BRASIL PERDE 400 MIL HECTARES DE SUPERFÍCIE DE ÁGUA EM 2024

 O Brasil perdeu 400 mil hectares de superfície de água em 2024, uma extensão que equivale a mais de duas vezes a cidade de São Paulo, aponta a atualização da série histórica do MapBiomas Água, divulgada nesta sexta-feira (21). No ano passado, o território do país coberto por corpos hídricos e reservatórios ficou em 17,9 milhões de hectares, o que representa uma diminuição de 2% em relação 18,3 milhões registrados em 2023.

De acordo com a nova coleção de mapas e dados de cobertura do território nacional por superfície de água, há uma acentuação na trajetória de diminuição dessa área na última década, quando foram registrados oito dos anos mais secos da série histórica iniciada em 1985. No período, apenas em 2022 houve recuperação da superfície de água, quando atingiu 18,8 milhões de hectares.

Segundo o pesquisador Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água, o Brasil o brasil está mais seco por causa da dinâmica de ocupação e uso da terra associada aos eventos climáticos extremos.

“Esses dados servem como um alerta sobre a necessidade de estratégias adaptativas de gestão hídrica e políticas públicas que revertam essa tendência”, diz.

Em 2024, a Amazônia registrou 10,9 milhões de hectares de superfície de água, representando 61% do total no Brasil. A Mata Atlântica registrou 2,2 milhões de hectares ou 13% do total, o Pampa 1,8 milhão de hectares, ou 10% do total, o Cerrado tem 1,6 milhão de hectares ou 9% do total e a Caatinga tem 981 mil hectares ou 5% do total.

Bioma Caatinga-Ao longo do ano passado, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica se mantiveram acima da média histórica, com destaque para a Caatinga, que terminou o ano com seis mil hectares a mais que em 2023 e a maior área coberta por água nos últimos 10 anos.

Segundo o pesquisador Diêgo Costa, da equipe Caatinga do MapBiomas, esse resultado indica a consolidação de um ciclo de cheias para o bioma iniciado em 2018, mas é preciso ficar alerta. “Apesar desse cenário favorável, persistem áreas com secas recorrentes, especialmente ao longo da bacia do São Francisco e na região do Seridó Nordestino — territórios particularmente vulneráveis à desertificação.”, ressalta.

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JUAZEIRO: PROCISSÃO E FÉ NO DIA DE SÃO JOSÉ NAS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO

Na imensidão silenciosa das águas do Velho Chico, cinco barcos avançavam pelo rio rompendo a quietude das ondas com cânticos, palmas e batuques. A procissão fluvial em homenagem a São José, celebrada todo ano no dia 19 de março em Juazeiro, contou com o apoio da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes (Seculte), e reuniu centenas de fiéis e turistas para viverem a tradição que une fé e história popular.

Em um dos barcos, mais de 90 fiéis entoavam em uníssono o hino do santo. "Da Virgem Maria, vós sois santo esposo", cantavam. Em outro, onde vão devotos integrantes do Samba de Véio do Rodeadouro, o compasso dos tambores marcou a dança e as vozes alegres que celebravam a sua cultura secular.

A procissão integra a festa centenária da divindade na comunidade do Rodeadouro, de quem é padroeiro. O dia começou às 5h, com uma caminhada ao alvorecer até o porto, de onde partiram os primeiros barcos rumo à Orla de Juazeiro. Lá, uniram-se a outras embarcações e fiéis, que os aguardavam, retornando ao Rodeadouro em um cortejo ampliado, agora com cinco barcos, duas lanchas da Marinha e motos aquáticas. Todos seguiam a lancha que levava consigo a imagem do santo em um andor.

Para quem estava em terra firme, aguardando a chegada dos devotos e da imagem, o som dos cantos ganhava força à medida em que os barcos se aproximavam. Entre os que circulavam por ali, estava Rice Mota. Emocionada frente à representação do santo, contou que "José" nomeia o seu pai e o seu filho.

 "Sou devota de São José há muito tempo. Eu tenho um verdadeiro carinho, porque ele protege as nossas famílias e ele que ajudou Maria a criar Jesus, não tem importância maior", disse.

De lá, Rice se despediu da imagem, que seguiu viagem junta às demais lanchas e barcos, de volta ao Rodeadouro. Nesse percurso, com cerca de 15 quilômetros, os devotos puderam navegar suas orações pelas águas do rio São Francisco.

A chegada de volta à comunidade também foi acompanhada de emoção. O andor desceu da lancha e foi carregado nos braços de algumas jovens, com vestimentas de marinheiro, em alusão às águas do Velho Chico. Ali, a procissão seguiu, mas agora como uma caminhada em direção à paróquia. O sol era intenso, mas não intimidava os fiéis. Enquanto os pés pisavam o chão, as vozes louvavam cânticos destemidos e esperançosos.

É o caso de Antônio Laurindo, marinheiro e comunitário do Rodeadouro, que guiou um dos barcos da festa. "Estou com 76 anos e sou devoto desde criança. Eu peço que São José proteja todos e que nos traga um pouco de chuva. A felicidade de ser devoto de São José é saber que ele nunca nos deixa em falta.", comentou.

Segundo o secretário de Cultura, Targino Gondim, apoiar o evento é importante, já que a festa tem relação íntima com os sertanejos e o plantio. "É um santo que traz a benção e a esperança. Não à toa, se canta 'plantei meu milho todo na festa de São José'. Por isso, estamos aqui para ajudar, pois vemos uma união cultural, religiosa e turística. Queremos impulsionar esta festa, para que a gente possa trazer pessoas do Brasil e do mundo para este momento", diz.

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PADRE CÍCERO COMPLETARIA 181 NASCIMENTO NA SEGUNDA-FEIRA (24)

 A Semana Padre Cícero será realizada em Juazeiro do Norte, Ceará, no Largo da Capela do Socorro, de 20 a 24 de março, mantendo viva uma das mais importantes tradições da cidade. Este ano, o evento chega à sua 43ª edição, celebrando os 181 anos de nascimento do Padre Cícero.

Embora a programação se estenda por cinco dias, os momentos mais aguardados acontecem nos dias 23 e 24 de março. Entre eles, a Seresta do Padre Cícero, o Caldo da Nair, o Concurso do Bolo, o Canto de Parabéns e o Corte do Bolo. Há, também, Missa de Aniversário do Padre Cícero, Procissão das Flores, Renovação do Sagrado Coração de Jesus, Café do Santo, bem como apresentações musicais com bandas católicas locais e nacionais. A programação inclui, ainda, a Meia Maratona Padre Cícero, reforçando o caráter cultural e religioso do evento.

A Renovação do Sagrado Coração de Jesus é um dos momentos mais simbólicos da Semana Padre Cícero. Introduzida na cidade pelo próprio sacerdote, essa celebração tradicional ocorre há mais de um século, representando gratidão, pedidos de bênçãos e renovação da fé. Desde 2013, passou a integrar oficialmente a programação, encerrando a parte religiosa das festividades. O rito acontece na chegada da Procissão das Flores à Capela do Socorro, no dia 24 de março.

Após a cerimônia, é servido o Café do Santo, um momento de confraternização onde os participantes compartilham café e biscoitos, reforçando os laços de devoção da comunidade, o que tornam a celebração especial.

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FALTA DE SANEAMENTO PROVOCA MAIOR NÚMERO DE INTERNAÇÕES EM CRIANÇAS E IDOSOS

Falta de saneamento provocou mais de 340 mil internações em 2024. Crianças e idosos são os grupos mais hospitalizados

O Brasil registrou mais de 344 mil internações por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado em 2024, sendo que 168,7 mil estão relacionadas a alguma infecção propagada por um inseto-vetor, principalmente a dengue.

Em segundo lugar, vêm as doenças de transmissão feco-oral (transmitidas peles fezes de um indivíduo infectado), como as gastroenterites causadas por vírus, bactérias ou parasitas, com 163,8 mil casos.

Os dados são de pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil, nesta quarta-feira (19), antecipando o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março.

Apesar do grande número absoluto - que representa quase 950 internações por dia - desde 2008, os registros têm caído, em média, 3,6% ao ano.

Situação nas regiões-A situação em algumas regiões é mais preocupante. No ano passado, a incidência de internações na Região Centro-Oeste foi a maior do Brasil - 25,5 - por causa do surto de dengue. Já a Região Norte registrou 14,5 internações a cada dez mil habitantes por doenças de transmissão feco-oral, o dobro da taxa brasileira.

Os estados em pior situação foram o Amapá, com incidência de 24,6 internações e Rondônia, com 22,2 internações por dez mil habitantes.

A Região Nordeste registrou uma taxa geral próxima da média brasileira, mas também se destacou negativamente na análise de transmissões feco-orais. Além da região ter a segunda maior taxa de incidência do país, com 12,6 internações a cada dez mil habitantes, no estado do Maranhão, essa taxa chegou a 42,5, seis vezes mais do que a média brasileira.

Apesar de não ser a única causa, essas doenças estão bastante relacionadas à falta de saneamento, já que são resultado da infecção por vírus, bactérias ou parasitas eliminados nas fezes de uma pessoa doente, e que são transmitidas para outras pessoas principalmente pelo consumo de água e alimentos contaminados e pela falta de higienização das mãos.

As doenças transmitidas por insetos também têm relação com o saneamento, porque o acúmulo de lixo favorece a proliferação desses animais.

Por causa disso, o Instituto Trata Brasil ressalta que elas afetam com maior intensidade as populações de menor status socioeconômico.

Em 2024, 64,8% do total de internações foram de pessoas pretas ou pardas. Apesar dos indígenas responderem por apenas 0,8% do total, a incidência entre eles ficou em 27,4 casos a cada dez mil habitantes.

As crianças e os idosos são os que costumam adoecer com mais gravidade, necessitando de internação. Entre as pessoas hospitalizadas em 2024, cerca de 70 mil eram crianças de até 4 anos, ou 20% do total. Nessa faixa etária, a incidência foi de 53,7 casos a casa dez mil pessoas, três vezes mais do que a média de todas as idades.

Já entre as pessoas com mais de 60 anos, a incidência foi 23,6, com cerca de 80 mil internações, ou 23,5% do total.

O Instituto Trata Brasil estima que o avanço da oferta de água tratada e da coleta e tratamento de esgoto pode reduzir em quase 70% a taxa de internações do país e promover uma economia de R$ 43,9 milhões por ano.

Mortalidade-O estudo também analisa a mortalidade associada a essas doenças, em comparação com dados de 2023. Neste ano, foram registradas 11.544 óbitos por doenças relacionadas ao saneamento ambiental, a maioria - 5.673 casos - por infecções feco-oral, e outras 5.394 causadas por doenças transmitidas por insetos.

Os óbitos caíram entre 2008 e 2023 no país. No entanto, na maior parte dos municípios brasileiros, esse indicador ficou estagnado e em 1.748 cidades, a taxa de mortalidade cresceu neste período.

As mortes, em 2023, foram bastante superiores entre os idosos, com 8830 ocorrências, ou 76% do total. Já o recorte por etnia mostra que a taxa de óbitos entre os indígenas foi quatro vezes superior à da população em geral, apesar da quantidade absoluta de casos ser bem menor do que entre as pessoas brancas ou negras.

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DIA DE SÃO JOSÉ: O SANTO QUE PROPORCIONA CHUVAS

No sertão nordestino, o Dia de São José, celebrado em 19 de março, carrega uma antiga crença: se chover até a data do santo, o ano será de boas chuvas e colheitas fartas. A tradição, passada de geração em geração, é lembrada e louvada por muitas famílias. Por isso, o dia é esperado com grande expectativa, seja pelas festas para o santo que mobilizam cidades, ou pelo aguardo da previsão.

Em Juazeiro, no norte da Bahia, a fé resiste na comunidade do Rodeadouro, da qual o santo é padroeiro. A moradora Célia Regina, 68, conta que, por lá, há, inclusive, um bendito (tipo de oração) especial para pedir chuva: "Tem vezes que está até chovendo quando a gente está rezando a novena. Quando começa a quebrar o bendito, o pessoal diz: 'Eita, ainda vai pedir mais chuva!".

Ela acrescenta que a oração não garante a queda d'água, mas fortalece a fé de quem cultiva esse costume dos antepassados: "A gente já cresceu assim, desse jeito. Não é que a chuva venha só porque a gente rezou – ela vem quando tem que vir –, mas a gente tinha essa fé".

E, de fato, a fé não costuma falhar. Registros da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), por exemplo, mostram que, no Ceará, choveu no Dia de São José em todos os últimos 21 anos.

Para a ciência, no hemisfério sul, a explicação é que a data acontece próxima ao equinócio de outono, período em que as chuvas costumam ser mais intensas. Além disso, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema responsável pelas chuvas no semiárido nordestino, atinge seu auge entre fevereiro e maio.

No entanto, a vida e a fé vão além. Para este dia 19, segundo o instituto ClimaTempo, a previsão não aponta chuva, mas a fé do Rodeadouro tem a força de mudar destinos.

Plantar no Dia de São José dá sorte?

Além das novenas, outro costume popular é plantar milho no dia do santo. Se, por um lado,  isso é garantia de 'fartura', por outro, é também certeza de colheita na época das festas juninas. Isso porque, tipicamente, o milho leva cerca de 90 dias para crescer, ficando pronto para a colheita justamente no tempo de São João. A fé dá força para o plantio e a sabedoria popular reforçam a ideia com um ditado antigo:

"Quem plantou em São José, no São João nunca falhou", canta Célia. Não só o milho, mas feijão, macaxeira e outros alimentos típicos também costumam ser plantados na data.

Por isso, a comunitária Ovídia Izabel de Sena, 76, diz que o dia é especial não só para os devotos, mas "para os agricultores, para pedir chuva, para que possa ter uma grande fartura pela frente", comenta.

Ainda assim, ela ressalta que, embora antigamente muitos agricultores da comunidade seguissem o costume do plantio no dia 19 de março, hoje em dia já não se sabe mais da sua realização, pois a agricultura familiar na região tem dado lugar aos grandes cultivos.

"São poucas as pessoas que têm pedacinhos de terra hoje. Já os grandes agricultores não costumam cultivar milho. Eles cuidam mais de melão, melancia e manga, que são os alvos aqui na comunidade", explica.

Seja como for, para além das chuvas, a comunidade possui uma relação fraternal com o santo, pedindo, no dia 19, por proteção, força para enfrentar dificuldades e auxílio aos irmãos. "A nossa comunidade é turística, possui muito movimento de pessoas. E São José cuida muito bem da gente e das nossas famílias", diz Ovídia.


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PROCISSÃO DAS SANFONAS DE TERESINA-EXISTIRMOS: A QUE SERÁ QUE SE DESTINA?

 

Procissão das Sanfonas de Teresina – Existirmos: a que será que se destina?

 A Procissão das Sanfonas de Teresina surgiu do sonho dos gonzaguianos piauienses de preservar e espalhar o legado de Luiz Gonzaga.

Gonzaguianos é um grupo formado por fãs do sanfoneiro Luiz Gonzaga (mais conhecido na música popular brasileira como “O Rei do Baião”. Ele nasceu na cidade de Exu, sertão de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912).

Foi esse sentimento de cuidado que motivou o grupo intitulado “Colônia Gonzaguiana de Teresina” para que, juntos, tornassem real a concretização do movimento cultural que é a Procissão das Sanfonas de Teresina— festividade que leva, anualmente, no dia 2 de agosto, data da morte de Luiz Gonzaga, a música do Rei do Baião pelas ruas do Centro de Teresina-PI.

Em 2025, o cortejo cultural completa 17 anos. Um momento sempre marcado pela união, música e pelo reconhecimento das personalidades que tanto contribuíram para a construção da identidade nordestina, além de celebrar marcos importantes na história regional.

A festividade reúne sanfoneiros e admiradores da cultura nordestina em um percurso que começa na Igreja Catedral de Nossa Senhora das Dores, na Praça Saraiva, onde ocorre a bênção das sanfonas. Em seguida, o desfile musical passa pelo calçadão da Rua Simplício Mendes, no centro comercial, até chegar ao Museu do Piauí, na Praça da Bandeira, onde acontecem apresentações dos músicos que acompanham o cortejo cultural danado de bom. 

Em 2021, a Procissão conquistou o Prêmio Profissionais da Música (PPM), ao concorrer na modalidade Criação e Categoria ‘Som na Rua’. O PPM é considerado uma das maiores e a mais abrangente das premiações do setor musical do Brasil. Em agosto de 2020, pela primeira vez, o evento ocorreu de forma virtual, devido à pandemia. Essa edição concorreu e levou o Prêmio.

Em um videoclipe, os forrozeiros apresentaram “Maria passa na frente”. A música homenageava Maria da Inglaterra, compositora piauiense que faleceu em 2020, e o multi-instrumentista Sivuca, que completaria 90 anos, à época.

“Em 2007, em uma conversa despretensiosa com o memorialista gonzaguiano Reginaldo Silva disse-lhe que tínhamos que fazer alguma coisa no dia 2 de agosto, dia do falecimento de Luiz Gonzaga. Muitas pessoas, no dia do falecimento, só fazia a missa ou alguma celebração religiosa.  Falei com o Reginaldo que Gonzaga era um homem festeiro. Aí, veio a ideia da Procissão das Sanfonas. Falamos com o professor Cineas, então presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves que nos encaminhou para Vagner Ribeiro. E assim, em 2008, saiu a primeira edição da Procissão das Sanfonas. Vários sanfoneiros em cima de um caminhão rodando o centro de Teresina até chegar à praça do Liceu. Depois, mudamos o encerramento para o Museu do Piauí”, recorda o professor de Física do Instituto Federal do Piauí (Ifpi), Wilson Seraine. Ele é idealizador do evento e soma mais de 20 anos dedicados à pesquisa e divulgação da história e da obra de Luiz Gonzaga.

Seraine é considerado o maior colecionador e pesquisador de Luiz Gonzaga no Piauí e um dos maiores do país. Ele também apresenta o programa semanal: A Hora do Rei do Baião. Entre os trabalhos organizados por ele que abordam a temática Gonzaguiana estão: Cordéis Gonzaguianos – Antologia; A Festa da Asa Branca – uma história com pássaros cantados por Luiz Gonzaga; Causos Gonzaguianos Ilustrados; Reginaldo Silva: 12 anos com o Rei do Baião; CD Luiz Gonzaga em Alemão; Os Bichinhos de Luiz Gonzaga e Luiz Gonzaga em Palmeirais.

“Nossa intenção é também atrair os jovens para esse movimento de valorização da cultura nordestina. Colaborar com a revitalização do Centro de Teresina. E, claro, valorizar o legado e o trabalho daqueles que muito fizeram e fazem pela cultura regional”, explica Wilson Seraine.

A cada edição, cresce o número de jovens sanfoneiros e sanfoneiras que se juntam ao cortejo, o que atesta que a sanfona não é apenas um instrumento do passado, mas uma peça fundamental para o futuro da música nordestina.

Para além de um evento, a Procissão é uma manifestação democrática da cultura nordestina, e uma demonstração de que o sonho dos gonzaguianos que idealizaram esse evento, se tornou realidade, ganhou inúmeros adeptos em todas as gerações e transformou-se em um símbolo de resistência cultural. Unidos por esses propósitos, os gonzaguianos se mobilizam para o próximo 2 de agosto, momento de mais uma vez reafirmar a identidade, compartilhar ideais e celebrar a diversidade. 

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COLÔNIA GONZAGUIANA DO CARIRI PROMOVE PROCISSÃO DOS SANFONEIROS

O Crato, Ceará, Luiz Gonzaga visitava frequentemente e por isso deixou amigos, canções e lembranças. "Eu vou pro Crato, vou matar minha saudade. Ver minha morena, reviver nossa amizade". Eternizada na voz Luiz Gonzaga,

"Eu vou pro Crato" é uma homenagem à cidade que sempre acolheu o Rei do Baião, que, no dia 02 de agosto, sábado, completa 36 anos de saudades desde que "partiu para o "Sertão da Eternidade".

No dia 5 de julho, o Cariri se tornará palco de uma das mais vibrantes e emocionantes manifestações culturais do Nordeste brasileiro. A I Procissão dos Sanfoneiros do Cariri vai homenagear Luiz Gonzaga, celebrando os 36 anos de saudades do eterno Reio do Baião. O evento vai reunir sanfoneiros dos 32 municípios que formam o Cariri, entre eles o Juazeiro do Norte do Padre Cícero.

O evento vai acontecer no Crato, às 9h30 e a Procissão dos Sanfoneiros vai percorrer as principais ruas do centro, os "Caminhos de Luiz Gonzaga no Crato", lugares que o sanfoneiro reverenciava, exemplo Praça Siqueira Campos,  Crato Tênis Clube, Urca e Praça da Sé.

A Procissão dos Sanfoneiros foi definida durante reunião dos membros da Colônia Gonzaguiana do Cariri que aconteceu na noite de sexta-feira (14), na Casa de Cultura Festa no Sertão, espaço cultural idealizado pelo radialista José Ideval da Silva, Seu Zezé. Os membros do Grupo de Amigos e Admiradores do Reio do Baião, de Caririaçu, estiveram presentes.

Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, é uma das figuras mais importantes da música brasileira, responsável por popularizar o forró e outras tradições musicais do Nordeste. Seus 36 anos de falecimento serão lembrados com muita música e emoção.

Reginaldo Silva, memorialista e produtor cultural que trabalhou com Luiz Gonzaga explica que a Procissão dos Sanfoneiros será mais uma das mais ricas e emocionantes homenagens ao Sanfoneiro do Povo de Deus, Luiz Gonzaga, um momento de união, música e reconhecimento da arte gonzaguiana.

O historiador, Huberto Cabral, Doutor Honoris Causa da Universidade Regional do Cariri, considerado uma ‘enciclopédia viva’ da história regional, ressaltou a paixão que Luiz Gonzaga tinha pelo Crato.

"Uma justa homenagem. Luiz Gonzaga é exemplo de identidade cultural e merece todas as homenagens pelo cidadão brasileiro e que também recebeu título de Cidadão do Crato", finalizou Humberto Cabral.

O jornalista Ney Vital. Colaborador da REDEGN, durante entrevista ao Programa de Rádio Nordestão Sertanejo, exibido pela Rádio Educadora ressaltou que no mundo globalizado, toda e em especial atração cultural e turística que tem Luiz Gonzaga é fator de geração de renda e emprego. Na arte os gênios são os que revolucionam e por isso a Procissão dos Sanfoneiros do Cariri será um marco na história da região.

LUIZ GONZAGA E O CRATO-JUAZEIRO: Nascido em Exu, Luiz Gonzaga era apaixonado pelo Crato e Juazeiro. Huberto Cabral cita que era comum Luiz Gonzaga visitar o Município, principalmente no período da construção do Parque Aza Branca, em Exu, inaugurado em 1989, após a sua morte. 

A relação com o Crato, porém, começou bem antes. Na infância, Luiz e seu irmão, Zé Gonzaga, acompanhavam o pai, Januário, na feira da cidade, onde vendiam corda. Após sucesso na região Sudeste, na década de 1940, Gonzaga, já adulto, retornou ao Município para fazer seu primeiro show em solo cearense, no Cine Casino Sul Americano, no dia 10 de julho de 1946. Com plateia lotada, o Rei do Baião cantou e puxou a sanfona com alguns de seus sucessos, como "Vira e Mexe" e "Baião" e "No meu pé de serra".

Luiz Gonzaga animava os leilões da festa de São Francisco. Ele ajudou a arrecadar muito dinheiro para a construção do Hospital São Francisco e da Igreja de São Francisco.

"Ele obrigatoriamente transitava pelo Crato quando ia para Exu. Em 1951, inaugurou a Rádio Araripe, junto com Januário e Zé Gonzaga. O mesmo aconteceu em 1959, quando inaugurou a Rádio Educadora do Cariri. Antes disso, realizou o primeiro Show da Exposição do Crato no Parque Pedro Felício. Ele foi um grande benfeitor da Expocrato. Todo ano ele vinha", lembra o radialista Huberto Cabral.

Além da exposição, Luiz Gonzaga realizou shows na Praça da Sé, no Crato Tênis Clube e na AABB. O título de Cidadão do Crato,  ele recebeu em 1964, e a medalha Bárbara de Alencar.

Sempre que ia ao Crato, Luiz Gonzaga se hospedava na casa do amigo Manoelito Parente. A ligação começou desde os tempos de menino, no Exu, quando trabalhou na Fazenda Manoçoba, apanhando algodão. O dono da plantação era o pai de Hilda Parente, esposa de Manoelito. Depois que retornou, já consagrado "Rei do Baião", o cantor retomou o contato e começou a amizade com a família. "Quando vinha pra cá, ele começou a se arranchar lá em casa", conta Hildelito Parente, músico e filho do casal Hilda e Manoelito

"Meu pai falou com ele quando a Igreja de São Francisco estava em construção. Eles queriam que ele fizesse uma participação para tirar uma graninha para a igreja. Quando meu pai soube que ele era de Exu, e minha mãe também era de lá, ele fez o contato. Eles recordaram a amizade de jovens. Aí a amizade ficou mais aproximada", completa.

Hildeleito Parante teve duas músicas gravadas por Luiz Gonzaga "Sou do Banco", e "Bandinha de Fé".

Recentemente, Luiz Gonzaga ainda inspira muitas pessoas, como o menino Pedro Lucas Feitosa, que aos 12 anos, criou o Museu Luiz Gonzaga, no distrito de Dom Quintino, no município de Crato.

O gosto pelo artista começou aos cinco anos, quando ouviu "Asa Branca" na festa junina da escola. "Eu voltei pra casa cantando essa música e minha tia ouviu. Eu errava a letra, ela completava. Aí, ela me deu um CD e MP3 e aprendi mais músicas. Era ouvindo todo dia", conta o estudante.

Em 2013, visitou o Parque Aza Branca, em Exu, e se inspirou no Museu de Luiz Gonzaga e criou seu próprio museu aos oito anos. "Como aqui no Dom Quintino não tinha nenhum ponto turístico, tornei a casa antiga da minha bisavó o museu", explica. Lá, ele reúne objetos antigos, como rádio, ferramentas, máquina de escrever, além, claro, de fotos, cartaz, jornais, folhetos, discos, CDs do "Velho Lua". Tudo doado a partir da divulgação no rádio e TV.

"É Luiz Gonzaga sempre modernidade", finaliza Pedro.

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