LUIZ GONZAGA O SANFONEIRO DA FÉ DO POVO DE DEUS

O nordestino tem uma fé religiosa que se exprime de muitas formas. A música de Luiz Gonzaga documentou romarias, novenas, procissões, promessas... Uma trajetória de fé e orações direcionada para ícones como o Padre Cícero e Frei Damião. A fé foi o tema do programa "O Reino Cantado de Luiz Gonzaga", da Globo Nordeste, que homenageou o legado do Rei do Baião, no ano do centenário do seu nascimento, em 2012.

A relação entre arte e ciência pode se concretizar de diversas formas, dentre elas,
através da produção musical. A música tem o poder de expressar os sentimentos, revelar a memória, conhecer as representações sociais, o contexto político e o imaginário popular, além da capacidade de dialogar com o conhecimento histórico.

Neste sentido, as músicas cantadas por Luiz Gonzaga merecem destaque, pois tratam de temas tipicamente do nordeste brasileiro, como a cultura e a fé em relação à seca e às suas experiências. As secas constituem uma realidade presente, atuante nos dias de hoje, como no passado.

Lembrei isto nesta madrugada, no silêncio do dia que inicia a Semana da Pascoa onde me parece que o nordestino reza com mais Fé.

O professor Gilbraz Souza lembra que nosso país teve uma colonização europeia e uma evangelização católica e uma tradição mais oral do que escrita. "Por exemplo, a bíblia não era lida na nossa língua. As pessoas tinham que se valer dos seus próprios meios para transmitir histórias através de contos, loas e benditos. Então não era uma igreja de padres com livros, mas de lideranças carismáticas que usavam da sua intuição religiosa para distribuir bênçãos, fazer rezas e contar histórias edificantes", explicou.

Frei Damião foi um dos ícones cantados por Luiz Gonzaga. "Quando Luiz Gonzaga canta 'Frei Damião, onde andará Frei Damião?', esta frase mexe com o coração do romeiro", diz o romeiro Josenildo Sales.

"Minha mãe era muito religiosa. Batizava, dava extrema unção. Todas as segundas eu ia com ela e as amigas para o cemitério rezar o Terço das Almas", conta a cantora e compositora Bia Marinho.

A rezadeira Julieta Silva diz que aprendeu o ofício com a mãe aos seis anos de idade. "É a fé quem cura. Se não tiver fé, não tem resultado", afirma.

Para o pesquisador Francisco Irineu, a influência da religiosidade vem de antes do nascimento. "Meu pai, devoto de São Francisco das Chagas do Canindé. Então todos nós, meus irmãos e minhas irmãs, somos 'Francisco' e 'Francisca'", conta. Para ele, Luiz Gonzaga foi o maior protagonista do povo simples e religioso. "Ele difundiu para o mundo a cultura daqueles que sofrem e sobrevivem na fé", argumenta.
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