PROFESSOR URBANO, JORGE DE ALTINHO E CARUARU, A CAPITAL DO FORRÓ

Caruaru. Capital do forró, da poesia. Denominação criada pela extraordinária poesia e melodia de Jorge de Altinho - o olindense mais matuto de Pernambuco - gigante da nossa musicalidade, e que de quebra fez a bela canção Juazeiro – Petrolina, Capital do Forró está inserida no repertório daqueles forrós que se tornaram imortais, e tem inúmeras razões para isso. Gravada pelo Trio Nordestino, no ano de 1980, fase na qual o excelente grupo vendia 1 milhão de discos a cada lançamento, a capital do agreste ganhou uma homenagem perpétua e inigualável.

Do ponto de vista de construção poética, Capital do Forró é um texto que fez o marketing da cultura caruaruense de um modo que nunca foi superada. Musicalmente, Caruaru pode ser representada por 4 canções extraordinárias, respectivamente: Feira de Caruaru, de Onildo Almeida, Capital do Agreste, de Nelson Barbalho, Caruaru Azul Palavra de Carlos Fernando e Capital do Forró, de Jorge de Altinho. 

Essas canções banham de poesias a terra de Vitalino. E o povão adora, sempre alguém sabe cantar ao menos um trechinho de uma delas. A minha preferida? Não tenho, as quatro acima estão lado a lado no meu arquivo de memória.

Desde o início dos anos 80, “Capital do Forró” emplacou e não saiu mais das playlists de rádios do nordeste. Quem nunca foi, já ouviu falar / se você for vai gostar / quem já foi volta sempre lá / pra dançar forró no arraiá....é uma construção textual fantástica, na altura do slogan “de tudo que há no mundo, nela tem pra vender” destaque na música da feira.

 A parte que sempre lembro quando retorno das minhas viagens, geralmente a noite: “bonito pra você ver, nas noites de são João, quem vem pra Caruaru, de longe vê o clarão”... e vê mesmo, dezenas de quilômetros em qualquer direção, pelas rodovias que nos trazem ao agreste, as noites estão iluminadas pela energia do povo caruaruense.

Nessa esteira de sucessos regionais, surgiram compositores que impulsionaram a música regional. De saudosa memória e que tive a honra de conhecer pessoalmente, Juarez Santiago, maestro Camarão, Bau dos 8 baixos, Ezequias Rodrigues e tantos outros merecedores da nossa reverência. 

Não satisfeito com a homenagem musical, Jorge teve um novo sopro de poesia Gonzaguena e fez Juazeiro – Petrolina, no mesmo molde poético, leve, bonito, pleno de bom gosto. Essa canção é uma narrativa, que descreve a região do rio São Francisco que une Pernambuco e Bahia a partir das duas cidades belas. Pernambuco decantado em prosa, verso, poesia e forró de qualidade

Não é possível separar o forró de sua poesia - seja urbana ou matuta - pois quando se toca e altera essa fórmula sagrada, o próprio gênero musical perde o seu valor, e a maior prova disso é que não se eterniza na mente e coração dos nordestinos, gente de muita sensibilidade, de uma cordialidade sui generis.

 Olha pro céu amor/vê como ele está lindo...eis a grandeza musical que alcança voos infinitos na seara poética, subindo como um balão, nas asas da Asa Branca. É danado de bom!

Fonte: Professor Urbano Silva-historiador
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