UM NOVO BRASIL É POSSÍVEL: FILHO DE CORTADOR DE CANA SE FORMA EM MEDICINA

Filho de cortador de cana, Wellington Gomes, de 29 anos, realizou o sonho de se formar em medicina em novembro deste ano. Ao ser questionado sobre o que faria com o seu primeiro salário, ele não hesitou na resposta: “Tirar o meu pai do corte de cana”, disse ao G1.

Após pegar o registro profissional do Conselho Regional de Medicina (CRM) em 26 de novembro mês, Wellington participou da solenidade de colação de grau em 13 de dezembro. Ele saiu da zona rural de Ribeirão, na Zona da Mata Sul do estado, para estudar medicina no Recife. Após perder a mãe, trabalhou cortando cana-de-açúcar, assim como o pai.

Antes de entrar na faculdade de medicina, Wellington pedalava 24 quilômetros para ir e mais 24 para voltar da escola, pois o transporte não chegava até o engenho onde ele morava com a família. Para ele, cada quilômetro percorrido valeu a pena.

"O caminho para chegar até aqui foi muito difícil, árduo, doloroso. Parecia impossível, mas, com trabalho duro, dedicação, persistência e disciplina, você consegue transpor as barreiras que podem parecer impossíveis. O meu conselho é: persista. Não desista dos seus sonhos", disse.

Realizando vários plantões como médico, ele continua se esforçando para conseguir mudar a vida da família e passou a trabalhar em Ribeirão, Gameleira e Primavera, além de atender em Barreiros. Wellington quer cumprir a promessa que fez ao pai quando ainda pedalava a bicicleta que ganhou em um sorteio.

"O que eu quero fazer é tirar o meu pai do corte de cana. Desde sempre, quando eu ainda vinha do engenho de bicicleta, tinha prometido para ele que iria fazer isso e, com certeza, vou fazer. Eu estou correndo aqui, dando um monte de plantões, para tirá-lo no próximo mês já, quando eu receber. A partir de janeiro, as mudanças vão ser significativas", contou.

Após três anos tentando entrar no curso de medicina, ele foi aprovado, em 2016, na Faculdade Pernambucana da Saúde (FPS), por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni). Os livros custavam caro e foram custeados com a ajuda de colegas e parentes destes.

O pai de Wellington, Arnaldo José Alves, de 46 anos, criou os filhos com o salário de cortador de cana. Diariamente, pega um ônibus às 5h para chegar, uma hora depois, ao local de trabalho, onde fica até 12h. A distância é de 12 quilômetros.

Foi cortando cana com o pai que Welington juntou o dinheiro para se inscrever no vestibular. Maior incentivador do filho, Arnaldo cortou o pé enquanto trabalhava e, por isso, não conseguiu presenciar a colação de grau do médico da família, mas não vai perder o baile de formatura, em 21 de janeiro de 2022.

"Ele tinha ido trabalhar de manhã, cortou o pé e não conseguiu ir [para a colação]. Mas vai para o baile. Vou buscar ele de todo jeito para ir para o baile", disse Wellington. (Fonte G1)

Nenhum comentário

CASO BEATRIZ: CORREGEDORIA PEDE DEMISSÃO DE PERITO DENUNCIADO POR PAIS DA MENINA ASSASSINADA EM PETROLINA

Após quase dois anos e meio de uma denúncia feita pelos pais da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) se manifesta. Portaria assinada pelo secretário Humberto Freire, publicada sábado (18), pede ao governo de Pernambuco a demissão do perito criminal Diego Leonel Costa, que atuou na perícia sobre o assassinato da menina, no colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, no Sertão do Estado.

 O caso, sem solução, completou seis anos no último dia 10.

De acordo com as investigações da Corregedoria, Diego participou da criação de um plano de segurança para o colégio, na condição de sócio cotista da Empresa Master Vision. No dia 14 de janeiro de 2016, ou seja, um mês após a morte de Beatriz, ele esteve na instituição de ensino e fez filmagens e fotografias por meio de um drone. Mesmo assim, segundo a Corregedoria, o mesmo perito fez parte, posteriormente, da equipe de trabalho de investigação responsável pela apuração do homicídio.

Diego é um dos mais importantes peritos criminais do Estado, atualmente. Nos últimos anos, atuou como chefe do Núcleo de Perícias do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), órgão subordinado à Polícia Científica de Pernambuco, sob o comando da também perita criminosa Sandra Santos.

O profissional, inclusive, chegou a assinar, como perito revisor, um laudo em 2019 para contribuir com as investigações da polícia no Caso Beatriz. A portaria do SDS aponta que esse fato "situação que causou estranhamento pelo fato deste mesmo perito já ter prestado serviços particulares ao referido colégio e que teve repercussão na mídia, o que acarretou questionamentos acerca da lisura e imparcialidade das investigações policiais do caso em tela, trazendo flagrante prejuízo ao andamento das investigações".

A SDS ainda pontua que Diego é presidente da Cooperativa de Peritos Assistentes Técnicos e Pareceristas, cooperativa que objetiva fazer a intermediação entre peritos e o Poder Judiciário com a especialistas de tais peritos prestarem serviços particulares à Justiça. Além disso, ainda seria sócio de outra empresa, a GD Perícia, Consultoria e Engenharia Ambiental LTDA, onde atuaria como perito particular.

No parecer, sugerindo a demissão do profissional, o secretário Humberto freire destaca que ele "feriu a moralidade administrativa e negligenciou o cumprimento de seus deveres em três ocasiões distintas, em especial ao exercer atividades incompatíveis com a função policial civil, ao desrespeitar a hierarquia ea disciplina, ao não zelar pela dignidade da função policial e ao não observar normas legais e regulamentares".

A decisão final sobre a demissão caberá ao governador Paulo Câmara. Mas a expectativa é de que ele irá seguir a mesma linha do secretário de Defesa Social.

A denúncia dos pais de Beatriz consta em um dossiê feito por eles para contribuir com as investigações da Polícia Civil, que não avançaram para prender o assassino da menina, No documento ainda constam nomes de outros profissionais de perícia e da própria Polícia Civil que atrapalharam as investigações, um exemplo de outro perito que teria ficado, durante meses, com um HD com imagens do colégio e, depois, afirmado que não havia como recuperar o conteúdo.

A coluna Ronda JC tentou contato com Diego. Se houver um pronunciamento dele sobre o caso, essa publicação será atualizada.

Fonte: Com informações Ronda JC / Foto arquivo pessoal

Nenhum comentário

POR QUE O CARIRI É UM PÓLO DE CULTURA DA HUMANIDADE

Extenso em território e povo, o Ceará parece concentrar vários países no solo em que faz morada. Congrega sertão, serra e litoral. Mistura baião de dois, leguminosas e a fauna do fundo do mar. Em bonita sintonia, também reúne um emaranhado de expressões populares, cultura que transpõe fronteiras e se alastra Brasil afora, conquistando reverência e admiração.

Intersecção entre Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e alguns municípios limítrofes, a região do Cariri, desta feita, parece nação própria dentro da pátria cearense maior. Com forte identidade e dono de ricas manifestações, seja na gastronomia, nas artes ou no tecido geográfico, o local elege o diálogo com a tradição de maneira a alargar as possibilidades de contato e apreciação com nossas raízes. É símbolo concreto de integração e potência.

A seguir, você confere o depoimento duas personalidades cearenses, de grande contato e imersões pelo solo caririense, sobre a região dos diversos mestres, encontros e expressões. Instigados e instigadas a perpetuar sólido legado e influência, responderam à pergunta: “Por que o Cariri é um dos grandes polos culturais do Ceará?”.

*Alemberg Quindins-Pintor, escritor, músico, socioeducador, arqueólogo e criador da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri.

O Cariri não é um dos grandes polos culturais do Ceará. É “o” grande. Vou explicar porquê: primeiramente, porque não se trata da região Cariri, e, sim, o território da Chapada do Araripe. É uma confluência de quatro Estados: Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba. Um resumo do Nordeste. A Chapada do Araripe tem uma influência nesse território desde o período cretáceo. Em torno dela, de um lado você tem Luiz Gonzaga, a Pedra do Reino, de Ariano Suassuna e a Missa do Vaqueiro, por exemplo; de outro, do lado de cá, temos Padre Cícero, Patativa do Assaré, Espedito Seleiro, toda uma cultura. A Chapada é um platô central. Aqui, era o único lugar onde Lampião se ajoelhava e deixava as armas na porta. Território sagrado. Portanto, o Cariri é um oásis em pleno sertão. É o solo cultural do Ceará por conta de toda essa força que vem da geologia, da paleontologia, da cultura. É onde você entende a importância do contexto da Chapada do Araripe para o mundo. Nosso manancial é esse: a cultura. A maioria dos mestres da cultura popular estão aqui. E, da forma como acontece em solo caririense, essa reunião de tanta coisa, não vamos encontrar em nenhum outro lugar do Estado.

*Dane de Jade-Atriz-pesquisadora, produtora, arte-educadora, radialista e gestora cultural.

A identidade vai se consolidando a partir dos valores que são preservados por meio do olhar de cada comunidade. O Cariri é um exemplo vivo de identidade em diversos aspectos. A gastronomia, os modos de vestir, a oralidade, os saberes e fazeres são questões discutidas no âmbito da salvaguarda, cola simbólica que é constituída na coletividade e em cima dos valores que são dignos de serem preservados. O Cariri tem suas características: se apresenta de forma singular, onde povos que habitaram essas terras transmitiram seus saberes com ampla informação que, repassadas, nos dão a percepção de um lugar que resiste aos seus símbolos, que são ancorados na memória ancestral. Nesse sentido, o lugar torna-se articulação entre memória, símbolos e identidade. O lugar como espaço de significados interage no cotidiano das pessoas, incorporando suas histórias e seus contextos familiares, agindo como perpetuação da transmissão de suas memórias. (Fonte-Diário do Nordeste-Diego Barbosa)

Nenhum comentário

PETROLINA: RIACHOS URBANOS POLUÍDOS AFETAM VELHO CHICO E ABASTECIMENTO HUMANO

Os riachos urbanos, cursos d’água que atravessam as cidades, passam por uma série de modificações ao longo dos anos, provocadas, principalmente, pelo processo de urbanização. Ocasionadas por diferentes tipos de poluição, essas modificações alteram as condições da água e a sua morfologia. Uma das principais questões é o despejo irregular do esgoto, um dos maiores problemas enfrentados atualmente pela Bacia do Rio São Francisco.

Em Petrolina, cidade localizada no Sertão de Pernambuco, essa realidade se repete. Há anos, o Riacho Vitória, que passa pelas áreas de irrigação da cidade e deságua na margem esquerda do rio São Francisco, se tornou foco de poluição. Ali, como em outros riachos urbanos responsáveis por drenar a porção sul do município de Petrolina (como o Porteiras, Salina, Bebedouro e Imburana), são despejados diariamente esgoto e resíduos de agrotóxicos. 

Um estudo elaborado entre 2009 e 2010 a partir da análise dos Riachos Vitória e Porteiras, compreendendo tanto o período seco, quanto o chuvoso, já apontava o impacto do lançamento de efluentes domésticos no corpo hídrico, sendo constatada a degradação na qualidade da água.

Outro grupo de pesquisadores, que publicou o estudo Índice do Perfil Ecológico, identificou que o manejo das águas na rede hídrica da microbacia do Riacho Vitória não estava em equilíbrio com o sistema de produção, ocorrendo uma grande perda de sais. Segundo o estudo, “o uso dessas águas, sob condições inadequadas de manejo, produz uma gradativa salinização dos solos, principalmente ocasionada por problemas de falta de drenagem. Isto provoca um aumento progressivo de áreas-problema no curso de drenagem natural das sub-bacias hidrográficas, notadamente no período das chuvas. Nessa época, estas águas são carreadas para o rio São Francisco, interferindo no tratamento das mesmas para consumo humano e para ictiofauna, fauna e flora, normalmente presentes”.

Já no final de 2020, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) entregou à Agência Municipal de Meio Ambiente de Petrolina (AMMA) uma nota técnica, em que aponta para um elevação da concentração de cloretos na água bruta captada pela Estação de Tratamento de Água (ETA Petrolina I). A estação é responsável pelo abastecimento de mais de 60% da demanda total da cidade.

“Temos indícios de que há uma forte contaminação provocada por agrotóxicos dos projetos agrícolas. Essa seria a principal causa do elevado nível de cloretos. Isso tem um impacto no nosso sistema de tratamento e repercussão na população local que reclama sazonalmente de água salobra. São resíduos agrícolas que vão para o Rio São Francisco”, afirmou Marcelo de Oliveira, gerente da Unidade de Negócios da Compesa.

O Gerente da AMMA, Victor Flores, afirmou que a Agência vem realizando vistorias e fiscalizações. “Além de denúncias e reclamações frequentes da população, os Riachos da Vitória e o das Porteiras passam por inúmeros problemas ambientais. Os relatórios foram encaminhados para o Ministério Público Estadual após vistoria em 14 de novembro de 2019, anexado ao inquérito civil. Um dos maiores problemas que acontecem nos dois riachos é o recebimento de várias ligações clandestinas de esgoto, advindas, inclusive, de lugares com saneamento”, afirmou.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania de Petrolina, com atribuição na Defesa do Meio Ambiente, afirmou que corre um processo extrajudicial, aberto em razão das irregularidades ambientais no percurso do Riacho Vitória, visando apurar e chamar à responsabilidade os órgãos competentes.

O secretário da Diretoria Executiva do CBH do Rio São Francisco, Almacks Luiz Silva, lembra que o Riacho Vitória tem importância ímpar como corpo d’água responsável pela condução do dreno do Projeto de Irrigação Nilo Coelho. 

“O município de Petrolina é um dos maiores polos frutíferos do país e esse riacho traz, em suas enxurradas, um número considerável de resíduos (defensivos) usados nas práticas agrícolas da região. Com isso, o dreno lançado no Riacho Vitória, que por sua vez tem a sua foz a montante (acima) da captação de água da Compesa, e, por questões de prevenção e precaução, temos receio que essas águas, apesar de ser em escala bem menor que as águas do Rio São Francisco, e também pelo processo químico de diluição, alterem a potabilidade de água servida pela Compesa. A Resolução CONAMA 430/2011, que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, deve ser observada com critério para que essas águas do Riacho Vitória não venham comprometer o abastecimento da maior cidade que está localizada às Barrancas do Velho Chico”, pontuou o secretário.

(Fonte: CBHSF:TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social *Texto: Juciana Cavalcante)

Nenhum comentário

PRÉ-CANDIDATA AO GOVERNO DE PERNAMBUCO VISITA EXU, MUSEU DO GONZAGÃO: "É PRECISO PRIORIZAR A CULTURA", DIZ

“Falar do Araripe e falar sobre uma região que é responsável pela produção de gesso que alimenta 95% da construção civil do nosso país. É falar com uma região que tem um forte potencial agrícola, mas onde a gente tem pouca infraestrutura. Precisamos conversar com as regiões, dialogar sobre elas e construir projetos de desenvolvimento sustentável para que essas próprias regiões que hoje apresentam problemas”, destacou a presidente do PSDB e prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, ao fazer um balanço da agenda no Sertão do Araripe ontem sexta, 17. 

Acompanhada do ex-senador Armando Monteiro, do ex-prefeito de Garanhuns Izaias Regis, do ex-prefeito de Cabrobó, Eudes Caldas e lideranças da região, Raquel esteve em Exu, Bodocó, Ouricuri, Trindade e Ipubi antes do encontro do Movimento Levanta Pernambuco que será realizado na noite de hoje em Araripina.   

No município de Exu, o grupo foi recebido pelo ex-prefeito Jailson Bento, vereadores e lideranças locais. A presidente estadual do PSDB concedeu entrevista à Rádio Acauã e visitou o Museu do Gonzagão.

“É muito bom poder ver aqui em Exu o local que o Rei do Baião decidiu regressar após encerrar sua carreira, criando  um espaço para preservar a sua memória. É preciso respeitar a vontade de Gonzagão. É preciso que o estado priorize os nossos bens culturais, a nossa identidade e gere destinos turísticos que respeitem os nossos talentos”, ressaltou Raquel Lyra. (Fonte: Folha Pernambuco)


Nenhum comentário

LUIZ DO HUMAYTÁ FAZ SHOW NESTA SEXTA (17) NO PORTO ZARPA HOTEL, PRAIA DO FORTE

O cantor, compositor, poeta Luiz do Humaytá faz apresentação show nesta sexta-feira (17), no Zarpa Hotel, região metropolitana de Salvador.   O Zarpa Hotel é um dos melhores hotéis da América Latina com o conceito ambiental, localizado na Praia do Forte. O Hotel Porto Zarpa festeja 20 anos de existência e  um dos destinos mais procurados do Brasil.

O show será transmitido pelo instagran @luizdohumaytaoficial

Durante o show o cantor e poeta Luiz do Humaytá lança o oitavo CD da carreira, o álbum Boemia Cult, em que interpreta grandes sucessos já consagrados da música romântica.  

O evento marca também  o encontro de Luiz do Humaytá com Marcos Zarpellon, agrônomo, poeta, fotógrafo, filantropo, ciclista e empresário do setor hoteleiro cuja trajetória é marcada de muito trabalho e ações concretas para melhorar o mundo através da cultura da paz e ambiental.

Marcos Zarpellon é autor do livro Poesia com Z. O livro mostra que a complexidade do ser humano, conflitos e inquietudes. Poesia atenta aos detalhes do cotidiano, sempre buscando extrair deles a beleza e por vezes seu aspecto divertido, resultado de suas vivências, viagens e fotografias, a exemplo de suas impressões sensível sobre a Praia do Forte, Bahia, local que escolheu para trabalhar e morar.

O livro é ilustrado pelo artista Ivo Mensch e o autor expressa, através de suas poesias, sensações e experiências.

O poeta luiz do Humaytá, que mora na Fazenda Humaytá em Curaçá da Bahia, tem o nome de batismo de Luiz Carlos Forbrig. Quando foi para o sertão, passou a ser chamado de Luiz do Humaytá, contemplando, assim, esta peculiaridade, típica do sertanejo, de incorporar um adjetivo de identificação aos nomes.

O cantador Luiz do Humaytá é natural de Jabuticaba Velha, pequeno distrito de Palmeira das Missões, no interior do Rio Grande do Sul. Com os pais Anoly e Guilhermina, aprendeu a veia musical: a mãe era puxadeira dos cantos religiosos na igreja católica e o pai, tocador de gaita de boca.

DISCOGRAFIA CD’s

2012 Acústico

2014 Pé de Chão

2015  Luiz do Humaytá Canta Músicas Gaúchas

2016  Luiz do Humaytá e Forró Avulso – 5 Anos de Estrada

2017  Luiz do Humaytá Avulso

2019  Decanto o Sertão

2020  Luiz do Humaytá ao Vivo

2021  Boemia Cult

71 98869-4488 74 99914-8813 Luiz do Humaytá luizdohumayta@gmail.com

Nenhum comentário

OPINIÃO: A CHAPADA DO ARARIPE VAI VIRAR PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL DA HUMANIDADE

Isso aqui era um marzão só, filha, repito para Irene, na descida da Chapada do Araripe no sentido Crato/Nova Olinda. A menina de cinco anos afasta a nuvem de borboletas amarelas, característica da paisagem em dezembro, e olha desconfiada, como se fosse mais um exagero paterno. Os pterossauros gigantes sobrevoavam um lago sem fim, capricho, imito aquelas narrações do Discovery — tudo em busca do afeto e da credulidade.

— Tiranossuaro Rex, papai? — Irene ri.

E seguimos viagem para Santana do Cariri, onde outros bichões do período Cretáceo nos esperavam em plena praça, ali na esquina do Museu de Paleontologia, um dos maiores acervos do ramo nas Américas.

Um chapéu de cangaceiro para esconder a falta de ideia sobre o Nordeste

Irene e o irmão Teodoro, 13, escutam a mesma história desde sempre, mas depois de tanto tempo trancados em São Paulo, SP, dessa vez a viagem fez muito mais sentido. Com um novo panorama: a mãe, a paulista Larissa Zylbersztajn, agora sabe mais sobre a região do que este cronista chapadeiro de nascença. No exato instante, a vejo entretida com “A caverna encantada — mitos e lendas do Cariri”, uma edição do “Livro de graça na praça”, projeto da prefeitura do Crato.

Pausa para um café de domingo com o mestre do couro Espedito Seleiro. Ele sobe para um almoço no Zabelê, com uma turma do Recife. Seguimos no prumo de Aratama, o jardim dos caminhos que se bifurcam, com o Assaré de Patativa de uma banda e o Potengi do artesão Françuli na linha reta. Repare como os aviões de zinco e flandre riscam os ares no desenho de um labirinto.

Ninguém há de negar que os indígenas Kariris fundaram nesta terra o centro do universo. Alemberg Quindins, gerente de cultura do Sesc Ceará, diz isso de forma bem mais bonita. Foi ele, com a arqueóloga Rosiane Limaverde, os inventores da Fundação Casa Grande, centro irradiador de iluminismos de Nova Olinda para o mundo.

É todo este mar de histórias, dona Unesco, que merece ser chamado de Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade. A candidatura é da Chapada do Araripe, o platô central na divisa do Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba. Pense em um merecimento, caro Fabiano Piúba (secretário cearense de Cultura), pense em uma proposta de responsa, caríssimo conterrâneo Camilo Santana.

Aqui sob o efeito Cocoon do balneário do Caldas, ouço Luiz Gonzaga, lá de Exu, traduzir para o idioma do baião o dossiê em defesa do pleito. Dona Bárbara de Alencar — a heroína que fez do Crato uma República Independente, sob a benção de Frei Caneca — entra em campanha e aplaude. De Bodocó, Cida Pedrosa, genial e vivíssima poeta brasileira do sertão do Araripe, aciona a orquestra cosmopolita de vialejos, a maior jazz band do planeta.

Pense numa bacia cultural, como disse Gilberto Gil, ao falar sobre a chapada. Quando a pedra da Batateira desabar do seu canto, Irene, isso aqui vira tudo mar de novo. Vale a lenda dos Kariris, filha.

Xico Sá-jornalista

HISTÓRIA: Um platô central situado na divisa dos estados do Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba, a Chapada do Araripe abriga fontes naturais, grutas, sítios paleontológicos e arqueológicos, além de uma vasta cultura popular.

 No Ceará, ela está situada no sul do Estado, no Cariri, uma região onde a cultura é viva, pulsante e original. Talvez por isso, a Chapada tenha recebido de Gilberto Gil o poético apelido de “bacia cultural”. Araripe na língua tupi significa “lugar das araras”. Sua riqueza natural é tamanha que a Chapada abraça quatro biomas: a mata atlântica, caatinga, serrado e o carrasco, sendo praticamente um resumo da biodiversidade do Nordeste. 

Há quase cinco anos, o Sistema Fecomércio Ceará, através do Serviço Social do Comércio (Sesc), em parceria com a Fundação Casa Grande, vem dialogando com a comunidade do Araripe a importância cultural que se estabelece naquele território de sua atuação. Através de encontros com organismos internacionais balizadores do patrimônio imaterial, surgiu a proposta de colocar a região que compreende a Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade. 

Até o momento, são parceiros nesse projeto a Fundação Casa Grande, a Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade Regional do Cariri (Urca), o Geopark Araripe, o Governo do Estado, Prefeituras e Organizações Não Governamentais da localidade. Os objetivos desse primeiro encontro são discutir a importância da Região como Patrimônio da Humanidade; compreender os mecanismos, os processos, as ferramentas que são necessários a partir da discussão para os próximos passos; fomentar as parcerias necessárias para a concretização do projeto, e alavancar parceiros para garantir o reconhecimento como patrimônio da humanidade. Durante os quatro dias do Seminário além de muito debate, haverá uma programação diversificada com exposições, espetáculo teatral, oficinas e a inauguração de três Museus Orgânicos: Museu Casa do Mestre Nena, em Juazeiro do Norte; Museu Casa do Mestre Raimundo Aniceto, no Crato e Museu Casa Oficina de Dona Dinha, em Nova Olinda. Sesc um incentivador do caldeirão cultural do Cariri Os Museus Orgânicos são apenas um dos trabalhos desenvolvidos pelo Sistema Fecomércio, através do Sesc, pela valorização cultural do Cariri. 

Trata-se de um espaço que conserva, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e apreciação da sociedade, estabelecendo como território a casa dos mestres da cultura popular. Registrando seus saberes de forma orgânica para a própria comunidade. Em 2018, foram inaugurados dois museus, o Museu Orgânico Casa do Mestre Antônio Luiz e o Museu Orgânico Oficina do Mestre Françuili, ambos em Potengi, no Cariri. O Sesc realiza ao longo da sua atuação de mais de duas décadas no Cariri, uma diversidade de ações programáticas, a partir do território, que identifica, reconhece, promove e estabelece laços com as diversas manifestações da arte e da cultura na Região. 

Da culminância dessas ações surgiu a Mostra Sesc Cariri de Culturas, encontro da pluralidade das artes conectadas com o intercâmbio interestadual, hoje uma das maiores iniciativas no Brasil de interiorização cultural. O Sesc tem como marca institucional ser um fomentador da cultura, ajudando a preservar e reconhecer as mais diversas manifestações culturais como matizes socioculturais. Por isso, encabeçou mais esse projeto como uma forma de reconhecimento da riqueza representada pela Chapada do Araripe.

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial