PRÓXIMO REAJUSTE PARA BOLSISTAS JÁ ESTÁ NO RADAR, DIZ PRESIDENTE DA CAPES

“Nossa função é casar oportunidade com talento”. É essa a visão da presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Mercedes Bustamante, para a gestão à frente da instituição.

 Nomeada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, em janeiro, a professora da Universidade de Brasília (UnB) tem a missão de executar a aposta do governo para melhorar o cenário da educação e pesquisa brasileira.

A primeira providência foi conceder o reajuste das bolsas dos pesquisadores, que não ocorria há 10 anos. Mas o ministério da Educação não pretende ficar apenas nesse gesto. Bustamante explica que o governo trabalha para implementar um planejamento no reajuste e na concessão dos incentivos financeiros a pesquisadores.

Na última quinta-feira, Camilo Santana anunciou mais 5,3 mil bolsas. Em 2022, o governo concedeu 84,3 mil bolsas; Com o anúncio do ministro, passarão a ser 89,6 mil benefícios. Segundo Bustamante, o governo está dando mostra de que “a ciência é o caminho” e a “educação a ferramenta” para o desenvolvimento. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

O que permitiu o reajuste das bolsas e o aumento da oferta do benefício?

O primeiro ato que tive a oportunidade de assinar, como presidente da Capes, foi o reajuste das bolsas. É uma demanda antiga, são 10 anos sem reajuste. Isso só foi possível porque a gente conseguiu esse acréscimo no orçamento, por meio da PEC da Transição. Foi importante que a educação tenha sido considerada neste momento.

Existe um plano a curto, médio, longo prazo de aumentar o valor das bolsas?

A gente tem o teto do orçamento da Capes. Se não fosse a PEC da transição, não chegaríamos nem em dezembro. Obviamente, a gente não quer ficar outros 10 anos sem reajuste. Temos que ter um planejamento orçamentário para os próximos anos, para poder trazer reajustes com maior frequência. Daqui a pouco, começamos a discussão do orçamento de 2024. Mas temos demandas da comunidade. Não é só a bolsa. Tem, por exemplo, a discussão de como a gente estende a previdência social para os bolsistas, que isso conte como tempo de trabalho. Mas o próximo reajuste já está no radar. Temos que ter previsão de quando a poderemos implementar um novo reajuste.

Além das diretrizes do MEC, a Capes tem um critério interno para a concessão de bolsas. Como funciona?

A Capes tem um sistema de concessão de bolsas acoplada à avaliação de cursos de pós-graduação. Cursos que foram bem avaliados recebem incrementos no número de bolsas. É um estímulo à melhoria da qualidade dos processos de formação. Adicionalmente, esse modelo tem como variável importante o Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios.

Seria uma forma de a instituição de ensino contribuir com estados e municípios?

Nem precisa ir muito longe, é só olhar aqui, a capital federal. Se você tem um contingente de bolsistas, onde eles vão utilizar esses recursos? Onde eles vivem. A bolsa serve para pagar aluguel, transporte, alimentação, usar serviços dentro da cidade. Então, é um recurso que rapidamente volta para a economia local. Quando você também coloca uma instituição em um município menor, ela vai contribuir de uma forma geral para a melhoria da qualidade dos recursos humanos, porque a universidade federal acaba sendo um polo cultural, de formação extramuros, porque um outro aspecto importante da formação é a extensão. Então, você é capaz de atuar dentro desses municípios, dentro das escolas, mas fora também, em outros espaços formativos e isso repercute. É um contágio positivo.

Como estão as avaliações dos cursos?

Uma das áreas centrais da Capes é a avaliação dos programas de pós-graduação. A gente teve uma melhoria nas notas dos cursos nesse último processo de avaliação. Esse reconhecimento parte da construção sólida que a Capes conseguiu fazer ao longo do tempo e está ancorada nesse processo de avaliação. O sistema nacional de pós-graduação é um caso de sucesso. Não significa que ele tenha que ser imutável, mas mostra que a gente conseguiu fazer muita coisa a partir de um elenco de ações indutoras, do fomento, de um programa de bolsas consistente e de programas de avaliação.

À parte a remuneração das bolsas, o que precisa melhorar?

Nossa perspectiva é não olhar mais para trás. Eu quero chegar lá em 2100 com que cara? Nossa função é chegar em 2030, mas para chegar em 2100, eu preciso preparar para 2030. Se você olhar o mapa da distribuição dos programas, a gente vê que a gente precisa interiorizar ainda muito mais. Será que é expandir o sistema, criando novos cursos, ou fazendo redes? Eu venho da área experimental. A gente monta o experimento, colhe os dados. Não deu o que a gente queria, a gente volta para a prancheta, vê onde se pode melhorar e retoma o experimento. A ciência evolui assim.

Houve um crescimento dos cotistas e de mulheres, mas o desafio ainda é manter esses alunos. Como fazer isso?

É visível o impacto positivo das ações afirmativas. As universidades se diversificaram, o que eu achei excelente. A gente traz outras visões, outras formas de ver um problema e traduzir isso em soluções. Mas a gente precisa ter uma ação de indução na pós-graduação. Muitas universidades implementaram individualmente suas ações afirmativas. A gente está fazendo esse levantamento para entender como isso funciona, se a gente transforma isso em um política geral da Capes.

Há outras abordagens para fortalecer as ações afirmativas?

A gente entende também que o processo de inclusão dos grupos sub representados é a importância de eles verem um líder. É muito mais fácil para uma menina querer entrar na carreira científica se ela consegue identificar mulheres pesquisadoras. Se há uma menina preta, que ela consiga ver que há mulheres pretas pesquisadoras que são referências. Esse papel do modelo é muito importante.

A senhora esteve na Capes como diretora em 2016. O que mudou de lá para cá?

Quando recebi o convite para vir para a Capes, eu sabia o desafio, porque conhecia o histórico de turbulência, das trocas constantes de ministros… Tem um desafio de recuperar essa credibilidade, o diálogo, a transparência. Mas me deu muita tranquilidade saber que a Capes tem um conjunto de servidores de carreira muito comprometidos. O serviço público brasileiro, também muito agredido ao longo dos anos, mostrou o papel importante de fazer uma transição de gestão e manter minimamente alguns processos. A diferença principal que eu vejo é que temos um passivo para recuperar. Em 2016, a Capes vinha de um momento de crescimento. Hoje, há processo de retomada.

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REVISTA KURUMA´TÁ, ESPAÇO DE CULTURAS E AFESTOS DESTACA DUAS VOZES FEMININAS DE AREIA-PARAÍBA

Kuruma’tá é uma espaço de culturas e afetos compartilhados. Ideia de Aderaldo Luciano e Toinho Castro, nascida e alimentada por muita conversa ali no Largo da Carioca, apreciando os passantes e frequentadores da banca do Olivar. É peixe que nada na prosa e na poesia, nos sons das falas e instrumentos, nas artes e olhares, nas histórias. São muitas vozes e muitos parceiros. Amigos, estranhos solidários, curiosos e aventureiros que passam por aqui, conosco, a cantar.

Essa semana a REVISTA destacou que "nossa amiga e parceira Tays Melo trazendo pra gente os talentos de Sonia Souza e Bianca Cruz. São vozes femininas de Areia, cidade do brejo paraibano.

Deixo agora a palavra com Tays, que nos apresenta essas duas talentosas areienses!

Areia é uma pequena cidade do brejo paraibano onde mistérios percorrem como água da chuva, as fendas de seu calçamento torto, erodido e alisado pelo tempo.  A superfície de cada paralelepípedo brilha com os raios do sol logo no começo do dia. Não importa o quanto se emende as frestas das portas dos casarões antigos, tentando empatar os mistérios areienses de escaparem à luz do sol. Eles orientam fuga e nas fugas ouvimos sussurros, vozes altas ou até mesmo gritos de mulher. Debaixo das  árvores  nas estradas dos engenhos  ou nas ruelas estreitas da urbes as silhuetas entregam as insurgentes.

Sonia Souza é mulher negra, mãe solo, nascida no campo, na luta, independente, e mostra em seu texto apenas um grão de sua essência ao lembrar sua construção sensível em episódios de sua infância e adolescência.

Bianca Cruz é estudante, uma das melhores alunas de sua turma. Ela ama ler, já pensou em fugir, em escapar de mundos que a sufocam por ambicionar amor. Escrever e cruzar planetas, atravessar outras vidas, através de sua poesia que amor, medo e rebeldia que se derramam e inundam onde quer que ela vá.

Estas mulheres areienses experimentaram os doces, os caldos, a rapadura e o fel, que somente Areia pode oferecer à letra de dos poetas. 

— Tays Melo-Poeta e escritora

Sítio Velho-por Sonia Souza

Sobre o lugar onde nasci e me criei ou fui criada, as primeiras lembranças são do barro e da lama. O capim molhado e a casa da minha avó que sempre tinha fumaça saindo pela chaminé, e um cheiro gostoso de café. Corríamos pelos terreiros, pois brincadeira não faltava, e vez enquanto uma busca nas jaqueiras, cajueiros, laranjeiras, mangueiras e tantas outras árvores frutíferas. Meia dúzia de cachorros magros nos seguia.

O tempo foi passando rápido e a chaminé da minha avó já não fumaçava. Éramos adolescentes em busca de novas aventuras e entretenimentos, como dançar sobre as folhas de eucaliptos nas latadas improvisadas, logo depois dos ritos religiosos como as entregas do cruzeiro de São João, da Queimação de Flores no mês maio, em homenagem a nossa Senhora.

Passei anos longe, mas voltei. Agora, tem muito mais casas. Já não são as mesmas. Alguns partiram para sempre. A alegria agora é mais contida.

Das melhores farras, lembro das farinhadas madrugadas a dentro, muita fofoca, risadas. Café e milho assado pra o lanche, beiju feito debaixo da farinha.

As manhãs de sábado eram movimentadas nessas estradas, o colorido de pessoas que iam rumo à feira na cidade, a pé ou nos burros que levavam o fruto do trabalho nos roçados. Eram tempos difíceis, mas ninguém desanimava. Eram longas as caminhadas a pé e o intervalo entre uma refeição e outra.

Pela vizinhança havia majestosos engenhos, onde era certo ganhar umas rapaduras e caldo de cana. De tudo isso, hoje só restam as boas lembranças e algumas taperas. Os burrinhos foram substituídos por carros e motos, e quanto aos roçados e farinhadas, foram igualmente esquecidos. Assim também aconteceu com os forrós em latada, cheirando a eucalipto. Estas coisas todas parecem não ter mais graça. Depois da tecnologia chegar por aqui, um celular com internet parece ter superado todo e qualquer outro tipo de interação social. Os costumes são outros. Apenas o barro e a lama são os mesmos.

Poesia-Por Bianca Cruz

Mais uma vez quero arrancar meu coração

Com minhas mãos

Quebrar meu externo

Com meus dedos

Expurgar de minhas artérias este órgão imprestável

Para quê serve o coração, afinal,

Senão para errar em decisão?

E se quebrar em centenas de pedaços

Que terei de recolher contra minha vontade.

Remontá-lo do início ao fim

Só para que erre de novo.

Levando a este ciclo sem fim.

Meu coração não tem pena de mim.

Por que então deveria ter pena dele?

Vou destruí-lo sem dó nem piedade.

Só espero não entrar no meu caminho

Durante o extermínio

Talvez seja ele que esteja tentando exterminar a mim

Manipulando-me em afins

de se redimir por seus erros

que não passam de meus erros.



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INSTITUTO NACIONAL DO SEMIÁRIDO PUBLICA EDITAL PARA SELEÇÃO DE BOLSISTA

O Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI) torna pública a seleção de Candidatos a Bolsa, para atuar no projeto “Produção de palma forrageira e reúso agrícola: alternativa para convivência com o Semiárido”.

O Processo Seletivo Simplificado tem por objetivo a seleção, por tempo determinado, de 01 bolsista na área de Agronomia, para contribuir com a execução do referido projeto, por meio de bolsa de pesquisa.

Estão aptas a participar da seleção pessoas com Graduação em Agronomia ou Engenharia Agronômica, que deverão submeter suas inscrições para o endereço eletrônico selecao.bolsas@insa.gov.br até o dia 10 de março.

O valor da bolsa será de R$ 3.380,00 (três mil trezentos e oitenta reais), com duração de até 06 (seis) meses, podendo ser prorrogada por até mais 06 (seis) meses, de acordo com o desempenho do bolsista e o interesse do Instituto.

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PROFESSORA ENFRENTA TREINOS E GARANTE PARTICIPAÇÃO NA SEXTA MEIA MARATONA DA FRUTICULTURA IRRIGADA

Neste domingo (05), a partir das 07h, será dada a largada para a 6ª Meia Maratona da Fruticultura Irrigada de Petrolina. Com a premiação de mais de R$100 mil, a competição realizada no Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho Núcleo 3 (N-3) promete bater o recorde de público e de participação de atletas de elite. São mais de 1.500 corredores inscritos para as provas de 7km e 21km. 

"A prova deste ano promete superar todas as outras edições. Teremos uma competição com um nível técnico altíssimo, com a participação de cerca de 50 atletas de elite de várias partes do Brasil. É uma prova que tem um conceito diferente, pois trazemos os corredores e o público para dentro da área irrigada, para que possam ver onde acontece a produção de frutas da nossa região. Além disso, na arena de chegada teremos uma bela confraternização com muito forró, caldo de cana, água de coco e muitas outras coisas que fazem parte da nossa cultura”, destaca o coordenador da prova, Marciano Barros.

Outro grande atrativo do evento é a diversidade de premiações. Além da premiação geral, a competição também vai premiar os cinco primeiros colocados nas categorias pratas da casa, pessoas com deficiência, pessoas com deficiência muletante e atletas por faixa de idade (a cada 5 anos).

A Meia Maratona da Fruticultura Irrigada foi criada em 2017 pelo agricultor e atleta José Moises Bezerra, também conhecido como Zé Caruaru. Inicialmente, o evento era apenas um treino realizado em sua propriedade rural para finalizar o trabalho de base da Associação Petrolinense de Atletismo (APA). No entanto, devido à grande demanda de pessoas interessadas em participar, ele decidiu transformar a atividade em uma competição oficial.

A professora Cândida Beatriz Lima, graduada em engenharia Agronômica, mestrado em Ciências Agrárias e doutora em Ciências Agrárias é apaixonada por corridas. É uma participante do evento.  "A meia maratona é o processo de emoção  mais incrivel que já senti até hoje. A Meia Maratona da Fruticultura tem um sabor especial com certeza, vê os parreirais, sentir a natureza, logo eu amante  do meio ambiente, será além de tudo, revigorante, estou ansiosa", disse Cândida Beatriz.

Confira a programação

Entrega de kits-Data: 04 de março (sábado).

Local: River Shopping.

Horário: 13h às 20h.

 Prova dos 7km e 21km

Data: 05 de março (domingo).

Local: Lote 275-Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho Núcleo 3 (N-3).

Horário da largada: 07h.

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ATLETAS SE PREPARAM PARA A SEXTA MEIA MARATONA DA FRUTICULTURA IRRIGADA DE PETROLINA

Neste domingo (05), a partir das 07h, será dada a largada para a 6ª Meia Maratona da Fruticultura Irrigada de Petrolina. Com a premiação de mais de R$100 mil, a competição realizada no Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho Núcleo 3 (N-3) promete bater o recorde de público e de participação de atletas de elite. São mais de 1.500 corredores inscritos para as provas de 7km e 21km. 

"A prova deste ano promete superar todas as outras edições. Teremos uma competição com um nível técnico altíssimo, com a participação de cerca de 50 atletas de elite de várias partes do Brasil. É uma prova que tem um conceito diferente, pois trazemos os corredores e o público para dentro da área irrigada, para que possam ver onde acontece a produção de frutas da nossa região. Além disso, na arena de chegada teremos uma bela confraternização com muito forró, caldo de cana, água de coco e muitas outras coisas que fazem parte da nossa cultura”, destaca o coordenador da prova, Marciano Barros.

Outro grande atrativo do evento é a diversidade de premiações. Além da premiação geral, a competição também vai premiar os cinco primeiros colocados nas categorias pratas da casa, pessoas com deficiência, pessoas com deficiência muletante e atletas por faixa de idade (a cada 5 anos).

A Meia Maratona da Fruticultura Irrigada foi criada em 2017 pelo agricultor e atleta José Moises Bezerra, também conhecido como Zé Caruaru. Inicialmente, o evento era apenas um treino realizado em sua propriedade rural para finalizar o trabalho de base da Associação Petrolinense de Atletismo (APA). No entanto, devido à grande demanda de pessoas interessadas em participar, ele decidiu transformar a atividade em uma competição oficial.

A professora Cândida Beatriz Lima, graduada em engenharia Agronômica, mestrado em Ciências Agrárias e doutora em Ciências Agrárias é apaixonada por corridas. É uma participante do evento.  "A meia maratona é o processo de emoção  mais incrivel que já senti até hoje. A Meia Maratona da Fruticultura tem um sabor especial com certeza, vê os parreirais, sentir a natureza, logo eu amante  do meio ambiente, será além de tudo, revigorante, estou ansiosa", disse Cândida Beatriz.

Confira a programação

Entrega de kits

Data: 04 de março (sábado).

Local: River Shopping.

Horário: 13h às 20h.

 Prova dos 7km e 21km

Data: 05 de março (domingo).

Local: Lote 275-Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho Núcleo 3 (N-3).

Horário da largada: 07h.

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TAYS MELO: MULHERES DE TODO MUNDO, UNI-VOS!

Apontemos aqui o ser que se acha mais forte no mundo inteiro e destaquemos o tema que mais o fere e o atemoriza no mundo moderno. O ser, o machista; o tema, machismo. 

Não importa, mulheres, quanto boas sejamos, o quanto trabalhamos, o quanto de melhor façamos e o quanto honesta sejamos, ainda seremos  mulheres. E isso é grave. Basta para não sermos dignas diante o machista. 

Na compreensão do domínio masculino, ou permanecemos submissas ou seremos uma ameaça. Não existe meio termo para o machismo. Em sua linguagem, o nosso conforto e felicidade, e não o deles, dependem de acreditarmos que devemos ser felizes em casa, agindo sob seu comando e direção. Acreditam que somos ineptas para a política, para a liderança, para o trabalho fora do ambiente privado, da casa, que se torna cárcere e que deveria ser o lar,  lugar de acolhida. 

A mulher, não importa quão boa seja na empresa, na gestão. Se hoje ela parecer infeliz por um momento, é culpa da liberdade que ela mesma lutou para ter. Jamais, para o machista sua felicidade  será por causa da tripla jornada, por ela assumir contas, filhos, pais idosos, marido e casa. Para os homens, ela anda depressiva, ansiosa, doente porque se depravou com a luta pelos seus próprios direitos. Que se tivesse em casa, lavando ceroulas, confinada, limpando os grudes e suportando traições, obedecendo ordens, abusos e autoritarismo, ela seria feliz, boa mãe, boa esposa, como "era" antigamente, quando os casamentos não se desfaziam. 

Para o machista, os casamentos não se desfaziam por ser a mulher considerada inferior, por não ter autonomia financeira, por ser a justiça e a lei feitas por homens que jamais lhe dariam causa. Os divórcios não ocorriam, no alcance da inteligência machista, porque a mulher era bem educada e casta, enquanto a mulher de hoje, esta que tem liberdade sexual, que busca curso superior, que é dona de seu corpo e de sua vida, tornou-se promíscua e não valoriza a família. A mulher de outrora que engravidava todo ano, que não tinha acesso a meios anticoncepcionais, saúde pública e benefícios sociais, era ensinada que o casamento era sua única maneira de ser feliz e que devia suportar tudo porque isto lhes garantia estabilidade e felicidade. Com o perdão da palavra aos meus prezados leitores, ah, vão se lascar todos vocês!

O machismo não está apenas entre os conservadores assumidos. O machismo está incrustrado, agarrado como sanguessuga em nossa pele. Ele está em todo lugar. Os que se dizem desconstruídos, progressistas, odeiam receber instruções de uma mulher em um cargo mais alto, não suportam ver sua ascensão, não confiam, boicotam, não colaboram, se enciúmam. Se eles erram é porque são humanos, sua posição não é questionada; se elas erram é porque são mulheres, porque são péssimas, distraídas, despreparadas, instáveis, emotivas e não merecem outra chance. 

Em tudo que fazemos temos que dar o dobro do esforço. Vivemos num estresse absurdo para acertar da primeira vez. Não podemos errar. Gente, como é exaustivo! 

Dividir uma conta se tornou motivo de briga. A nossa luta por direitos iguais é distorcida na fala e ação de um machista. "Se você quer direitos iguais, pague a conta sozinha; se quer direitos iguais, faça você mesma", se quer direitos iguais, carregue o peso sozinha, trabalhe e seja provedora da casa”, como todos os homens supostamente fazem. 

Somos confundidas e acabamos por assumir as tarefas de provedoras mais aquelas tarefas que, por regra, já exercemos. 

As pessoas não entendem que a consolidação de direitos não é inversão de papéis entre homens e mulheres, mas reconstrução e diálogo sobre os lugares que ocupamos, sobre a exploração de nossas mentes e corpos. O machista sempre acredita que a nossa busca por direito à vida, respeito ao nosso trabalho, a nossa cidadania é uma luta para tomar o lugar de domínio masculino, e NÃO É. 

Um dia desses fui questionada por um rapaz por usar o termo domínio masculino, pois no entender dele o uso do termo era um baita exagero, pois em sua concepção pessoal, ele não se ver como alguém que quer dominar. Mas o termo explicita uma sociedade onde os homens são majoritários nos lugares de poder, nas tomadas de decisão e onde a mulher ainda é menosprezada e vista como cidadã de segunda classe. Não se trata de um termo apontando para uma visão particular. Então, domínio masculino sim. Lugar de domínio sim. O masculino domina. Domina o mercado, domina os corpos, domina a política, domina as mulheres, domina os espaços, impondo sua estrutura e força física como marca de superioridade sobre tudo, impondo sua guerra, e ao mesmo tempo, temem nossa astúcia, nosso perfeccionismo, agilidade e inteligência e este temor os impulsiona a nos reprimir. 

Em outras ocasiões, nos subestimam, imaginam-se mais importantes tomando para si o papel de protetores, tutores e administradores de nossas vidas. Negar-lhes isso pode deixá-los sentidos, rancorosos, magoados e violentos. Confunde suas cabeças quando já não podem categorizar nossos gêneros entre rosa e azul, pois torna mais didático para eles  entender o seu papel numa sociedade a qual já estão habituados, que lhe é mais cômoda e, claro, porque os favorece. 

Uma vez, um amigo, bem jovem, me confessou, que sentia ciúmes de suas ex-namoradas. Não as queria, disse ele, mas vê-las com outro  o feria, pois segundo o próprio, o que lhe "pertenceu" um dia, já não estava sob seu domínio, e ele a sentia aquele corpo ainda como seu. Mesmo estando em novo relacionamento, o "magoava" e sentia-se traído por vê-la com outro homem. Ele chamou isso de possessividade, mas isso eu chamo de machismo. Estamos todos, homens e mulheres imbuídos dessa desgraça. 

Mulheres não odeiam homens. Mulheres os amam até demais. Suportam machismo de pai, de irmão, de marido, de filho, sobrinho, vizinho, amigo e das próprias mulheres a sua volta. Incrusta-o em si e o aplica a outras mulheres também. Ensinadas a viverem em disputa, em intrigas, a se mostrarem mais merecedora de um homem do que outra. Separá-las, fazê-las entender que são rivais é usar a tática do "dividir para conquistar". Mulheres unidas, se fortalecem. Mulheres rivais ficam vulneráveis e fáceis de dominar. A miséria da discórdia as devora. Apenas unidas conseguiremos vencer esta violência

Tays Melo é professora e historiadora nascida em Natal, criada em Areia, brejo paraibano. É palestrante e escritora, e atualmente, mestranda no Programa de pós-graduação em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba, Campus I, João Pessoa.

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AREENSE SEVERINO RAMOS EXPÕE NA GALERIA DE ARTE BRASILEIRA EM SÃO PAULO

A Galeria de Arte Brasileira é uma das referências na América Latina. Neste lugar, localizado em São Paulo, o artista Severino Ramos nascido em Areia - Paraíba, possui uma Exposição permanente.

Severino Ramos é considerado um dos mais talentosos pintores em atividade no Brasil. Nasceu 1963, na mesma terra berço do pintor Pedro Américo. 

Desde tenra idade mostrou aptidão para o desenho e a pintura. É tanto que com apenas sete anos, já desenhava animais típicos da região; e, caricaturava seus moradores( o que nem sempre agradava).

Em 1978, foi morar na capital, João Pessoa; para facilitar os estudos. Em 1979, começa a trabalhar em atividade relacionada ao ramo das artes. Volta para a cidade natal e integra um grupo de artes cor os artistas: João Carlos, Delzo Ribeiro, Pedro Jardelino, José Geraldo Cardoso e outros, sob coordenação de Irmã Jacinta; no Colégio Santa Rita. 

No início dos anos 80, frequenta o Atelier Livre do Museu de Arte da FURNE, Campinas Grande. Aí conheceu o artista Alberto Lacet,  de quem herdou influência. Em 1986 foi aprovado no curso de Desenho Industrial, na UFPB, de Campina Grande. Deixa a faculdade, no início, para dedicar-se exclusivamente à pintura. Muda para São Paulo, um ano e meio depois. Conhece os artistas Costa Junior e Sérgio Longo. Ambos pintores e pesquisadores de arte. Nessa época trabalha com os artistas Ricardo Skulimovsk e Wilson Gonzaga. Em 1988, começa sua fase neoclássica. Com esse grupo expõe em vários espaços artísticos de São Paulo. 

Em 1990, recomeça a dar aulas de pintura; atividade já exercida em 1986, quando ainda vivia na Paraiba. Essa atividade é  executada até 2013, quando muda para o interior de São Paul. Retorna a ministração das aulas em 2017; já no interior paulista. É também ilustrador. 

Atualmente mora no interior de São Paulo, e segue nas atividades artísticas e culturais da pintura, desenho e ministrando aulas.

Severino Ramos também ilustrou livros da Editora Luzeiro, a sucessora da Prelúdio. Mestre da pena e das cores, com uma carreira consolidada, o artista iniciou aí sua parceria com o cordel brasileiro. São deles as ilustrações do miolo e da capa da história de Canudos e do miolo da Princesa Magalona.

Serviço: Galeria de Arte Brasileira, Alameda Lorena, 2163, São Paulo-SP


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