MARIA BONITA DE LAMPIÃO. LIVRO CONTINUA SENDO REFERÊNCIA NOS ESTUDOS DO CANGAÇO

Em 28 de julho de 1938, Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro mais famoso do Brasil, sua companheira, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Déa ou Maria Bonita, e mais nove integrantes do bando, foram mortos em uma emboscada, na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. 

Pesquisadora do tema, a neta de Lampião produziu três livros, dois deles escritos em parceria com um dos maiores pesquisadores em Cangaço, Antonio Amaury. São eles: O Espinho do Quipá - Lampião, a História (1997); e De Virgulino a Lampião (1999). 
Já o livro Maria Bonita do Capitão, publicado em 2011, foi organizado com a designer gráfica e professora da Universidade Federal de Sergipe, Germana Gonçalves.

Há muitos anos Vera Ferreira vem mantendo contato com autoridades, buscando apoio para reconstruir a história do cangaço e preservar depoimentos, material iconográfico, objetos e pertences de cangaceiros. Seu livro “Bonita Maria do Capitão”, comemorou o centenário de Maria Bonita com a excelência dos estudos e obras artísticas de mais de 40 colaboradores.

A obra é estruturada em duas partes – a primeira, biográfica, apresenta textos e imagens da sertaneja da Malhada da Caiçara, sertão da Bahia, Maria Gomes de Oliveira, um estudo de sua genealogia. A segunda parte, dividida em temáticas, apresenta obras de artistas que se apropriaram da imagem de Maria Bonita para suas produções, juntamente com textos sobre a representação dela dentro de cada uma das temáticas desenvolvidas fotografia, cinema, xilogravura, literatura, teatro, música, artesanato, moda e artes visuais.

O cangaço de Lampião e Maria Bonita, que permeia o imaginário de muitos nordestinos, inspirou uma neta do casal, Vera Ferreira a contar uma história que nem sempre é abordada: a do papel de Maria Bonita no grupo.

Jornalista e escritora, a autora disse que o objetivo principal da obra intitulada “Bonita - Maria do Capitão” é relembrar a história da avó, nascida Maria Gomes de Oliveira, e que se tornou Maria Bonita.

"A gente estava devendo à minha avó a história dela, porque ela era sempre coadjuvante. E eu disse ‘Não, tem que mudar essa história’, afinal de contas, a mulher tem um papel muito importante no cangaço”, disse.

O grupo foi morto em julho de 1938, e o livro também traz os oitenta anos do episódio em que Lampião, Maria Bonita e os demais cangaceiros foram surpreendidos pela polícia da época, conhecida como ‘volantes’, e mortos na fazenda Angicos, em Sergipe.

Vera Ferreira relatou que buscou trazer no livro relatos do convívio que teve com pessoas que compuseram o cangaço, e por meio de pesquisas que fez para recontar a história.

“A gente conviveu com esses cangaceiros, com pessoas que conviveram com eles, com irmãs, parentes, tias-avós minhas, então a gente passa de uma maneira que as pessoas tem que entender que a história é recente, vai fazer 84 anos agora em julho, aconteceu ontem”, explicou.

A autora detalha no livro que durante o período de pesquisa encontrou casos interessantes sobre a relação do sertanejo com o cangaço, mas que tentava que a condição de neta não interferisse nos levantamentos de informações.

“Nós estivemos em Floresta, uma região que tem um dos maiores perseguidores do meu avô, um volante que tinha a foto do meu avô da parede. Toda vez que eu pesquisava, eu nunca me apresentava como neta deles. Não era medo e vergonha, ao contrário, eu tenho muito orgulho de ser neta deles. Só que não queria comprometer a pesquisa”.

Vera relatou que chamou a atenção a admiração que as pessoas no sertão, inclusive os ‘inimigos’ do cangaço, tinham com relação a Lampião.


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FAZENDA HUMAYTÁ: PÁSSARO SOFRÊ E A CAATINGA DO SERTÃO DE CURAÇÁ


O Corrupião, também conhecido como sofreu (Ceará), concriz, joão-pinto e sofrê, é um passaro, uma ave exclusivamente encontrada em território brasileiro, o Corrupião vive especialmente em biomas como cerrado e caatinga. Sua preferência por regiões abertas e secas se reflete no fato dele viver em todo o Nordeste brasileiro, além do Centro-Oeste, Sudeste e leste do Pará.

A  foto foi registrada na Fazenda Humaytá, Curaçá Bahia. 

O canto do Corrupião é um dos mais belos e melodiosos encontrados na natureza das Américas. Além disso, ele também tem a habilidade de imitar outras aves e diversos sons.

O Corrupião é um passeriforme da família Icteridae, e seu nome científico é Icterus jamacaii. Em tradução livre, o termo quer dizer pássaro amarelo que come lagartas, uma vez que ikterus, do grego, quer dizer amarelo e jamacaí, do tupi, pássaro que come lagartas.

O corrupião costuma medir entre 23 e 26 centímetros de comprimento. O macho tem peso médio de 67,3 gramas e a fêmea de 58,5 gramas. No entanto, a espécie não tem dimorfismo sexual, ou seja, não há diferenças de características entre macho e fêmea. 

Destacam-se em seu corpo a coloração alaranjada e preta. Em sua cabeça, apresenta um capuz preto, além de dorso, asas e cauda na mesma coloração. Em seu pescoço, é possível avistar um colar de coloração laranja. Já seu peito, ventre e crisso tem um tom ainda mais forte de laranja. Tarsos e pés são da cor cinza.

Seu rosto, no entanto, não apresenta a pele azulada, característica do gênero Ictericius. Tem os olhos claros coma  íris amarelo-limão, bico forte e pontudo, e a base da mandíbula na coloração azulada e parte superior negra.

O corrupião juvenil tem plumagem igual à do adulto, mas sua coloração é amarelada, e não alaranjada.

O corrupião é uma espécie considerada monotípica, uma vez que não apresenta qualquer subespécie conhecida até o momento.

O Corrupião é uma ave considerada onívora, uma vez que se alimenta com frutos e sementes, além de insetos, aranhas e outros pequenos invertebrados. Também gosta muito de flores, como as do ipê-amarelo e do mulungu, sendo esta última responsável pelo forte tom laranja de suas penas.

Assim como outros de sua espécie, usa uma técnica bem interessante para alimentação, conhecida como espaçar, que se trata da introdução de seu fino bico em uma fruta ou madeira podre, por exemplo. Assim, ao abrir as mandíbulas, consegue abrir um espaço necessário para espiar e colher o seu alimento no interior.

Em alguns casos, o Corrupião pode até se alimentar de ovos de outras espécies, o que gera um grande problema, de acordo com o local onde se instala.

Esta ave atinge sua maturidade sexual entre os 18 e 24 meses de vida, quando já está apto para reproduzir. Por vezes, constrói o próprio ninho, no entanto, o mais comum é ocupar ninhos de outras espécies. E o faz enquanto ainda há aves lá: coloca-os para fora, sejam adultos ou filhotes.

Normalmente, o Corrupião se reproduz entre a primavera e o verão, colocando de 2 a 3 ovos por vez, cerca de 2 a 3 vezes por estação. O período de incubação leva duas semanas, e os filhotes saem de seu ninho cerca de 15 dias depois do nascimento.

Os filhotes nascem com a mesma coloração dos pais, onde a única diferença é um brilho menos intenso – a chamada “pena de ninho”, mais fosca.

HÁBITOS: Costumeiramente visto aos pares, o corrupião não costuma acompanhar bandos mistos de aves. Além disso, ele é comumente visto em áreas de caatinga e zonas abertas de seca. Ali, ele costuma repousar sobre cactos. Já em florestas e clareiras, procura locais mais úmidos para se refugiar, bem como em locais secos, onde logo busca fontes de água para beber e se banhar.






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NO ANIVERSÁRIO DE ARIANO SUASSUNA, AUTO DA COMPADECIDA É TEMA DE SELO ESPECIAL

Nesta quarta-feira (16), os Correios lançam a "Emissão Especial Auto da Compadecida", clássico texto teatral escrito por Ariano Suassuna que retrata a cultura popular e nordestina brasileira. 

O lançamento virtual do selo será transmitido ao vivo no YouTube, durante as comemorações dos 50 anos do Movimento Armorial - que tem Suassuna como um de seus fundadores -, e também em homenagem ao aniversário do escritor paraibano, falecido em 2014.

Auto da Compadecida é uma peça de teatro em forma de auto, em três atos, escrita em 1955. Sua primeira encenação aconteceu em 1956, no Recife, em Pernambuco. A peça projetou Suassuna em todo o país e teve três adaptações cinematográficas. Em 1999, foi apresentada como uma minissérie de TV, sendo a versão mais conhecida, que também foi levada ao cinema. 

Com personagens marcantes e folclóricos, como João Grilo, Chicó, Cangaceiro, Encourado, Manuel (Jesus Cristo) e a Compadecida - que intercede por todos no julgamento -, é considerada, na visão de muitos críticos de teatro, uma das mais importantes obras da moderna dramaturgia brasileira.

Por trazer uma visão questionadora sobre a cultura popular e a tradição religiosa, o Auto da Compadecida recebeu severas críticas de diferentes setores sociais na época de seu lançamento. Porém, o texto de Suassuna se mostra cada vez mais atual, como explica Carlos Newton Júnior Poeta, ensaísta e professor universitário recifense, estudioso da obra do escritor. "As críticas passaram e a peça ficou, prova de que o Auto da Compadecida possui aquele quê de humanidade que atribui, a toda grande obra de arte, um aspecto supratemporal, uma verdade permanente".

Nos anos seguintes, com o apoio de Suassuna, o Movimento Armorial foi idealizado com objetivo de valorizar as manifestações artísticas nordestinas, advindas da cultura popular. O movimento se apresenta por meio de várias expressões como música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura e xilogravura.

Sobre o Selo – A peça retrata uma espécie de emblema com as características da estética armorial. A arte é assinada pela esposa do dramaturgo, Zélia Suassuna, pelo filho Manuel Dantas Suassuna e pelo designer gráfico Ricardo Gouveia de Melo. Os autores afirmam que a estampa "foi associada ao amor imortal que uniu e seguirá a unir Zélia e Ariano". Através de uma composição digital, o selo utiliza um desenho de Zélia que ilustrou a capa da mais recente edição da peça, lançada pela editora Nova Fronteira.

Com tiragem de 180 mil exemplares e valor unitário de 1º Porte da Carta (R$ 2,10), o selo está disponível para venda na loja virtual e, em breve, nas principais agências dos Correios. É possível também conferir o lançamento nas redes sociais do Correios.

Serviço: Lançamento virtual da Emissão Especial - Auto da Compadecida

Data - 16/6/2021, quarta-feira

19h - Live com lançamento do Selo Especial Auto da Compadecida (horário de Brasília/DF)

20h - Apresentação do documentário "Meio século Armorial"

Transmissão ao vivo pelo canal do YouTube do Quinteto da Paraíba

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COOPERATIVA DE AGROPECUÁRIA FAMILIAR SE DESTACA NA PRODUÇÃO DE CERVEJA DE UMBU


A Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), com sede instalada no município de Uauá, vem se destacando pela comercialização de geleias, doces, compotas de frutas nativas do Semiárido baiano, produzidos por centenas de famílias de agricultores familiares. 

Estão ainda entre os produtos da cooperativa as cervejas de umbu, produzidas a partir da receita desenvolvida pelo jovem Emanuel Messias, que atua na Área de Produção da Coopercuc.

Natural da comunidade tradicional de fundo de pasto Serra da Besta, em Uauá, a história de Emanuel com a Coopercuc começou em casa, não só porque desde cedo sua mãe era cooperada, mas também pela cultura local da coleta de umbu: “Lembro bem dos comentários que a safra de umbu era o período de fazer dinheiro para comprar material escolar e roupas, pois coincide com as férias e início do período escolar na região”.

Com o objetivo de buscar conhecimentos por meio do Curso Técnico em Agroindústria, do Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco (Cetep-SF), área ligada às atividades da cooperativa, Emanuel deixou a zona rural e, durante quatro anos, cursou o Ensino Médio integrado ao Curso Técnico em Agroindústria, vivendo no Centro de Formação Dom José Rodrigues, do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), espaço localizado a 12 km de Juazeiro, destinado para acolher filhos e filhas de agricultores e agricultoras familiares, de diferentes partes do Semiárido, que ingressam em cursos técnicos e superiores relacionados à temática agrária.

Nesse período, o jovem aprendeu técnicas sobre beneficiamento de frutas, entre outras práticas de convivência com o Semiárido, além de participar de espaços de mobilização e diálogo destinados à construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Voltando a Uauá, Emanuel ingressou como estagiário na Coopercuc. Após o término do estágio curricular, iniciou a participação, junto com mais nove jovens, filhos de cooperados, em um estágio remunerado do Projeto Jovens Inovadores, quando percorreu todos os setores da Coopercuc, desde a Administração e Produção, até a Comercialização. 

“A partir desse estágio, fui escolhido para desenvolver a receita da Cerveja de Umbu, pois, na primeira vez que a cerveja foi fabricada, a cooperativa forneceu somente a polpa, mas não queríamos apenas fornecer a matéria-prima, mas buscarmos outras alternativas e conhecimento sobre cerveja artesanal, com o processo de fabricação. Fiz o Curso sobre Cerveja Artesanal em Blumenau, Santa Catarina, na Escola Superior Cerveja e Malte, onde adquiri conhecimentos e consegui desenvolver a receita da cerveja de umbu, estilo Saison. Missão cumprida! Hoje, a cerveja é totalmente baiana”, explica Emanuel Messias.

A Coopercuc, atualmente, produz e comercializa duas cervejas, uma com Umbu e outra com Maracujá da Caatinga, lançada no final do ano de 2019, na Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária. As três cervejas, que foram desenvolvidas pelo jovem Emanuel, valorizam e agregam valor a frutos nativos da Caatinga, único e exclusivo bioma brasileiro.

Para o técnico em Agroindústria Emanuel Messias, o sucesso desses produtos e da Coopercuc são resultado da união das famílias de agricultores a favor do desenvolvimento da região.

 “As cervejas da Caatinga nasceram dessas duas políticas. Precisamos sempre de iniciativas e de políticas públicas que atendam à população jovem rural e urbana desse país. A juventude é o futuro de um país. Quando olho para trás e lembro daquele garotinho tímido da Serra da Besta, da zona rural de Uauá, que se tornou um jovem cervejeiro técnico em Agroindústria, enche-me de orgulho. Isso é fantástico”.

A presidente da Coopercuc, Denise Cardoso, destaca que o investimento na formação e inclusão de jovens permite emancipação e geração de renda no Semiárido baiano: “A possibilidade da geração de renda dentro da cooperativa é bastante importante. Nesse sentido, os investimentos na capacitação da juventude são sempre muito bons, com resultado positivo a médio e longo prazo, segurando os jovens no meio rural. A Coopercuc acredita nisso, e Emanuel é um desses exemplos. Temos outros jovens que estão ligados a cooperativas, tanto cooperados quanto funcionários”.

 A Coopercuc foi criada no ano de 2004, por agricultores familiares, com maioria de mulheres, inicialmente com 44 cooperados. Atualmente, conta com 270 cooperados, sendo 70% de mulheres e 20% de jovens, e tem o trabalho voltado para o beneficiamento de frutas nativas do Semiárido como o umbu e o maracujá da Caatinga, por agricultores familiares dos municípios de Canudos, Uauá e Curaçá, na região semiárida baiana. (Fonte: Secretaria Desenvolvimento Rural/Bahia)

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ARTIGO: ORGANIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR É MAIS QUE UMA NECESSIDADE

No Brasil, falar sobre a importância dos agricultores familiares é algo que chega a ser redundante. Muitos dos produtos que chegam à mesa da população brasileira tanto sob o ponto de vista quantitativo quanto a diversidade, têm origem na agricultura familiar. Alguns deliciosos exemplos, são: o queijo da Serra da Canastra, o moranguinho, a amora, a uva, o feijão, as verduras, a mandioca, dentre vários outros alimentos.

Talvez, o maior desafio dos agricultores familiares, especialmente daqueles que estão localizados em regiões de pouca tradição com agricultura familiar, é desenvolver atividades que lhes assegurem renda. Sem renda, não é possível ter acesso aos bens necessários para a sobrevivência das pessoas com condições mínimas de dignidade e, muito menos, aos recursos tecnológicos indispensáveis para assegurar a competitividade do negócio. 

Portanto, é necessário promover esforços no sentido de melhorar a geração de renda dos agricultores familiares. Mas, como isso pode ser feito? A geração de renda pode se dar por meio de alguns fatores, tais como: melhorias no processo de comercialização, pela redução dos custos de produção, pelo aumento da produtividade, dentre outros. 

Em artigo intitulado “Pequenos Estabelecimentos também enriquecem? Pedras e tropeços”, publicado na Revista de Política Agrícola, nº 3, 2015, Alves explica que o grande desafio para aqueles que se dedicam a prestar orientações aos agricultores familiares consiste em  MITIGAR OS EFEITOS DAS IMPERFEIÇÕES DO MERCADO. 

Devido às imperfeições de mercado, a pequena produção é vendida por preço muito inferior ao da grande e, ainda, seus insumos são adquiridos por preço mais elevado. Tais imperfeições inibem a adoção de tecnologia para pequenas produções e, por isso, os pequenos produtores, em volume de produção, não se livram da pobreza, o que os impede de crescer e se transformarem em médios ou grandes produtores de alimentos.

Desta forma, se as imperfeições do mercado inibem a adoção de tecnologia, nada mais lógico do que trabalhar para a superação dessas imperfeições. A tecnologia é fundamental para o crescimento da produção e da produtividade e, consequentemente, para a melhoria do nível de renda. 

Ela possui um papel importante na determinação do desempenho econômico-financeiro dos estabelecimentos agropecuários, pois, além de permitir a elevação da produtividade do trabalho e do total dos fatores, também estabelece elos, que têm importante efeito (negativo ou positivo) sobre a sustentabilidade das atividades, como reforça Souza Filho, em seu artigo intitulado “Condicionantes da adoção de inovações tecnológicas na agricultura”, publicado no Cadernos de Ciência & Tecnologia, volume 28, de 2011.

Como o agricultor familiar pode vender melhor a sua produção? Para essa pergunta existe uma única resposta: Organização! Portanto, há necessidade de um esforço integrado no sentido de melhorar o nível organizacional dos agricultores familiares.

É preciso trabalhar muito fortemente a questão do cooperativismo, como meio para mitigar os efeitos das imperfeições do mercado. Um exemplo emblemático de como a organização dos produtores em cooperativas é fundamental, é o caso da avicultura de corte no Estado do Paraná. Hoje, o Paraná é líder isolado na produção de frangos de corte e todo o processo está ancorado em um sistema cooperativo que integra dezenas de agricultores familiares.

Organizados em Cooperativas e/ou Associações, os produtores vão comprar os insumos necessários para a produção por preços bem menores que comprariam isoladamente. A partir da organização da produção, eles também irão conseguir melhores preços pelos seus produtos em função da escala, resultante do processo organizacional. 

Algumas políticas públicas, como o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), a compra antecipada e a preferência à agricultura familiar na compra de alimentos para a merenda escolar, por exemplo, têm como objetivo central lutar contra as imperfeições de mercado. No entanto, os resultados dessas políticas serão tanto maiores quanto melhor for o nível organizacional dos produtores.

Parece simples, mas trabalhar de forma organizada, utilizando metodologia adequada, considerando todas as variáveis envolvidas no processo de educação, em que a visão do todo deve ser predominante em relação à visão individual, é algo que exige muito daqueles que se propõem a trabalhar nessa direção. É muito mais um trabalho intelectual do que um esforço físico. De nada adianta o conhecimento e as recomendações técnicas se não estiverem dentro de um contexto maior, onde a visão de produto deixa de existir, passando a predominar a visão de processo de forma coletiva.

Em resumo, só haverá o crescimento dos agricultores familiares ou pequenos agricultores, quando efetivamente forem envidados esforços para a superação das imperfeições do mercado, especialmente na organização dos produtores. Caso contrário, os esforços não serão traduzidos em resultados, em que o principal deve ser a geração de renda para assegurar a capacidade de modernização dos processos e a melhoria da qualidade de vida. 

Fernando Mendes Lamas-Embrapa Agropecuária Oeste

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INEFICIÊNCIA HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DE TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL É EVIDENCIADA NA PANDEMIA

A “ineficiência histórica” das políticas de telecomunicações no Brasil geraram uma “elite estudantil” na pandemia, acentuando desigualdades no acesso e na qualidade da Educação. A análise está no relatório Acesso à Internet Residencial dos Estudantes, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), lançado hoje (15).

“O modesto avanço alcançado pelas políticas de acesso à internet focado exclusivamente nas escolas foi de pouca utilidade quando estas foram fechadas e alunos e professores tiveram que ficar em casa”, diz o texto da pesquisa desenvolvida por Jardiel Nogueira. Os dados mostram que conexão estável, sem restrições, e equipamentos adequados seguem restritos.

Nogueira aponta que “o Brasil não está nessa situação por falta de políticas de conectividade, mas pela falta de efetividade das políticas que já foram lançadas”. Desde 1997, com o Programa de Tecnologia Educacional, que levou os laboratórios de informática para as escolas, e atualmente o Programa de Inovação Educação Conectada (Piec), com foco na conexão da internet para as escolas, aquisição de equipamentos e formação de professores. 

Entre os dados compilados, o relatório destaca que, apesar do avanço no número de usuários de internet nos últimos anos, 47 milhões de brasileiros permanecem desconectados, sendo que 45 milhões (95%) estão na classe C e D/E, conforme números da TIC Domicílios 2019.

Sobre a realidade dos estudantes, levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que cerca de 6 milhões de alunos vivem completamente sem acesso à internet fixa ou móvel em casa. Além disso, na classe A apenas 11% dizem fazer uso da rede exclusivamente no celular. Nas classes D e E, o percentual salta para 85%.

Para o Idec, “apesar de serem úteis em casos extremos, celulares limitam as possibilidades pedagógicas de produção de conteúdo, pesquisas acadêmicas e uso autônomo para aprendizado, tanto do professor quanto do aluno”.

Outro dado destacado no estudo é de uma pesquisa Datafolha de 2020 a qual mostra que o número de lares que possuem celulares chega a 89% dos estudantes, mas 38% deles precisam dividir o aparelho com outras pessoas da casa.

A maioria das soluções emergenciais adotadas por secretarias municipais e estaduais passou pelo acesso à internet: aplicativo com aulas e materiais para download; portal que centraliza as ofertas pedagógicas e orientações oficiais; dados patrocinados para acesso a serviços pedagógicos sem descontar do pacote de dados; empréstimo, subsídio ou doação de equipamentos para uso dos alunos e/ou professores; doação de chips; transmissão de aulas via TV ou rádio; e disponibilização de material impresso.

“Desde o começo da pandemia a gente alertou que não eram aconselháveis políticas públicas emergenciais que não considerassem a realidade de infraestrutura dos domicílios, acesso a insumos por parte dos estudantes e de suas famílias e foi o que aconteceu. Foram construídas políticas públicas emergenciais de base excludente”, avaliou Andressa Pellanda, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que participou do lançamento.

O Idec destaca como uma medida importante a derrubada do veto ao Projeto de Lei 3477, que garante R$ 3,5 bilhões para conectar alunos e professores em suas residências. “É o maior aporte de recursos da história”, aponta o pesquisador. Além disso, a aprovação do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (Fust) para destravar os recursos necessários para expandir a conectividade nas escolas. 

“Apontamos para a necessidade de se garantir a equidade no acesso à internet para além da pandemia. Educação na internet não é só plataforma, acesso à aula, é equidade no acesso ao conhecimento. É um horizonte a ser buscado”, defendeu Diogo Moyses, coordenador da área de telecomunicações e direitos digitais do Idec.

A Agência Brasil procurou o Ministério da Educação e aguarda retorno.

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BANDA AS SEVERINAS LANÇA O EP XAMEGO DE FULÔ EM COMEMORAÇÃO AOS 10 ANOS DE CARREIRA

A banda pajeuzeira As Severinas (formada por Marília Correia na zabumba; Isabelly Moreira no vocal, declamações e triângulo; e Monique D'Angelo, na sanfona e vocal) lança, nesta terça-feira (15), o single "Xamego de Fulô" que abre as portas para o EP de mesmo nome, em celebração aos 10 anos de carreira do grupo.

 E na véspera do São João, no próximo dia 23 de junho, As Severinas lança o EP completo com seis faixas, nas principais plataformas de música e no youtube, para todo mundo poder dançar em casa, acessando da forma que preferir.

A faixa de abertura é da autoria da sanfoneira e vocalista da Banda, Monique D'Angelo e tem a participação poética da violeira repentista Fabiane Ribeiro. O EP terá três músicas autorais e outras três dos compositores Islan, Assisão, além de uma parceria de Maviael Melo e Rodrigo Sestrem, que também participa tocando pífano.

Para este álbum, As Severinas mantém o estilo regional, poético e dançante; dando destaque à sanfona, à zabumba e ao triângulo com o tempero, para lá de especial, da poesia declamada. A surpresa da vez está nas participações musicais: estarão presentes no EP o aclamado grupo Quinteto Violado, a consagrada forrozeira Anastácia e a artista sergipana Thais Nogueira.

Para Monique D'Angelo, a dificuldade maior para concluir o projeto foi gravar em meio ao contexto da pandemia da covid-19, mas o trabalho valeu a pena e agora ela está feliz com o resultado. "Tivemos algumas dificuldades para entrar em estúdio, mas conseguimos, no final das contas, atingir nossos objetivos. Para tanto, tomamos todos os cuidados necessários, utilizamos máscaras, higienizamos nossas mãos e utensílios com álcool, enfim, tomamos todas as precauções para gravarmos em segurança".

A sanfoneira também acrescentou: "o público pode esperar canções escolhidas com muito carinho, faixas animadas, daquelas que os pés começam a se ´bulir´ de imediato. E ainda temos participações muito especiais, para apimentar esse trabalho".

O álbum tem a direção musical conjunta de As Severinas, do produtor Karl Marx e do multi-instrumentista Elói Oliveira. Os arranjos foram feitos por Elói em parceria com o sanfoneiro Sílvio Ferraz, além de contar com o percussionista Vein e a participação especial da percussionista Negadeza. A direção artística é da integrante Isabelly Moreira e a produção é de Karl Marx.

O EP estará disponível em todas as plataformas de música e, assim como o documentário já lançado sobre a história da Banda, ficará disponibilizado gratuitamente no canal do YouTube: https://www.youtube.com/c/AsSeverinas. O projeto conta com o apoio da Lei Aldir Blanc do estado de Pernambuco e pode ser acompanhado pelas redes sociais das Severinas:

Instagram: @asseverinas (https://instagram.com/asseverinas?igshid=aer7cxl06zs3 )

Facebook: https://www.facebook.com/paginaasseverinas

FICHA TÉCNICA

Vocal: Monique D'Angelo

Back Vocal: Isabelly Moreira e Monique D'Angelo

Declamação: Isabelly Moreira e Monique D'Angelo

Sanfona: Sílvio Ferraz

Violão e cavaquinho: Elói Oliveira

Arranjos: Elói Oliveira e Sílvio Ferraz

Direção musical: Elói Oliveira, As Severinas e Karl Marx

Percussão: Vein

Pandeiro faixa 02: Negadeza

Pífano faixa 04: Rodrigo Sestrem

Gravação, Masterização e Mixagem: Pró Stúdio Digital (São José do Egito/PE)

Repertório: As Severinas

Direção artística: Isabelly Moreira

Produção: Agência Cultural de Produção e Criação

Produção Executiva: Karl Marx

Assistência de Produção, mídia e marketing: Bea Laranjeira

Arte de capa: Marcos Pê

Fotografia de capa: Eduardo Crispim

Identidade Visual: Fabíola Barros

Gravado entre abril e junho de 2021

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