REVISTA KURUMA'TÁ: ADERALDO LUCIANO E TOINHO CASTRO CONVERSAM COM JORGE DU PEIXE
A noite de ontem, dia 29, Aderaldo Luciano e Toinho Castro conversaram no youTube, com o cantor e compositor Jorge Du Peixe, que recentemente gravou o trabalho disponível em todas as plataformas digitais interpretando Luiz Gonzaga, intitulado Baião Granfino. A imprensa nacional, destaca que a obra eterna de Luiz Gonzaga ganhou mais uma releitura, desta vez com a marcante voz grave de Jorge Du Peixe, vocalista do Nação Zumbi.
Confira texto Aderaldo Luciano:
O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há mais cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões. Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos. Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.
Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores. O seu peito abrigava o canto dolente e retotono dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali, buscando eternidade. E um dia, em 2021, dele saltou-nos Jorge du Peixe.
Em releituras belas e disciplinadas, sem macular as melodias, sem invencionices modernosas, Baião Granfino, de Jorge du Peixe, prolonga a alma gonzagueana, avança sobre os nossos dias com seu timbre rouco, mas afinado, seu selo grave, em momento tão agudo de nossas crises existenciais. Jorge segura o baião como um filho frágil, acabado de vir ao mundo. E o baião o sustenta com sua vitalidade. Quanta beleza em suas veredas sonoras, quanta sutileza no seu cantar que, a alguns deve ter assustado, mas que a mim, apaixonou-me. Não feriu a majestade, vestiu-se e caminhou com ela. Trouxe o Assum Preto e sua sina complexa, difícil, dolente, talvez anunciando a sua mesma dor, abrindo um álbum cheio de lirismo e paz, dentro na luta.
A Sanfona Sentida nos fala tão delicada em nosso coração à mostra que nos faz chorar, pelo fôlego que nos falta enquanto sociedade vilipendiada por dias sem ar. O instrumental, corretíssimo, entre a sanfona chorona e chorosa, apaixonante, e um baixo em marcação profunda, capoeirística algumas vezes. Uma percussão adornada pela bateria disciplinada, ciente de suas entradas e saídas. Certezas me carregam de que Dominguinhos aprova, entre as nuvens doiradas. Não sei se Anastácia o ouviu, mas em ouvindo, não se furtará ao peito aberto e receptivo. É minha opinião.
A seleção de canções e sua disposição no álbum, iniciada com Assum Preto, como escrevi acima, essa seleção e essa disposição foram pensadas, anotadas, estudadas, cronometradas. Há um prólogo épico, uma invocação, seguida de uma proposição e um oferecimento. Segue-se uma contação de histórias de amor e alumbramento (Orélia), de despedida e sofrimento (Qui Nem Jiló), de dor na solidão (Sabiá), de redescoberta do amor e da existência (Acácia Amarela). Na sétima casa do álbum, esse número místico e completo, Jorge du Peixe entra com a louvação à ancestralidade (Rei Bantu). Depois dessa iluminação, a vestimenta do baião cumpre seu destino (Baião Granfino).
Cacimba Nova lança um olhar melancólico ao passado de fausto, mas Pagode Russo nos chama de volta à terra e nos grita e empurra para a celebração, pois estamos vivos e fazendo acontecer para a eternidade que virá. Quando o Fole Roncou, as almas recebem o ápice dessa celebração, com guitarras, pedais, eletricidade e a beleza absoluta de Cátia de França, encarnação do talento, do engenho e da arte. Belo álbum que em mim trouxe de volta a Ideia, a Letra, a Vida. Obrigado, Jorge du Peixe, sua voz arrancou-me a lágrima. E com ela, novamente, o Texto. Como diz Cátia, na última frase dos trabalhos: “Isso é eterno!”
*Aderaldo Luciano, nascido em Areia, na Paraíba, é poeta pautado pela estética da poesia do povo. Estudioso da poesia e da música do Brasil profundo, é mestre e doutor em Ciência da Literatura, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
ELIFAS ANDREATO MORRE AOS 76 ANOS. ELIFAS É AUTOR DE MAIS DE 700 CAPAS DE DISCOS E DVDS
Autor de mais de 700 capas de LPs, Cds e DVDs, Elifas Andreato morreu, aos 76 anos, na manhã desta terça-feira (29/3), em decorrência de complicações após um infarto. Ilustrador de artista plástico, Andreato criou uma linguagem visual que estampou boa parte da produção musical do Brasil no século 20.
Com mais de 40 anos de carreira, o artista foi responsável por capas emblemáticas da história da indústria fonográfica no país. Pelas tintas coloridas do paranaense de Rolândia passaram discos de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Paulinho da Viola, Elis Regina, Martinho da Vila, Vinicius de Moraes, Toquinho, Adoniran Barbosa, Noel Rosa e praticamente toda a elite da produção nacional.
A informação sobre a morte do ilustrador foi divulgada pela família, no Instagram de Elias Andreato, irmão do artista. "Tudo o que ele tocava com as suas mãos, virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria", escreveu Elias.Segundo a família, o corpo será velado no crematório da Vila Alpina, em São Paulo, às 16h, nesta terça-feira (29/3).
Confira texto despedidada do irmão Elias:
Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino.
Tudo o que ele tocava com as suas mãos, virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria.
Sua travessura era zombar da pobreza e de toda a tristeza que ele via.
Se o quarto era apertado, ele criava castelos longínquos.
Se a fome era tamanha, ele pintava frutos madurinhos.
E eu que também era pequenino, ficava ao seu lado, tentando entender o que ele tinha de especial, dado pelos deuses, que habitavam o nosso pequeno quintal.
Um dia... Que eu estava distraído ao pé da cama, tentando pensar numa prece, para pedir que ele fosse feliz, um anjo pousou no terreiro e me disse que o meu irmão mais velho, tinha sido escolhido, para colorir o mundo cinza em que vivíamos.
Eu me lembro de que fiquei mudo, como convém aos mortais, diante de qualquer aparição divina... Fiquei ali olhando para o céu, completamente agradecido, por ser seu irmão, e me senti protegido, por toda a beleza e foi assim que entendi o papel do artista que ele era.
O meu irmão criador de tantas maravilhas era também um anjo desenhador, que veio a este mundo para colorir nossas vidas e pintar nossos sonhos de amor.
Voltei ao pé da cama e estou até hoje, de joelhos, rezando para os deuses protegerem meu irmão, para que a sua criação sirva de inspiração para os homens pensarem na beleza!
E quando os homens forem amigos dos homens, vou saber que o meu irmão não sonhou em vão.
Que o país que ele imaginou, possa ser colorido para todos!
Que a política do seu traço, seja homenageada SEMPRE!
Meu irmão, você retratou o que o nosso povo tem de mais belo:
A DIGNIDADE!
Irmão meu amado, você coloriu meu coração.
elias
ALUNOS E PROFESSORES DO CETEP-SERTÃO DO SÃO FRANCISCO FAZEM VISITA TÉCNICA AO CEMAFAUNA
PESCA: FALTA DE DADOS COLOCA EM RISCO O MEIO AMBIENTE E RENDA DE PESCADORES NO BRASIL
Mesmo diante de um cenário de crise, a pesca tem sido desprezada como fonte de emprego, renda e segurança alimentar no Brasil. Atualmente, das 117 espécies exploradas pela pesca comercial marinha no país, apenas oito possuem sua situação conhecida. Outra constatação alarmante é que somente 9% das espécies que são capturadas comercialmente no Brasil possuem planos de gestão – o que evidencia que a atividade acontece sem um mínimo de planejamento e sujeita a medidas isoladas.
Esses dados revelam que o Brasil está pescando no escuro. Mas esta constatação não é nova. A 2ª edição da Auditoria da Pesca 2021, divulgada nesta quarta-feira (23) pela Oceana Brasil diagnostica que não houve avanços na gestão da atividade no país desde o final de 2020, quando foi lançada a 1ª edição da Auditoria. A Oceana é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, focada na preservação dos oceanos e atua no Brasil desde 2014.
Para o diretor científico da organização, o oceanógrafo Martin Dias, é urgente que o Brasil adote estratégias efetivas para a gestão e o controle da pesca no Brasil. “A lei brasileira permite que a pesca opere completamente no escuro. Com pouco monitoramento e regras defasadas.”
Para realizar este amplo diagnóstico sobre a realidade da pesca no Brasil, a Auditoria produzida pela Oceana, se fundamenta na ciência, e utiliza 22 indicadores, divididos em quatro categorias: Política Pesqueira; Transparência; Estoques Pesqueiros; e Pescarias.
“Isso é importante para conseguir medir tendências: estamos evoluindo ou estamos regredindo? Essa é a ideia central da Auditoria e seus apontamentos mostram, de forma direta, se um gestor público teve um desempenho bom ou não”, analisa Martin Dias, que coordenou a pesquisa.
Dentre muitos outros dados, a pesquisa revelou que não existem dados sobre a situação da população de 93% das espécies marinhas (como peixes e crustáceos, por exemplo) exploradas comercialmente no Brasil. Isto é, não se avalia se as espécies são exploradas de forma sustentável.
Essa situação fragiliza não só a própria continuidade das espécies, mas também as comunidades que dependem da pesca para sobreviver. Um levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostrou que uma em cada dez pessoas no mundo estão ligadas à cadeia produtiva da pesca. Globalmente, 492 milhões de pessoas dependem diretamente da pesca artesanal.
“Esse setor desempenha um papel essencial na geração de emprego e renda ao mesmo tempo que sustenta culturas. Tem papel fundamental na alimentação saudável e nutritiva”, destaca Gustavo Chianca, representante adjunto da FAO no Brasil.
A FAO estima que, em todo mundo, 156 milhões de toneladas de alimentos aquáticos são destinados ao consumo direto humano, o que corresponde a 20,5 kg de pescados por pessoa por ano. Os números apontam para um cenário no qual 4,5 bilhões de pessoas se alimentam regularmente dos “alimentos azuis”, como são chamados os alimentos que têm origem nos ambientes aquáticos, como rios, mares e lagos. Esses alimentos fornecem 15% da proteína animal consumida em nosso planeta.
FUTURO DA PESCA AMEAÇADO: Segundo dados oficiais, no Brasil há quase um milhão de pescadores e pescadoras artesanais. A atividade pesqueira tem potencial para garantir a segurança alimentar e colaborar com o alcance da segunda meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030: erradicar a fome.
A ONU estima que, em 2050, a população mundial chegará a 10 bilhões de pessoas. Para Chianca, os desafios relacionados à segurança alimentar são complexos, além da fome, há questões relacionadas à má nutrição e doenças relacionadas à alimentação não saudável. “É preciso que haja redução de desperdício de alimentos e que se tome muito cuidado com o uso sustentável para evitar o esgotamento dos recursos naturais”, salienta.
Carlos dos Santos, mais conhecido como Carlinhos, é pescador tradicional em Canavieiras (BA) e coordenador institucional da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (Confrem). A comunidade da qual faz parte vive da pesca extrativista realizada em jangadas. Atualmente, a comunidade extrai caranguejos e aratus, da região de mangues. Do mar, pescam camarão, lagosta, robalo, vermelho e atuns.
Quando começou a pescar, há 40 anos, as pescarias não eram feitas em grandes embarcações. “A pesca de jangada é limitada justamente pela condição e área de atuação da embarcação e, por ser pesca artesanal e por utilizarmos petrechos de pesca, tem um limite natural de captura de peixe”, esclarece.
Com a chegada das grandes embarcações de diferentes regiões, percebeu mudanças na abundância dos animais aquáticos. “Isso fez com que, a cada dia que passava, fossem diminuindo o volume pescado”. Para evitar a exploração desordenada, ele liderou a comunidade para o estabelecimento de uma reserva extrativista no local.
Foram cinco anos de luta para que a exploração pesqueira na região permanecesse artesanal, o que assegurou a preservação dos peixes e dessa prática de pesca. Carlinhos participou da estruturação da política de pesca no Brasil nos anos 2000. “Esse desmonte que vem acontecendo na política de gestão pesqueira nesse país, infelizmente o contexto de exclusão e de esquecimento da pesca artesanal, data de muito tempo”, denuncia. Para ele, pescadores artesanais - hoje são aproximadamente 1 milhão no Brasil - vivem na invisibilidade. “As informações trazidas aqui são fundamentais para avaliar esse contexto histórico, pensar o futuro da gestão da pesca nesse país”, afirma, referindo-se à Auditoria da Pesca 2021.
PARTICIPAÇÃO SOCIAL; Entre os apontamentos da Auditoria, Martin Dias denuncia que a gestão da atividade pesqueira vem sendo esvaziada nas políticas de governo. Os Comitês de Gestão da Pesca (CPGs) foram extintos em 2019 e, somente no mês passado, o governo federal abriu uma chamada pública para sua recomposição.
Contudo, Dias chama atenção para a necessidade de diversificar os representantes da sociedade para que as discussões reflitam as diferentes realidades da pesca. “De uma praia para outra, a atividade de pesca e as tensões podem ser muito diferentes. Essa situação se intensifica bastante em um contexto amplo, considerando a dimensão do Brasil”, observa. Representando a Confrem, Carlinhos diz que não deve fazer parte das novas formações. “O novo modelo não é participativo”, denuncia.
O relatório da Oceana ainda aponta que há problemas na gestão dos recursos pesqueiros e uma legislação defasada, por isso, há urgência na modernização da Lei da Pesca no Brasil (Lei Federal 11.959/2009).
Fonte: Portal Comunicação Brasil 61 - https://brasil61.com/n/pesca-falta-de-dados-coloca-em-risco-o-meio-ambiente-e-renda-de-pescadores-no-brasil-bras226720
ALUNOS DO CETEP-SÃO FRANCISCO E DO IFSERTÃO CAMPUS SANTA MARIA DA BOA VISTA VISITAM O CENTRO DE FORMAÇÃO DOM JOSÉ RODRIGUES-IRPAA
O grupo de alunos do CETEP-SSF foi liderado pela professora Janine Souza da Cruz, engenheira agrônoma, Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Os alunos do IFSERTÃO, teve a liderança da professora, doutora em Extensão Rural-Universidade Federal do Vale do São Francisco, Cristiane Marinho e da diretora de Ensino do Curso Integrado em Agropecuária, professora mestre Danielle Costa.
Os visitantes foram recepcionados pela equipe do IRPAA, tendo a oportunidade de conferir um Dia de Campo, e uma amostra sobre técnicas e metodologias, práticas contextualizadas, ações de convivência com o semiárido, além do estudos sobre o clima, tecnologias de aproveitamento de água, beneficiamento da produção familiar, dentre outros temas ligados à realidade do Semiárido, como educação e geração de renda.
A troca de saberes foi conduzida pelo zootecnista, Técnico Agropecuária, mestre André Rocha e Paulo César. Os alunos colaboradores Antonio Marcos e Jadson Reis também participaram das palestras.
Após, as boas vindas dadas embaixo de um pé de juazeiro, os visitantes conheceram alguns projetos desenvolvidos pelo Irpaa e diversos parceiros na busca de uma vida digna no semiárido, geração de renda e uso consciente dos bens da natureza.
Os alunos Josielson Araújo e Anne Louise, da disciplina Agroecologia e Permacultura II, CETEP-SSF destacaram que "é a visita é super válida, uma aula prática, a partir das demandas das comunidades, temas como caprinos, manejo de solo, recaatingamento, sistema agroflorestal, beneficiamento de alimentos, políticas públicas, uso e conservação de água, dentre outros assuntos foram trabalhados numa conversa com a equipe técnica do Irpaa e isto proporciona mais saberes e novas experiências".
O aluno do IFSERTÃO, campus Santa Maria da Boa Vista, Rafael Gonçalves, morador do Assentamento Catalunha, disse "que o dia de campo é muito válido e a partir dele novos horizontes se abrem em busca de uma agroecologia e modo de vida mais comprometida com o meio ambiente e o manejo do solo".
O Centro de Treinamento do Irpaa fica situado na localidade de Tourão, a 15 KM de Juazeiro. O site do IRPAA propõe que agroecologia se caracteriza pela produção de alimentos em harmonia com o ambiente natural, conservando a biodiversidade, diferentemente do modo mais comum de agricultura utilizada pelo agronegócio, que destrói o meio ambiente.
Na região Semiárida, a Agroecologia está presente através das práticas de Convivência com o Semiárido, que também traz como premissas a conservação do meio ambiente, Recaatingamento, produção apropriada, segurança alimentar e nutricional para as famílias, sistemas justos e sustentáveis de produção, distribuição, sustentabilidade e consumo de alimentos.
RECAATINGAMENTO: No ano de 2022, o Projeto Recaatingamento completa 13 anos de execução em Comunidades Tradicionais de Fundo de Pasto do Território Sertão São Francisco. Ao longo desses anos, o projeto vem sendo avaliado positivamente pelas comunidades e entidades parceiras, chegando a receber o prêmio “BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais”.
O Recaatingamento é um projeto de preservação ambiental que busca contribuir para inverter a desertificação do bioma caatinga através do uso sustentável de seus recursos naturais. O projeto, desenvolvido em comunidades rurais de sete municípios baianos, desenvolve um conjunto de medidas de promoção do bem-estar da Caatinga e de sua população através de uma proposta pedagógica, integral e multidisciplinar que acredita que a melhor forma de viver e produzir no semiárido é através do que a Caatinga oferece.
O Recaatingamento, promovido pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada-IRPAA, envolve diretamente 140 famílias em atividades de preservação do meio ambiente. O projeto tem atuação direta nas comunidades de Angico, no município de Canudos, Melancia, em Casa Nova, São Mateus, em Curaçá, Fartura, em Sento Sé, Poço do Juá, em Sobradinho, Serra dos Campos Novos, em Uauá e Curral Novo, em Juazeiro.
Através de cursos e oficinas, cerca de 300 produtores rurais das comunidades Fundo de Pasto estão sendo capacitados como agentes ambientais. Cada comunidade envolvida no projeto está construindo de forma participativa um Plano de Manejo Ambiental Sustentável, com ele, pretende-se conservar a Caatinga, onde ela ainda está preservada e recuperar, onde ela já está fragilizada.
Paralelamente aos Plano de Manejo Ambiental, também estão sendo construídos os Planos de Manejo do Rebanho. Ele ajudará a diminuir a ação herbívora dos animais na caatinga e evitará o super-pastoreio melhorando a qualidade da produção da ovino-caprino-cultura.
Além de ações que visam a preservação direta do meio ambiente, o Recaatingamente promove capacitações para a Geração de Renda, agregando valor aos produtos oriundos das atividades agroextrativistas sustentáveis, como o beneficiamento das frutas silvestres umbu e maracujá do mato. Instalações como viveiros, cisternas e unidades de beneficiamento apoiarão as atividades.
O projeto também promoverá a Educação Ambiental Contextualizada através da assessoria à educação escolar das comunidades envolvidas. Recaatingamento, um projeto de preservação do meio ambiente em parceria com a comunidade.
O Projeto RECAATINGAMENTO atua com 5 linhas de ação:
1-Conservação da Caatinga
2-Recomposição da Caatinga
3-Educação Ambiental Contextualizada
4-Melhorias da Renda
5-Políticas Públicas
A FÉ GONZAGUEANA NOS 178 ANOS DO PADRE CÍCERO DO JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ
Quem já ouviu falar dos preceitos ecológicos do Padre Cicero, muitos o seguem como exemplo de fé e religiosidade, mas poucos sabem que ele foi um dos primeiros defensores do meio ambiente, do bioma caatinga. Padre Cícero soube unir a mitologia e o poder do conhecimento dos indios Kariris.
Cícero Romão Batista nasceu em Crato, Ceará no dia 24 de março de 1844. Foi ordenado no dia 30 de novembro de 1870. Celebrou a sua primeira missa em Juazeiro em 1871. No dia 11 de abril de 1872 fixou residência em Juazeiro. Padre Cícero faleceu no dia 20 de julho de 1934, na cidade de Juazeiro.
A jornalista Camila Holanda escreveu que nas entranhas do Cariri do Ceará foi emergido uma versatilidade de ícones que, entrelaçados povoam o imaginário cultural que habita a região.
"Desde o início, não acreditava em nada de Deus. Mas quando fiz a primeira viagem ao Horto do Juazeiro do Norte, foi que eu compreendi o que era Deus. Isso mudou minha vida completamente", revelou Oswaldo.
Um outra narrativa importante encontrei na mitologia dos Indios Kariris. Nela a região é tratada como sagrada, centro do mundo, onde no final dos tempos, vai abrir um portal que ligará o Cariri para a dimensão do divino.
A estátua do Padre Cícero encontra-se no topo da Colina. Muitos romeiros percorrem a Trilha do Santo Sepulcro. A pé eles percorrem às 14 estações trajeto marcado por frases e conselhos ambientais do Padre Cícero, que já alertava naquela época para os muitos desequilíbrios ambientais e impactos da agressão humana na natureza.
No ano de 2015 o Vaticano (Italia) reconciliou o padre Cícero Romão Batista com a igreja católica. Com a reconciliação, não há mais fatores impeditivos para que o "santo popular" do interior do interior do Ceará seja reabilitado, beatificado ou canonizado, segundo o chanceler da diocese do Crato, Armando Lopes Rafael. Leia o resumo da carta do Vaticano à diocese do Crato.
Padre Cícero morreu sem conciliação com a igreja católica.
Padre Cicero descreveu os preceitos ecológicos:
1) Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau;
2) Não toque fogo no roçado nem na caatinga;
3) Não cace mais e deixe os bichos viverem; 4) Não crie o Boi e nem o bode solto; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer;
5) Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;
6) Não plante em serra a cima, nem faça roçado em ladeira que seja muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza;
7) Represe os riachos de 100 em 100 metros, ainda que seja com pedra solta;
8) Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, ate que o sertão todo seja uma mata só;
9) Aprenda tirar proveito das plantas da caatinga a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;
10) Se o sertanejo obedecer a estes preceitos a seca vai aos poucos se acabando o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer, mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.
Rezemos com Fé! . Os sorrisos são a alegria da alma.







