UNEB: EXPOSIÇÃO LUIZ GONZAGA 30 ANOS DE SAUDADES PROSSEGUE ATÉ O DIA 02 DE AGOSTO

O artista plástico e memorialista Iranildo de Moura Leal visitou na terça-feira (23), a Biblioteca da Universidade do Estado da Bahia, Campus III, Juazeiro, Bahia. Iranildo é o pintor dos quadros que esta em exposição até o próximo dia 02 de agosto, no horário das 7hs às 22hs. 

A Exposição Luiz Gonzaga 30 anos de Saudades é promovida pela Biblioteca do Campus III e tem como objetivo manter um diálogo com a comunidade acadêmica, alunos e público em geral provocando o interesse pela leitura e saberes.

A EXPOSIÇÃO do artista plástico Iranildo Moura Leal é composta por sete quadros com pinturas sobre tela e retrata Luiz Gonzaga, o Rei do Baião e paisagens tipicamente sertanejas. Para o artista plástico Iranildo Moura a arte não é profissão é sentimento.

“É o desenvolvimento do interior que se torna universal e é como o amor ilimitado. Se a alma é arte então sou artista e agradeço a UNEB a oportunidade de mostrar o meu trabalho”, disse.

O bibliotecário e mestre em Ciência da Informação Regivaldo Silva (Régis) explica que as telas pintadas pelo artista plástico Iranildo Moura podem ser visitadas gratuitamente pelo público em geral.

“Primeiro em nome da diretoria da Uneb agradecemos a sensibilidade do artista Iranildo Moura. A proposta é trazer um pouco de conhecimento, cultura e arte para a UNEB. A Biblioteca produz  atividades além dos livros, da leitura que já oferecemos. Nosso objetivo é trazer histórias positivas do convívio com o sertão para que eles possam passar essas informações sobre os ícones da história a partir do Nordeste para a geração que hoje muitas vezes não conhece. Os filhos podem vir com os pais também. A ideia é conhecer os quadros", disse Regis.

Nascido em Petrolina Iranildo Moura teve a infância vivida na beira do Rio São Francisco.

Quando criança viveu no Povoado de Bem Bom, localizado em Casa Nova, Bahia. Ali entre os 8 anos e 12 anos conta que vivia olhando os barcos, os vapores que navegavam no rio São Francisco. "Entao comecei a pintar e fazer quadros. Expressar a natureza e a vida através da pintura", conta Iranildo.

Iranildo Moura foi homenageado no ano de 2012, durante festividades do Centenário de Luiz Gonzaga pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. Um dos quadros de Iranildo faz parte do acervo do cantor e compositor Roberto Carlos.

Através da EXPOSIÇÃO LUIZ GONZAGA 30 ANOS DE SAUDADE é possível uma viagem ao imaginário. Nele Luiz Gonzaga planta a sanfona entre nós, estampa a zabumba em nossos corpos, trancafia dentro de todos um triângulo e é imortalizado no registro de sua voz.

O visitante faz um passeio pela Fazenda Caiçara, local onde Luiz Gonzaga nasceu no dia 13 dezembro de 2012, no Povoado do Araripe, localizado a 12 km de Exu, Pernambuco. 

Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

Através dos quadros assistimos as cores da Casa onde morou o pai Januário, o tocador de 8 Baixos e Santana, a mãe cantadora das novenas. Já famoso um Luiz Gonzaga homenageando Lampião, seu ídolo. Um Lampião iluminando pela paz e poesia incapaz de cometer violência.

E por fim o Luiz Gonzaga e o Mandacaru, representando o verde e a resistência que sempre esteve estampado em seu peito abriganado o canto dolente e retorno dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. 

Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de agosto de 1989.
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MST PROMOVE 5ª FEIRA ESTADUAL DA REFORMA AGRÁRIA EM SALVADOR

Nos dias 25 a 27 acontecerá a 5° Feira Estadual da Reforma Agrária na Praça da Piedade, na cidade de Salvador, Bahia. A feira da Reforma Agrária leva para o centro da capital baiana  os produtos e produtores dos assentamentos e acampamentos do MST em todo o estado.

A diversidade de produção realizada nas áreas da reforma agraria do MST estará presente na feira formando um belo mosaico de produtos direto do campo.

São alimentos naturais e livres de veneno, produzidos pelas mãos de trabalhadoras e trabalhadores Sem Terra que visam a produção sem agrotóxicos na luta à favor da vida. 

Além de alimentos orgânicos e naturais a feira estará permeada de cultura, seja ela do campo com alimentos e produtores rurais ou com a diversidade cultural herdada pelas famílias, ou pela cultura da cidade. 
A ideia é fortalecer ainda mais a união entre campo e cidade e ao mesmo tempo proporcionar um pouquinho da vida da roça para a população de Salvador. 

Nessa data, os soteropolitanos terão a oportunidade de levar pra casa e saborear com sua família mais de 50 tipos de produtos do Extremo Sul, Baixo Sul, Sul, Recôncavo, Sudoeste, Oeste, Chapada Diamantina, Norte, Nordeste e São Francisco.

 A feira contará com espaço de plenária, promovendo diálogos entre campo e cidade, além da mística que estará presente em toda a feira.
Os debates ajudarão a pensar os rumos da produção de alimentos saudáveis , sem veneno e que valorize a vida, até os rumos da politica brasileira, além de discutir o fazer cultural e artístico seja ele no campo ou na cidade. 

Serão três dias de feira, e poderemos desfrutar de excelentes companhias, ótimas atrações, produtos inigualáveis e sentir o calor do povo do campo através da mística que estará envolta no espaço, que com certeza contagiará a todas e todos.

Por fim, apresentações artísticas buscarão resgatar a luta pela terra, com poesias e  atrações musicais que enfatizam o trabalho e a luta pela agroecologia.

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DOMINGUINHOS: SEIS ANOS DE SAUDADES DO DISCÍPULO QUE INOVOU A ARTE DO MESTRE

No dia 23 de julho de 2013 morreu Dominguinhos, nascido em 1941. Sanfoneiro, compositor, cantor, o músico de Garanhuns começou a carreira tocando pandeiro em um trio com os irmãos em feiras. 

Em 1948 tocou na porta do hotel onde estava hospedado Luiz Gonzaga, que o ouviu e ficou impressionado com o talento deles, tanto que deu a eles o endereço no Rio de Janeiro. Num caminhão de pau-de-arara, foi ao Rio de Janeiro e, em Nilópolis, Luiz Gonzaga virou padrinho de Dominguinhos e o presenteou com uma sanfona. 

Assim, Neném do Acordeón (era assim que se apresentava) virou Dominguinhos. O músico teve grandes parcerias ao longo da carreira, entre as quais Anastácia, com quem compôs mais de 200 músicas. Dominguinhos morreu em 2013. Ele tinha câncer no pulmão e morreu de complicações cardiovasculares.

Na mais tenra infância, José Domingos de Morais, o Dominguinhos, já tocava sua sanfona tão bem que, num sábado, sua mãe se aprontou, colocou o instrumento num saco, pegou o menino e ia saindo quando o pai perguntou: “Onde cê vai, Mariinha” e ela respondeu: “Vou ali”. “Ali” era a feira, explicou o músico em 23 de fevereiro de 1973.

-Quando chegamos, ele, Luiz Gonzaga tirou a sanfoninha de dentro do saco e disse: “Agora pode tocar”. Botamos o chapéu no chão e choveu tanta prata de um cruzado (cruzeiro) e quinhentos réis, que encheu o chapéu. — contou o sanfoneiro na ocasião.

O chapéu de couro cru de boiadeiro permaneceu para sempre na vida do menino, que, por mais de 60 anos continuou ganhando a vida da mesma forma: tocando sua sanfona para quem quisesse ouvi-la. Os palcos, entretanto, se tornaram muito maiores.

Nascido em 12 de fevereiro de 1941, logo cedo Dominguinhos começou a experimentar o instrumento do pai, seu Francisco, um dos melhores tocadores e afinadores de sanfona de Garanhuns, no interior de Pernambuco, a 230 quilômetros do Recife. Depois do sucesso na primeira apresentação, ele passou a tocar sempre que podia. Então, Dominguinhos teve um momento de sorte: Luiz Gonzaga, o rei do baião, viu uma apresentação sua em 1949, quando ele se apresentava em frente a um hotel da cidade.

— Tocamos, e no final o Gonzaga nos deu o endereço dele aqui no Rio e também 300 mil réis. Ora, a gente que vivia naquele tempo com quinhentos réis, um cruzado (cruzeiro), dez tostões, quase morremos de alegria com tanto dinheiro. Sabe, nós passamos muito tempo comendo daquele dinheiro. Foi uma coisa louca — afirmou o músico, que, no entanto, não pôde por muito tempo ir atrás do ídolo no Rio.

Em 1954, ele chegou a Nilópolis, na Baixada Fluminense, para morar com o pai e o irmão. O jovem músico lavou roupas, fez entregas em uma tinturaria, até que um dia decidiu ir ao endereço de Luiz Gonzaga e de lá, como o próprio Dominguinhos costumava dizer, não saiu mais. Era o início de uma parceria que iria durar até o fim da vida de Gonzagão, e que fez dele o mentor de Dominguinhos, que seria considerado seu sucessor musical. Gonzaga até sugeriu a mudança do nome artístico de seu protegido, que até então se apresentava como “Neném”:

— Ele me disse: “Rapaz, esse negócio de Neném é apelido que veio de casa, você já está crescido, que tal mudar para Dominguinhos?” — afirmou ao GLOBO em 14 de agosto de 2010.

Aos 16 anos, o recém nomeado Dominguinhos já acompanhava Luiz Gonzaga em shows e gravações. Um pouco depois, ele conseguiu um emprego na Rádio Nacional, onde tocou com nomes como Jackson do Pandeiro, Marinês, Genival Lacerda, Trino Nordestino, Jorge Veiga, Ciro Monteiro e outros. Em 1960, o menino do forró e do baião entraria fundo na MPB, e um pouco mais tarde, em 1965, conheceu Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Chico Buarque.

— Em 1972, compus com Anastácia “Eu só quero um xodó”. Gil ficou maluco pela música. Então, fui tocar na banda da Gal e do Gil, ele aprendeu o “Xodó” e tudo floriu — contou em entrevista de 21 de setembro de 2000, sobre o maior sucesso de sua carreira, composto com a parceira e mulher na época.

No mesmo ano, o empresário dos baianos, Guilherme Araújo, o convidou para fazer parte das apresentações de Gal e Gil no Festival de Midem, em Cannes, na França.

— O povo todo endoidou com o nosso ritmo e nossa espontaneidade. Não foi como os outros artistas que vieram com show montado, como o Isaac Hayes. — afirmou Dominguinhos na época.

O impacto do espetáculo em sua carreira foi imenso e ficou registrado em crítica de Sérgio Cabral, publicada no GLOBO em 25 de junho de 1976: “Se outro mérito não tivesse o chamado grupo baiano, o de ter tornado o sanfoneiro Dominguinhos um nome conhecido nacionalmente já contaria muitos pontos a seu favor”.

Em 2002, ele venceu o Grammy Latino de melhor álbum local, com o CD “Chegando de mansinho”. Em 2007, ganhou o Prêmio TIM na categoria de melhor cantor regional. No ano seguinte, esse mesmo prêmio o homenageou, numa cerimônia que teve convidados como Nana Caymmi, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Zezé di Camargo & Luciano, Ivete Sangalo e Vanessa da Mata. Em 2010, Dominguinhos ganhou o Prêmio Shell de Música pelo conjunto da carreira.

Na voz de Elba Ramalho (“De volta pro aconchego”), parceria com Nando Cordel ficou conhecida em todo o Brasil. Em 20 de março de 2005, Elba Ramalho disse sobre o amigo com quem lançara um disco:

— Ele é um dos maiores músicos do mundo, e não sou eu que digo isso, é Gil, Lenine, Chico, toda a música brasileira acha isso. Mas acho que há um descuido em relação à obra dele, que é um grande sanfoneiro, é um grande cantor, mas também é um grande compositor. Talvez seja um preconceito contra a música nordestina, de não reconhecer num sanfoneiro um grande compositor.

Dominguinhos faleceu, aos 72 anos, em 23 de julho de 2013, devido a complicações infecciosas e cardíacas, depois de passar meses internado no Hospital Síro-Libanês, em São Paulo, por complicações decorrentes de um câncer no pulmão, descoberto em 2006, deixando três filhos. 

Alguns dos maiores nomes da música brasileira, como Chico Buarque, Moraes Moreira, Elba Ramalho e Wagner Tiso divulgaram notas lamentando a morte do artista. No dia 25 de julho, O GLOBO publicou um artigo assinado pelo cantor e compositor Chico César chamado “É forró no céu, comandado por Gonzagão”, sobre a vida e a história de Dominguinhos. Na mesma edição, Moraes Moreira, o cantor, escreveu um poema especialmente para O GLOBO, chamado “Outrora foi o Gonzaga, agora vai Dominguinhos”.

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FALTA BIBLIOTECAS NAS ESCOLAS DE JUAZEIRO E PETROLINA

Em tempos em que a internet está literalmente na palma de nossas mãos, os livros estão cada vez mais de lado, principalmente entre crianças e adolescentes. A Lei de Universalização das Bibliotecas que determina que instituições de ensino tenham bibliotecas e acervo condizente, pode ajudar a reverter este panorama. Em 2020 termina o prazo para que todos os sistemas de ensino se adequem à norma.

A falta de espaços destinados à leitura em escolas brasileiras impede que os jovens desenvolvam gosto pela leitura. Em Juazeiro e Petrolina alunos estudam em escolas sem bibliotecas, equipamento básico para a formação educacional.

A redação deste Blog entrou em contato e aguarda retorno da Prefeitura de Juazeiro e Petrolina acerca da falta de bibliotecas nos municípios e se existe um Plano de Gestão prevendo bibliotecas estruturadas nas escolas da rede pública.

A reportagem deste Blog também constatou que em várias escolas públicas de responsabilidade do Estado o número de bibliotecas é quase inexistente. 

A lei de universalização das bibliotecas prevê a instalação de bibliotecas em todas as instituições públicas de ensino. No entanto, a lei está longe de ser realidade. A questão não atinge apenas Juazeiro e Petrolina, para a leitora e leitor compreender o tamanho do problema é necessário construir 45 bibliotecas por dia para chegar a 2020 com 100% de cobertura em todo o Brasil 

Juazeiro e Petrolina são carentes de bibliotecas. Especialistas e mestres ouvidos pela reportagem apontam que a carência de bibliotecas nas escolas é um reflexo do contexto sociocultural e do sistema de ensino adotado pelo Brasil.

O coordenador da Rede de Bibliotecas do Instituto Brasil Leitor (IBL), Gustavo Gouveia diz que a falta de incentivo à leitura atrapalha a formação de autonomia na aprendizagem. “Um aluno sem acesso a uma biblioteca fica impossibilitado de se habituar a esse espaço que concentra informações. Ele vai para a sala de aula, aos laboratórios, sempre coordenado, dirigido”, diz Gouveia.

Afastados do universo da leitura, os estudantes enfrentam deficiência que não se resumem à vida escolar, mas sim a toda a sua formação como cidadão.

A Lei da Universalização das Bibliotecas Escolares, determina que todas as instituições de ensino do país, públicas e privadas, deverão desenvolver esforços progressivos para constituírem bibliotecas com acervo mínimo de um título para cada aluno matriculado - ampliando este acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares.
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JAGUARARI: ESCOLA RURAL DA SERRA DOS MORGADOS ABANDONADA PREJUDICADA COMUNIDADE

Escolas que deveriam estar alfabetizando crianças estão abandonadas. Esta triste realidade é percebida para quem transita pelas bucólicas estradas rurais de Jaguarari, Bahia.

Neste final de semana o Professor da Universidade do Estado da Bahia, Juracy Marques, denunciou que  "é com tristeza que vemos as escolas do campo desmoronando!" 

O professor postou uma fota da Escola, da Comunidade da Serra dos Morgados. "Nela estudam dezenas de crianças. Hoje o teto dela veio ao chão e as crianças estão sem estudar. Peço aos meus amigos e amigas aqui do face que nos ajude a divulgar este descaso",

Juracy pediu empenho e uma ação urgente da Secretaria de Educação de Jaguarari e da Prefeitura de Jaguarari. " Veja esta situação com urgência. Muito triste por ver a forma com a educação na zona rural é tratada no nosso País, no nosso Estado e na nossa cidade, Jaguarari", finalizou o professor.

Juracy Marques é natural de Jaguarari (Bahia), é doutor em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), fez pós-doutorado em Ecologia Humana na Universidade Nova de Lisboa (UNL-Portugal) e em Antropologia pela UFBA. Atualmente é Professor Titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), onde é professor permanente dos mestrados de Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGECOH) e do de Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (PPGESA).

Ano passado foi divulgado pela “Expedição Catástrofe: por uma arqueologia da ignorância” que percorreu durante um ano centenas de cidades dos estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais — três estados com alta concentração de escolas rurais fechadas. 

A expedição denunciou que só em Minas, nos últimos anos foram fechadas 8.531, enquanto Goiás e Bahia perderam, respectivamente, 583 e 9.495 escolas rurais.

Nos últimos anos, o direito ao acesso à educação virou pauta do debate público graças à movimentação de estudantes secundaristas da rede pública contra o fechamento de suas escolas. A campanha “Não Fechem Minha Escola” acendeu as discussões em torno desse tema na sociedade civil e teve grande adesão nas redes sociais – seu perfil no Facebook soma mais de 200 mil seguidores.
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ELBA RAMALHO DIZ QUE LUIZ GONZAGA, JACKSON DO PANDEIRO E DOMINGUINHOS SÃO ESCOLAS DA MÚSICA

A cantora Elba Ramalho realizou apresentação em Garanhuns durante o Festival de Inverno Cultura de Garanhuns. Elba é a cantora que teve contato mais próximo com o reverenciado do festival, Jackson do Pandeiro. Em entrevista, a cantora lembrou que esteve com o artista um dia antes de sua morte, em 1982, e mesmo infartando, tudo o que ele queria era continuar cantando.

“Tudo o que fiz com Jackson foi maravilhoso. Ele era meu amigo mesmo. É uma experiência única ter cantado com ele. Até hoje eu o escuto e tento imitá-lo. Ele é uma escola, assim como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Temos que olhar com respeito, porque são pessoas que representam a nossa cultura. Fico muito feliz em ver isso atravessando os tempos. Não é uma moda que vem e depois passa”, comenta a paraibana, que antes de celebrar a memória do conterrâneo apresentou o show do seu mais recente disco, “O ouro do pó da estrada”.

O álbum, que conta com produção do pernambucano Yuri Queiroga, comemora os 40 anos de carreira de Elba. Mesmo ainda se recuperando de uma chikungunya, que contraiu no início deste São João, a cantora não deixou de lado a animação.

"Jackson não representa só a música nordestina e o forró, mas a música brasileira como um todo. Sem sombra de dúvidas, ele deu um passo à frente. Era um gênio, assim como Tom Jobim e João Gilberto", diz. 

A 29ª edição do festival celebra o centenário do paraibano em diversos momentos


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Fake news: Jornalistas devem redobrar os cuidados com o que produzem e publicam

Fake news é um tema que tem sido cada vez mais debatido, especialmente no mundo do jornalismo. De acordo com o jornal britânico The Telegraph, fake news são notícias falsas que podem existir por cinco motivos: com o intuito de enganar o leitor; como uma tomada acidental de partido que leva a uma mentira; com algum objetivo escondido do público, motivado por interesses; com a propagação acidental de fatos enganosos; ou com a intenção de fazer piada e gerar humor.

Embora alguns especialistas, como o jornalista Sérgio Dávila, afirmem que notícias falsas sempre tenham existido, é certo que sua disseminação nunca foi tão intensa quanto é hoje, com as redes sociais.

De acordo com Diego Iraheta, redator-chefe do Huffington Post no Brasil, as redes sociais e o universo informacional do século XXI facilitam o escoamento das notícias enganosas de uma maneira extremamente rápida e eficiente. Assim, com a propagação de reportagens tendenciosas e mentirosas crescendo cada vez mais, a democracia é ameaçada, uma vez que o acesso à informação é um direito do cidadão.

Fábio Zanini, editor da seção “Poder” da Folha de S.Paulo comenta o porquê das fake news terem ganhado importância nos últimos tempos. “Isso foi exacerbado, na minha avaliação, por dois motivos que, na verdade, caminham juntos: primeiro, as redes sociais, que democratizaram muito a geração de informação, o que é uma coisa positiva até certo ponto; e o segundo motivo é uma crescente polarização política em todo o mundo”, disse.

Com isso, o jornalista expressou sua opinião de que as notícias falsas são mais facilmente espalhadas através do Facebook e Twitter, por exemplo, e de que os interesses motivados por posições políticas podem intensificar a criação de fake news, com o objetivo de divulgar informações incorretas para convencer mais pessoas a adotarem um determinado ponto de vista.

Ivan Paganotti, doutor em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e pesquisador do MidiAto/ECA-USP, falou à reportagem sobre os efeitos das fake news nas sociedades democráticas. 

“Nos dados empíricos que temos sobre isso, é difícil colocar se já houve um impacto palpável sobre a democracia. Porém, a médio e a longo prazo isso cria uma desconfiança nas instituições. Se a gente perde a credibilidade nos meios de comunicação, que são um elemento importante na hora de compor a nossa democracia pelo fato de a esfera pública ser intermediada por esses meios, pelos quais os cidadãos se informam, estará sendo erodida uma parte importante da democracia. Isso vale também para os meios alternativos, como blogs e meios satíricos”, afirma.

No entanto, existem profissionais com uma perspectiva mais otimista. Eliane Scardovelli, repórter da Rede Globo, acredita que a disseminação de notícias falsas pode influenciar positivamente na postura dos jornalistas. “Eu penso que essa é uma grande oportunidade de a gente rever as nossas próprias práticas e tomar um cuidado redobrado em relação à apuração.

 Então, o bom jornalismo — que é o que vai atrás, que checa, e que não é declaratório, o jornalismo que comprova com dados e com fatos o que está acontecendo — é o jornalismo que ganha importância frente a essa onda fake news. Essa é uma oportunidade que nós, jornalistas, temos para mostrar que existem versões com respaldo na realidade. No fim das contas, acho que o que está acontecendo pode ter o efeito benéfico de estarmos sendo mais conscientes em relação às nossas práticas”, diz.

A difusão das fake news está associada a emergência da expressão pós-verdade. Martin Baron, editor executivo do jornal americano The Washington Post e jornalista retratado no filme vencedor do Oscar em 2016 “Spotlight: Segredos Revelados”, comentou o que julga ser a pior consequência trazida pelo universo da pós-verdade. 

“Bom, o problema real é se nós tivermos muito trabalho para obter os fatos e as pessoas não acreditarem neles. Se nós tivermos investido muitos recursos, tempo e dinheiro tentando encontrar os fatos e então as pessoas simplesmente os rejeitarem porque eles não concordam com as conclusões. Então essa é uma preocupação real com qualquer notícia agora. Que nós façamos o trabalho e então as pessoas automaticamente o rejeitem por não se encaixar no seu próprio ponto de vista preexistente”, constata.

Portanto, percebe-se que tanto as fake news quanto a pós-verdade podem trazer danos as mais diferente instituições, pessoas e direitos. Jornalistas, mais do que qualquer outra classe, devem redobrar os cuidados com o que produzem e publicam.

**Sabrina Brito é estudante de Jornalismo na USP.
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