ANTÔNIO BARROS COMPLETA 93 ANOS DE NASCIMENTO NESTE SÁBADO (11)

O cantor e compositor paraibano Antônio Barros completa neste sábado (11) de março 93 anos de idade. Ao lado de Cecéu, companheira dele na vida e na música, a dupla compôs vários sucessos que ganharam o mundo nas vozes de Elba Ramalho, Fagner, Luiz Gonzaga, Gilbero Gil, Ney Matogrosso, entre outros artistas. Foram mais de 700 músicas.

No ano de 2019 tive a suprema alegria/emoção de compartilhar por algumas horas da presença de Antonio Barros, Ceceu e Mayra, a filha do casal. Antonio Barros que eu não conhecia pessoalmente, mas que foi responsável e isto falei para ele, foi alicerce e contribuiu para que eu fosse hoje pesquisador, jornalista que sou atualmente. Imaginei o menino lá da Paraiba que ouvia o ídolo no pé do Rádio.

Vivi 50 anos e o destino me proporcionou este encontro em Petrolina e Juazeiro, nas margens do Rio São Francisco.  Na maioria do tempo o ouvi. O brilho das palavras e lembranças faladas cantadas de um Toinho que conviveu e deu vida a centenas de músicas interpretadas por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Trio Mossoró, Dominguinhos, Ney Matogrosso e quase todas as estrelas da música brasileira.

As músicas de Antonio Barros embalou meu tempo menino adolescente através das ondas do Rádio. Adulto me fez pensar sobre o Nordeste e a importância de sua história. Eu ouvi certa vez um locutor dizendo que a música era  autoria de Antonio Barros. Logo fiquei a imaginar de onde viria tamanha grandeza humana para falar dos mistérios mais escondidos do ser humano, das paixões, desencontros, esperanças de uma chuva que está para chegar.

Hoje compreendi com a trajetória do tempo. Antonio Barros é um sopro de Deus, Poder Superior feito de Luz que deu de presente a este pedaço de terra, um Poeta. Poeta cidadão do mundo Antonio Barros.

Lembro que meu amigo Aderaldo Luciano numa carta endereçada ao cantador Beto Brito, relatou a certeza e vai colocar isso em um livro, "que Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel".

É por isto que todo dia às 18horas digo em prece: Antonio és um Sopro de Deus...Agradeço por tua existência e a cada letra, ritmo, melodia, harmonia que você alimentou por este Brasil afora. És alegria das Noites de São João, São Pedro e Santo Antonio. És luz. Antonio Barros fogueira luz acesa da grandeza da música que encanta almas e alimentas os seres humanos de Paz.

Ao olhar essa fotografia veio-me uma saudade e uma emoção desmedida. Lembrei-me de toda minha infância e adolescência, quando ainda respirávamos um pouco de inocência diante da vida. Minha geração e todos do meu ciclo vivemos norteados musicalmente pelos lançamentos das músicas de Antonio Barros e Cecéu. A primeira vez que ouvi É Lá, É Cá, É No Balanço Do Mar fiquei balançado. 

Os dois plantaram em mim o gosto pela música, apontaram-me o caminho da constância, a busca pela disciplina, o caminhar para a frente. Nesses tempos novos de tão pouca criatividade e de tão extensas caricaturas, o casal 1000 permanece intacto em sua excelência. Plantaram no Brasil os doces bordões: lembrem-se de Ney Matogrosso cantando Homem Com H. E foi assim a cada ano, a cada São João, a cada "assustado". 

Devemos muito aos dois e como agradeço ter vivido sob seu som, sob sua genialidade. Na fotografia estão abraçados e abraçando a seguidora, filha e ótima cantora Mayra Barros que gentilmente cedeu-me a oportunidade de escrever minha pequena homenagem. Serei eternamente grato. (*Fonte: Professor doutor em Literatura Aderaldo Luciano)

ANTONIO BARROS E CECEU-ANTONIO BARROS E CECEU: Quando Antonio Barros e Cecéu se encontraram em 1971, desde então formaram uma parceria no trabalho musical e no amor. Passaram a compor juntos e se tornaram um casal de sucesso. Levantando a bandeira de uma forte expressão artística no companheirismo do dia a dia, essa dupla se transformou num paradigma da cultura popular brasileira, pois nesse decorrer são cerca de novecentas músicas gravadas pela maioria dos intérpretes brasileiros, alcançando popularidade até no exterior, onde também suas músicas foram gravadas na Itália, Espanha, Portugal e Israel.

Homem Com H, Por Debaixo Dos Panos, Bate Coração, como também as famosas Procurando Tu, Casamento Da Maria, Sou O Estopim, Amor Com Café, Forró Do Poeirão, Forró Do Xenhenhém, Óia Eu Aqui De Novo; são algumas das canções que fazem parte do acervo de músicas autorais dessa dupla e gravadas por expressivos nomes da MPB como Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Dominguinhos, Gilberto Gil, Alcione, Ivete Sangalo, Fagner, Gal Costa, MPB-4 e os saudosos Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês.

Esses artistas consagrados que fazem parte da realidade e da história da música, conseguiram romper a regionalidade sem perder o sotaque. Na capital paulista, onde residiram uma longa temporada desde 1995, o casal apresenta seus shows com classe e charme através de seus inúmeros sucessos. Pelo Nordeste nas festas juninas a dupla consegue fazer o seu público cantar cada música de seu repertório completamente autoral. “A história e a música de Antonio Barros e Cecéu se mantém sempre em atividade. Exemplo disso é encontrar regravações e releituras de nossas músicas feitas por uma nova geração de artistas, não somente de artistas regionais, mas muitas vezes de artistas pops e DJs de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais que constantemente estão cultivando a nossa obra.” (Disse Antonio Barros)

ANTÔNIO BARROS nasceu em 11 de Março de 1930 na pequena cidade de Queimadas na Paraíba. Filho de Severino Barros da Silva e Luiza Rodrigues da Silva, estudou no Grupo Escolar José Tavares e a maior parte de sua infância foi vivenciada na zona rural. Quando sobrava tempo para brincar, costumava pegar uma lata vazia de 20 litros, colocava a cabeça dentro, batia do lado de fora com as duas mãos, fazendo ritmo, enquanto cantava para ouvir sua própria voz com efeito reverberado.

Aos dezenove anos de idade foi trabalhar como músico tocando pandeiro na rádio Caturité em Campina Grande-PB. Aos vinte anos, mais ou menos, foi para Recife-PE e na rádio Tamandaré deu continuidade ao seu trabalho como músico pandeirista. Foi nessa mesma época que escreveu sua primeira música e conheceu Jackson do Pandeiro, o qual se tornou um grande amigo do artista, apoiando-o na vida profissional.

A partir daí começou a gravar suas primeiras canções profissionalmente com Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda e Zito Borborema. Logo depois foi para o Rio de Janeiro e desenvolveu ainda mais seu ambiente no meio musical, onde passou a gravar também com Luiz Gonzaga, Marinês, Trio Nordestino e tantos outros.

Estando em Recife em meados da década de 50, Antonio Barros acompanhando o sucesso do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, compôs ESTRELA DE OURO, e num dos shows do artista na cidade, Antonio Barros foi se apresentar a ele, e lhe mostrar a música, de tema conveniente ao momento da carreira de Luiz Gonzaga. Pois conta: “Reinado e coroa, tudo isso o baião me deu. Estrela de ouro no meu chapéu, roupa de couro e gibão. Como um milagre caído do Céu, fizeram-me Rei do Baião…”

Quando Luiz Gonzaga começou a se consagrar ainda mais, dessa vez, gravando xaxado, fazendo emergir das escondidas manifestações populares dos cangaceiros a dança que contagiou o Brasil no final dos anos 50, a maioria dos artistas passaram agravar o ritmo xaxado.

Luiz Gonzaga já não era mais o único com a novidade. Foi então que Antônio Barros, compôs a música ÓIAEU AQUI DE NOVO, também de tema coerente com o que se passava em sua carreira, pois a letra diz “…Eu vou mostrar pra esses cabras que eu ainda dou no couro. Isso é um desaforo que eu não posso levar. Óia eu aqui de novo- cantando.  Óia eu aqui denovo- dançando.  Óia eu aqui de novo- mostrando, como se deve xaxar.” Essa foi gravada pelo Rei do Baião no disco intitulado pelo mesmo nome da música gravado em 1967. Regravada por Gilberto Gil, o texto poético dessa obra também foi alvo de uma das questões do Enem em linguística.

MARY MACIEL RIBEIRO “Cecéu”-Nasceu em 02 de Abril de 1950 na cidade de Campina Grande, na Paraíba. Filha de Severino Lourenço Ribeiro e Maria Maciel Ribeiro, estudou no colégio São Vicente de Paulo, bem próximo de sua casa no bairro do Catolé. Costumava ir à escola cantarolando várias músicas que gostava de ouvir no rádio às tardes enquanto trabalhava na mercearia de secos e molhados de seu pai.

“Mariêta ta, Mariêta ta, Mariêta ta, entalada com cajá…”, essa era uma das músicas que gostava de cantar, nem sabia que era uma composição de Antonio Barros que mais tarde viria a ser seu companheiro na vida e na profissão. Nem mesmo sabia que viria seguira carreira musical. No entanto Cecéu já produzia textos poéticos desde a adolescência.

Durante toda sua infância apreciou a arte musical, acompanhava as notícias e as canções de seus artistas favoritos como Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Demônios da Garôa, entre outros. Assim, influenciada pelo romantismo dominante dessa época, juntamente com Antonio Barros, vieram a compor ora juntos, ora separados, e foi que começou sua carreira profissional ao lado do parceiro musical e marido Antonio Barros.

Todo esse romantismo gerou o grande hit Bate Coração, até hoje uma das músicas mais solicitadas e usadas em campanhas publicitárias. Vieram em seguida Amor Com Café, Forró do Xenhenhém também gravadas pela Elba e Alcione e pela própria Cecéu.

Desabafo é também umas das canções de muita repercussão desde 1982 para públicos de todos os gostos, tendo sido regravada em ritmo eletrônico pelo artista brasiliense Fiakra, https://www.youtube.com/watch?v=gncoEj5kRLs , clipe lançado com milhares de visualizações.

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