PRODUÇÃO DE IOGURTE DE LEITE DE CABRA GERA RENDA PARA FAMÍLIAS DE CURAÇÁ, BAHIA

Com sabor marcante e alto valor nutritivo, o leite de cabra tem ganhado espaço na mesa de consumidores de todo o país. O produto é rico em cálcio, que garante a saúde dos ossos, além de agir diretamente no combate a anemia. Atentos a esses benefícios e com o propósito de agregar valor à caprinocultura da região, produtoras e produtores do distrito de Poço de Fora, no município de Curaçá, no interior da Bahia, desenvolveram um novo produto: o iogurte de leite de cabra. 

Morango e abacaxi são os principais sabores da bebida produzida pela Cooperativa Poçoforense Sabor do Sertão (Coopof), empreendimento atendido pelo Centro Público de Economia Solidária Sertão do São Francisco (Cesol-SSF), que tem atraído a atenção e a curiosidade de clientes em todo o estado. Além do iogurte, a Coopof também trabalha com a produção de queijo coalho, ricota temperada de alho, cebola, coentro e hortelã; e o creme de queijo. 

Para a produção realizada semanalmente, é necessário em média 500 litros de leite e os produtos abastecem os mercados de cidades da região. Presidente da Coopof, Eugênia Ribeiro que a ideia de produzir o iogurte surgiu da necessidade de agregar valor ao produto na região semiárida e que a bebida tem tido uma boa aceitação no mercado. "Além de ser um produto de qualidade, é pouco produzido na região e pode ser consumido por todos, desde criança a idosos que não tenham intolerância a qualquer nutriente presente na composição", explicou Ribeiro. 

Benefícios para a saúde - O leite de cabra é considerado uma excelente opção para quem deseja ter uma alimentação saudável, explica o tecnólogo em alimentos e agente socioprodutivo do Cesol-SSF, Edigar Mendes.  "O leite de cabra é mais facilmente digerido, pois as partículas de gordura são menores quando comparadas às do leite de vaca. A bebida também é rica em vitamina A, auxiliando na melhoria da saúde da pele", pontuou Mendes.  

Engenheira agrônoma aposentada, Maria José Galdino da Silva (71) é uma das clientes assíduas do iogurte de leite de cabra da Coopof. Ela adquire a bebida na loja de Economia Solidária Empório Meu Sertão.  "Eu sou adepta ao leite de cabra e o iogurte tem ajudando na redução dos problemas de ressecamento intestinal. É um produto muito gostoso que não pode faltar em minha casa", afirmou Galdino.   

Histórico - De acordo com, Eugênia Ribeiro, a Coopof conta com 20 cooperados e nasceu em 2018, a partir da iniciativa de produtores locais, que organizavam na comunidade de Poço de Fora e região exposições, feiras de caprinos e ovinos e torneio leiteiros. 

A construção da sede contou com o apoio da Mineração Caraíba, que após avaliar o potencial de produção do grupo, durante cursos e reuniões realizadas na comunidade, investiu na construção do laticínio Sabor do Sertão. "As famílias que estão trabalhando no laticínio já têm uma renda garantida. Todo mês, elas sabem que podem contar com aquele valor e a tendência é que a produção aumente ainda mais", destacou Ribeiro. 

Assistência técnica do Cesol - Iniciativa vinculada à Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia (SETRE), o Cesol-SSF oferece assistência técnica a 128 empreendimentos do território Sertão do São Francisco, auxiliando na melhoria dos produtos, na construção da identidade visual, no marketing e propaganda e na ampliação dos mercados. 

"O Cesol é o nosso braço direito e tem nos dado apoio desde o início da associação. Com a cooperativa, a atenção tem sido ainda maior, na divulgação dos nossos produtos, acompanhamento e assistência técnica, contribuindo para o crescimento", finalizou a cooperada Eugênia Ribeiro.  (Fonte: Assessoria Cesol-SSF)

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EM BREVE: BOEMIA CULT NOVO TRABALHO DO CANTOR E POETA LUIZ DO HUMAYTÁ

O cantor e compositor, o poeta Luiz do Humaytá está finalizando o seu mais recente trabalho: Boemia Cult.

O que vai chamar a atenção neste novo cd é a completa alegria, descontração, apologia de uma vida boêmia sem preocupações, repleta de amores cantados em cada verso das músicas interpretadas por Luiz do Humaytá.

Estudioso da música brasileira o cantor fez uma seleção que guarda ainda "em segredo", mas adianta que todos as canções é uma homenagem a todos os boêmios e boêmias que tem a identidade do amor, da poesia que toca na alma dos amantes da noite.

Morando em Curaçá, Bahia, na localidade chamada Fazenda Humaytá, Luiz ainda este ano tem a expectativa de lançar o CD, se as regras de isolamento social permitirem devido a pandemia.

A história conta que em novembro de 2010, Luiz formou a Banda Forró Avulso, com o desafio de fazer o forró e valorização da música brasileira: a gaita de boca no lugar da sanfona e o cajon no lugar da zabumba. Com este grupo fez carreira em Salvador tocando na noite baiana por seis anos.

A discografia CDs: 

2012 - CD ACÚSTICO. 2014 – CD PÉ DE CHÃO

2015 – LUIZ DO HUMAYTÁ CANTA MÚSICAS GAÚCHAS

2015 –FORRÓ AVULSO e LUIZ DO HUMAYTÁ - 5 ANOS DE ESTRADA

2017 – LUIZ DO HUMAYTÁ AVULSO

2019 – DECANTO O SERTÃO

2020 - CD GRAVADO AO VIVO NO TEATRO EM CURAÇA.

2021 - BOEMIA CULT

Luiz do Humaytá continua unindo em 2021 o empreendedorismo, a agricultura, a música e a poesia. É a travessia que une a paixão pelos ritmos, referência a Luiz Gonzaga, compositores da música brasileira, boemia, aos sertões, a caatinga.

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A FLOR E O MILITANTE

As plantas forjam sua descendência, preparando com paciência o botão depois a flor, de onde saem as sementes e se espalham como gente. Presa ao galho a flor serve às abelhas, que procuram através de seu quartel a matéria para fazer o mel; por isso se deixa penetrar, sem medo de se machucar.

Saciadas, as abelhas vão embora. Levam a doçura repartida para manter a vida da colmeia.

Voltam noutro dia para completar a ceia.

A flor em seu balanço fica para cumprir o destino sem descanso: perfumar o ambiente e fazer no silêncio aparecer cada semente. Bela missão é essa de servir: exalar perfume e produzir.

O militante não é a abelha que vai de flor em flor, mas a própria flor que atrai para si a responsabilidade, de responder a cada uma com doçura e verdade que, lutar e vencer é saber perfumar de amor à humanidade. Envolver cada pessoa num grande abraço e, depois, andar juntos os outros passos.

Para avisar as abelhas, a flor, usa o perfume e sua cor; sinais que orientam também o lutador.

Passado os dias à flor madura e satisfeita, deixa murchar as pétalas de seu brilho, para fazer nascer de si os próprios filhos. E como uma caverna que abre suas portas, deixa sair contentes as sementes que transparecem mortas.

Mas é engano. A semente quer o tempo de germinação para, em silencio levantar-se lentamente do chão; imitar a sua espécie com as cores; crescer e também se encher de flores.

A planta da semente busca entrar por cada fresta, puxada pelo sol, ajuda a construir e a expandir a floresta.

Militantes: mulheres e homens em cada ação fazem-se a si próprios e a organização. Tem ela o jeito de seus passos, o carinho de seus gestos e a acolhida de seus braços. Confundem-se em suas identidades, quê, ao não poder vê-los a sociedade, procura seu perfume em cada marca de saudade.

Militante, é aquele que se comporta como a flor exuberante, não como as estrelas que brilham mas estão muito distantes. Flor é como gente, nasce em toda parte, e por saber o seu lugar, transforma-se em semente. Estrela não! Nasce uma vez só e vive de seu brilho, sem nunca poder dizer que teve um filho.

A flor perfuma o jardim e a mesa do auditório. Murcha de pressa na sala do escritório. Se não houver cuidado, o ar ali ventila mais pesado e a flor perde o encanto e a alegria. Como o perfume é um tanto destemido, quer espaço para circular e se livrar da poeira da burocracia.

As flores se multiplicam com o vento. Por que não crescem em quantidade nos acampamentos e assentamentos? Será por causa da fumaça ou por que o brilho das estrelas inibe o seu crescimento?

É no formar da flor que com a militância se encontra a semelhança. Quanto mais flor, mais perfume, mais semente. Quanto mais gente, mais força e mais esperança.

Ademar Bogo- Doutorado em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia - UFBA, Mestrado em Filosofia na Universidade Federal da Bahia - UFBA, Licenciatura em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia

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MINISTÉRIO PÚBLICO INSTAURA INQUÉRITO CIVIL E RECOMENDA SUSPENSÃO DA INSTALAÇÃO DE PARQUE EÓLICO PERTO DE HABITAT DE ARARA AZUL-LEAR



O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou inquérito civil e recomendou a suspensão da instalação de um parque eólico próximo ao habitat de arara-azul-de-lear, em Canudos, na caatinga baiana. A informação foi divulgada na tarde desta quarta-feira (21).

Além disso, o MP-BA informou que promoveu reuniões e solicitou algumas diligências aos órgãos responsáveis, inclusive ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De acordo com o MP-BA, a recomendação foi expedida na última segunda-feira (19) ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e à empresa Voltalia Energia do Brasil Ltda.Conforme a recomendação, a instalação do empreendimento pode causar impactos irreversíveis para a fauna da região e para as comunidades tradicionais.

Ao Inema, responsável pelo processo de licenciamento do empreendimento, o MP-BA recomendou que ele suspenda ou anule a licença ambiental do parque, para que seja exigida da empresa a elaboração de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), com posterior realização de audiência ou reunião técnica com ampla participação da população e comunidades afetadas, conforme prevê a Resolução Conama 462/2014.

Já para a empresa, o MP-BA recomendou que deixe de realizar qualquer medida para implantação do parque até que sejam sanados os problemas quanto às autorizações dadas pelo Inema; realize o EIA/Rima e promova a audiência pública desde que provocado pelo órgão ambiental.

Segundo a recomendação, na área de implantação do complexo eólico de Canudos habitam 11 comunidades, com aproximadamente 600 famílias, que não foram ouvidas sobre a instalação do empreendimento em uma região que utilizam para desenvolver atividades produtivas, culturais e sociais.

O MP-BA aponta ainda que o licenciamento ambiental concedido pelo Inema desconsiderou que a área de instalação do parque é indispensável para a arara-azul-de-lear, que é uma ave ameaçada de extinção, exclusiva da caatinga baiana e considerada um símbolo da região.

A recomendação destaca também que, conforme relatório anual de rotas e áreas de concentração de aves migratórias no Brasil, do ICMBio, os parques eólicos têm sido uma ameaça a esses animais.

A ativista da causa animal, Náthaly Marcon, de 18 anos, criou um abaixo-assinado contra a obra de um complexo eólico próximo ao habitat da arara-azul-de-lear, em Canudos, na caatinga baiana. Ela é estudante de auxiliar veterinário e teve conhecimento da construção durante uma pesquisa na internet.

No abaixo-assinado, a ativista destaca que o projeto do complexo prevê a instalação de 28 turbinas eólicas em um primeiro momento e outras 53 na segunda fase.

Ainda no texto, Náthaly explica que o empreendimento irá contar com uma rede de transmissão de energia de 50 km, que chegará até o município baiano de Jeremoabo, a cerca de 91 km de Canudos.. Até a última quinta-feira (15), a petição já contava com mais de 55 mil assinaturas.

O habitat da arara-azul-de-lear foi redescoberto em 1978, no Raso da Catarina, região norte da Bahia, pelo ornitólogo e naturalista alemão, que foi naturalizado brasileiro, Helmut Sick. [Assista ao vídeo acima]

Segundo Glaucia Drummond, bióloga e superintendente geral da Fundação Biodiversitas, uma Organização Não Governamental (ONG) que atua para a conservação da biodiversidade brasileira, em especial de espécies ameaçadas, a arara-azul-de-lear é considerada uma ave em perigo de extinção.

A Fundação Biodiversistas é coautora do abaixo-assinado e trabalha com o desenvolvimento de estudos científicos para avaliação do estado de conservação da biodiversidade e, também, de uma forma mais direta com projetos de recuperação de espécies ameaçadas de extinção.

Para a bióloga, a construção de um complexo eólico em Canudos pode ser fatal para as araras que sobrevoam no local, pois elas podem acabar colidindo nas torres do complexo.

Glaucia ainda explica que em países que estão mais avançados no emprego desse tipo de energia, existem resultados claros no número de acidentes de aves, morcegos e insetos com as estruturas de parques eólicos.

Ainda segundo Glaucia, a Fundação Biodiversitas tem conversado com a empresa e insistido para que essa necessidade seja respeitada.

EMPRESA: A Voltalia Energia do Brasil relatou que possui licença de instalação e que já começou a obra para viabilização do parque eólico. Ele [o parque] deve entrar em comissionamento no final do primeiro semestre de 2022.

Por meio de nota, a empresa explicou que já realizou e permanece realizando diversos estudos para avaliação e monitoramento de potenciais impactos na região, com propostas de ações de controle e preservação, reafirmando o compromisso com o meio ambiente.

Sobre a petição, a multinacional informou que está ciente das assinaturas e ressaltou que está aberta ao diálogo para apresentar o projeto e os programas que estão em andamento.

A empresa explicou ainda que tem realizado reuniões periódicas com toda a comunidade e autoridades (locais e estaduais) e ratifica que está à disposição de todos os segmentos da sociedade para apresentar o projeto e as contribuições socioambientais para a região.

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PRINCIPAL NOME DA GINÁSTICA DA ATUALIDADE TEM RAÍZES EM EXU, PERNAMBUCO, TERRA DE LUIZ GONZAGA

Flávia Saraiva é a estrela da ginástica artística olímpica brasileira em Tokio/Japão. A cada gesto e sorriso ela lembra o luar e as estrelas que brilham na Serra do Araripe. A cada pulo e desafio que vence lembra os acordes mais difíceis das notas da sanfona da paz de Luiz Gonzaga.

Depois de cinco anos de espera, os Jogos Olímpicos estão de volta. Adiada em 2020 em  função da pandemia do novo  coronavírus, as Olimpíadas de Tóquio 2021 terão a sua cerimônia de abertura no próximo dia 23 de julho, às 8h (horário de Brasília). 

Ao longo dos 20 dias de competição serão mais de 300 eventos esportivos, contando com a participação de aproximadamente 12.750 atletas de 206 países. Uma das promessas de conquista de medalha olímpica possui raízes sertanejas. É Flávia Lopes Saraiva um dos destaques da equipe brasileira de ginástica artística na Olimpíada. A atleta vai disputar sua segunda Olimpíada. 

O pai de Flávia, nasceu em Exu, Pernambuco, na mesma terra de Luiz Gonzaga e de Barbara de Alencar. Barbara mulher revolucionária brasileira. Primeira presa política do Brasil, é considerada uma heroína da Revolução Pernambucana e da Confederação do Equador. Luiz Gonzaga mestre da cultura da sanfona, tem música gravada até no ritmo japonês. João Saraiva tem o cheiro desta poeira e identidade cultural. Foi aluno do Colégio Municipal Bárbara de Alencar. João Saraiva tem 11 irmãos.

Em Exu os parentes de Flávia, lógico, estarão de TV ligada na torcida. Flávia é esperança brasileira de medalha na Olimpíada de Tóquio em 2021. Caso consiga um pódio, será a primeira medalhista mulher da ginástica artística brasileira.

Boa parte da torcida será do sítio em Chapada da União, na zona rural do município de Exu. A reportagem do BLOG NEY VITAL conversou com tia da atleta residente em Exu.

Elma Nubia Saraiva Ubirajara Magalhães. "No momento estou muito ansiosa, mas ao mesmo tempo entrego tudo nas mãos de Deus que sabe todas as coisas. Sinto-me privilegiada por ter uma pessoa da família num evento de porte mundial que é os os Jogos Olimpicos. O começo foi muito difícil. Mas eu tinha certeza que Flávia chegaria onde está. Estamos, nós e todos os brasileiros enviando boas vibrações", disse Elma.
Flávia sempre que tem umas férias costuma visitar Exu. 

Flávia começou cedo no esporte. Aos oito anos, costumava brincar de cabeça para baixo, o que chamou a atenção de uma de suas primas, que aconselhou a mãe da pequena: ”Coloque a sua filha na ginástica!”.

Pouco tempo depois, a menina já fazia parte de um projeto social da coordenadora da Seleção feminina, Georgette Vidor, o “Esporte para Todos”, da ONG Qualivida, que revela jovens ginastas, no Rio de Janeiro.

Nos Jogos da Juventude, na China, em 2014, ela conquistou três medalhas: um ouro no solo e duas pratas, no individual geral e na trave. Em Copas do Mundo, já subiu ao lugar mais alto do pódio cinco vezes. Em sua estreia olímpica, no Rio 2016, a atleta foi um dos maiores destaques da equipe. Classificada para a final da trave com a terceira melhor nota, acabou se desequilibrando e terminou em quinto lugar.

Detalhe: foi elogiada pela ginasta, medalha de ouro, a campeã Simone Biles dos Estados Unidos, disse que Flávia merecia a medalha de bronze. 

Este ano, Flávia Saraiva é a estrela da ginástica olímpica brasileira. Reportagens internacionais apontam que A veia persistente vem dos pais, nordestinos que deixaram o sertão para tentar a vida na capital carioca. O sonho de ser ginasta começou ainda pequena, quando assistia, pela televisão, a performance de antigas campeãs. 

O mundo esportivo vai assistir a arte de Flávia Saraiva e é certo que fi todos vão ficar encantados qual a melodia mais bela tocada lá alto da Serra do Araripe, na terra do seu pai, João Saraiva, do vento cantarino e de todos os brasileiros.
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O VAI E VEM DA ASA BRANCA: AGROECOLOGIA E SOBERANIA POPULAR SERÁ TEMA DE SEMINÁRIO

O Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial - PPGADT (UNIVASF/UNEB/UFRPE) vai realizar o 4º Seminário de Agroecologia e Desenvolvimento Territorial, nos dias 21, 22 e 23 de julho de 2021, em formato remoto com o lema: O vai e vem da asa branca: Conflitos, soberania popular e agroecologia no Sertão do Araripe.

Dentre as várias atividades, haverá três webnários com temas relativos à Agroecologia e Projeto Político Popular; Emergências Climáticas e Resiliências dos Agroecossistemas; e Danos Socioambientais e Resistências Culturais no Sertão do Araripe.

Na programação aborda também Carrossel de Experiências sobre as formas de resiliências construídas pela população local e Mesas de Diálogos para aprofundar temas como: Práticas populares e políticas públicas de saúde; Protagonismo das mulheres na soberania alimentar; Juventudes e sucessão rural no território do Araripe; e Construção do conhecimento agroecológico.

A inscrição pode ser feita através desse link: Link de inscrição para o Seminário PPGADT - https://tinyurl.com/UFRPE-PPGADT

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MISSA DO VAQUEIRO SERRITA, PERNAMBUCO. 51 ANOS DE FÉ

Em 2021, a Missa do Vaqueiro acontece no domingo dia 25 de julho, às 9h da manhã! Pelo segundo ano devido aos protocolos oficiais da pandemia, você assistirá a 51ª Missa do Vaqueiro no canal do youtube - Missa do Vaqueiro.  A missa tem coordenação de Helena Cancio/Fundação Padre João Câncio.

Compreender que a história vem se tecendo com a força da própria vida. E por isto, disse o cantador, escritor Virgilio Siqueira, daí não ser possível guardar na própria alma a transbordante força de uma causa. Daí não ser possível retornar, afinal, a gente nem sabe ao certo se de fato partiu algum dia...

“Tengo legotengo lengotengo lengotengo … O vaqueiro nordestino/morre sem deixar tostão/o seu nome é esquecido/ nas quebradas do Sertão ...Os versos ecoam pelo lugar, realçados pelo trote dos animais e o balançar natural dos chocalhos trazidos pelos vaqueiros. É música. É arte.

A música, a Morte do Vaqueiro, composta por Nelson Barbalho, ainda ecoa nos sertões brasileiros: Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

Cada arte emociona o ser humano e maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.


A viagem mais uma vez é o destino Serrita, Pernambuco, sítio Lages, ali um primo de Luiz Gonzaga, Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Realizada anualmente sempre no mês de julho, a Missa do Vaqueiro de Serrita tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga, criada com os amigos Padre João Câncio e Pedro Bandeira, violeiro.

Este ano a Missa do Vaqueiro de Serrita completa 51 ano. As celebrações serão virtuais devido ao decreto de pandemia que não permite aglomerações.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga, A morte do vaqueiro. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. 

Luiz Gonzaga queria mais. Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos, na época padre que ao ver a pobreza e as injustiças sociais cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão, para fazer do caso do vaqueiro Raimundo Jacó o mote para o ofício do trabalho e para a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Raimundo Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão dos vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas, como chapéu de couro, gibao, queijo, farinha e rapadura, ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. 

A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre. A Missa do Vaqueiro enche os olhos e coração de alegria e reflexões. O poeta cantador de viola, Pedro Bandeira, Falecido em agosto de 2020, era conhecido como o príncipe dos poetas populares do Nordeste, morreu aos 82 anos) e se fez  presente em todas as missas, nas últimas venceu o peso da idade e iluminava com uma mágica leveza rimas e versos nos improvisos da inteligência.

Pedro Bandeira é autor de centenas de músicas, entre elas a  “Graça Alcançada”, que veio a ser gravada por mais de 20 intérpretes e pode ser considerada o hino dos romeiros e das romarias em Juazeiro do Norte.  

Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas. Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado, composto por Janduhy Filizola é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção é que sinto na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros:

“Quarta, quinta e sexta-feira sábado terceiro domingo de julho/Carro de boi e poeira cerca, aveloz, pedregulho Só quando o domingo passa É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos".

E aqui um assunto místico: quando o gado passa diante do mourão onde se matou uma rês, ou está esticado um couro, é comum o gado bater as patas dianteiras no chão e chorar o "sentimento pelo irmão morto". O boi derrama lágrimas e dá mugidos em tons graves e agudos, como só acontece nos sertões do Nordeste!

Assim eu escutei e aqui reproduzo...(Texto: Jornalista Ney Vital)

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