LUIZ GONZAGA, ALMA MUSICAL DO BRASIL

Eu tinha umas asas brancas, asas que um anjo me deu, que, em me eu cansando da terra, batia-as e voava ao céu". *Almeida Garrett

Luiz Gonzaga não precisou, como Almeida Garrett, que um anjo lhe desse asas. Ele confeccionou sua própria Asa Branca e com ela fez uma ponte entre" a Terra e a eternidade.

Voou para o céu. E lá, a esta altura, já deve ter localizado o Nordeste do infinito, substituindo as harpas por sanfonas nos coros celestiais, hinos novos de louvor a Deus.

Pernambucano? Nordestino? Ou simplesmente brasileiro? De ponta a ponta o ,Brasil se orgulha de seu filho e o inclui entre os gênios que melhor souberam interpretar e traduzir sua alma. O País todo chorou sua morte e exaltou sua glória. Brasileiro de Pernambuco - Estado que ouviu seu primeiro balido e lhe absorveu o último suspiro -, Luiz Gonzaga é intrinsecamente telúrico. 

Grandes cantores e compositores nordestinos, que ganharam fama além-fronteiras, ficaram contidos ao círculo de sua vivência. Caymi, tão perto do mar, e toda uma geração dos chamados "baianos" são exemplos.

Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, foi o nordeste universalizado. Cantou o mar, a caatinga, a mata e o sertão com a mesma força telúrica. A música teluricamente nordestina de Luiz Gonzaga, antecipadamente precursora da música popular brasileira, é assim algo que, embora não possa ser entendida como música engajada, "uma denúncia de protesto"; é, contudo, politicamente comprometidacom a busca da solução regional nordestina, com o perseguir para o nosso País de um desenvolvimento nacional mais homogêneo - sem distorções; mais orgânico, menos injusto. portanto.

Pois é evidente que se quiseRnos resolver a questão do desenvolvimento do País, precisamos encontrar respostas para os desafios regionais.

O Brasil não é um só, singular; é múltiplo, multirregional. "A unidade brasileira", lembra Gilberto Freyre, é do que se nutre para ser O espantoso fenômeno sócio-ecológico que é: da diversidade de regiões do Brasil no plural que se interpenetram. completando-se no Brasil, no Brasil singular".

Gonzaga era um telúrico sem ser provinciano, pois o telurismo é manter-se preso às circunstâncias locais sem perder a visão das questões nacionais ou até internacionais. Tampouco se pode confundir telurismo, regionalismo com separatismo, pois isso seria negar a grande aspiração à unidade nacional que pressupõe a integração inter-regional.

Luiz Gonzaga, que cantou as alegrias e o sofrimento de sua gente, em ritmos até então desconhecidos, tinha exata consciência de que "o homem nasce para a sociedade e tem deveres para com os seus semelliantes", como entendeu outro visionário da causa regional, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca.

Sua sensibilidade para com os problemas sociais era enorne, sobretudo nas músicas em parceria com Zé Dantas. A sua música, se não pode ser classificada como "de protesto", é prenhe de inconformismo, do abandono a que ainda hoje está sujeita pelo menos um terço da população brasileira mormente a que vive no chamado semi-árido, para usar expressão redescoberta pelos tecnocratas, ou no polígono das secas, no jargão do legislador.

Por isso não estaria exagerando se dissesse que, embora Gonzaga não tivesse militantemente exercido atividade política ou partidária, foi um político na ampla acepção do termo. Política bem  o sabemos, é a realização de objetivos coletivos e não se efetua apenas através dos partidos políticos ou, sequer, através do exercício de cargos póblicos, que ele nunca os teve.

Política, dilucida com propriedade Alceu de Amoroso Lima, é saber, virtude e arte do bem comum.

Não foi graças a sua voz que o drama nordestino, especialmente das secas e estiagens, adquiriu uma consciência nacional e transfornou-se em questão a exigir atenção e atuação do poder central?

A seca. como é notório, não é um fenômeno novo, mas, recorde-se, a música de Gonzaga ajuda a convertê-la em desafio para os governantes.

Bem antes dele, Euclides da Cunha, no início do século, enfatizara:

"As secas do extremo norte delatam, impressionadoramente, a nossa imprevidencia, embora sejam o único fato de toda a nossa vida nacional ao qual se possa aplicar o princípio da previsão."

E prossegue:Faz-se mister que este problema urgentíssimo, as secas, seja um motivo para que demos maior impulso a uma tarefa, que é o mais belo ideal da nossa engenharia neste século: a defInição exata e o dominio franco da grande base física da nossa nacionalidade."

Não foi diferente o reclamo de outro nordestino como Gonzaga, esse o único a chegar à Presidência da República pelo voto direto - Epitácio Pessoa. que diz em histórico discurso, em

São Paulo:.....Penetaí naquela fornalha ardente; lançai as vistas sobre aqueles campos calcinados onde as plantações desapareceram de todo. onde a vegetação feneceu e mirrou, e os bebedouros se ressequiram, sob a centelha comburente do sol impiedoso; ide e percorrei aqueles chapadões intérminos, onde o silêncio apavorante das quebradas apenas interrompe de longe em longe pelo mugido desesperado do gado sequioso e faminto..."

E concluía:

..... Dizei depois se se trata de questão que interessa apenas ao Nordeste ou se, pelo contrário, não se trata de problema eminentemente nacional."

Gonzaga interpretou o sofrimento e também as poucas alegrias - de sua gente emquase duzentas canções, em ritmos até então desconhecidos; além do baião, o forRÓ, as marchinhas juninas, o xaxado e tantos outros.

Mas através de Asa Branca - não há ódio ou mágoa, a sua Asa era a pomba branca da paz -, Gonzaga elevou à condição de epopéia a questão nordestina.

Tal a importância dessa música, ela se converteu em símbolo da região inteira. Certa feita Gilberto Freyre disse que o frevo "Vassourinhas", que parece estar nos glóbulos do sangue pernambucano, era nossa "Marselhesa". Que dizer da Asa Branca? Não será o Hino

do Nordeste?

Convivi, Deus me deu esta ventura, com Luiz Gonzaga. Fui seu amigo, observei sua permanente preocupação com a sorte de sua terra e sua gente. O Nordeste de modo geral; o sertão de modo particular, sua Exu, especialmente.

Efetuei, como governante, um amplo projeto integrado de melhoria do semi-áridopernambucano que compreendia ações no plano de perenização dos rios, eletrificação rural, estradas, inclusive vicinais, crédito rural, assistência à agropecuária , a que dei o nome de "Asa Branca".

Ele reconhecidamente me retribuiu a justa homenagem, acompanhando-me na mobilização  popular necessária à execução do projeto.

Talvez por isso muito me distinguisse, sempre afetuosamente como por exemplo

ao chamar-me de "patrão". Ele mesmo em entrevista à revista Veja disse certa feita: "Sou como vaqueiro de coronel. Você pergunta em quem vai votar e eu respondo: no patrão, em quem o patrão mandar. Eu tenho o meu patrão, que se chama Marco Maciel".

Outro aspecto político, posso também dizer, da presença de Gonzaga reside no resgate da música popular brasileira.

O vigor de suas melodias tonificou a nossa música, retirando-a do empobrecimento cultural que atravessava há cerca de quarenta anos atrás. Não podia o Brasil, com tanta riqueza musical, deixar-se agredir e violentar com modelos exóticos, xerocando música e importando padrões sem vinculação com as nossas coisas, desconhecendo a capacidade critica de nossa gente.

Hoje, os críticos asseveram que o velho ··Lua"além de inventar tantos ritmos brasileiros e nordestinos, foi o precursor do rock'n roll. Essa é, por exemplo, a opinião , estampada na Folha de S. Paulo do mês passado:

"Luiz Gonzaga antecipou em 10 anos no Brasil o forró nos anos 40. A questão não é rítmica neste quesito o forró tem mais similaridade como reggae. Trata-se da dinâmica que ele imprimiu à sanfona, os acordes simples e estruturas repetitivas. 

Luiz Gonzaga criou um ritmo próprio para a dança, tal qual o rock.

Não é à·toa que o ritmo faça tanto sucesso hoje no Nordeste quanto Madonna no resto do mundo. Quem ouve Gonzaga não precisa de Madonna".

Não é diferente o parecer de José Ramos Tinhorão também cientista e historiador ao opinar em O Estado de S. Paulo: "No Brasil, existem poucos·criadores. Luiz Gonzaga foi um criador'. Teve, portanto, a sua músÍca um viés nacionalista, ou melhor, brasileiríssimo - que impediu lavrasse um processo deperda de nossa identidade cultural. Não foi também essa uma contribuição, insisto, de natureza política que o rei do Baião quase imperceptível nos legou?

Não foi uma música teluricamente nordestina, apenas, mas o foi assim genuinamente nacional, posto que de defesa de nossas tradições e evocação de nossos valores.

Isso ajuda a explicar, como afirma Herminio Carvalho, o fato de não se conhecer "outro artista DO Brasil que tenha criado tantos filhos musicais quanto os que ele gerou".

Gonzaga, rei do baião, ao lado de Padre Cícero, Antonio Conselheiro, o de Canudos, Lampião, outro rei do Cangaço, embora AnibaI Torres conhecido por Ascenso Ferreira, fez crescer o rico acervo cultural popular nordestino: primitivo, porém extremamente denso; simples, rustico, mas autêntico.

Através de sua obra ele está vivo e vive no sertão, no pampa, na cidade grande, na boca do povo, no gemer da sanfona, no coração e na alma da gente brasileira.

Pois ele nos legou através da música a sua mensagem, e, diz Fernando Pessoa, que quem morrendo "deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente".  (Discurso Marco Maciel-Setembro 1989)


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FESTIVAL DE MÚSICA 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL ABRE INSCRIÇÕES

Em comemoração ao centenário do rádio no país, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) promove o Festival de Música 100 anos de Rádio no Brasil, com inscrições gratuitas a partir das 18h de 1º de agosto. O objetivo é valorizar a produção de artistas nacionais e revelar obras musicais inéditas.

Para celebrar a efeméride, a Rádio MEC, a Rádio Nacional e a Rádio Nacional do Alto Solimões abrem espaço nas suas programações para cantores, compositores e instrumentistas. As gravações concorrentes devem ter identificação com o perfil musical das emissoras públicas.

Com novo formato, que contempla os eventos musicais consagrados já realizados pelas rádios geridas pela EBC, o Festival de 2022 vai premiar os vencedores em cinco categorias: música clássica, instrumental, infantil, popular e regional do Alto Solimões, restrita aos autores da região de Tabatinga (AM) e da Tríplice Fronteira.

Os interessados podem concorrer com até duas obras por categoria. A duração de cada produção deve ser de no máximo seis minutos para música popular, infantil e regional do Alto Solimões. Já as composições nas categorias música clássica e instrumental podem ter até dez minutos.

Os artistas têm até o dia 31 de agosto para garantir sua participação e devem preencher o formulário online e fazer upload do material solicitado no regulamento do Festival de Música 100 anos de Rádio no Brasil.

A seleção das músicas ganhadoras valoriza o voto popular. A participação do público por votação na internet considerada nas etapas do concurso definirá várias finalistas. A escolha das outras concorrentes fica a critério da Comissão Julgadora formada por personalidades de notório saber ou em atividade na área musical e profissionais da EBC.

O Festival de Música 100 anos de Rádio no Brasil será organizado em etapas e tem início com a abertura do período de inscrições. As três fases seguintes englobam a seleção, a divulgação e a veiculação das músicas classificadas, semifinalistas e finalistas na programação das emissoras, respectivamente, de acordo com votação popular pela internet e análise da Comissão Julgadora. Ao final, as obras vencedoras são selecionadas e anunciadas.

No primeiro momento após o término das inscrições, a Comissão Julgadora seleciona até cem músicas classificadas para a segunda etapa. O número de obras por categoria vai atender a proporcionalidade de músicas inscritas.

As produções escolhidas na fase inicial serão executadas na programação das emissoras para apreciação dos ouvintes que podem votar nas músicas de sua preferência. Os critérios da Comissão Julgadora para avaliar as obras observam a qualidade artística (música, letra, partitura e interpretação), originalidade e a qualidade da gravação.

As composições classificadas na segunda fase ainda passam por uma semifinal, também com veiculação nas rádios, até a definição das obras finalistas na quarta etapa. Esta fase reunirá selecionadas músicas por categoria, definidas por votação popular através da internet e pelos critérios da Comissão Julgadora.

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PARA CELEBRAR 33 ANOS SAUDADES DE LUIZ GONZAGA, EXU INAUGURA MUSEUS OFICINAS DO CICLO DO COURO

Para celebrar os 33 anos de saudade de Luiz Gonzaga, que morreu no dia 02 de agosto de 1989, o município de Exu, Pernambuco, inaugura na próxima terça-feira, os Museus Oficinas do Ciclo do Couro-Museu Oficina Mestre Zé Venceslau, Museu Oficina Xico Aprígio e Museu Oficina Tonho dos Couros.

A inauguração acontece no Sítio Chapada dos Gomes, às 9hs. A solenidade integra a programação dos 33 anos de saudades de Luiz Gonzaga.

Os Museus Orgânicos têm como principal premissa estabelecer um vínculo entre o legado histórico do saber dos mestres da cultura e onde inicia e reside a tradição: suas moradas, explica Isa Araújo Apolinário, Secretária de Cultura e Turismo de Exu.

"Os Museus Orgânicos tem o poder de tornar as casas dos mestres em lugares de memória e de afeto, permeados de fotografias, vestimentas, instrumentos e tudo aquilo que marca o cotidiano dos mestres. Para além dos objetos pessoais, os Museus Orgânicos mostram aos visitantes o bem mais precioso, embora intangível, que é o saber", finaliza Isa. 

CAMINHADA DA SANFONA E MISSA: Neste domingo, 31 de julho, no Parque Aza Branca acontece a Missa da Saudade, 33 anos sem Luiz Gonzaga e a Caminhada das Sanfonas, a partir das 10hs da manhã.


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GONZAGUEANOS MANTEM LEGADO DE LUIZ GONZAGA VIVO EM JUAZEIRO E PETROLINA

Em 1989, ano da morte de Luiz Gonzaga, Diego Silva de Andrade era um uma criança, 4 anos. Nascido no Distrito de Pilar, Caraíbas Metais,  o hoje empresário vai completar 37 anos. Herdou do seu saudoso pai o gosto pela música de Luiz Gonzaga.

Diego é um dos gonzagueanos que todos os anos, na data do nascimento de Luiz Gonzaga, 13 dezembro é presença na festa do Rei do Baião.

Ele coleciona um acervo de discos raros de Luiz Gonzaga. São lps, alguns raríssimos, em formato de cera e revistas. Diego possui um grande número de fotos com os nomes mais renomados da música brasileira, exemplo Gilberto Gil e Dominguinhos. O amor pela obra de Luiz Gonzaga despertou em Diego a vontade de aprender a tocar sanfona. 

"Um dos momentos mais fortes e emocionantes foi participar em 2012 dos 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga lá em Exu, terra onde ele nasceu. Marcou a minha vida", relata Diego. Recentemente Diego esteve realizando uma visita ao compositor Onildo Almeida que vive em Caruaru, agreste de Pernambuco, um dos mais talentosos parceiros do Rei do Baião.

Outro momento especial, de acordo com Diego foi fazer o aniversário temático para festejar o aniversário do seu primeiro filho, de 3 anos, com o tema sobre Luiz Gonzaga. "É natural buscarmos transmitir para as novas gerações o valor e importância de Luiz Gonzaga para a cultura brasileira", diz Diego.

Luiz Gonzaga (1912 - 1989) é um dos principais nomes da história da música brasileira, completará 110 anos em dezembro. E, para comemorar a data, Paulo Vanderley, que desenvolve pesquisas sobre a vida e a obra do artista, iniciou uma série de ações. Uma destas atividades é o podcast “Luiz Gonzaga - 110 anos do Nascimento”, que está disponível nas plataformas de streaming Spotify e Anchor.

Os episódios já podem ser escutados. toda quarta-feira. Diego Andrade é um dos participantes do Podcast. Paulo Vanderley diz que o objetivo do programa durante o ano é dialogar com pessoas próximas do artista e de seu trabalho. Nos conteúdos já houve conversas com Lenine, Fábio Passadisco, Breno Silveira e Chambinho. 

Em Juazeiro, para homenagear Luiz Gonzaga, existe um grupo de pessoas, que se dedica a estudar a vida e obra de Luiz Gonzaga. O Bloco O Gonzagão foi idealizado em 1996, portanto são 26 anos valorizando e preservando a memória do sanfoneiro Luiz Gonzaga. Neste dia 02 de agosto de 2018, o Grupo mais uma vez presta homenagens ao Rei do Baião. Sanfoneiros e pesquisadores formaram uma roda de sanfona para celebrar a ausência física do sanfoneiro do Riacho da Brígida.

O presidente do Bloco O Gonzagão, João Luiz, diz que é tradição todo ano,  dia 02 de agosto, a festa da saudade e no dia do nascimento especial 13 de dezembro, o grupo se unir e ir participar da Missa de Ação de Graças em Exu.  "Ouvimos música, uns trazem discos vinil antigo, até fita cassete, outros já mostram a tecnologia mais avançada que tem destaque Luiz Gonzaga. E assim mantemos viva a história de Luiz Gonzaga".

No espaço, localizado no bairro João XXIII em Juazeiro, onde funciona o ponto de Encontro dos Gonzagueanos, existe uma exposição de quadros da vida e obra de Luiz Gonzaga e toda uma gastronomia nordestina. 

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PROGRAMA NAS ASAS DA ASA BRANCA DO PRÓXIMO DOMINGO CELEBRA OS 33 ANOS DE SAUDADE DE LUIZ GONZAGA

Alemberg Quindins é Pintor, escritor, músico, socioeducador, arqueólogo e criador da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri.

Domingo 31 de agosto de julho no Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos, às 8hs www.radiocidadeam870.com.br e Rádio FM 95.7, o Café Prosa será com Alemberg Quindins. 

Você vai saber o motivo do Estado de Espírito do vento/cariri que sopra com saudade do Mar. Patativa do Assaré. Luiz Gonzaga e Padre Cícero, arqueologia e gestão cultural são temas da conversa.

Alemberg diz que a Chapada do Araripe tem uma influência nesse território desde o período cretáceo. Em torno dela, de um lado tem Luiz Gonzaga, a Pedra do Reino, de Ariano Suassuna e a Missa do Vaqueiro, Padre Cícero, Patativa do Assaré, Espedito Seleiro, toda uma cultura. O Cariri é um oásis em pleno sertão. É o solo cultural por conta de toda essa força que vem da geologia, da paleontologia, da cultura. Você vai entender a importância do contexto da Chapada do Araripe para o mundo.

"A Chapada é um platô central. Aqui, era o único lugar onde Lampião se ajoelhava e deixava as armas na porta. Território sagrado", diz Alemberg. 

O Memorial do Homem Kariri teve sua origem a partir das pesquisas de mitologia e etnomusicologia dos pesquisadores, músicos e produtores culturais: Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde. 

Atualmente, a Casa Grande se consolida como ponto de memória da ancestralidade, da mitologia e da arqueologia do cariri cearense, utilizando-se da arte como ferramenta capaz de proporcionar uma imersão mais consciente destes assuntos.

Francisco Alemberg de Souza Lima, o Alemberg Quindins, é um dos criadores da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri em 1992 com o intuito de valorizar a história do povo da região, o Vale do Cariri, e ser um centro de memória.

Em conversa com o BLOG NEY VITAL e que será transmitida no programa NAS ASAS DA ASA BRANCA-VIVA LUIZ GONZAGA E SEUS AMIGOS, na Rádio Cidade Am, Alemberg explica que a Chapada do Araripe é uma confluência de quatro Estados: Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba.

"Um resumo do Nordeste. A Chapada do Araripe tem uma influência nesse território desde o período cretáceo. Em torno dela, de um lado você tem Luiz Gonzaga, a Pedra do Reino, de Ariano Suassuna e a Missa do Vaqueiro, por exemplo; de outro, do lado de cá, temos Padre Cícero, Patativa do Assaré, Espedito Seleiro, toda uma cultura".

Ainda de acordo com Alemberg a Chapada do Araripe é um platô central. "Aqui, era o único lugar onde Lampião se ajoelhava e deixava as armas na porta. Território sagrado. Portanto, o Cariri é um oásis em pleno sertão. É o solo cultural do Ceará por conta de toda essa força que vem da geologia, da paleontologia, da cultura. É onde você entende a importância do contexto da Chapada do Araripe para o mundo. Nosso manancial é esse: a cultura. A maioria dos mestres da cultura popular estão aqui. E, da forma como acontece em solo caririense, essa reunião de tanta coisa, não vamos encontrar em nenhum outro lugar do Estado".

A Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, é uma instituição sem fins lucrativos, de utilidade pública federal. O local se tornou espaço de vivência em gestão cultural para crianças e jovens do sertão e tem como objetivos constantes no seu estatuto, pesquisar, preservar, coletar, juntar em acervo, comunicar, exibir, para fins científicos, de estudo e recreação, a cultura material e imaterial do Homem Kariri e de seu ambiente".

"Nós resgatamos a cultura local nas áreas de arqueologia, mitologia, artes e comunicação", conta Alemberg. Os alunos mantêm um canal de TV, de rádio, uma editora de gibis e um museu que conta com um rico acervo de 2.600 HQs e 1.600 títulos de clássicos do cinema. A ideia é desenvolver a capacidade de liderança das crianças a partir dos laboratórios de produção.

Arte, cultura, música e TV. Essas são apenas algumas das atividades oferecidas pela Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, Cariri do Ceará Francisco Alemberg Quindins, músico e educador social da ONG que forma cidadãos e os transformam em protagonistas da própria história neste período de isolamento social tem participado de lives, transmissões ao vivo que tem contribuindo ainda mais para a divulgação do trabalho desenvolvido com as crianças.

No próximo mês de dezembro a Fundação vai completar 27 anos, o espaço guarda algumas artes indígenas dos primeiros habitantes da região; possui uma rádio; dispõe de uma editora de gibis, com um acervo com mais de 3 mil títulos; tem ainda um teatro; e uma banda de lata, que encanta quem visita a fundação.

Para registrar tanta coisa boa, a fundação conta com um canal virtual, a TV Casa Grande, cujo objetivo é dar voz, mostrar a arte dos moradores da região e documentar a cultura local.

O sucesso da fundação rendeu a ela o título de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e muita visibilidade para cidade de Nova Olinda, que recebe, por ano, mais de 50 mil visitantes.

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PROJETO CORDEL NO FUSCA DO POETA FALCÃO GANHA POPULARIDADE EM EXU E REGIÃO

O poeta Falcão inovou ao montar, num fusca, a itinerante idéia de divulgar o cordel pelas ruas de Exu, Pernambuco e região da Chapada do Araripe. 

Em Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga, Antônio Givaldo Taveira dos Santos, é conhecido pelo nome de Poeta Falcão.

O poeta Falcão teve a idéia de lançar o Cordel no Fusca. A proposta ganhou popularidade e hoje o cordelista é convidado para participar de palestras, oficinas em outras cidades.

Nascido no dia 21 de abril de 1969, no sítio lagoa do meio Exu Pernambuco, o poeta é casado com Maria de Jesus Soares Taveira, com a qual tem uma filha,  Sarah Taveira Soares.

"Inicialmente minha trajetória poética aos dez anos de idade. Desde pequeno ouvia as poesias de Patativa do Assaré, nos rádios de pilha, minha mãe era leitora de cordéis. Atualmente sou autor de quase trinta cordéis e três livros de poesia popular brasileira", afirma o poeta. 

Ele conta que ainda em 2019 teve a ideia de criar o Projeto Cordel no Fusca, para servir de atração turística  no Museu do Gonzagão, o qual comercializa cordéis. 

"No futuro pretendo adesivar no fusca com figuras de literatura de cordel, e  fotos do Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré, com cores da bandeira de Pernambuco.

Nas redes sociais, Poeta Falcão recebe centenas de incentivos para realizar esse é um belo sonho. "O incentiva as crianças, jovens e adultos, a adquirir a prática da Leitura da literatura de cordel, para isso preciso angariar fundos para a concretização do projeto. Preciso de patrocinadores", finaliza o Poeta Falcão.


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ACAVASF REALIZA CAMPANHA DE DEVOLUÇÃO DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS EM JUAZEIRO

Chegou a hora de devolver as embalagens vazias de agrotóxicos. Os produtores rurais são o público alvo da campanha, pois em muitos casos existe dificuldade para dar a destinação adequada às embalagens, que são altamente tóxicas. Quando as embalagens são abandonadas no campo, enterradas ou queimadas podem contaminar o solo, a água e o ar, além de colocar em risco a saúde humana e os animais.

Vários orgãos e entidades, exemplo Codevasf,  estão apoiando a Associação do Comércio Agropecuário do Vale do São Francisco (Acavasf) no recebimento itinerante de embalagens vazias de agrotóxicos.

A iniciativa faz parte de uma lei federal e busca incentivar e educar os agricultores para o cuidado com o solo fértil, contribuindo para a preservação do meio ambiente. O cronograma para devolução acontecerá entre os dias 01 de agosto e 03 de outubro.

Projeto Maniçoba NH 1, DIA 01 de agosto e NH-2 (16 de agosto); Projeto Tourão (19 de agosto); Mandacaru (22 de agosto); Salitre (12 de setembro); Curaçá NH-1, NH-2, e NH-4 (29 de setembro) e NH-3 ao lado da casa de bomba (03 de outubro), sempre em horário comercial, das 09h às 12h/ das 13h às 17h.

Entrega: Para facilitar a entrega, recomenda-se a tríplice lavagem, separação de tampas coloridas das brancas e retirada dos lacres. Após a entrega dos pequenos produtores, as embalagens são levadas para uma Central de recebimento, em Petrolina, onde passam pelo processo de classificação e prensa.






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