GARANHUNS: GONZAGUEANOS RELEMBRAM A BUDEGA DE ZÉ

Fui um dos homenageados na edição 2015, onde recebi o "Troféu Viva Dominguinhos Amizade Sincera". Na oportunidade o professor e um dos coordenadores do evento Antônio Vilela, membro do Instituto Histórico Cultural de Garanhuns, Pernambuco explicou que  os indicados ao prêmio Troféu Viva Dominguinhos foram escolhidos pelos relevantes serviços prestados a cultura brasileira e conhecimento da vida e obra de Dominguinhos.

O Troféu foi entregue pelo prefeito de Garanhuns, Izaías Régis. Os contemplados foram o radialista Geraldo Freire, o jornalista Ney Vital; Wilson Seraine, professor universitário e radialista; o cantor e radialista Zezinho de Garanhuns; o colecionador Paulo Wanderley; o ex-prefeito Ivo Amaral; o proprietário da casa de eventos Arriégua, professor Luiz Ceará; o cantor e compositor Waldonys; o filho de Dominguinhos, Mauro Moraes; José Nobre, proprietário do Museu Luiz Gonzaga de Campina Grande; Marcos Lopes, proprietário do Forró da Lua Natal-RN, e a secretária de Cultura, Cirlene Leite.

Na oportunidade o sanfoneiro e amigo Jadson Alves, o Matuto do Forró me apresentou a Luiz de Barros Silva Neto – mais conhecido como Neto – jovem empreendedor movido pela busca de sempre inovar e surpreender seu público. Ele é o gerente, proprietário da Cachaçaria A Budega de Zé, localizada em Garanhuns, Pernambuco, uma referência na cidade, berço do sanfoneiro Dominguinhos. Alie-se a temática da Cachaçaria a beleza cultural e turística presente em Garanhuns.

A cachaçaria foi criada pelo saudoso Zé de Barros. Zé de Barros era torcedor do Náutico. Se vivo fosse Zé de Barros estaria festejando hoje mais um aniversário. Teria sanfona e zabumba"

Depois da morte de "Seu Zé", a sua "ida para o Grande Sertão da Eternidade", o  filho, Neto, prossegue a tradição da cachaçaria e oferece novos e exclusivos produtos no mercado, aliado ao atendimento da gastronomia, que vai da carne de sol aos mais refinados pratos. A cachaçaria serve mais de 199 rótulos de sabores de cachaça de primeira qualidade. Vai do gengibre, pimenta a rapadura. Todas deliciosas.

A Cachaçaria é líder no segmento restaurante/bar, sendo reconhecidos como as melhores opções de lazer e gastronomia brasileira em Garanhuns. O ambiente reúne culinária de excelência, diversidade de bebidas e produtos exclusivos e uma arquitetura rústica...A Cachaçaria Budega de Zé é um espaço cultural, os amigos, visitantes, clientes e turistas escutam no ambiente forró do bom, pop, e até rock. (Texto Jornalista Ney Vital)

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II FÓRUM DE POTENCIALIDADES TURÍSTICAS DE EXU DO GONZAGÃO ACONTECE NESTA QUINTA-FEIRA (18)

Acontece nesta quinta-feira (18), o II Fórum de Potencialidades Turísticas de Exu do Gonzagão. O evento terá inicio às 18hs no auditório do Colégio Barbara de Alencar.

A secretária de Cultura, Turismo e Desportos de Exu, Isa Apolinário aponta que o turismo em Exu fortalece toda a rede da economia criativa do turismo e cultura, com a inclusão de todos os setores. 

Durante a solenidade será entregue os Títulos de Mestres da Cultura Exueense, apresentação das Rotas Turísticas, Criação Trade Turístico e a entrega do Estudo Impacto Econômico e Social no Festival Viva Gonzagão, além do Inventário Turístico.

Em 2022, o Governo Federal, por meio do Ministério do Turismo, divulgou o novo Mapa do Turismo brasileiro – instrumento que reúne municípios que adotam o turismo como estratégia de desenvolvimento e identifica necessidades de investimentos e ações para promoção do setor em cada região turística do país.

Na lista Exu (PE), no Sertão do Araripe, foi certificado no roteiro do atual Mapa do Turismo.

A secretária de Cultura, Turismo e Desportos de Exu, Isa Apolinário, avaliou que o processo para chegar ao Mapa de Turismo brasileiro é uma ação de muito trabalho e empenho. 

Exu é privilegiada pela sua diversidade cultural e abraçada pela exuberante beleza da Chapada do Araripe.

"Exu, terra de Luiz Gonzaga e da mulher revolucionária Barbara de Alencar é um dos mais exuberantes patrimônios da cultura brasileira. A Chapada do Araripe, o forró, baião são riquezas culturais. Venha conhecer Exu e se já conhece venhar rever estas riquezas turísticas e culturais", finalizaou Isa.

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A QUEM INTERESSA USINAS NUCLEARES NO BRASIL

Nada discretamente, poderosos grupos lobistas, nacionais e internacionais, pressionam o governo federal e a sociedade brasileira para aceitarem a necessidade de expansão de usinas nucleares no país utilizando justificativas falaciosas e mentirosas. São conhecidos personagens e empresas que sempre boicotaram as fontes renováveis de energia, e retardaram a entrada em operação das tecnologias solares e eólicas no país. Defensores das termelétricas a combustíveis fósseis e da eletricidade nuclear desprezam os interesses nacionais, em detrimento dos interesses econômicos, pessoais e empresariais.

Afirmar que a energia elétrica produzida por materiais radioativos é "energia verde"; "energia limpa"; que é mais barata que outras formas de geração; que riscos de acidentes inexistem; que os resíduos das reações nucleares (conhecidos como "lixo atômico") podem ser armazenados com segurança por milhares de anos; que o país precisa desta fonte energética para evitar apagões futuros é desconhecer a ciência.

Essas inverdades têm a intenção de buscar a aceitação popular para uma fonte de energia perigosa, suja e cara. Não esqueçamos que mentir é um ofício destes grupos, cujo único objetivo são os negócios, os interesses econômicos, pouco se lixando para a soberania nacional, para a população que acaba sofrendo com as decisões completamente equivocadas na política energética nacional.

No governo do atraso foi indicado para ministro de Minas e Energia (MME) um almirante de Esquadra da Marinha. Aquele mesmo, envolvido no cabuloso negócio do contrabando das "joias das arábias" (https://www.ihu.unisinos.br/categorias/627478-usinas-nucleares-joias-das-arabias-e-outros-trambiques-artigo-de-heitor-scalambrini-costa), que em 16 de dezembro de 2020, aprovou e anunciou o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE50), cuja determinação é a expansão do parque de geração nuclear no Brasil em 8 GW e 10 GW, nos próximos 30 anos.

Assim, o planejamento prevê fazer investimentos bilionários em um setor marcado pela polêmica e por conflitos socioambientais. Documentos oficiais apontam que o Governo Federal pretende expandir o número de usinas e abrir o setor para a iniciativa privada, sendo que atualmente a Constituição Federal veda esta possibilidade. Embora defendida como uma medida ambientalmente sustentável, a cadeia da energia nuclear no Brasil tem um histórico marcado por um rastro de contaminação, graves acidentes e mortes.

Quando nos referimos à cadeia produtiva da geração nuclear, estamos falando das várias indústrias envolvidas na produção do combustível atômico. Da mineração, do beneficiamento do minério, do enriquecimento do urânio, da fabricação do combustível e do armazenamento do lixo letal. É neste contexto que temos que discutir e afirmar, categoricamente, que esta tecnologia não interessa ao país.

O Brasil possui duas usinas em operação atualmente: Angra 1 e Angra 2, instaladas no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro, com potencial de geração de 2 mil megawatts. E a usina inacabada de Angra 3, iniciada em 1985, cujos equipamentos já foram comprados e são absolutamente obsoletos, frente à evolução tecnológica. Acabar este elefante branco significa investimentos de aproximadamente 17 bilhões de reais. 

A potência instalada e a geração de energia das duas usinas em operação são desprezíveis quanto à participação na matriz elétrica nacional. Em nada contribuem para a transição energética, nem para a segurança energética do país. São unidades que já ultrapassaram suas vidas úteis e são conhecidas como "vaga-lumes" devido às interrupções frequentes no fornecimento de energia, e dos inúmeros problemas técnicos e operacionais cuja frequência escalou desde 2023. Uma grande irresponsabilidade que ainda estejam em funcionamento.

Todavia, os lobistas de plantão - com espaço e palco concedidos para suas mentiras e enganações pela grande mídia corporativa - têm aliados poderosos no meio militar que almejam construir a bomba nuclear. São evidentes tais interesses nas declarações de seus comandantes e em acordos internacionais realizados. Dizem que ter a bomba é essencial para a segurança nacional. Pura balela. Vivenciamos hoje, segundo Papa Francisco, que o mundo está à beira de uma guerra nuclear, e a pergunta que não quer calar é "e nossa bomba tupiniquim teria qual efeito apaziguador, diante de um histriônico presidente à frente de uma nação detentora de tal artefato desprezível?

O que é escondido da população é que acidentes em usinas nucleares acontecem com muita mais frequência do que os conhecidos, e divulgados. Geralmente não chegam ao domínio público, não são revelados a população. Assim, é impositiva a pressão da sociedade sobre parlamentares, gestores das estatais e governo federal para a realização do urgente e inadiável debate público sobre a política nuclear brasileira, alvo frequente de auditoria e advertências do Tribunal de Contas da União.

Heitor Scalambrini Costa- Professor associado aposentado da Universidade Federal de Pernambuco. Graduado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP), Mestrado em Ciências e Tecnologias Nucleares na Universidade Federal de Pernambuco (DEN/UFPE) e Doutorado em Energética, na Universidade de Marselha/Comissariado de Energia Atômica (CEA)-França. Membro da Articulação Antinuclear Brasileira.

Zoraide Vilasboas -Jornalista, Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania e integrante da Articulação Antinuclear Brasileira.
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DIA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DO SOLO É COMEMORADO NESTA SEGUNDA-FEIRA (15)

Neste 15 de abril - Dia Nacional de Conservação do Solo - o Brasil tem pouco a celebrar, já que não avançou no compromisso assumido internacionalmente de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa. Dados da plataforma do Observatório da Restauração e do Reflorestamento apontam que o país possui hoje pouco mais de 79 mil hectares da sua cobertura vegetal original recuperada. Isso significa que menos de 1% da meta foi atingida.

Somado a isso, nos últimos anos o desmatamento e a degradação avançaram sobre os biomas brasileiros. De acordo com levantamento da MapBiomas, entre os anos de 2019 e 2022, o Brasil perdeu 9,6 milhões de hectares de vegetação nativa.

Segundo a diretora do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Fabíola Zerbini, esse cenário fez com que desde janeiro de 2023 o governo iniciasse uma revisão das metas e políticas públicas para o setor, não apenas para que o Brasil possa cumprir com os acordos firmados para conter os avanços da crise climática, mas principalmente para que as propriedades rurais privadas e o próprio Estado fiquem regulares em relação à legislação ambiental.

“O horizonte de passivo do Código Florestal - somando área privada e pública - está em torno de 25 milhões de hectares de vegetação nativa que precisa ser recuperada. A gente entende que desses 25 [milhões], aproximadamente nove podem ser compensados, ou seja, o produtor decide que vai proteger uma área que está conservada, e a gente vai recuperar algo em torno de 14 milhões, que é a meta atualizada, mas lembrando que a oficial é pelo menos 12 milhões de hectares,” disse Fabíola. (Agencia Brasil)

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PADRE CÍCERO E OS CONSELHOS PARA AGRICULTURA SUSTETÁVEL

Considerado por muitos como o santo padroeiro do povo nordestino, o Padre Cícero Romão Batista (1844 – 1934) é uma das figuras mais lendárias do Nordeste. Fundador do Juazeiro do Norte cidade no sul Ceará, Padre Cícero foi deputado federal, prefeito e vice-governador do estado, porém sua fama de santo milagroso é o que mais marca na história desse religioso muito homenageado na famosa Romaria de Finados, que reúne milhares de devotos todos os anos.

No entanto, para quem decide investigar mais profundamente a história de Padre Cícero, outras revelações surpreendem, como os preceitos e lições deixadas pelo líder religioso, relacionadas à preservação da Caatinga e o jeito de viver no sertão. São onze recomendações de ordem ambiental que certamente estão bem atuais para os tempos de discussões sobre os problemas climáticos e de devastação de ecossistemas que afetam este bioma e sua biodiversidade.

O professor Vasconcelos Sobrinhos, um dos maiores pesquisadores da Caatinga, muito contribuiu com a divulgação desses preceitos do padre Cícero ao longo dos anos. Assim como Sobrinho, Daniel Walker, professor da Universidade do Cariri, tem publicado em livros e artigos comentados, essas sábias palavras proferidas pelo “santo dos nordestinos” 

“Numa observação um tanto apurada dos ‘Preceitos do Padre Cícero”, observa-se no geral, uma lógica relacionada aos conteúdos da proposta de Convivência com o Semiárido, que sugere não somente uma prática produtiva adaptada à realidade climática, como também um manejo ecológico dos solos, das águas, das plantas e de toda a natureza desse ambiente aparentemente frágil, mas com condições de proporcionar uma vida digna para o povo da região.

Os “Preceitos do Padre Cícero” se encaixam perfeitamente nas linhas gerais do Projeto Recaatingamento, executado pelo Irpaa com patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, principalmente nas orientações sobre práticas produtivas, recuperação da Caatinga, conservação dos recursos naturais e de toda a biodiversidade deste rico bioma. São “Preceitos do Padre Cícero”:

1. Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau;

2. Não toque fogo no roçado nem na caatinga;

3. Não cace mais e deixe os bichos viverem;

4. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer;

5. Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza;

6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;

7. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta;

8. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só;

9. Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;

10. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gato melhorando e o povo terá sempre o que comer;

11. Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai vivar um deserto só. (Fonte IRPAA)

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PRECEITOS ECOLÓGICOS DO PADRE CÍCERO DO JUAZEIRO

No Cariri, há mais de cem anos, quando ninguém falava em Ecologia, o Padre Cícero – como extraordinário homem de vanguarda que foi – se antecipava e ensinava preceitos ecológicos aos romeiros.

Eram coisas simples, mas que surtiam um grande efeito. Essa iniciativa hoje largamente disseminada no Nordeste, foi elogiada por muitas autoridades, como, por exemplo, Dr. Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente, o qual, em artigo publicado no jornal O Globo (19.01.94) disse que Padre Cícero “pregou em pleno sertão nordestino a palavra que hoje a consciência ambiental a duras penas começa a inscrever na nossa visão de mundo. Muito antes de que se realizasse a I Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, em 1972, ele teve essa percepção aguda de algo que constitui antes de tudo um interesse legítimo, identificado por quem está  próximo da realidade”.

Padre Cícero deu, portanto, o primeiro passo… há mais de cem anos! Foi, na verdade, um pioneiro da ecologia no Cariri. Pode-se dizer que ele prestou uma importante contribuição para alicerçar a Educação Ambiental no Nordeste.

Os preceitos ecológicos que aqui estão transcritos não foram transmitidos exatamente assim pelo Padre Cícero. É sabido que ele se dirigia diariamente aos romeiros que se postavam à janela da sua casa para ouvir conselhos e que muitos conselhos também eram dados através de cartas. Coube ao falecido ecologista, engenheiro agrônomo J. Vasconcelos Sobrinho, a iniciativa de ordenar os conselhos de Padre Cícero na forma de decálogo ecológico como hoje eles são conhecidos e divulgados.

PRECEITOS ECOLÓGICOS DE PADRE CÍCERO

1. Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau.

2. Não toque fogo no roçado nem na caatinga.

3. Não cace mais e deixe os bichos viverem.

4. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer.

5. Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza.

6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

7. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

8. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só.

9. Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca.

10. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá o que comer. Mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Fonte: Blog do Padre Cícero – Daniel Walker-morreu em 2019, foi professor jornalista, historiador 



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MEMÓRIA: 150 ANOS DA CHEGADA DO PADRE CÍCERO A JUAZEIRO DO NORTE

O dia 11 de abril de 1872, uma quinta-feira, exatamente 150 anos atrás, chegava para fixar residência definitivamente no povoado do Joaseiro o sacerdote Pe. Cícero Romão Batista. Ele veio da cidade do Crato na companhia de sua mãe, Joaquina Vicência Romana (Dona Quinô), suas irmãs Angélica Romana Batista e Maria Angélica Batista (Mariquinha) e a senhora Tereza Maria de Jesus (Terezinha ou Teresa do Padre). A primeira casa que foi morar localizava-se na Rua do Arame, depois chamada Rua Grande e, atualmente, Rua Pe. Cícero, número 130. A vila do Joaseiro continha aproximadamente 32 casas e um pequeno contingente populacional nesta camada do interior cearense. 

 Que ensinamentos podemos aprender desse fato histórico da vida do Pe. Cícero e do Juazeiro?

 Em primeiro lugar, Pe. Cícero é um homem de decisão. A escolha em morar no lugar pequeno e inexpressivo na cena política e geográfica do Ceará representou um sinal de desprendimento e humildade. Ele foi motivado por um sonho no qual Jesus lhe apresentou um bando de camponeses miseráveis, famintos e desvalidos, vindos dos confins dos sertões, e fixando o olhar, exclamou: “E, você Cícero, toma conte deles”. O Pe. Cícero levou a sério o sonho e tomou consciência da sua missão de acolher e amar esse povo. 

 “Se acordou na certeza de que o Senhor, 

Lhe botava para ser nesse caminho,

o padrinho do povo sem padrinho

 e o pastor das ovelhas sem pastor” (Poema de Geraldo Amâncio).

 Outro importante aspecto dessa história é que o Pe. Cícero não veio sozinho, mas trouxe consigo a mãe viúva, as irmãs órfãs e uma senhora que vivia com a sua família. Esse gesto revelou o cuidado, o amor e o senso de responsabilidade com sua família. 

 A atitude de estabelecer morada no pequeno povoado significou abandonar o desejo de ser missionário na China ou mesmo o projeto de ser professor no seminário da prainha em Fortaleza. O início do apostolado do Padre Cícero no lugarejo marcado por rodas de samba, consumo de álcool e prostituição consistiu no trabalho árduo, firme e forte atuação moralizadora de fazer as pessoas abandonarem os antigos vícios e pecados, e ficarem próximos a religião cristã. Com os ensinamentos e conselhos do Pe. Cícero, Juazeiro reencontrou o caminho da concórdia, da paz e da ordem, pautando a vila pela oração e pelo trabalho. 

O vilarejo começa a receber centenas de pessoas, tornando-se o lugar mais populoso dos sertões. Há uma multiplicação de famílias que, provenientes de outros estados nordestinos, vieram residir no povoado, desenvolvendo as atividades do comércio, da agricultura e do artesanato. A casa do padre era o abrigo dos pobres necessitados que ali vinham em busca de alimento, ajuda financeira e trabalho para fixar morada em Juazeiro. Este crescimento da população, aliado à produção de bens e à criação do comércio artesanal, estimulado pelo Padre Cícero, transformou a cidade num lugar de atração econômica de muitos que recorriam a Juazeiro, alimentando a esperança de encontrar a redenção e sustentabilidade de suas vidas. Além do mais, os admiradores e devotos do padrinho Cícero atribuíam  e reconheciam esse território como sagrado, projetando o sonho e desejo da salvação eterna. 

 A memória dos 150 anos da chegada do Pe. Cícero no Juazeiro é momento de gratidão e reconhecimento da sua generosidade, dos seus ensinamentos e das  suas virtudes de compaixão, ternura, paciência, dedicação e amor aos pobres. Ele colocou suas mãos no Juazeiro e hoje colhemos bons frutos.  Que o nosso padrinho Cícero seja inspiração e referência para nós reconstruirmos esse lugar de fé e trabalho nos dias atuais, na promoção da cultura de paz, na defesa da justiça social, na vivência da solidariedade e no respeito a dignidade da natureza e de todo ser humano. 

 OBRIGADO MEU PADRINHO CÍCERO! 

José Carlos dos Santos, professor de Filosofia da Universidade Regional do Cariri (URCA) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE) e doutorando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

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