Campanha alerta e mobiliza população para necessidade de revitalizar Rio São Francisco

Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco promove hoje (3) campanha para mobilizar a população de várias cidades às margens do rio. O objetivo da campanha “Eu viro carranca pra defender o Velho Chico” é alertar o Poder Público sobre a importância de revitalizar o rio e focar em um planejamento a médio e longo prara o São Francisco. 

Para o presidente da entidade, Anivaldo Miranda, “a campanha é urgente em uma época de mudanças climáticas, quando temos que aprofundar, intensificar e organizar melhor a gestão de recursos hídricos”.

Segundo ele, uma das grandes batalhas enfrentadas pelo Rio São Francisco é demostrar para o Estado que sua revitalização deve ser vista como parte de um projeto estratégico para o presente e o futuro. “A população não deixa de crescer, as atividades econômicas se multiplicam, o clima torna essa região mais problemática. Ou nós mudamos nossa cultura, ou nós vamos evidentemente observar a intensificação dos conflitos.”

Miranda aponta os vários projetos de uso de recursos hídricos da Bacia do São Francisco, como o corredor multimodal, o projeto da transposição, a expansão dos perímetros irrigados e os canais estaduais. “São projetos que o Poder Público municipal, estadual e federal realiza sem se perguntar até onde vai a capacidade da bacia para atender a todos. Para que os projetos se realizem, precisa ter vazão garantida.”

O presidente do comitê alerta também para a situação crítica que vive o rio pela estiagem prolongada – a pior em 50 anos, agravada pela redução da vazão nos reservatórios. Para Miranda, a situação é desafiadora. “Desde 2001, está sendo praticada a redução de vazão para atender às hidrelétricas. Eles usam esse recurso que tem um custo ambiental, social e econômico para os demais usuários da água e as hidrelétricas não se manifestam sobre a devida compensação financeira que devem fazer.”

Ele cita também as outorgas dadas pelos estados em rios afluentes da bacia. “Muitos estados ainda não fizeram um trabalho consistente de elaborar seus planos diretores de bacia, mas estão dando outorgas. Fazer isso sem saber a condição do aquífero é como dar um cheque em branco, e o sistema de outorgas é uma farra de cheques em branco, então é preciso fazer essa revisão.”

O presidente do comitê propõe a articulação do chamado Pacto das Águas, por meio do qual se estabeleceria a gestão articulada dos recursos da bacia hidrográfica.             


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Obra de Luiz Gonzaga, Rei do Baião ganha codificação em livro

Em meados dos anos 2000, os músicos Climério de Oliveira Santos e Tarcísio Soares Resende conceberam um songbook diferente, que sintetizava a essência dos maracatus de baque solto e virado, lançado em 2005. Idealizado já para uma série, batizada de Batuque Book, o trabalho teve continuidade com a um volume sobre caboclinho, em 2009, e um DVD, também sobre maracatu, em 2011. Agora Climério traz o terceiro volume da série, Forró: a codificação de Luiz Gonzaga, no qual destrincha a obra do Rei do Baião.

O lançamento oficial ocorreu no museu Cais do Sertão (Bairro do Recife). Na ocasião, o autor e sua banda realizaram  um pocket-show tendo como convidados os cantores Herbert Lucena e Maciel Melo e o sanfoneiro Gennaro.

Segundo o autor, a codificação “é tudo o que Gonzaga fez, com 40 parceiros de composição, tudo o que é atribuído a ele”. “É essa persona, todo o som atribuído a Gonzaga”, conta.

Diferentemente do primeiro songbook, que teve 80% de partituras e 20% de textos, Forró possui no livro 10% de partituras, que agora estão num DVD multimídia - que substitui o tradicional CD.

Fonte: Memorial Cais do Sertão
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Azulão e Alceu Valença abrem o São João de Caruaru no Parque de Eventos Luiz Lua Gonzaga

O dia de começar o arrasta-pé chegou. A partir deste sábado (31), o Parque de Evento Luiz “Lua” Gonzaga, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, será tomando por turistas de todas as partes do país dispostos a dançar forró e se divertir no Maior São João do Mundo. Na noite de abertura da festa, sobem ao palco principal o caruaruense Azulão, o pernambucano Alceu Valença, além do cantor Dorgival Dantas e a banda Brucelose.
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Eliane Brum: O Adeus de Ana das Carrancas a Zé Vicente (2008)

Fonte: Jornal Zero Hora- Eliane Brum, com fotos de Denise Adams-2008)

Denise Adams
Denise Adams
Denise Adams
Ana Leopoldina Santos Lima era o nome dela. Isso muito antes de o barro moldar seu destino lhe dando por amor um homem que não tinha olhos para enxergá-la. Os monstros gerados pelas mãos de Ana eram cegos como o companheiro de sua vida. Com um golpe rápido, certeiro, ela vazava os olhos de suas criaturas com a ponta de um pedaço de pau. Com Ana era assim, a desgraça virava épico. Ao morrer, na quarta-feira passada (1º/10), aos 85 anos, a maior carranqueira do São Francisco voltou ao barro que a fez. E deixou Zé dos Barros, pela primeira vez, na escuridão.
Ela era uma mulher de solenidades. Não falava, entoava. “Minha vida é extensa...”, era a frase com que iniciava a narrativa. Analfabeta, fazia literatura pela boca. E mesmo limitada por uma seqüência de derrames, parte dos dedos com que tocava a lama do mundo paralisados, Ana era grande. Carregava nos gestos uma largura de alma. E o rio era seu espelho em mais de um sentido. A mulher que moldava o barro do chão só pisava o reflexo do céu. 

Ana das Carrancas costumava dizer que sua arte era a síntese de seu amor por um cego que via o mundo mas não era visto por ele. Entre ela e Zé dos Barros nunca se soube quem era criador, quem era criatura. Ela já veio ao mundo retirante, na cidade pernambucana de Ouricuri. Mas diferente de quase todos, nunca lamentou a terra estéril sob seus pés. A estirpe de mulheres da qual era continuidade moldava pratos, panelas, vasos. Ana aprendeu com a mãe, e antes dela a avó, que do barro se arranca tudo, até a vida.
Uns poucos anos depois dela, José Vicente de Barros nasceu em Jenipapo, outro canto sertanejo. Desembarcou na vida sem olhos, por culpa do amor incestuoso entre primo-irmãos. Desde cedo a ele ensinaram que “quando Deus faz uma criança sem vista é porque quer que ela sobreviva como pedinte”. Para se localizar na escuridão, desde menino ele balançava a cabeça. E nesse de lá pra cá, de cá pra lá, encontrava equilíbrio mesmo nas trevas.
Ana e Zé só cruzaram seus pés descalços quase trinta anos mais tarde. Ana tornara-se viúva desde que seu marido despencara de um pau-de-arara. Conheceu Zé pedindo esmolas na feira de Picos. Ele balançava guizos, cantava cantigas. Mas era um cego desaforado por anos ouvindo os meninos mangando dele, pegando nele. Ana, não. Era resignada, como costumam ser as mulheres com fome e filhos para dar de comer. Ana dava comida a Zé sem que ele precisasse implorar.
Como Zé acreditava que homem sem olhos não tinha direito à mulher, Ana precisou criar ela mesma o enredo de seu romance. Era uma Sexta-Feira da Paixão, tempo prenhe de possibilidades, já que até Cristo ressuscitaria em seguida. Ana aproveitou-se da data e aconselhou a Zé: “Peça uma esposa no modelo de Nossa Senhora. Uma que seja mãe e mulher”. Zé não entendeu bem, mas não quis discutir com amiga tão prestativa. Por três vezes clamou, como manda a tradição: “Minha virgem Nossa Senhora, vosso bento filho ressuscitou agora. Eu quero que me dê uma esposa no vosso modelo. Mãe e mulher”. 

Nem assim Zé compreendeu. Oito dias depois pediu a irmã de Ana em casamento. Mesmo sendo “moça-velha”, a escolhida renegou. “Se eu quisesse casar, teria casado com um de vista. Não quero saber de homem que balança a cabeça”, recusou a eleita. Ferida de morte, Ana sentenciou: “Não se orgulhe, minha irmã, que cego não é demônio. Cego é humano como qualquer cristão”. Desta vez, Zé despertou. Pediu a moça certa em matrimônio. E passaram a dividir teto e misérias: Ana na feira, Zé nos guizos.
Um dia a vizinha abordou Ana na rua. “Desenteirei açúcar do meu filho para dar esmola a Zé”, queixou-se. O rosto de Ana queimou de vergonha. Tirou uma nota do bolso e retrucou: “Enteire de novo o açúcar do seu filho. Por Zé ele não vai passar fome”. Naquela noite não dormiu. Sua tristeza não coube na rede que dividia com Zé. Quando acordou, chamou o marido e anunciou: “Meu velho, nunca lhe fiz um pedido. Mas hoje lhe peço. De agora em diante, você não vai mais pedir esmola". Assustado, Zé rebateu: “Deus me fez sem vista para que eu pedisse esmola”. Ana fincou pé: “De hoje em diante sua vista é a minha. Você pisa o barro, eu faço a peça. Nós vamos levar para a feira, nós vamos ser felizes”.
Ana pegou a enxada e caminhou até as margens do São Francisco, em Petrolina. Diante da fartura de líquidos, invocou o espírito do rio: “Meu grande Nosso Senhor São Francisco. Pelo poder que ostenta, pelas águas que estão correndo, do próprio barro melhore a nossa vida”. Ao terminar, juntou um bolo de lama e fez, sem que até hoje saiba como, a primeira carranca. Começou levando na feira, suportando calada riso e maldades. “É tão feia quanto a dona”, cutucavam. No dia seguinte, em vez de uma, Ana levava duas. Até que caiu nas graças dos turistas e dos ricos da cidade e, de lá, suas obras ganharam o mundo. Ela então deixou de ser Ana do Cego e virou Ana das Carrancas. E ele virou Zé dos Barros.
Denise Adams
Denise Adams
As carrancas de Ana são diferentes de todas as outras que, desde o final do século XIX, apontaram a face horrenda na proa das barcas do São Francisco. A maioria dos carranqueiros célebres esculpe em madeira, Ana, em barro. Mas a maior singularidade são mesmo os olhos vazados do seu monstro. São eles que dão a expressão melancólica, contendo mais sofrimento do que ameaça, à obra de Ana. É do feminino que Ana tira sua carranca dilacerada diante da dor do mundo.
“Os olhos vazados da carranca são uma homenagem a ele. O Zé pisa o barro, prepara o bolo, faz a forma no pensamento. Eu moldo. Furo o nariz, as orelhas. Então, toco um pedaço de pau bem feitinho no olho”, me contou ela, anos atrás. “Não me sinto bem furando os olhos. Furo com pena, com dor. É como estar judiando dele. Porque todas são ele. Então, digo: '‘Olha, meu velho, homenagem a Zé Vicente de Barros'. Fico aliviada, porque lembro que faço por amor a ele." Sacudindo a cabeça para lá e para cá, Zé dos Barros concluía: “Eu era um bicho. Virei gente. Esta mulher me fez”.
Os traços deformados das carrancas de Ana expressam, pelo avesso, a perfeição de seu amor. É este sentimento avassalador que tomava conta de Ana, anos atrás, quando ela começou a pressentir que o fio de sua vida atingia seu cumprimento. “O barro é como gente. Tem o barro ruim e o barro bom. E até o barro regular. Conhecendo o barro se conhece o mundo”, sussurrava ela. “O barro é o começo e o fim de tudo. Sem ele não sou ninguém. Foi ele que me deu o direito. Não me separo dele pra coisa nenhuma, porque eu amo aquilo que ama a mim. O barro é um caco de mim.”
As lágrimas abriam então sulcos em sua face. Por um momento, ela assemelhava-se à sua criação. Movia o rosto em direção a Zé, que não a via com os olhos, mas era o único a abarcá-la por completo. Ana então dizia: “Não estou pedindo a morte. Mas quando eu me for, qualquer pedacinho de orelha, nariz ou olho é lembrança dele. E de mim”. 
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Morre em Petrolina José Vicente, viúvo da artesã Ana das Carrancas

 Nesta sexta-feira (30) morreu aos 82 anos, em Petrolina, no Sertão pernambucano, José Vicente de Barros. Ele era viúvo da artesã Ana Leopoldina Santos, a Ana das Carrancas, conhecida nacionalmente pelo seu artesanato mais famoso, a carranca de barro, com olhos vazados.

José Vicente sofreu um infarto fulminante e veio à óbito nesta manhã na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Petrolina. O velório será realizado no Centro Cultural Ana das Carrancas, situado na BR 407, nº 500, Cohab Massangano.

Na obra de Ana das Carrancas, a influência do marido é marcante. Já que as carrancas produzidas por ela possuem os olhos vazados. Ana atribuía o feito, a uma homenagem ao marido, que era cego.

Ana das Carrancas faleceu em 1º de outubro de 2008, vítima de acidente vascular cerebral (AVC) em Petrolina. A artesã deixou duas filhas, Ângela dos Santos e Maria da Cruz, frutos do primeiro casamento.


"A morte de Zé Vicente  causa um impacto negativo na cultura, porque ele faz parte da história do artesanato de Petrolina. Zé Vicente deixa uma grande lacuna, porque ele tinha muita cultura, enxergava pelo coração. Zé gostava de contar muitas anedotas e histórias, tinha um humor fantástico, uma alegria arretada", contou o jornalista Emanuel Andrade. O biógrafo ainda comentou que Zé Vicente era colecionador da obra de Luiz Gonzaga.

Emanue Andrade pretende lançar em 2015 a segunda edição de sua biografia sobre Ana das Carrancas. No novo livro, ele acrescentaria os novos relatos sobre a morte de Ana, o trabalho das filhas dela e, agora, o falecimento de Zé Vicente.
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Aracaju promove XIII Fórum do Forró 2014 homenageando o Fole de Oito Baixos e Antonio Barros e Ceceu

Dentro da programação oficial do Forró Caju 2014, a Prefeitura de Aracaju e a Secretaria Especial de Cultura (SEC/Funcaju) promovem o XIII Fórum de Forró.  O evento marca a abertura do ciclo junino da capital.
Este ano, o Fórum homenageia os forrozeiros sergipanos Rogério e Edgard do Acordeon, além dos pernambucanos Zé Calixto e a dupla Antonio Barros e Céceu.   O evento acontece nos dias 04, 05 e 06 de junho, no Teatro Atheneu, localizado na Rua Vila Cristina, 700, Bairro São José.
Criado em 2001, o Fórum do Forró tem o intuito de valorizar a história e a cultura do Forró, assim como incentivar estudos, pesquisa e debates sobre o tema. A programação desta edição inclui palestras, mesas redondas, momentos musicais, mostras e lançamento de livros.
PROGRAMAÇÃO
4 de junho, quarta‐feira, às 19h Abertura Oficial Prefeito Dr. João Aves Filho. Manoel Luís Fraga Viana ‐ Secretário Especial da Cultura e Presidente da Funcaju
Fala Inspiradora Profª. Aglaé D' Àvila FontesVice‐presidente da FUNCAJU

20h - Palestra de Abertura T ema: "Forró Temperado". Palestrante: Bráulio Tavares (PB)
Coordenador da mesa: Paulo Correia (Se)
Momento Musical: Antonio Barros e Céceu (PB), Mayra Barros (PB), Genaro (PE)

5 de junho, quinta‐feira, às 19h
Mesa redonda
T ema: Dois Tempos de História: Edgar do Acordeon e Rogério
Palestrantes: Prof° Paulino da Silva (UFS) e  Antonia Amorosa (Funcaju)
Coordenador de mesa: Profª Janaina Couvo

Momento Musical: Edgar do Acordeon (SE), Antonia Amorosa (SE)
Clipes de Rogério (SE)

6 de junho, sexta‐feira, às 19h
Mesa redonda
Tema: Com respeito aos oito baixos
Palestrante: Léo Rugero
Interseção: Zé Calixto
Luizinho Calixto
Coordenador de mesa: Prof. José Augusto de Almeida (UFS)
Momento musical: alunos da oficina de Oito Baixos, Zé Calixto, Luizinho Calixto e Robertinho dos Oito Baixos
22h - Encerramento
Ações complementares:
Mostra: A Música Nordestina
Lançamentos de livros
  • com respeito aos oito baixos de Leonardo Rugero
  • Apresentação de vídeos
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Lucy Alves e Flávio Leandro dia 23 de junho nos Festejos do São João em Petrolina

Flávio Leandro e Lucy Alves foram confirmados pela Prefeitura de Petrolina para apresentação no dia 23 de junho no São João de Petrolina.

Lucy Alves participou recentemente do I Festival Viva Dominguinhos em Garanhuns.

 "Dominguinhos era o mais virtuose, porque não fazia música para músico. Conseguia tocar de forma genial e conseguia ser simples e popular, porque também era verdadeiro. Nunca abandonou as raízes, sempre cantou e tocou música nordestina e nem por isso deixou de viajar o mundo afora”, falou Lucy Alves sobre a capacidade musical de Dominguinhos, no festival que o homenageou em Garanhuns, no Agreste pernambucano.

A cantora – conhecida do grande público por participar do The Voice Brasil, da Rede Globo – afirmou ser mais uma discípula do mestre sanfoneiro. “Eu também vou nessa onda da música nordestina, da música verdadeira, porque quem canta sua tribo é universal”.

Foto: Ascom Garanhuns/Festival Dominguinhos
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