Chico.

Do encanto do teu nome/Nosso lume se espalha pra todo canto/ Em tua chama de esperança – amor e fé/ Com bravura, luz e força – o homem brandura e acesa fibra – a mulher /Bebem a energia do rio/ Úmido manto a nos acolher em seu leito/ Para mais um desafio/ Com a certeza de vencê-lo, ativa no peito/ Brotam daqui, Petrolina/Da entranha dos húmus do teu chão/À agridoçura do sumo dos teus frutos/A essência do nosso sonho e suor/ Nossa força e suporte, por ti: nosso trabalho/ Nosso sentido mais forte, por ti: nosso amor.

Com dez anos de carreira, só em 1982 foi que Alceu Valença conquistou o grande público por conta de estouro de Tropicana do disco Cavalo de Pau. O disco tem "Rima com Rima" em que o compositor provoca: Se eu rimar rima com rima/É tangerino tangerina(...)/Pirapora Petrolina/ Pirapora o teu destino é Petrolina/ Rimando remo com rima/É rio é maré e é mar". Enfim, Petrolina continua sendo terra sempre cantada e decantada.

Coluna Texto ao Texto (Letras e sons) por Emanuel Andrade, jornalista, professor do curso de Jornalismo em Multimeios e Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP).

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JORNALISTA MARIA LUIZA BORGES FAZ LIVE SOBRE O FUTURO DO JORNALISMO, NESTA SEXTA-FEIRA (18)

Com o objetivo de discutir o futuro do jornalismo, nesta sexta-feira (18), às 16h, acontece a live “O que será do jornalismo amanhã?”, no canal DCH III UNEB, no Youtube, com a Jornalista e Palestrante, Maria Luiza Borges. O evento é organizado pela Profª Teresa Leonel, do curso de Jornalismo em Multimeios do Departamento de Ciências Humanas, campus III da Uneb em Juazeiro (DCH III/UNEB), com a parceria do projeto de extensão Hub (DCH III) coordenado pela professora e pelo também docente do curso de Jornalismo, Cecílio Bastos.  

Para Tereza Leonel, o tema Jornalismo de Amanhã, envolve um estudo sobre o profissional que a academia está colocando no mercado e a relação da tecnologia para produção de conteúdo noticioso. “Esse jornalismo de amanhã dialoga com a tecnologia, que está fazendo um grande diferencial nos últimos 10 a 15 anos, exigindo do campo a compreensão dessas ferramentas que envolvem jornalismo de dados, por exemplo.”, comenta Tereza.    

Temas como: o jornalismo de dados, Inteligência Artificial e o panorama do jornalismo digital serão abordados na palestra com Maria Luiza Borges, Jornalista, bacharel em Direito e atual diretora de Estratégias Digitais do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), onde também já desempenhou a função de editora-executiva e editora de Economia, Cidades e Brasil. Além de sua experiência profissional suas experiências acadêmicas são na área da comunicação e tecnologia, com mestrado pela Universidade de Brunel, em Londres

Tema: O que será do Jornalismo amanhã?

Palestrante: Maria Luiza Borges – Jornalista e diretora de Estratégias Digitais do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC)

Dia/hora: 18/06 (sexta-feira) às 16h

Onde: canal DCH III UNEB, no Youtube

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JUAZEIRO: PROFISSIONAIS DE IMPRENSA RECEBEM PRIMEIRA DOSE DA VACINA CONTRA COVID-19

Profissionais da imprensa em Juazeiro (BA) estão recebendo nesta sexta-feira (18) a primeira dose contra Covid-19. A vacinação está ocorrendo no Canto de Tudo, no Campus da Uneb no horário das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 16hs.

Joyce Ferreira da Rádio Juazeiro e Kris de Lima da TV São Francisco foram os primeiros a chegar na Uneb para receber o imunizante. O repórter da TV São Francisco disse que está muito feliz por receber o imunizante e almeja que os demais colegas consigam receber a vacina. “Nossa grande esperança é a vacina depois de ver tantos colegas perder à vida” frisou Kris de Lima.

A estimativa da Superintendência de Vigilância em Saúde é vacinar 150 profissionais de comunicação. "Para seguirmos a orientação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação, o trabalhador da imprensa deverá apresentar um comprovante de atuação nesses veículos de comunicação, rádio, TV ou blogs", explicou a coordenadora da Rede de Frio de Juazeiro, Renata Moreira.

De acordo com a Comissão Intergestores Bipartite da Bahia (CIB 102/2021), serão vacinados os profissionais da imprensa com atuação em atividades externas, ambientes confinados, tais como redações e estúdios.

Documentos: Para se vacinar, o profissional de imprensa deve apresentar a DRT, contracheque do mês de maio de 2021, cartão do SUS, CPF e documento com foto.

Vacinação: Os profissionais da imprensa serão vacinados, exclusivamente, nesta sexta, na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Canto de Tudo do DCH III, bairro São Geraldo. O horário para esse público é das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 16h.

É importante ressaltar que as pessoas que se vacinaram contra a gripe precisam fazer um intervalo de 15 dias para receber a vacina contra a Covid-19.

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ONILDO ALMEIDA RECEBERÁ O TITULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

O músico e compositor caruaruense Onildo Almeida, de 92 anos, irá receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) campus Caruaru, Pernambuco. Esta honraria é concedida a pessoas que se destacaram em sua área de atuação. Por telefone, Onildo Almeida disse que recebeu a notícia com muita alegria.

"É mais uma honra para mim. É indescritível! Não esperava por isso, mas tudo o que fiz por Caruaru e para a música brasileira foi por amor", ressaltou o compositor.

A concessão do título foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário (Consuni) da UFPE. A proposta foi do Núcleo de Ciências da Vida do Centro Acadêmico do Agreste (CAA).

Quem informou a Onildo sobre o recebimento do título foi o professor e historiador José Urbano, presidente do Conselho de Cultura de Caruaru. "Eu, particularmente, estou em uma alegria muito grande. É o primeiro caruaruense que recebe o título de Doutor Honoris Causa. Fui na residência dele dar a notícia", afirmou.

José Urbano informou a provável data da entrega do título: 13 de agosto de 2021, quando Onildo irá completar 93 anos. "[Será] no campus da UFPE daqui de Caruaru. Muito merecido. A partir de agora não será o músico Onildo Almeida, mas sim Doutor Onildo É um título válido internacionalmente, reconhecido em todo lugar do mundo, a nível de doutorado".

Nascido em Caruaru, no dia 13 de agosto de 1928, o compositor Onildo Almeida orgulha-se em dizer que é filho da Capital do Agreste. Músicas do caruaruense ganharam destaque e já foram tocadas em diversos países, como Inglaterra, Portugal, Espanha, Suécia, Itália, Estados Unidos, Rússia e até a antiga Tchecoslováquia. Sobre essa conquista, Onildo já afirmou: "Eu ganhei o mundo sem sair de Caruaru".

Filho de José Francisco de Almeida e Flora Camila de Almeida, Onildo teve o apoio dos pais para seguir no caminho da música. Ainda adolescente, o compositor fez parte de grupos musicais locais, mas foi ao ingressar no rádio que ganhou notoriedade.

Ao longo da vida, o artista sempre buscou entoar nos versos de suas composições o nome da cidade natal. Uma das maiores obras dele, se não a maior, "A Feira de Caruaru", fala desde coisas comuns às mais inusitadas que são vendidas no local até os dias atuais. Na entrada da feira, que é patrimônio cultural imaterial do Brasil desde 2007, há uma estátua em homenagem ao compositor.

"Ainda que eu não queira, ela [A Feira de Caruaru] tem de ser minha maior obra. Foi a música que me puxou", Onildo Almeida.

O disco no qual está a música na voz de Luiz Gonzaga chegou a vender, entre os meses de março e maio de 1957, 100 mil cópias - o primeiro e o maior recorde musical do Nordeste até então.

“Em todas as suas ações, ele reafirma sua contribuição para o conhecimento da cultura regional [...] Portanto, pelo incansável trabalho de compositor, comunicador e divulgador da Cultura Nordestina, sobretudo através da sua música, somos favoráveis à concessão do título de Doutor Honoris Causa ao compositor Onildo Almeida", ressalta o parecer apresentado ao Consuni.

HORA DO ADEUS: Onildo Almeida conta que em 1967, o Rei do Baião o pediu para escrever uma música que representasse o fim da carreira. Segundo Onildo, Gonzaga sentia que tempo dele no cenário musical havia chegado ao fim. No início, o músico se recusou, mas fez a canção.

"Uma semana depois [do pedido de Gonzaga] fui ao Rio de Janeiro. Meus colegas de rádio de Caruaru estavam lá e nos encontramos. Luiz Queiroga, que era um deles, tirou um papel do bolso com umas palavras e disse: 'Vocês querem ver o que é talento? Onildo, coloca música nisso aí'. Quando eu abri o papel, tinham dois versos: O meu cabelo já começa prateando, mas a sanfona ainda não desafinou/ A minha voz vocês reparem eu cantando, que é a mesma voz de quando meu reinado começou. E eu fiz desses verso uma música", detalha.

Quando Onildo voltou para Caruaru, percebeu que Luiz Queiroga havia escrito poucos versos e decidiu completar a obra. "Dias depois, Luiz Gonzaga chegou perguntando se eu havia feito a música para ele. Respondi: 'disse que não faria', mas acabei mostrando 'Hora do Adeus', com os meus versos e os de Luiz Queiroga", recorda o caruaruense.

Luiz Gonzaga achou a música bonita e a gravou, mas ela não marcou o fim da carreira do pernambucano. Para Onildo, "Hora do Adeus" é  uma das principais obras dele porque conta a história de Gonzaga do começo.

"É uma canção importante porque conta a história do que é, para mim, o maior nome da música popular brasileira. Gonzaga não era só cantor, era compositor e instrumentista, por isso o acho o maior. Ele mudou e despertou no governo a realidade nordestina. Deu nome ao baião, xote, xaxado, coco de roda. Ninguém queria saber da música nordestina, era música de subdesenvolvimento. Mas, por causa da música de Gonzaga, o Nordeste mudou a cara", ressalta Onildo.

Onildo Almeida foi compositor de vários outros sucessos na voz de Luiz Gonzaga, como "A Feira de Caruaru", "Capital do Agreste" e "Sanfoneiro Zé Tatu", Onde o Nordeste Garoa.

Hora do Adeus

(Onildo Almeida e Luiz Queiroga)

O meu cabelo já começa prateando

Mas a sanfona ainda não desafinou

A minha voz vocês reparem eu cantando

Que é a mesma voz de quando meu reinado começou

Modéstia à parte, é que eu não desafino

Desde o tempo de menino

Em Exu, no meu Sertão

Cantava solto que nem cigarra vadia

E é por isso que hoje em dia

Ainda sou o Rei do Baião

Eu agradeço ao povo brasileiro

Norte, Centro, Sul inteiro

Onde reinou o baião

Se eu mereci minha coroa de rei

Esta sempre eu honrei

Foi a minha obrigação

Minha sanfona, minha voz, o meu baião

Este meu chapéu de couro e também o meu gibão

Vou juntar tudo, dar de presente ao museu

É a hora do adeus

De Luiz, Rei do Baião

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MARIA BONITA DE LAMPIÃO. LIVRO CONTINUA SENDO REFERÊNCIA NOS ESTUDOS DO CANGAÇO

Em 28 de julho de 1938, Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro mais famoso do Brasil, sua companheira, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Déa ou Maria Bonita, e mais nove integrantes do bando, foram mortos em uma emboscada, na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. 

Pesquisadora do tema, a neta de Lampião produziu três livros, dois deles escritos em parceria com um dos maiores pesquisadores em Cangaço, Antonio Amaury. São eles: O Espinho do Quipá - Lampião, a História (1997); e De Virgulino a Lampião (1999). 
Já o livro Maria Bonita do Capitão, publicado em 2011, foi organizado com a designer gráfica e professora da Universidade Federal de Sergipe, Germana Gonçalves.

Há muitos anos Vera Ferreira vem mantendo contato com autoridades, buscando apoio para reconstruir a história do cangaço e preservar depoimentos, material iconográfico, objetos e pertences de cangaceiros. Seu livro “Bonita Maria do Capitão”, comemorou o centenário de Maria Bonita com a excelência dos estudos e obras artísticas de mais de 40 colaboradores.

A obra é estruturada em duas partes – a primeira, biográfica, apresenta textos e imagens da sertaneja da Malhada da Caiçara, sertão da Bahia, Maria Gomes de Oliveira, um estudo de sua genealogia. A segunda parte, dividida em temáticas, apresenta obras de artistas que se apropriaram da imagem de Maria Bonita para suas produções, juntamente com textos sobre a representação dela dentro de cada uma das temáticas desenvolvidas fotografia, cinema, xilogravura, literatura, teatro, música, artesanato, moda e artes visuais.

O cangaço de Lampião e Maria Bonita, que permeia o imaginário de muitos nordestinos, inspirou uma neta do casal, Vera Ferreira a contar uma história que nem sempre é abordada: a do papel de Maria Bonita no grupo.

Jornalista e escritora, a autora disse que o objetivo principal da obra intitulada “Bonita - Maria do Capitão” é relembrar a história da avó, nascida Maria Gomes de Oliveira, e que se tornou Maria Bonita.

"A gente estava devendo à minha avó a história dela, porque ela era sempre coadjuvante. E eu disse ‘Não, tem que mudar essa história’, afinal de contas, a mulher tem um papel muito importante no cangaço”, disse.

O grupo foi morto em julho de 1938, e o livro também traz os oitenta anos do episódio em que Lampião, Maria Bonita e os demais cangaceiros foram surpreendidos pela polícia da época, conhecida como ‘volantes’, e mortos na fazenda Angicos, em Sergipe.

Vera Ferreira relatou que buscou trazer no livro relatos do convívio que teve com pessoas que compuseram o cangaço, e por meio de pesquisas que fez para recontar a história.

“A gente conviveu com esses cangaceiros, com pessoas que conviveram com eles, com irmãs, parentes, tias-avós minhas, então a gente passa de uma maneira que as pessoas tem que entender que a história é recente, vai fazer 84 anos agora em julho, aconteceu ontem”, explicou.

A autora detalha no livro que durante o período de pesquisa encontrou casos interessantes sobre a relação do sertanejo com o cangaço, mas que tentava que a condição de neta não interferisse nos levantamentos de informações.

“Nós estivemos em Floresta, uma região que tem um dos maiores perseguidores do meu avô, um volante que tinha a foto do meu avô da parede. Toda vez que eu pesquisava, eu nunca me apresentava como neta deles. Não era medo e vergonha, ao contrário, eu tenho muito orgulho de ser neta deles. Só que não queria comprometer a pesquisa”.

Vera relatou que chamou a atenção a admiração que as pessoas no sertão, inclusive os ‘inimigos’ do cangaço, tinham com relação a Lampião.


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