SANFONEIRO VENDE INSTRUMENTO PARA CONSEGUIR RECURSOS COM NOVO TRABALHO

Um instrumento de trabalho e um laço afetivo. É assim a relação do sanfoneiro baiano Jackson Fiuza, com sua sanfona. Desde os 15 anos, ele mostrou interesse pelo instrumento e aos 19 já tocava para levar alegria para as pessoas. Por causa da suspensão de shows devido à pandemia da Covid-19 e deste segundo ano sem São João, Jackson precisou se desfazer da sanfona.

O instrumento que marca as festas juninas no país, precisou ser vendido. Com o dinheiro, Jackson, que mora em Feira de Santana, investiu em uma hamburgueria. Nesta quarta-feira (26), quando é comemorado o Dia do Sanfoneiro, o artista infelizmente não tem o que celebrar e conta que a decisão da venda ocorreu devido as dificuldades financeiras causadas pela pandemia.

Casado e com uma filha ainda bebê, de apenas oito meses, ele precisou repensar a forma de ganhar dinheiro.

"Pendei e repensei, mas a última decisão foi vender [a sanfona] porque se eu pensasse demais eu não faria. Não tinha outra saída e acabei vendendo", revela.

A esperança do artista é que o negócio possa render lucros, para que além de pagar as contas, ele possa comprar o instrumento novamente.

Vitinho do Forró, de 28 anos, também tem enfrentado dificuldades por causa da suspensão de shows. Ele conta que não precisou se desfazer do instrumento, mas mesmo distante dos palcos, ele se mantém na música através de lives.

Aos 15 anos, ele saiu de casa para investir nos shows. A primeira sanfona, ele ainda lembra como adquiriu: "Dinheiro, não tinha. Comprei fiado. Paguei tudo depois", brinca.

Para quem viajou pelo país fazendo shows solo e em bandas, o cenário está bastante complicado, mas ele disse que segue com o sonho de levar música ao público.

"Não imagino ser um pop star. Penso em levar alegria para o povo. Esse é meu sonho e eu vivo esse sonho", ressalta.

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FAZENDA HUMAYTÁ: O LUAR DO SERTÃO NASCENDO POR TRÁS DA SERRA

 

“Luar do Sertão” é uma toada, um clássico atemporal da Música Brasileira. Composta pelo poeta e letrista Catulo da Paixão Cearense e pelo violonista João Pernambuco. Detalhe: João Pernambuco nasceu em Jatobá, hoje conhecida por Petrolândia e é um dos criadores da escola brasileira de violão. Infelizmente até hoje não tem o reconhecimento que merece.

Durante anos, o comunicador Almirante usou a letra como prefixo, a música Luar do Sertão, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.  A música, vista por muitos como o segundo hino do país, tamanha sua popularidade, ficou marcada pela interpretação de grandes nomes da Música Popular Brasileira, entre os quais Luiz Gonzaga, Maria Bethânia e Milton Nascimento. 

João Pernambuco foi homenageado em maio de 1983 com o primeiro LP que reuniu exclusivamente obras suas, “João Pernambuco 100 Anos” na interpretação do pianista Antônio Adolfo e do grupo carioca Nó em Pingo D’água. 

"Luar do Sertão" esteve presente na trilha sonora do filme "Os Dois Filhos de Francisco" (2005)  na voz da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, e na novela "Tieta" (1989) interpretada por Roberta Miranda.

Companheiro de Pixinguinha e do compositor Donga no Grupo Caxangá e, posteriormente, em Os Oito Batutas, dois dos conjuntos mais populares do Rio de Janeiro no início da década de 20, o poeta alegava que ele construíra a melodia, a partir de um fragmento de Beethoven.

João Pernambuco era um compositor intuitivo que, mesmo analfabeto nas letras e nas partituras, deixou composições de impressionante complexidade. Entusiasta de seus chorinhos, Heitor Villa-Lobos admitia ser influenciado por eles em seu próprio trabalho e costumava dizer para os amigos: “Bach não se envergonharia de assinar seus estudos para violão.”

João Pernambuco tecia harmonias muito ricas e extensas, como na brilhante Interrogando, que leva o ouvinte a uma viagem por surpreendentes modulações harmônicas. Já em Sentindo, transpõe uma estrutura de tango para o clima do choro, valorizando uma melodia pungente e de grande beleza. Seu universo é complexo, mas sua música arrebata o ouvinte ao primeiro acorde.

Em “João Pernambuco 100 Anos”, essa riqueza melódica é realçada por bons arranjos, que detalham as sutilezas harmônicas do compositor com instrumentos como a flauta e o violão de sete cordas. Assim, a linha melódica se desdobra, ganha mais corpo e, naturalmente, torna-se acessível a ouvintes pouco habituados à música instrumental.

Luar do Sertão permanece na memória coletiva do povo brasileiro e ganhou muitas versões desde a sua primeira gravação, com Eduardo das Neves, em 1914. No livro A Canção no Tempo (1901-1957), Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello esclarecem que, se a letra sem dúvida é de Catulo da Paixão Cearense, a melodia muito provavelmente deriva de um tema folclórico chamado “É do Maitá” ou “Meu Engenho é do Humaitá”, recolhido e transformado por João Pernambuco. 

A foto aqui foi clicada na Fazenda Humaytá, Curaçá Bahia, pelo poeta, cantor e compositor Luiz do Humaytá.

Não há, ó gente, oh não

Luar como esse do sertão...

Não há, ó gente, oh não

Luar como esse do sertão...

Oh, que saudades do luar da minha terra

Prateando lá na serra

Folhas secas pelo chão

Esse luar cá da cidade tão escuro

Não tem aquela saudade

Do luar lá do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata

Prateando a solidão

A gente pega na viola que ponteia

A canção é a lua cheia

A nos nascer no coração

Coisa mais bela neste mundo não existe

Do que ouvir-se um galo triste

No sertão se faz luar

Parece até que a alma da lua é que descanta

Escondeu-se na garganta

Desse galo a soluçar

A gente fria dessa terra sem poesia

Não faz caso dessa lua

Nem se importa com o luar

Enquanto a onça lá detrás da capoeira

Leva uma hora inteira

Vendo a lua a meditar

Ai quem me dera que eu morresse lá na serra

Abraçado à minha terra

E dormindo de uma vez

Ser enterrado numa grota pequenina

Onde à tarde a sururina

Chora a sua viuvez

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CAIS DO SERTÃO EXALTA IDENTIDADE VOCAL DE LUIZ GONZAGA E JACKSON DO PANDEIRO NESTA QUINTA (27)

Faltando menos de um mês para o feriado de São João, o Centro Cultural Cais do Sertão encerra as atividades virtuais de maio exaltando os músicos locais e nacionais. Na live desta semana do quadro Conexão Cais, o músico-educador do museu, Diogo do Monte, debate "A identidade Vocal de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em performance".

O bate-papo conta com a participação do mestre em Etnomusicologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Deneil Laranjeira, e será transmitido via Instagram @caisdosertao, nesta quinta-feira (27), às 20h. Posteriormente, a live ficará disponível para reprodução na rede social do museu.

"Em sua trajetória pelos estudos de música no âmbito Nordeste, Deneil tem muito a nos ensinar sobre técnica vocal e performatividade. Por esse viés, será possível analisar com mais afinco o trabalho desempenhado por grandes artistas da nossa música, a exemplo de Gonzagão e Jackson do Pandeiro", pontua Diogo.

O Conexão Cais é um quadro quinzenal e online dedicado ao estudo e reflexão da produção cultural, sociedade e legados artísticos. Ao longo de mais de um ano em atividades no Instagram do Cais do Sertão, o programa já trouxe uma infinidade de artistas, músicos e pensadores. 

Desta vez, Deneil Laranjeira, na sua vasta experiência como músico instrumentista, arranjador e compositor, apresentará aos internautas os processos interpretativos e as performances de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. A conversa visa constatar as semelhanças e dessemelhanças dos caminhos estéticos que cada um dos artistas seguiu.

Além das lives, o internauta pode navegar na cultura local por meio das playlists temáticas agregadas ao Spotify do Cais. Há seleções para todos os gostos: desde repertórios dedicadas ao Rei do Baião, como "Luiz Gonzaga", "Gonzaga em Outras Vozes" e "O Sertão cantado por Gonzaga", a listas com sucessos de músicos da cena local, a exemplo de Cristina Amaral e Quinteto Violado. Destaque para as homenagens ao Recife, como a lista "Saudade do Recife", proposta por Johnny Hooker, além de um tributo a Naná Vasconcelos.

O Cais do Sertão é um equipamento administrado pela Empetur e segue fechado para visitação presencial, em respeito às medidas de controle ao novo coronavírus determinadas pelo Governo de Pernambuco.

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ENCONTRO TERRITORIAL SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ACONTECE NESTA QUINTA (27)

Dialogar sobre experiências de segurança alimentar e nutricional nos municípios que compõe o Território Sertão do São Francisco é o objetivo do “Encontro Territorial Segurança Alimentar e Nutricional” realizado de forma virtual nesta quinta-feira (27), a partir das 8h30, com transmissão pelo canal TV Irpaa no YouTube.

A fome no Brasil vem aumentando, e a pandemia tornou mais grave a situação. Segundo o Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), em dezembro de 2020, aponta que 55% da população brasileira passam por algum grau de insegurança alimentar e que 9% da população passa fome e, consequentemente, risco de desnutrição.

No Nordeste, 7,7 milhões de pessoas estão em estado de fome severa, situação que se agrava na zona rural. Estima-se que no Semiárido mais de 3 milhões de pessoas se encontram em situação de insegurança alimentar. Diante desse contexto, discutir sobre as ações que os municípios estão tomando para combater a fome se torna extremamente necessário.

Nesse sentido, o colaborador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Moacir Santos, ressalta que a intenção deste momento é “juntar os municípios, gestores e sociedade civil e pensar a situação da fome no território e as medidas que já estão sendo tomadas e quais ações ainda podem ser incorporadas para combater a fome no território”.

O Encontro é promovido pelo Colegiado do Território Sertão do São Francisco através da Câmara Técnica de Segurança Alimentar e Nutricional.

Serviço:

O quê? Encontro Territorial Segurança Alimentar e Nutricional

Quando? Quinta-feira, 27 de maio, das 8h30 às 12h.

Onde? https://www.youtube.com/watch?v=PTZFOyAab7Y

Texto: Educação e Comunicação Irpaa / Imagem: divulgação 

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DIA SANFONEIRO: ORQUESTRA SANFÔNICA PRESTA HOMENAGEM A SIVUCA

No primeiro ano em que será celebrado o Dia Nacional do Sanfoneiro, a Associação Cultural Balaio Nordeste e o Fórum Nacional do Forró de Raiz promoverão shows especiais nesta quarta-feira (26), às 20h, no canal do Festival no YouTube, com Glória Gadelha e a Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste, que irão homenagear Sivuca e todos os sanfoneiros.

Na ocasião, será realizado o lançamento da segunda edição do Festival São João na Rede, um festival em que só na Paraíba terá mais de 60 atrações, do Litoral ao Sertão do estado.

O dia 26 de maio foi instituído como o Dia Nacional do Sanfoneiro em abril deste ano e a data foi escolhida por ser o dia do nascimento do músico paraibano, Severino Dias de Oliveira, o Sivuca.

Viúva e parceira musical de grandes sucessos de Sivuca, estará acompanhada do músico Lucas Carvalho, carinhosamente apelidado pelos amigos de “Sivuquinha”, devido à paixão, reverência e dedicação que sempre dispensou para estudar as obras do grande mestre. Juntos, farão uma homenagem com músicas de Sivuca e também de Glória, relembrando a parceria de sucesso na vida e na música.

Formada em medicina, a compositora concluiu seus estudos em música na Universidade de Columbia, em Nova Iorque (EUA) e nesta apresentação, dará ao público a oportunidade rara de vê-la cantando novamente, relembrando o período entre 1984 e 1991, quando fez excursões musicais no Brasil e exterior, quase sempre ao lado de seu marido, Sivuca. Imperdível.

A Orquestra surgiu da necessidade de inovação no cenário musical e hoje difunde a cultura nordestina e particularmente a paraibana por onde passa. Com arranjos próprios e produção musical do maestro Lucílio e de alguns músicos participantes, a Orquestra vem se firmando como um dos produtos culturais mais genuínos e expressivos da música nordestina.

A Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste propõe uma noite mágica, levando ao público um concerto onde serão interpretadas canções de grandes nomes da música nordestina, levando a cultura nordestina através da música, valorizando, resgatando valores e homenageando grandes nomes da Sanfona e do Forró.

Os festejos online deste ano começam na Paraíba, mas assim como na primeira edição, o Festival terá apresentações em outros estados brasileiros. A edição paraibana este ano, tem parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e da Prefeitura Municipal de João Pessoa, por meio da Funjope.

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DIA DO SANFONEIRO FESTEJA DATA DO NASCIMENTO DE SIVUCA, O MESTRE DO SOM

Dia do Sanfoneiro. Hoje (26) é o dia a ser celebrado anualmente, em todo o território nacional. A data marca o nascimento de Sivuca, que é natural da cidade de Itabaiana, no Brejo da Paraíba. Além de compositor e arranjador, Sivuca é um mestre da sanfona, instrumento do qual é um dos principais divulgadores na música nacional e internacional.

Sivuca fez sucesso pelo país com seus arranjos que disseminaram a cultura pelo mundo. Ao lado de sua esposa e também cantora, Glória Gadelha, compôs um de seus maiores sucessos, “Feira de Mangaio”, eternizada na voz de Clara Nunes. Sivuca morreu, aos 76 anos, em 2006, vítima de um câncer de laringe, o qual se tratava desde 2004.

Sivuca completaria 91 anos neste 26 de maio, mas continua marcado na memória de todos que compõem a música brasileira. Está vivo, principalmente, por meio de músicos que fizeram eternizar o ronco do fole da sanfona do mestre Sivuca.

Na Paraíba, a influência não poderia vir, se não, por meio do forró e da família. Lucy Alves, multi-instrumentista, nutre uma relação com os instrumentos musicais desde criança, quando por volta dos 4 anos começou a participar da Orquestra Infantil da Paraíba. Foi instrumentista antes de descobrir a voz potente, doce e uma grande aliada em tudo que Lucy quer traduzir por meio da música.

“Eu fui fortemente influenciada pelos meus pais, pela minha família. Tenho tios que tocam sanfona e meu bisavô também já tocava a sanfona de 8 baixos. Tá no sangue. Mas resolvi colocar a bichinha no peito quando formamos o grupo musical ‘Clã Brasil’ e precisava de sanfoneiro. Como já tinha tocado piano quando criança e o grupo era formado por mim, minhas irmãs, pai, mãe, Fabiane e Francisco Neto (ambos filhos do maestro Chiquito), resolvi tocar o instrumento. E me apaixonei. Com a sanfona dá pra fazer de um tudo musicalmente”, relata Lucy.

Mas seguir em um caminho marcado por muitos homens, nem sempre é fácil se inserir como uma linha fora da curva. Questionam o peso do instrumento, o motivo de não tocar outro instrumento, o exótico da “mulher sanfoneira”, mas pouco sobre a qualidade instrumentista. Mas foi assim que Lucy Alves ganhou o Brasil quando apareceu em rede nacional, no programa The Voice Brasil, com a sanfona caindo pelos ombros. A voz que se misturava com o ritmo da sanfona era melodia para esquentar o coração do nordestino. Acabou encantando além da região.

“Já houve um tempo onde mulheres tinham aulas de piano e sanfona nas escolas, internatos… Era algo prendado e até de classe para uma mulher ’bacana’. Mas esse protagonismo de mulheres em grandes palcos e liderando bandas e trabalhos musicais com sua concertina eu vejo ficar cada vez mais forte no agora. É um símbolo de força, beleza e mais uma conquista para nós, instrumentistas”, revela Lucy.

Para fugir da comparação com os sanfoneiros, Lucy Alves escolheu acreditar em si mesma. Com o apoio da família, que nunca deixou de reafirmar a importância e competência do Clã inteiro enquanto musicistas, Lucy foi longe. “Paraíba se orgulha de sua cultura e de seus baluartes”, declara a artista.

“Num mundo ainda machista e patriarcal nós mulheres tocarmos sanfona é muito potente porque amplia um mundo musical e cultural de nossa região ainda muito dominado por homens. Não é fácil carregar e sustentar um instrumento tão bonito, mas tão pesado e que muitas vezes, por termos um físico mais frágil, nos machuca”, desabafa.

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ENCONTRO DA ESCOLA DE FORMAÇÃO DA JUVENTUDE RURAL DEBATE A AGROECOLOGIA E O PROTAGONISMO DOS JOVENS DO CAMPO

Uma ciência interdisciplinar, um movimento de transformação social e uma agricultura ecológica de base sustentável. Falar e fazer agroecologia não pode ser algo restrito apenas a uma forma de produção, é muito mais complexo e diverso, envolvendo todas as relações de trabalho e convivência. Essa foi a principal mensagem do 5º Encontro da Escola de Formação da Juventude Rural, realizado na noite do dia 17 de maio.

Os agrônomos do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP) Adão José e Victor Maciel e a técnica em agroecologia do território de fundo de pasto de Areia Grande em Casa Nova (BA) Paula Oliveira foram os/as convidados/as para partilhar suas experiências com jovens de diversas comunidades dos municípios da Diocese de Juazeiro (BA).

A jovem Paula Oliveira destacou que a agroecologia vai além da alimentação saudável. Muita gente acaba confundindo uma produção orgânica (sem insumos químicos) com a agroecológica, por exemplo.

 "Não é apenas produzir sem agrotóxicos, a agroecologia promove a economia solidária, tá ligada à cultura, ao modo de viver da comunidade. Eu tenho um canteiro agroecológico, eu e minha mãe produzimos, principalmente para nossa mesa, depois para os vizinhos e depois pra venda", comentou a técnica em agroecologia. Paula, além de estar no dia a dia no campo, também se dedica à divulgação da produção agroecológica através da página @sitio.cacimba_do_meio nas redes sociais.

Por ir além do processo de produzir um alimento e levar em consideração tudo que está dentro dos agroecossistemas (ex: terra, plantas, animais, pessoas, relações sociais, etc.) a agroecologia também pode ser vista como um movimento, afirmou o engenheiro agrônomo Adão José.

 "A agroecologia também analisa se você não feriu o direito de alguém (homens, mulheres, jovens...)  durante o processo de produção. Quando há oposição a algo que está destruindo, não só os seres animais e vegetais, mas culturas, populações, isso também é fazer agroecologia, porque a agroecologia é o equilíbrio de tudo", ressaltou. Adão José ainda chamou a atenção para o fato de que a agroecologia está ligada às realidades locais.

 "O fundo de pasto é uma forma sábia que as populações dessa região encontraram de fazer a agroecologia, mantendo a caatinga em pé e tirando o sustento dali", acrescentou.

Já o agrônomo Victor Maciel fez um breve relato sobre o surgimento da agroecologia enquanto ciência na década 1980, em contraponto à chamada "revolução verde", processo de mecanização no campo que resultou na destruição de parte da biodiversidade dos biomas brasileiros e expulsão de povos e comunidades camponesas de seus territórios. Victor também destacou o papel das pautas da juventude dentro do movimento agroecológico.

 "A agroecologia defende o protagonismo da juventude, que os/as jovens tenham a sua participação na produção, no gerenciamento, das decisões dos agroecossistemas. Que eles possam ter seu espaço para produzir, comercializar produtos, debater e participar", pontuou o agrônomo.

O último encontro dessa turma da Escola de Formação da Juventude Rural acontecerá no próximo sábado (29) e contará com a participação do assessor das Pastorais Sociais Roberto Malvezzi (Gogó) e o integrante da Coordenação Nacional da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) Elias Neto. A temática abordada será espiritualidade e juventude.

*Texto: Comunicação CPT Juazeiro/BA 

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