HOJE É O DIA NACIONAL DA ABELHA

O Dia da Abelha, nacionalmente celebrado em 3 de Outubro, deve nos lembrar da importância destes animais simpáticos e fundamentais para a nossa própria sobrevivência. No resto do mundo foi estabelecido o 20 de Maio como Dia das Abelhas por ser a data do nascimento de Anton Janša, esloveno nascido no século XVIII que foi pioneiro na criação e uso de técnicas modernas apicultura.

As abelhas são responsáveis pela polinização de mais de 70 das 100 espécies de vegetais que fornecem 90% dos alimentos para um planeta habitado por sete bilhões de pessoas, segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), de Junho de 2014.

Nos últimos anos, estudos têm alertado sobre o desaparecimento das abelhas. Em um mundo sem abelhas, o homem não ficará apenas sem o mel e as flores. Ficará sem alimentos! A lista de frutas, vegetais e sementes que dependem das abelhas é longa: uva, limão, maçã, melão, cenoura, amêndoas, castanha-do-pará, entre outras.

Produtores de abelhas em todo o mundo, em especial nos Estados Unidos, relatam perdas entre 30 e 50% em suas populações de abelhas em colmeias. Em algumas regiões da China, elas já não existem mais. No Brasil, segundo o professor Osmar Malaspina, da Universidade Estadual Paulista (Unesp, Rio Claro, SP), responsável pela coordenação de um grupo de pesquisa sobre o comportamento das abelhas, 30 mil colônias de abelhas foram perdidas só no estado de São Paulo de 2008 a 2017. Em Santa Catarina, foram 100 mil apenas em 2011. Estimativas apontam para perdas anuais de 40% de colmeias no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.

Mas quais são as razões para o desaparecimento delas? A mais reconhecida é o amplo uso de inseticidas “neonicotinoides”, defensivos agrícolas utilizados em todo o mundo, que atingem o sistemas nervoso e digestivo dos insetos, provocando desarranjos em seus sistemas de navegação. As abelhas morrem intoxicadas ou perdem o caminho de volta, deixando a colmeia vazia. Em casos mais graves, elas não conseguem se alimentar e morrem de fome.

Além de pesticidas, outros fatores, como eventos extremos causados por mudanças climáticas, o desmatamento seguido pela ocupação do solo por extensas monoculturas (milho e trigo) e técnicas para aumentar a produção de mel podem ser responsáveis pelo distúrbio do colapso de colônias (fenômeno conhecido como CCD em inglês).

Diante deste cenário dramático, o Parlamento Europeu baniu alguns desses inseticidas.  Chama nossa atenção o fato das produtoras dos neonicotinoides serem as mesmas empresas que dominam hoje o mercado de produção de sementes transgênicas.

Porém, um cálculo essencial precisa ser levado em conta: cientistas estimam que no ano de 2007, por exemplo, o valor dos serviços ecossistêmicos de polinização em todo o mundo era calculado em US$ 212 bilhões. Além disso, é clara que a relação entre a diminuição das abelhas e a redução da produção de alimentos impactará radicalmente na lei da oferta e da procura, logo no aumento do preço dos alimentos.

No Brasil, está em andamento desde 23 de setembro de 2014, a Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). Um grupo de 75 pesquisadores de diversos países-membros do IPBES está fazendo uma avaliação global sobre polinizadores, polinização e produção de alimentos para identificar estudos necessários na área e, com isso, auxiliar os tomadores de decisão dos países a formular políticas públicas para a preservação da polinização e de outros serviços ecossistêmicos prestados por polinizadores.

Para quem é consumidor, ficam as dicas: mantenha-se informado, participe ativamente em fóruns de discussão sobre agrotóxicos e seus impactos sobre os polinizadores, se posicione quanto aos projetos de lei que vão mexer com nossa saúde e nosso bolso – e nunca se esqueça que somos totalmente dependentes do meio ambiente.

Ah! E no Vale do São Francisco o movimento já começou: em áreas de Caatinga, a Dra. Aline Andrade, vinculada ao Cemafauna/UNIVASF, em pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo), tem demonstrado que abelhas da tribo Euglossini ou abelhas das orquídeas, são capazes de dispersar até 30 km entre fragmentos florestais, demonstrando que a manutenção dos corredores ecológicos (verdes) são fundamentais para conservação e manutenção da variabilidade genética das espécies vegetais distribuídas de forma dispersa na Caatinga.
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