CONGADO É FESTA DAS ALMAS E NECESSITA DE APOIO PÚBLICO, DIZ ANTROPÓLOGO

É preciso ir à festa para as quais se é convidado, para que os outros venham à sua, e que se retribua a presença dos convivas com alimentos apetitosos. Não se viram as costas para a santa ou o santo. Além disso, é bem capaz de você cruzar com alguém em uma rua, quando está na companhia dos companheiros, e o capitão se esquecer de como é a letra de determinada canção, e vocês terem que ficar parados no lugar, sem poder prosseguir.

Estas são algumas das regras do congado, manifestação do catolicismo popular, que pode se tornar patrimônio cultural do Brasil, com registro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e tem relação com a cultura dos bantos, da África. O congado que, por vezes, assume o nome de reinado, é prática comum no interior dos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, geralmente no segundo semestre, para não coincidir com festividades como a Folia de Reis e períodos religiosos como a Quaresma. Há, ainda, registros da festa congadeira no Nordeste do país.

Conforme explica o antropólogo Leonardo Henrique Cruz Machado, o congado ou congada tem forte relação com São Benedito e Nossa Senhora do Rosário e se destaca por não ser mediado por uma figura como o pároco. Uma imagem da santa teria surgido em uma pedra e, após a tentativa de várias pessoas, sido removida por um negro escravizado, quando ele tocou um instrumento de percussão. 

Há sete grupos de congado, sendo um deles principal o moçambique (ou maçambique), e eles se diferenciam pelas vestimentas que seus integrantes usam e outros elementos, como o tipo de música que entoam, ligado ao candombe. O maçambique, por exemplo, canta algo que soa como um lamento. Os grupos são chamados de terno, guarda ou corte, denominação que varia conforme a região.

Para sair às ruas, os grupos de maçambique usam branco. E algumas guardas escolhem colocar turbantes e saiotes. Outras, que, em geral, tocam músicas mais rápidas, vestem peças de roupa mais coloridas. Até mesmo o penacho tem seu lugar, às vezes, remetendo aos povos indígenas. "Todas têm sua importância, sua ritualística", pontua Machado, que deve exibir, no mês que vem, um documentário sobre o congado, viabilizado pela Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura.

Em relação às figuras e respectivas funções dentro de cada um dos grupos, o vilão apenas dança, não canta, e tem o papel de ir abrindo caminhos. Acompanham-no o capitão, com seu bastão, os bandeireiros, que, geralmente, são uma dupla de dançadores, e os caixeiros. (Agencia Brasil)

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