Cariri do Ceará: Crenças e Mitologias. Imaginário e Cores. Romeiros e Sanfona

Ano passado participei da Mostra Cariri de Culturas, evento que está consolidado com um dos mais importantes movimentos da cultura cearense e de valorização de intercambio de conhecimentos nas mais diversas dimensões cultural, social e econômico.

Ali pensamos e suamos cultura! Andando no Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha analisei a relação com a sociedade. Conversei nas calçadas, nos bares. Visitei igrejas e vi romeiros do Padre Cícero.

A jornalista Camila Holanda escreveu que nas entranhas do Cariri foi emergido uma versatilidade de ícones que, entrelaçados povoam o imaginário cultural que habita a região.

Ali ouvi uma das mais belas histórias. Resumo: o teatrólogo, pesquisador cultural Oswaldo Barroso, ressalta um dos mais valiosos símbolos, a vigorosa força mítica e religiosa. Oswaldo que hoje é cidadão honorário de Juazeiro do Norte, diz que a primeira vez que esteve no Cariri foi nos anos 70 e a experiência fez com que suas crenças e certezas de ateu fossem desconstruídas e reconstruidas com bases nos sentimentos das novas experiências e epifanias vividas.

"Desde o início, não acreditava em nada de Deus. Mas quando fiz a primeira viagem ao Horto do Juazeiro do Norte, foi que eu compreendi o que era Deus. Isso mudou minha vida completamente", revelou Oswaldo.

Um outra narrativa importante encontrei na mitologia dos Indios Kariris. Nela a região é tratada como sagrada, centro do mundo, onde no final dos tempos, vai abrir um portal que ligará o Cariri  para a dimensão do divino.

A estátua do Padre Cícero encontra-se no topo da Colina. Muitos romeiros percorrem a Trilha do Santo Sepulcro. A pé eles percorrem às 14 estações trajeto marcado por frases e conselhos ambientais do Padre Cícero, que já alertava naquela época para os muitos desequilibrios ambientais e impactos da agressão humana na natureza.

E foi neste clima de respeito, fé e gratidão que ao som da sanfona do Jadson e turma dos gonzagueanos de Belo Jardim e Arcoverde que fomos cantar lá aos pés do Padre Cícero.

No dia 13 dezembro, mesmo dia que nasceu Luiz Gonzaga, o bispo da diocese de Crato, dom Fernando Panico, divulgou  durante missa na Catedral, que o Padre Cícero Romão Batista foi perdoado pelo Vaticano das punições impostas pela igreja Católica entre 1892 a 1916. A reconciliação é um passo definitivo para a reabilitação de padre Cícero na Igreja Católica. 

"Hoje, quero anunciar com alegria, à querida Diocese de Crato e aos romeiros e romeiras do Juazeiro do Norte, um gesto concreto de misericórdia, de atenção e de carinho por parte do Papa Francisco para nós: a igreja Católica se reconcilia historicamente com o padre Cícero Romão Batista", disse Dom Fernando.

E nós os gonzagueanos, vencendo o cansaço dos festejos dos 103 anos de Luiz Gonzaga (1912-1989), Gonzaga que era devoto de Padim Ciço louvamos! Sua Benção Padim Cícero para todo e sempre pedimos Paz e Saúde.
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