DISTRITO DE JUREMAL: BELEZAS E RIQUEZAS DA DIVERSIDADE DA CAATINGA

A caatinga é um ecossistema único, encontrado no sertão nordestino. A palavra caatinga, é indígena, de origem tupi, e quer dizer "mata branca", "mata rala" ou "mata espinhenta". Muitas das plantas da caatinga têm capacidade de reter água no caule e nas folhas, o que acaba servindo para matar a sede de pessoas e animais quando a seca se prolonga muito.

O BLOG NEY VITAL se embrenha numa série de reportagens pelo interior de Juazeiro e chega nos Distritos para mostrar as suas belezas e ouvir também as reivindicações dos moradores. O distrito de Juremal é nosso primeiro destino. Distrito Juremal distante cerca de 40 km da sede de Juazeiro.

O morador, funcionário público, Rinaldo José do Nascimento, conhecido por "Seu Pora, diz que antigamente o nome era Jurema. Ele mostra com orgulho a "antiga estação de trem de Juremal. Detalhe: a Estação foi a primeira em que a caixa de água era usada para abastecimento das locomotivas atendia até duas ao mesmo tempo, por possuir um sistema subterrâneo de abastecimento, ao invés de ser o comum direto da caixa d'água."

Nos arredores do Distrito, está localizada a Fazenda Lajes, Maravilha e Altamira. Nestes pedaços de terra o sertão se faz presente qual nas escritas da literatura brasileira. Beleza, cores e sons se misturam. Problemas e soluções ambientais tambémm gritam, pedem socorro.

"Seu Pora", mostra que com a chuva e a conservação é possível observar as cores das árvores caraibeiras, pau de colher, quixabeira, juazeiro, ouvir o canto dos pássaros Sabiá, Caboré e Juriti. "Aqui as árvores são resistência e mostra toda exuberância da natureza vencendo todas as dificuldades em sua maioria postas pelo homem", diz.

Rinaldo mostra um cacimbão que possui mais de 100 anos no local e que ainda possui água. Mas a caatinga também dá sinais de perigo. Batizado pelo escritor brasileiro Euclides da Cunha (1866 - 1909) como a "árvore sagrada do Sertão", o umbuzeiro corre risco de extinção no semi-árido brasileiro. Não há exagero. 

A reportagem fotografou o Umbuzeiro morrendo. 

O umbuzeiro é uma espécie ameaçada de extinção, embora oficialmente não seja considerada ameaçada pelo governo brasileiro.

Esse alerta, é referenciado pelo agronomo José Wilson Chaves, o Chaveco, também criador de bode na região. Ele diz que na caatinga praticamente não existem novas plantas de umbuzeiro e a história mostra anos de exploração da caatinga que agora revela a morte de alguns pés de umbuzeiros.

As espécies de árvores encotrandas nos arredores do Distrito de Juremal têm entrre 50 a 100 anos de idade. "Por isto estamos com um projeto de plantio da árvore caraibeira, angico, juazeiro, mulungu e conscientização ambiental é essencial neste momento. Plantar árvores se faz necessário para garantir o futuro e conservação da caatinga', diz.

A proposta é bem recebida pelo empresário Italo Lino de Souza que pretende fazer um reflorestamento numa área plantando árvores nativas da região.

Para o autor do livro A Flora das Caatingas no Rio São Francisco, o principal problema que ameaça a espécie de arvores é a criação inadequada de bodes, cabras e ovelhas no nordeste – região que, segundo o professor, detém o maior rebanho do Brasil. Como muitos animais são criados soltos na caatinga, comem as plantas recém-germinadas – o que faz com que as espécies mais jovens desapareçam.

José Alves aponta que, para evitar a extinção do umbuzeiro, os animais precisam ser mantidos em ambientes mais confinados. O pesquisador ainda alerta que, se as comunidades não mudarem a forma de criação de ovinos e caprinos, a preservação do umbuzeiro, corre um sério risco.

O professor e pesquisador da cultura popular nordestina, Genivaldo Nascimento, diz que o umbuzeiro faz parte do universo sagrado do sertanejo. “Quando o sertanejo vê uma planta dessa secando traz angústia e tristeza e isso acaba interferindo no sentimento de pertencimento em relação a região e em relação a Caatinga”.

O umbuzeiro consegue armazenar até 1.000 litros de água nas raízes. O biólogo e especialista em fisiologia de plantas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Saulo de Tarso Aidar, explicou na reportagem em 2016 para o Globo Rural que as plantas tiveram que usar as reservas de água e por isso muitas chegaram a morte. “Os últimos anos houve menos chuva que o normal e talvez tenha sido muito abaixo da condição que a planta precisa para sobreviver. 

O agrônomo e especialista em plantas da Caatinga, Francisco Pinheiro de Araújo, revela que a morte dos umbuzeiros pode interferir nas produções do futuro. “Essas plantas estão morrendo e não estão deixando descendentes, o que é muito grave isso. Porque isso vai comprometer a produção atual, e com as mortes das plantas, as produções futuras, porque não tem plantas novas na nossa Caatinga”, ressalta.


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ARTICULAÇÃO SEMIÁRIDO FAZ CARTA ABERTA E DENÚNCIA GOVERNO FEDERAL: PROGRAMA CISTERNAS ESTÁ PARALISADO

Ao final de mais um ano da atual gestão do governo federal, a Articulação Semiárido brasileiro (ASA) não implementou as 4.047 tecnologias que guardam água das chuvas para consumo humano e para produção de alimentos que beneficiaria número igual de famílias.


 A construção destas 4.047 tecnologias sociais, a maioria cisternas, estavam previstas no contrato que a Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), instituição que faz a gestão física e financeira dos programas da ASA, assinou em dezembro de 2019 com o Ministério da Cidadania.

Ao ser questionado por meios de comunicação nas últimas semanas, a reposta do governo tem colocado a pandemia como justificativa central. Mas, para a ASA, esse não é o único motivo que tem impedido milhares de famílias de possuírem um reservatório para captar e armazenar a chuva.

Confira abaixo carta divulgada pela Rede, que possui mais de três mil organizações filiadas.

CARTA ABERTA-Ao destruir o Programa Cisternas, Governo Federal e Ministério da Cidadania condenam população do Semiárido brasileiro à fome e até  à morte

Nas últimas semanas, os grandes veículos de comunicação, tanto escritos quanto televisivos, têm trazido ao conhecimento da população brasileira e mundial a política de desmonte do Programa Cisternas, provocada pelo governo do presidente da República. Programa premiado e tido como a segunda melhor política do mundo pela UNCCD (na sigla em inglês para a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação) e um dos caminhos para atingirmos o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6: Água potável e saneamento.

O Programa Cisternas está praticamente paralisado e neste ano de 2021 teve o menor investimento desde sua criação oficial no ano de 2003. Questionado sobre os baixos investimentos, o Ministério da Cidadania (MC) tem alegado que a paralisação é resultado da pandemia, que alterou os custos e tornou a ação inviável. Essa é parte da verdade.

Neste documento à sociedade brasileira, nós da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), rede de mais de 3 mil organizações que atuam no Semiárido - organizações que propuseram para o Estado Brasileiro a construção de 1 milhão de cisternas em 1999 e que acompanha desde então a execução das políticas de acesso à água no Semiárido, participando ativamente em sua execução, aperfeiçoamento e controle social - queremos esclarecer o que, de fato, está acontecendo e quais as providências estamos tomando com base nos dados a seguir.

O Programa Cisternas é o maior programa de água descentralizada que se tenha conhecimento na atualidade, alcançando mais de 6 milhões de pessoas. São mais de 1,2 milhão cisternas de água de consumo com capacidade de 16 mil litros; cerca de 200 mil tecnologias sociais que captam água da chuva para produção de alimentos; mais de 7 mil cisternas escolares; além de mais de 1.000 bancos de sementes crioulas; e de outras iniciativas que transformaram a vida do povo do Semiárido, não apenas pela chegada da tecnologia, mas pela dimensão mobilizadora e formativa encampada pelo Programa.

Esses processos foram fundamentais para a transformação de pessoas antes famintas em produtoras de alimentos saudáveis. Fundamentais para uma mudança de cenário, de vida, de narrativa acerca dessa região e do seu povo.

No entanto, pelo nosso levantamento, ainda existem milhares de famílias com sede e com capacidade produtiva, precisando apenas de água. Para atender essa demanda e universalizar o direito à água no Semiárido brasileiro, seriam necessárias 350 mil cisternas de placas de 16 mil litros e mais 800 mil tecnologias de acesso à água de produção de alimentos. E aqui não estamos falando de grandes obras, mas de tecnologias simples, baratas, de baixo impacto ambiental e alto impacto social e econômico.

Da verdade sobre a paralisação do programa de cisternas: O Ministério da Cidadania (MC), no Governo Bolsonaro, só realizou sua primeira chamada pública para a execução do Programa Cisternas em outubro de 2019, lançando o edital de Chamamento Público Nº 11/2019 de 21 de outubro de 2019. O primeiro movimento do MC foi criar regras para impedir a participação da Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), OSCIP que representa a ASA juridicamente, sendo responsável pela execução de mais da metade de todas cisternas construídas no Semiárido. 

No entanto, o MC foi obrigado a aceitar a proposta da AP1MC por ordem da Justiça Federal. O edital foi organizado em 3 lotes, sendo a AP1MC a primeira colocada em todos eles. Porém, uma outra forma de barrar a participação da AP1MC foi, de forma inovadora, proibir que a mesma organização vencedora pudesse ser contratada em mais de um Lote. 

Nesse sentido, para os outros dois lotes foram classificadas a Cáritas Brasileira e a Associação de Orientação às Cooperativas do Nordeste (Assocene). Por fim, a AP1MC optou pelo lote 01, no valor de R$ 50.070.212,38 (cinquenta milhões, setenta mil, duzentos e doze reais e trinta e oito centavos), que levaria 4.047 cisternas para os estados de MG, PB, PE, RN e SE.

O Termo de Colaboração (contrato) para tal lote, foi assinado em dezembro de 2019, mas somente em 24 de março de 2021, 15 meses depois, foi repassado o valor da primeira parcela. Em períodos normais os valores já estariam defasados. Com a pandemia da Covid-19 no processo, esse quadro se agrava ainda mais. 

Aqui é parte da verdade do MC, mas falta toda a parte restante. A não viabilidade financeira foi confirmada pela própria consultoria jurídica do MC que emitiu parecer de atualização dos valores de referência, sendo, em março de 2021 para as cisternas de consumo humano, e em maio do mesmo ano, para as cisternas de produção e de água para consumo humano nas escolas. No entanto, o orçamento não foi ajustado e os valores já estão defasados novamente.

 O MC, para não executar o programa, não atualiza os custos e metas do contrato, o que impossibilita a execução das implementações. Completam-se quase dois anos de contrato assinado sem as condições de execução por parte do governo federal.

Tentativas de diálogo e busca por caminhos possíveis: Vários ofícios, telefonemas e contatos foram feitos pela AP1MC ao longo desses meses, na tentativa de viabilizar a execução do contrato e ter a autorização de construção. Tudo em vão. Enraizado em posturas burocráticas - que, antes de tudo, destroem a Política Pública - e desumanas, pois impactam na vida de milhares de pessoas necessitadas, o Ministério da Cidadania continua silencioso e inoperante.

Na esperança de contar com a solidariedade do próprio povo brasileiro e não ver o retrocesso na vida do povo do Semiárido, a ASA deu início à campanha Tenho Sede, visando a captação de recursos para construção de cisternas – www.tenhosede.org.br – e também tem contado com o apoio do Fórum de Governadores do Nordeste e do Fórum de Secretários da Agricultura Familiar nessa iniciativa.

No entanto, a nossa campanha não substitui o papel do Estado. E, no sentido de levar ao cumprimento de suas obrigações contratuais e, sobretudo, de cumprir com seu papel de garantir os direitos do povo brasileiro, especialmente dos mais pobres, estamos levando a questão à justiça.

Judicializar é a última saída; Conclamamos a sociedade a se juntar conosco nessa luta para que o Estado brasileiro volte a assumir as políticas públicas que garantem a dignidade do povo brasileiro. Não podemos permitir que os nossos direitos continuem sendo negligenciados em função dos interesses políticos partidários.

Recife, 21 de dezembro de 2021

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RIACHO DO NAVIO: ZÉ DANTAS O POETA DO PAJEÚ, MÚSICA BRASILEIRA QUE PARA SEMPRE SEJA LEMBRADO

Neste ano de 2021, o Brasil comemorou os 100 anos de nascimento, do compositor e médico, um dos mais talentosos nomes da cultura brasileira e internacional, José de Souza Dantas Filho, o poeta Zé Dantas. 

O filho de Zé Dantas, José de Souza Dantas Neto, atualmente respeitado profissional da medicina, o doutor Dantas Neto, coronel médico aposentado do Exército Brasileiro, mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ex-chefe de clínica e da residência médica do Hospital do Exército por mais de 10 anos, participou do PROGRAMA NAS ASAS DA ASA BRANCA-VIVA LUIZ GONZAGA E SEUS AMIGOS, apresentado pelo pesquisador e jornalista Ney Vital.

A entrevista com o médico Dantas Neto foi para marcar o que representa um século de vida de Zé Dantas, o compositor que deve continuar sempre lembrado na história da música brasileira.

Com uma simplicidade e conhecimento da vida e obra do pai, Zé Dantas e da amizade por Luiz Gonzaga, o doutor Dantas Neto apresentou várias histórias.

Doutor Neto Dantas "deu um presente que surpreendeu". Ele apresentou o cantor José Tobias, o primeiro a gravar (antes de Luiz Gonzaga), a música Acauã. José Tobias iniciou a carreira artística no Recife onde nasceu, em 6 de março de 1928. José Tobias declarou o amor e carinho que tinha por Zé Dantas. "Era um mais que irmão".

José Tobias trabalhou na Rádio Jornal do Comércio na capital pernambucana, Recife. Pouco depois transferiu-se para o Rio de Janeiro, sendo levado para a Rádio Tupi por João Calmon. Da Tupi do Rio de Janeiro foi para a Rádio Record de São Paulo e passou a realizar dois programas semanais nas duas emissoras. Ao produzir um dos melhores álbuns de sua carreira, “Rapsódia Brasileira”, acompanhado por Radamés Gnattali, Camerata Carioca e Octeto Brasilis, Hermínio Bello de Carvalho escalou José Tobias e o definiu como “um cantor de mil cantorias”.

José Tobias teve a voz elogiada pela cantora Elis Regina. 

José Tobias é um nome quase esquecido no cenário musical brasileiro. Pouco se ouve falar deste magnífico cantor, dono de uma voz única, grave. Pelas suas evidentes qualidades vocais encantou milhares de ouvintes, não demorando muito para ser apresentado também no Rio de Janeiro e São Paulo, onde seguiu carreira em diversas rádios. Gravou também alguns Lps nos anos 50. Muitas dessas músicas, gravadas em discos de 78rpm, foram novamente regravadas. 

Em 1952, portanto há 69 anos, José Tobias fez sua estreia em disco no selo Star com os baiões “Acauã”, de Zé Dantas e Luiz Gonzaga e “Chora baixinho”, de Zé Dantas. Em 1953 gravou o samba canção “De tanto acreditar”, de Hervê Cordovil e Renê Cordovil e o baião “Baião do pescador”, de Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil. No ano seguinte gravou do pernambucano Capiba os sambas “Igarassu, cidade do passado” e “Recife, cidade lendária”, de Luiz Gonzaga e Ghiaroni o samba “Criança má” e de Elpídeo dos Santos a rancheira “Você vai gostar”. Em 1955 gravou de Dorival Caymmi a canção “Saudade de Itapoã”.

Em 1959 gravou o maracatu “Eh! Ua! Calunga”, de Capiba e o coco “Lua…lua…”, de Teófilo de Barros e Sebastião Lopes. No ano seguinte gravou  as toadas “Se eu soubesse”, do ex cangaceiro Volta Seca e “Vai jangada”, de Geraldo Serafim e Newton Castro. 

Em 1961 gravou do maestro Guerra Peixe o samba “Se você voltasse”. Gravou ainda pelo pequeno selo Athena. Por essa época lançou o LP “Poema triste” no qual interpretou de sua autoria, a “Balada da solidão” e “Só voltou de madrugada”; de Ronaldo Bóscoli e Roberto Menescal a música “Negro”, de Peterpan, “Hoje é Domingo outra vez” de Hervê Cordovil e Vicente Leporace, “Jangada”, de Zé Dantas, “Acauã” e de Luiz Vieira, o “Prelúdio para ninar gente grande”.

Em 1984 lançou o LP “Rapsódia brasileira”, com a participação do maestro Radamés Gnatalli, Camerata Carioca e Octeto Brasilis, no qual interpretou, entre outras músicas, “Meu caboclo”, de Laurindo de Almeida e J. Lourival, “Minha terra” de Waldemar Henrique, “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, “Isso é o Brasil” de José Maria de Abreu e Luiz Peixoto e “Azulão” e “Modinha”, de Jayme Ovalle e Manuel Bandeira.

José Tobias de Santana começou sua carreira musical de um modo muito particular: após uma vitória de seu time de futebol (chegou a receber propostas para se profissionalizar pelo Náutico) contra o time da Rádio Jornal do Comércio de Recife, foi comemorar no chuveiro ao som de “Marina”, de Caymmi. 

Ao ouvi-lo cantar, Ubirajara Mendes – programador da rádio, que tinha ido ao vestiário com a intenção de contratá-lo para o futebol da emissora – não teve dúvidas: levou-o para a rádio, uma das mais importantes do país na época, que contava no seu elenco com músicos e arranjadores de peso como Guerra-Peixe e Sivuca.

Um dos sonhos de José Tobias, 94 anos, é realizar um show em Recife, Pernambuco.

ZÉ DANTAS: O gosto musical sempre foi o grande aliado do pernambucano José de Souza Dantas Filho (1921-1962), também chamado de Zé Dantas. Nascido em Carnaíba de Flores, no Sertão do Pajeú, desde menino se revelava compositor. Apaixonado por ritmo, melodia e harmonia, Zé Dantas, criava com facilidade xotes, baiões e toadas. No Recife estudou medicina conforme desejavam os pais, mas nunca abandonou a vocação artística.

Aquele que viria a ser um dos principais parceiros musicais do Mestre Lua é  tema do livro Na batida do baião, no balanço do forró: Zedantas e Luiz Gonzaga, da antropóloga Mundicarmo Ferretti. A publicação do livro é fruto da dissertação de mestrado da pesquisadora, que na década de 1970 fez o primeiro estudo acadêmico sobre a parceria entre os dois pernambucanos.

“Conheci o trabalho de Zedantas e de Luiz Gonzaga ainda na infância, no Piauí, e, posteriormente, vi que a música dos dois permanecia muito viva. Além disso, passou a atrair a atenção de um público classe média e universitário, da mesma maneira que em outros tempos interessou a imigrantes nordestinos”, conta. Em Pernambuco, Ferretti entrevistou amigos e familiares do compositor; e no Rio de Janeiro colheu depoimentos de pessoas ligadas a gravadoras, lojas de discos, casas de forró.

Segundo a pesquisadora, Zedantas conheceu o Rei do Baião em 1947, antes mesmo de terminar o curso de medicina na UFPE, em 1949, e de partir para o Rio de Janeiro no ano seguinte. Embora fosse “doutor”, era notado sobretudo pelo humor e talento com os quais contava histórias e criava versos. De 1950 a 1958, Luiz Gonzaga gravou 50 composições do conterrâneo, que as escrevia com a intenção de divulgar os costumes e as artes populares tipicamente nordestinas.

Com olhar voltado para as próprias raízes, Zedantas compunha canções sobre festividades sertanejas, práticas medicinais e agrícolas, poesia, artesanato. Chegou a ser diretor do programa O Rei do Baião, da Rádio Nacional, e do Departamento Folclórico da Rádio Mayrink Veiga. Quando morreu, aos 41 anos, um busto foi levantado na cidade natal, em sua memória.

Mas foi do cantor e compositor Antonio Barros, o paraibano que recebeu o maior tributo, a música Homenagem a Zedantas, interpretada por Luiz Gonzaga que empunhava versos como: “Chora meu olho d' água,/ chora meu pé de algodão./ As folhas já estão se orvalhando,/ saudade do nosso irmão,/ Zedantas”. 

Além de Luiz Gonzaga, as composições do pernambucano foram gravadas por artistas como Carmélia Alves (O calango), Quinteto Violado (Chegada de inverno), Ivon Curi, (Dei no pai e trouxe a filha), e Jackson do Pandeiro (Forró em Caruaru).

A vida e a obra de Zedantas também são o enfoque de Psiu!, filme documentário produzido e co-dirigido por Juliana Lima, com direção de Antônio Carrilho. “Partimos de conversa com dona Iolanda para colher depoimentos de outros familiares e amigos. Falamos com o filho de Zedantas, o cunhado, colegas de profissão no Rio de Janeiro, sertanejos que trabalharam na fazenda dos pais do compositor, além de artistas como Geraldo Azevedo e Fagner, que até hoje cantam as músicas dele”, ressalta a co-diretora.

No documentário, Zedantas é descrito como uma pessoa carismática, alegre e talentosa. Psiu! traz também imagens inéditas e gravações com a voz do compositor, que registrou em áudio entrevistas. A direção de fotografia é assinada por Léo Sete, Pedro Urano e Zé Cauê.

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MUSICALIDADE DO POETA MACIEL MELO É DESTAQUE DO CALENDÁRIO DA CLASS COMUNICAÇÃO E MARKETING 2022

A série de calendários da Clas Comunicação e Marketing, que esse ano completa 18 anos com edições consecutivas e distribuição gratuita, ilustra os 12 meses de 2022 com a poesia e a musicalidade de um cantor e compositor que é hoje uma referência da música nordestina, Maciel Melo.

Produzido em parceria com a Cadan Distribuição e a Gráfica Bandeirante, o anuário com o tema 'Maciel Melo - Que nem vem-vem' escolheu para cada mês uma canção do 'Caboclo Sonhador' e pediu a 12 fotógrafos que traduzissem em imagem os versos desse melodista engenhoso e letrista preciso.

O resultado desse casamento, ora imagem poética, ora poema visual, você pode acompanhar através dos olhares de Ana Araújo, Alexandre Justino, Wesley Lopes, Samuel Morais, Marcus Ramos, Maurício André, Sílvia Nonata, Lais Lino, Lizandra Martins, Chico Egídio, Roberta Guimarães e Carlos Laerte, também idealizador da série e diretor da Clas Comunicação e Marketing.

Na abertura do texto de apresentação do calendário, o cantor e compositor Renato Teixeira diz: "O tempo de Maciel é o tempo da música. Em sua vida tudo é ritmo, pulsação, estradas e sonhos..." E, mais adiante lembra: "... Fomos muitas vezes juntos para os palcos fazendo inesquecíveis cantorias que eu pude constatar a perenidade da sua arte tão bem fundamentada no que o Estado de João Cabral  tem de melhor na música e na poesia...".

Além da homenagem a Maciel Melo,  a série destacou  nestes 18 anos os temas: Os Cartões Postais de Petrolina e Juazeiro (2004); As Imagens do Vale do São Francisco (2005); As Flores da Caatinga (2006); A Arte que Vem do Vale (2007); Fé e Folguedo (2008); Brincávamos Assim (2009); Paisagem de Interior (2010); Espetáculos do Vale do São Francisco (2011); Assim na Terra como no Céu de Celestino (2012); Olhar poesia (2013); Beleza pra Mim (2014), Artesanato de Petrolina (2015), Geraldo Azevedo, pelos raios desse sol (2016); São Francisco – Reflexos de um Rio (2017); Noturno Vale do São Francisco (2018); Sentires em preto e branco (2019); A Poesia de Manuca Almeida (2020) e Os meses e suas cores (2021).

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ESTUDANTES DE CASA NOVA SÃO PREMIADAS NA FEIRA DE CIÊNCIAS, EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO DA BAHIA

Com a exposição de 164 projetos, apresentações culturais e palestras com diversos temas, a 9ª Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA) realizou no último final de semana, uma cerimônia on-line para divulgar os projetos premiados nesta edição.

Alunos da rede estadual de Casa Nova, Bahia e Matina foram destaques.

Com o tema “Territórios educativos e suas experiências científicas”, a premiação foi dividida em quatro grandes modalidades “Projeto de pesquisa em andamento”; “Pesquisa científica concluída”; “Performance científica”; e “Relato de experiência do professor orientador”, além de menções honrosas e o certificado para todos os participantes finalistas. 

Com o tema “A ausência da produção textual de escritoras negras e indígenas brasileiras nos livros didáticos de língua portuguesa do ensino médio - uma análise sob a ótica da interseccionalidade”, o projeto realizado pelas estudantes do Colégio Estadual Grandes Mestres Brasileiros, município de Matina,  Aline Magalhães de Jesus e Emille Rayane Pereira foi orientado pela professora Janildes Almeida Chagas e conquistou o primeiro lugar na categoria “Pesquisas científicas concluídas” e recebeu a menção honrosa de “Reconhecimento eu sou cientista”.

“É muito gratificante ter sido premiada na FECIBA, e ainda numa categoria estreante que é a de Linguística, Letras e Artes. A partir desse pioneirismo da feira em incluir a temática, teremos sim, ainda mais pesquisas sendo desenvolvidas em todas as áreas. Por que ciência é vida e vida pulsa por todos os lugares”, destacou a professora Janildes.

CASA NOVA: A estudante premiada Emilly Iasmim, que ao lado das colegas Camila Raiane e Anne Caroline, apresentou o projeto: “Pomada cicatrizante, angico vermelho de baixo custo 100% natural”.  O projeto das alunas do Colégio Estadual de Casa Nova, orientado pela professora Adelange dos Santos, ficou em primeiro lugar na premiação especial "Reconhecimento e saberes tradicionais" e em segundo por "Empreendedorismo". A premiação trouxe alegria e reconhecimento. 

“Estou extremamente feliz. É uma sensação  maravilhosa, me sinto extremamente grata por tudo. Espero que o projeto da pomada cicatrizante cresça, possa ser desenvolvido em escala para o uso de muitas pessoas. Não esperava a premiação, estou realizada. Tinha tentado com outro projeto em 2019, porém não ocorreu como planejado. Mas, mantive a persistência, fé e esforço para que meu sonho virasse realidade e o dia chegou”, relatou Emilly.

A estudante Camila Raiane, 17 anos, do Colégio Estadual de Casa Nova, apresentou com a equipe um projeto sobre a produção de uma pomada cicatrizante feita através de um pó obtido com a árvore angico vermelho. De acordo com a pesquisadora, a ideia surgiu após conversar com uma senhora da cidade que dizia que as pessoas usavam a planta para cuidar de ferimentos.

"Unimos o conhecimento obtido na conversa com pesquisas biográficas e começamos a fazer os testes. A pomada é feita com o pó da casca da árvore misturada com banha de porco e mostra resultados positivos. É um prazer estar compartilhando tudo isso em uma feira de ciências". Além de Camila, o projeto foi realizado pelas estudantes Anne Caroline e Emilly Iasmin, com a orientação da professora Adelange dos Santos. 

Emilly Iasmin da Franca Santos: Foi uma experiência gratificante está partipando mais um vez da FECIBA, sinto uma imensa felicidade com aprovação do projeto da "Pomada Cicatrizante do Angico vermelho, de baixo custo, 100% Natural" em duas modalidades.

Camila Raiane de Castro Silva: Está participando da FECIBA pela primeira vez foi maravilhoso, tantos conhecimento adquiridos valeu muito a pena. E sinto uma grande alegria pelo os resultados que o projeto vem trazendo.

Anne Caroline Cardoso dos Santos Nascimento: Incrível  essa experiência de está participando da FECIBA, foram muitas pesquisas e estudos para adquirimos resultados positivos para o projeto, e me sinto muito honrada pelo resultado do projeto na feira. (Fonte: Secretaria Educação do Estado Bahia)


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CASO BEATRIZ: LÚCIA MOTA SEGUE CAMINHADA ATÉ RECIFE E GANHA CADA VEZ MAIS APOIO

A imprensa agora nacional tem repercutido o Caso Beatriz. O dia ainda nem tinha nascido quando Lúcia Mota, 41, apertou os cadarços do tênis para encarar o desafio de concluir uma caminhada de 712 km. O esforço é em memória da filha Beatriz Angélica, assassinada aos 7 anos de idade, em 2015. Em mais uma tentativa desesperada de ser ouvida pelo governador, Lucinha, como é chamada carinhosamente por todos na região, saiu de Petrolina -- cidade cenário do crime -- no último dia 5, com destino ao Recife. A missão é ir a pé até o Palácio das Princesas, sede do governo do estado, para pedir justiça por Beatriz.

Um carro vai acompanhando Lucinha. No comando do apoio está o marido e pai de Beatriz, Sandro Romildo, que conta com a ajuda de mais dois amigos. "Podemos passar 30, 60, 90 dias... uma hora ele [o governador] vai ter que nos atender, uma hora ele vai ter que enfrentar o problema. Chega de indiferença, chega de injustiça, chega de impunidade, chega de incompetência", pede.

No acostamento, ao lado de carros, caminhões e ônibus, que passam buzinando como forma de apoio à causa, ela segue viagem até sumir na linha do horizonte. Na bagagem, a mãe carrega muitas lembranças da filha. "Comigo, no meu corpo, levo apenas recordações de Beatriz", conta.

Beatriz Angélica Mota Ferreira da Silva foi encontrada esfaqueada dentro de um tradicional colégio de freiras em 2015 -- e o motivo do crime nunca foi revelado. Na ocasião, ela estava acompanhada da família para comemorar a formatura de ensino médio da irmã mais velha. A noite de festa foi interrompida quando o pai, que era professor na escola, subiu ao palco e começou a chamar por sua filha no microfone. "Beatriz, ô minha filha, onde você tá?", dizia, já angustiado. Enquanto ele clamava por ajuda, a festa continuava -- alguns convidados mais animados não queriam parar a celebração. Instantes depois, as pessoas começaram a sair da pista de dança. O som parou e os gritos de desespero ressoaram pelo local. Era o choro das primeiras pessoas ao encontrarem o corpo da menina. Beatriz foi vista pela última vez em imagens de uma câmera de segurança, às 21h59, quando se afastou da mãe para ir até o bebedouro do colégio. Foram poucos minutos até ela ser encontrada sem vida atrás de um armário, em uma sala de material esportivo, que fica ao lado da quadra de esportes onde se realizava a festa.

A criança estava com uma faca do tipo peixeira cravada no abdômen e apresentava ferimentos no tórax, nos braços e nas pernas. Mais de duas mil pessoas estavam no local e ninguém viu o crime acontecer. O pesadelo de Lucinha tirou o sono de todos na região naquela noite.

NOTA GOVERNO DO ESTADO: Força-tarefa da Polícia Civil ficará permanentemente mobilizada para chegar ao autor do assassinato da menina Beatriz Angélica

Inquérito do caso tem 24 volumes, 442 depoimentos, sete tipos diferentes de perícias, 900 horas de imagens e 15 mil chamadas telefônicas analisadas

A Secretaria de Defesa Social vai manter mobilizada a Força-Tarefa que investiga o assassinato da menina Beatriz Angélica, ocorrido há seis anos em Petrolina, até que seja identificado o culpado. O inquérito do caso, que tem até agora 24 volumes, 442 depoimentos, sete tipos diferentes de perícias, 900 horas de imagens e 15 mil chamadas telefônicas analisadas, foi remetido ao Ministério Público de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 2021.

O Inquérito Policial já havia sido enviado em 2019, ao MPPE, que requisitou novas diligências. Todas as solicitações foram cumpridas e entregues ao Ministério Público pela Força-Tarefa criada pela Chefia de Polícia para investigar o caso. Os quatro delegados, com vasta experiência em investigações relativas a crimes de homicídios, revisitaram todo o material que já havia sido produzido e realizaram novas diligências. 

Na esfera administrativa, a Corregedoria Geral da SDS publicou, na edição de sábado (18/12) do Boletim Geral da SDS, a conclusão do Processo Administrativo Disciplinar Especial (PADE) em desfavor do perito criminal Diego Henrique Leonel de Oliveira Costa. Instaurado em maio de 2020, o PADE finaliza com parecer pela demissão do servidor. O servidor prestou consultoria de segurança, através de uma empresa da qual é sócio, ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, local onde Beatriz foi assassinada e, posteriormente, atuou na equipe de investigação.

Sobre o pedido de acesso aos conteúdos da investigação por parte de uma empresa privada americana, sem qualquer vínculo com o Governo dos EUA ou suas representações diplomáticas no Brasil, esclarecemos que esse tipo de cooperação não encontra respaldo na legislação brasileira. Com relação à requisição de federalização do caso, essa é uma iniciativa que deve partir do Ministério da Justiça.

Por fim, cabe destacar ainda que a família da vítima já foi recebida pela Secretaria de Defesa Social e o comando da Polícia Civil por quatro vezes e pelo governador Paulo Câmara em duas oportunidades. No último sábado, os pais de Beatriz foram informados que o pedido de audiência com o governador foi aceito e o encontro marcado para as 11h da terça-feira, 21 de dezembro. Tendo o governo ainda oferecido transporte para os familiares.

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CALENDÁRIO DA CLASS COMPLETA 18 ANOS E FAZ HOMENAGEM AO POETA CANTOR COMPOSITOR MACIEL MELO

 

A série de calendários da Clas Comunicação e Marketing, que esse ano completa 18 anos com edições consecutivas e distribuição gratuita, ilustra os 12 meses de 2022 com a poesia e a musicalidade de um cantor e compositor que é hoje uma referência da música nordestina, Maciel Melo.

Produzido em parceria com a Cadan Distribuição e a Gráfica Bandeirante, o anuário com o tema 'Maciel Melo – Que nem vem-vem' escolheu para cada mês uma canção do 'Caboclo Sonhador' e pediu a 12 fotógrafos que traduzissem em imagem os versos desse melodista engenhoso e letrista preciso.

O resultado desse casamento, ora imagem poética, ora poema visual, você pode acompanhar através dos olhares de Ana Araújo, Alexandre Justino, Wesley Lopes, Samuel Morais, Marcus Ramos, Maurício André, Sílvia Nonata, Lais Lino, Lizandra Martins, Chico Egídio, Roberta Guimarães e Carlos Laerte, também idealizador da série e diretor da Clas Comunicação e Marketing.

Na abertura do texto de apresentação do calendário, o cantor e compositor Renato Teixeira diz: "O tempo de Maciel é o tempo da música. Em sua vida tudo é ritmo, pulsação, estradas e sonhos..." E, mais adiante lembra: "...Fomos muitas vezes juntos para os palcos fazendo inesquecíveis cantorias que eu pude constatar a perenidade da sua arte tão bem fundamentada no que o Estado de João Cabral tem de melhor na música e na poesia...".

Além da homenagem a Maciel Melo,  a série destacou  nestes 18 anos os temas: Os Cartões Postais de Petrolina e Juazeiro (2004); As Imagens do Vale do São Francisco (2005); As Flores da Caatinga (2006); A Arte que Vem do Vale (2007); Fé e Folguedo (2008); Brincávamos Assim (2009); Paisagem de Interior (2010); Espetáculos do Vale do São Francisco (2011); Assim na Terra como no Céu de Celestino (2012); Olhar poesia (2013); Beleza pra Mim (2014), Artesanato de Petrolina (2015), Geraldo Azevedo, pelos raios desse sol (2016); São Francisco – Reflexos de um Rio (2017); Noturno Vale do São Francisco (2018); Sentires em preto e branco (2019); A Poesia de Manuca Almeida (2020) e Os meses e suas cores (2021).

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