Procissão das Sanfonas
de Teresina – Existirmos: a que será que se destina?
Gonzaguianos é um grupo
formado por fãs do sanfoneiro Luiz Gonzaga (mais conhecido na música popular
brasileira como “O Rei do Baião”. Ele nasceu na cidade de Exu, sertão de
Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912).
Foi esse sentimento de
cuidado que motivou o grupo intitulado “Colônia Gonzaguiana de Teresina” para
que, juntos, tornassem real a concretização do movimento cultural que é a
Procissão das Sanfonas de Teresina— festividade que leva, anualmente, no dia 2 de
agosto, data da morte de Luiz Gonzaga, a música do Rei do Baião pelas ruas do
Centro de Teresina-PI.
Em 2025, o cortejo
cultural completa 17 anos. Um momento sempre marcado pela união, música e pelo
reconhecimento das personalidades que tanto contribuíram para a construção da
identidade nordestina, além de celebrar marcos importantes na história
regional.
A festividade reúne
sanfoneiros e admiradores da cultura nordestina em um percurso que começa na
Igreja Catedral de Nossa Senhora das Dores, na Praça Saraiva, onde ocorre a
bênção das sanfonas. Em seguida, o desfile musical passa pelo calçadão da Rua
Simplício Mendes, no centro comercial, até chegar ao Museu do Piauí, na Praça
da Bandeira, onde acontecem apresentações dos músicos que acompanham o cortejo
cultural danado de bom.
Em 2021, a Procissão
conquistou o Prêmio Profissionais da Música (PPM), ao concorrer na modalidade
Criação e Categoria ‘Som na Rua’. O PPM é considerado uma das maiores e a mais
abrangente das premiações do setor musical do Brasil. Em agosto de 2020, pela
primeira vez, o evento ocorreu de forma virtual, devido à pandemia. Essa edição
concorreu e levou o Prêmio.
Em um videoclipe, os
forrozeiros apresentaram “Maria passa na frente”. A música homenageava Maria da
Inglaterra, compositora piauiense que faleceu em 2020, e o multi-instrumentista
Sivuca, que completaria 90 anos, à época.
“Em 2007, em uma
conversa despretensiosa com o memorialista gonzaguiano Reginaldo Silva
disse-lhe que tínhamos que fazer alguma coisa no dia 2 de agosto, dia do
falecimento de Luiz Gonzaga. Muitas pessoas, no dia do falecimento, só fazia a
missa ou alguma celebração religiosa.
Falei com o Reginaldo que Gonzaga era um homem festeiro. Aí, veio a
ideia da Procissão das Sanfonas. Falamos com o professor Cineas, então
presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves que nos encaminhou para Vagner
Ribeiro. E assim, em 2008, saiu a primeira edição da Procissão das Sanfonas.
Vários sanfoneiros em cima de um caminhão rodando o centro de Teresina até
chegar à praça do Liceu. Depois, mudamos o encerramento para o Museu do Piauí”,
recorda o professor de Física do Instituto Federal do
Piauí (Ifpi), Wilson Seraine. Ele é idealizador do
evento e soma mais de 20 anos dedicados à pesquisa e divulgação da história e
da obra de Luiz Gonzaga.
Seraine é considerado o
maior colecionador e pesquisador de Luiz Gonzaga no Piauí e um dos maiores do
país. Ele também apresenta o programa semanal: A Hora do Rei do Baião. Entre os
trabalhos organizados por ele que abordam a temática Gonzaguiana estão: Cordéis
Gonzaguianos – Antologia; A Festa da Asa Branca – uma história com pássaros
cantados por Luiz Gonzaga; Causos Gonzaguianos Ilustrados; Reginaldo Silva: 12
anos com o Rei do Baião; CD Luiz Gonzaga em Alemão; Os Bichinhos de Luiz
Gonzaga e Luiz Gonzaga em Palmeirais.
“Nossa intenção é
também atrair os jovens para esse movimento de valorização da cultura
nordestina. Colaborar com a revitalização do Centro de Teresina. E, claro,
valorizar o legado e o trabalho daqueles que muito fizeram e fazem pela cultura
regional”, explica Wilson Seraine.
A cada edição, cresce o
número de jovens sanfoneiros e sanfoneiras que se juntam ao cortejo, o que
atesta que a sanfona não é apenas um instrumento do passado, mas uma peça
fundamental para o futuro da música nordestina.
Para além de um evento,
a Procissão é uma manifestação democrática da cultura nordestina, e uma
demonstração de que o sonho dos gonzaguianos que idealizaram esse evento, se
tornou realidade, ganhou inúmeros adeptos em todas as gerações e transformou-se
em um símbolo de resistência cultural. Unidos por esses propósitos, os
gonzaguianos se mobilizam para o próximo 2 de agosto, momento de mais uma vez reafirmar
a identidade, compartilhar ideais e celebrar a diversidade.
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