ADVOGADO ANTONIO CARLOS ENVIA CARTA A LULA

O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, divulgou no domingo (16) um texto com críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A mensagem, redigida no formato de carta aberta, foi enviada a ministros e aliados do presidente.

Lula, a esperança da democracia.

'Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro', Clarice Lispector.

Lula ganhou 3 vezes e elegeu Dilma como sua sucessora. À época elegeria o qualquer de seus Ministros pois era imbatível.

Certa vez, conversando com um senador do PT, ele me disse que tinha um ano tentava uma audiência com a Presidenta Dilma. Ela não fazia política. Sofreu impeachment.

Um dia no Governo Lula um Senador da oposição me liga as 11 hs da manhã e reclama que tinha assumido há 15 dias - era suplente - e que não havia sido recebido pelo Zé Dirceu, chefe da Casa Civil. Liguei para o Zé . As 12.30 a gente estava almoçando no Palácio do Planalto. O Zé - de longe o mais preparado dos Ministros - deu um show discorrendo sobre o Estado de origem do Senador, que saiu de lá com o número do celular do Zé e completamente encantado.

Neste atual governo Lula fez o que de melhor podia ao enfrentar Bolsonaro e ganhar do fascismo impedindo que tivéssemos mais 4 anos de Bolsonaro. Seria o fim da democracia. Seriam destruídas de maneira irrecuperável tudo que foi construído nos governos democráticos, não só do PT. O fascismo acaba com tudo. Este o maior legado do Lula. Para tanto foi necessário, senão não teríamos ganhado, fazer uma aliança ampla demais. Só o Lula conseguiria unir e fazer este amplo arco para derrotar Bolsonaro. 

Aqui em casa, no dia da diplomação, 12 de dezembro, determinado político se aproximou em um momento em que Lula e eu conversávamos, colocou amistosamente a mão no meu ombro e fez uma brincadeira. Ao sair da roda o Lula me falou baixinho, rindo :" este jamais será meu Ministro, e acha que vai ser." Dia 1º de janeiro ele assumiu como Ministro. Este o brilhantismo do Lula neste momento difícil. Não fosse sua maturidade não teríamos tido chance de vencer o fascismo. Por isto cometo aqui certa indelicadeza de comentar este fato: para ressaltar a maturidade do Presidente Lula.

Mas o Lula do 3º mandato , por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política.

Outro dia alguns políticos me confidenciaram que não conseguem falar com o Presidente. É outro Lula que está governando.

Com a extrema direita crescendo no mundo e , evidentemente aqui no Brasil, o quadro é muito preocupante. Sem termos o Lula que conhecíamos como Presidente e sem ele ter um grupo que ele tinha ao seu redor, corremos o risco do que parecia impossível: perdermos as eleições em 2026. Bolsonaro só perdeu porque era um inepto. Tivesse ouvido o Ciro Nogueira e vacinado, ou ficado calado sem ofender as pessoas, teria ganho com a quantidade de dinheiro que gastou. Perder uma reeleição é muito difícil, mas o Lula está se esforçando muito para perder. E não duvidem dele, ele vai conseguir.

Claro que as circunstâncias estão favoráveis ao projeto de perder as eleições. Não dou tanto importância para estas pesquisas feitas o tempo todo. Mas prestei atenção nesta que indica que 62% não querem que Lula seja candidato a reeleição. A pergunta é : quem é seu sucessor natural? Não foi feito um grupo ao redor do Presidente, que se identifique com ele e de onde sairia o sucessor político natural, o " grupo" do Lula a gente sabe quem é. E certamente não vai tirá-lo do isolamento. Ele hoje é um político preso à memória do seu passado. E isolado. Quero acreditar na capacidade de se reencontrar. Quem se refez depois de 580 dias preso injustamente, pode quase tudo . E nós temos o Haddad, o mais fenomenal político desta geração em termos de preparo. Um gênio. Preparado e pronto para assumir seu papel.

Já fico olhando o quadro e torcendo para o crescimento de uma direita civilizada. Com a condenação do Bolsonaro e a prisão, que pode se dar até setembro, nos resta torcer para uma direita centrista, que afaste o fascismo.

Que Deus se apiede de nós!

É necessário lembrar o mestre Torquato Neto no Poema do Aviso Final:

'É preciso que haja algum respeito , ao menos um esboço ou a dignidade humana se afirmará a machadada.'"

Nenhum comentário

JOÃO ALEXANDRE SOBRINHO, VOZ E VIOLA

A casa da Avenida Paraíba, esquina com a rua José Paracampos, bairro do Romeirão, em Juazeiro do Norte, Ceará, morava João Alexandre Sobrinho, um dos grandes da arte da cantoria, de todos os tempos

No terreno adquirido nos anos 70, quando a cidade começara a se expandir nesta direção (depois da inauguração do estádio), construiu uma vila, cujo aluguel complementa uma aposentadoria insatisfatória.

O pé de jambo do jardim foi cortado por conta dos meninos, em busca dos frutos maduros, que não o deixavam em paz.

A cadela Tila, oportunista, ameaça sair para a calçada. A varanda é abafada, mas ele abre a porta da sala, com móveis estofados, o televisor, fotos da família, inclusive a dele, aos trinta e poucos anos, empunhando a viola.

Mora com a cunhada Priscila, e a filha Matilde. A primeira visita foi marcada pelo telefone. Depois, os contatos se tornaram prazerosos, e os labirintos da casa foram se abrindo, inclusive um quintal, com um frondoso sapoti, onde ele se refugia do ruído da rua.

Abatido pela morte da esposa Francisca, quatro anos atrás, o cantador revolve o baú das relembranças, o que reforça sua importância de mestre da arte da palavra cantada, que ele soube, pelo que ficou na memória da comunidade, trabalhar como poucos.

O CONTEXTO-Em 1928, Lampião espalhava pânico por onde passava, e deixava o Nordeste em polvorosa. As narrativas orais ampliavam as façanhas do bando rebelde, fixados pela literatura de folhetos, que depois ganharam as páginas do romance social, e os planos seqüências do cinema novo.

Foi neste clima de conflagração que os Alexandre decidiram sair de Ouro Branco, no município alagoano de Santana de Ipanema, para buscar refúgio na terra do Padre Cícero.

Na bagagem, veio o menino João, nascido em 1920, na localidade de Olho d´ Água do Chicão. O pai, Tito Alexandre da Silva, que sempre teve preguiça de trabalhar na roça, além de sapateiro, era informante da polícia civil, e temia ser agredido pelo cangaço.

Juazeiro significava, também, a expectativa de uma vida nova, para os romeiros que chegavam à Nova Jerusalém sertaneja, onde Padre Cícero os acolhia, dava a sua bênção, e ainda sugeria uma ocupação.

Os Alexandre foram morar na rua do Limoeiro, no arisco, proximidades da Estação Ferroviária, e o chefe da família foi trabalhar como pedreiro.

A mulher, Felismina Maria da Conceição, impregnada pela cultura tradicional, rimava, embolava, e cantava coco de roda, tocando pandeiro, isto nas Alagoas; no Cariri, contava histórias para um menino deslumbrado com o que ouvia. Ele tem até verso dela, que participou, com umas estrofes, de uma toada de vaquejada que ele compôs: “Adeus serra de Caiçara / serrote da Carié / nós vamos pra Moxotó / pra casa de Manoé / quem pagou o caminhão / foi meu filho Ezequié, ê, ê!.

João teve apenas três meses e poucos dias de banco de escola, saindo de lá, quando já dominava a carta de ABC, na quarta lição do Segundo Livro, de Felisberto de Carvalho, depois da surra de palmatória que levou da professora e madrinha, porque estaria “mangando” de um colega. O pai, indignado, não deixou que ele voltasse à sala de aulas. Ainda magoado, tantos anos depois, diz que ela fez isso “de malvada”.

Os pais estavam no segundo casamento. A mãe teve cinco filhos, da primeira união, e cinco da segunda: Manuel, barbeiro em Arapiraca (AL); Alexandre Tito, artista plástico, na mesma cidade; João Tito, que morreu criança; Emília, morta aos 36 anos, além de João Alexandre. O pai, viúvo, não tivera filhos do primeiro enlace.

Traziam no matulão, esperança, e a certeza da paz. Lampião nunca atacaria a cidade do santo do povo, onde estivera, dois anos antes, para receber a patente de capitão, e ser cooptado para combater a Coluna Prestes, grupo de militares que percorria o país, para conhecê-lo e combater, politicamente, os privilégios das oligarquias.

INICIAÇÃO-O jovem João Alexandre “inventou” de tocar e improvisar versos aos dezenove anos. A mãe, costureira, o incentivou. Foi quem tirou os cinco mil réis do bolso para a compra da primeira viola, a um vizinho que chegara de São Paulo, e queria se desfazer do instrumento que trouxera.

João Alexandre não tinha um tostão, e nem sabia tocar, “era só vontade”, admite, começava o “tirinete”, ele faz o balanço hoje, e “foi o dinheiro mais abençoado que ganhei em toda a minha vida”.

Quem não gostou muito foi o pai, que fechou a cara, e disse, categórico, que todo cantador era irresponsável e cachaceiro, mas terminou por aceitar a decisão do filho. “Não gostava, mas não empatou”. Os parceiros apareciam, em grande número, mas o “velho” tinha o cuidado de evitar que o filho fizesse dupla com cantadores boêmios.

A família ficou num vaivém, entre o Ceará e as Alagoas, depois do desmantelamento do cangaço, com a morte de Lampião e Maria Bonita, em 1938, no sertão de Angicos (SE), e João optou por se fixar no Cariri.

No final das contas, seus pais terminaram por ficar mais tempo no Juazeiro, onde morreram, na década de 60, com uma diferença de dois meses e um dia do marido para a mulher, estando ambos sepultados no cemitério do Socorro.

Aos poucos, ele foi dominando o instrumento, autodidata que era. Seu primeiro baião de improviso foi com o cantador Bezerrinha e, de tão marcante, ele não esquece a data até hoje: 15 de agosto de 1939, nem os quinze mil réis que ganharam.

Cantou muito em “festa de santo”, ou renovação, que comemora, anualmente, a entronização do Coração de Jesus, um ritual forte no catolicismo popular.”Nunca fiquei liso, vivi 52 anos às custas da viola”, ele constata, e pode-se dizer que se saiu bem, tanto do ponto de vista da imagem que cristalizou, como do que amealhou.

Casou, em 1940, com Francisca Pereira Alexandre, e tiveram apenas uma filha, Matilde, que lhe deu dois netos (João Alexandre e Juliana) e uma bisneta (Ana Letícia). Ela era “cuidadosa” com o marido e “não muito ciumenta”.

A perda da mulher, ainda é muito dolorosa para ele, que gravou uma fita com uma elegia à companheira, intitulada “Um ninho de amor que se desfez”.

Relembra o passado, mostra seu Cd “Memórias de um poeta” gravado, domesticamente, pelo neto, e faz planos de publicar uma coletânea de poemas,- o impresso legitimando o oral -, cujos originais estão à espera de um patrocínio.

TRAJETÓRIA-oão Alexandre relembra alguns dos grandes nomes da cantoria com quem pelejou: João Pereira, Expedito Passarinho, Severino Pinto, Lino Pedra Azul, Joaquim Vitorino, Amaro Bernardino, Antonio Aleluia, Zé Miguel, Antonio Marinho, e Vicente Landim, ao todo, mais de trezentos rivais.

Ele diz que um cantador aprende com o outro, no calor da hora, e enumera os romances que cantava, como “Coco Verde e Melancia”, “ O Mau Filho e o Bom Pai”, mas gostava mesmo era das pelejas. Não deixou folhetos impressos, como a maioria dos seus parceiros, que se moviam no campo da oralidade.

Ainda solteiro, passou seis meses em Fortaleza, para onde voltou outras vezes, e cantou com os grandes nomes da cantoria da capital, como Siqueira de Amorim, Alberto Porfírio, e o piauiense Domingos Fonseca.

Ele diz que “agüentava o chicote” e por isso nunca levou “pisa” de cantador.

O rival mais famoso foi mesmo o Patativa, com quem cantou durante quase dez anos. A afinidade foi tanta que João Alexandre chegou a comprar um terreno, e a se estabelecer na serra de Santana, onde o poeta morava.

Cantador novo que era, sua viola ficava de pé, na parede da entrada do Mercado de Assaré, na expectativa dos convites para apresentações.

Perto do parceiro e compadre (é padrinho de Afonso) ficava mais fácil arranjar cantorias nos sítios, e assim faziam pequenas viagens, sempre a cavalo, para Mombaça, Cedro, Iguatu, Campos Sales, Potengi, e Araripe.

Um episódio curioso é o do dia em que o violeiro boa pinta, já casado, se engraçou de uma moça que assistia à cantoria. Patativa, quando viu o “enxerimento”, delatou o parceiro: “A família desse João / é maior do que a minha / tem um filho caminhando / tem outro que engatinha / e eu soube que a mulher dele / ficou comendo galinha”, fazendo referência à dieta das mulheres paridas.

As últimas cantorias com o poeta de Assaré foram em 1958, e as controvérsias vieram por conta da toada “Triste Partida”, que Luiz Gonzaga ouviu no rádio, em um programa de violeiros de Campina Grande (PB), e quis comprar, antes de gravá-la, em 1964.

João Alexandre reclama a autoria da música de “Triste Partida” e Patativa dizia que a composição era só dele. Depois de muita insistência, admitiu que o compadre “contribuiu” com a melodia, que levou para todo o país, na voga da canção de protesto, a denúncia de um “intelectual orgânico”, que ia fundo nos problemas da região, porque tinha vivências do que estava falando. 

A letra havia sido publicada no livro de estréia de Patativa, “Inspiração Nordestina”, em 1956, o que retira, qualquer influência da seca de 1958 sobre a composição. Seca braba aquela, que deu origem à Sudene, e aumentou o êxodo, agora não mais para a Amazônia, ou para São Paulo, mas para a construção de Brasília, a nova capital, inaugurada em 1960.

Depois desta disputa pela autoria, as relações entre eles nunca foram as mesmas. Deixaram de se visitar, apesar de Patativa vir com freqüência a Juazeiro, e de João Alexandre possuir um carro, e, ainda que tentassem, era impossível disfarçar as mágoas.

VOZ E VIOLA-Sua estréia no rádio foi marcada por uma visita que fez a Dom Vicente, então bispo do Crato, em companhia de Geraldo Menezes Barbosa. Cantou no Palácio, e o bispo gostou tanto que o convidou para se apresentar na Rádio Educadora, da diocese. Lá ele ficou dez anos, enfrentando Antonio Aleluia, Antonio Maracajá, e Zé Magalhães, dentre outros rivais.

A morte do Papa João XIII, o ideólogo da renovação da Igreja Católica, foi assim cantada por ele: “Com a morte do Papa Vinte e Três / enlutaram-se muitos corações / trouxe muita tristeza pras nações / esse golpe fatal que a morte fez”, de acordo com a “Antologia Ilustrada dos Cantadores”, de Francisco Linhares e Otacílio Batista, editada pela Imprensa Universitária, em 1976.

Em Juazeiro, João Alexandre cantou durante sete anos com Pedro Bandeira, que chegou a morar em sua casa, no início da carreira, com quem também se desentendeu, e ficaram vinte anos sem se falar, não por problemas de autoria, mas por questões financeiras.

Faziam dupla, nas apresentações ao vivo, e nos programas de rádio, onde a presença dos violeiros foi ganhando espaço, ao contrário das previsões apocalípticas que previam o fim da cantoria, com a chegada do transistor.

Ao todo, foram vinte anos na rádio Progresso, de Juazeiro do Norte, e quando saiu de lá deixou de cantar, é o que diz, ainda que participasse, eventualmente, dos programas de outros violeiros, como o de Sílvio Granjeiro, na rádio Vale do Cariri, também em Juazeiro.

Relembra o improviso feito para saudar o colega Geraldo Amâncio, que havia deixado o Cariri, em busca de espaços mais amplos: “Meu caro Geraldo Amâncio/como vai de Fortaleza?/aumentou mais o recurso/ou cresceu mais a pobreza?/melhorou da alegria/ou cresceu mais a tristeza?”.

Avalia que a maior parte dos cantadores “faz balaio”, preparando e decorando, antecipadamente, o que vai ser cantado, o que é falso, e abre mão da força do improviso. É exatamente na rapidez e agilidade do argumento, empunhado a palavra como uma arma, que a cantoria ganha importância, ritmo, e empolgação.

O “balaio” é a necrose de um processo da prevalência da voz, que vigora desde tempos imemoriais, acompanhada, na maioria das vezes, pela viola.

Considera Ivanildo Vilanova o maior cantador, dos que estão na ativa, vindo, em seguida, Geraldo Amâncio.

Também se refere a Moacir Laurentino, a Sebastião da Silva, e diz que Oliveira de Panelas faz “balaio”, prática que ele tanto abomina.

Em relação aos repentistas do Cariri, ele não ameniza o comentário ácido: “são violeiros de sopapo, meio lá e meio cá”.

Relembra fragmentos de improvisos que se perderam no tempo, como a toada de aboio que cantou numa vaquejada em Juazeiro: “Quem gosta de vaquejada / faz da maneira que eu faço / tanto pega boi com a mão / como pega boi de laço / e cada garrote que apanha / tem que deixar um pedaço, ô, ô.”

É um grande narrador de episódios, do tempo em que vendia cavalos, ouro de Juazeiro, e “lambe-lambe”, tirava retratos com a “mão no saco”.

Fez de tudo um pouco, mas sua grande contribuição foi dada à transmissão oral, e à riqueza do imaginário sertanejo, no ponteio da viola, manifestação fugaz, mesmo no tempo do registro e da reprodução técnica, porque é impossível captar a entonação, as nuances da voz emitida, e a performance, quando o corpo todo expressa.

Gilmar de Carvalho  (Diário do Nordeste) em 12 de maio de 2003

Nenhum comentário

DOMINGUINHOS O ENCANTADOR DE SANFONAS FARIA 84 ANOS NESTA QUARTA-FEIRA (12)

 Vem amor, vem cantar

Pois meus olhos

Ficam querendo chorar

Deixe a mágoa pra depois

O amor é mais importante a dois

Os versos da música Sanfona Sentida, na voz e acompanhados pelo dedilhar de Dominguinhos (1941-2013), inspiraram o professor de história Gustavo Alonso, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), para o título da biografia do artista nascido em Garanhuns (PE). A letra é de autoria de Anastácia, uma das principais parceiras profissionais, e também uma das companheiras de vida do músico.

O livro, que deve ser lançado no ano que vem (2026) pela editora Todavia (com previsão de 380 páginas), traz detalhes sobre a inventividade, a mistura de ritmos e até polêmicas da vida do artista que ficou conhecido como uma referência da sanfona e do forró, e um herdeiro musical do “rei do baião”, o também pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989). A data de nascimento de Gonzagão, 13 de dezembro, passou a ser reconhecida como o Dia Nacional do Forró

 “[Essa imagem] de ele ser o herdeiro de Gonzagão era uma questão tensa para Dominguinhos pelo menos até a morte do Rei do Baião. Às vezes, ele abraçava essa ideia. Às vezes, não”, disse o biógrafo, que também é músico, em entrevista à Agência Brasil.

“Era um gênio. Muito humano, com fraquezas, carências, dificuldades e capacidades. Um artista intuitivo.”

A infância humilde em Garanhuns, na década de 1940, com os pais camponeses, passou a ter um outro tom quando foi tocar com dois irmãos no centro da cidade, o mais velho, Moraes, e o mais novo, Valdomiro. “No total, a família teve 16 filhos e seis morreram. Em 1949, eles estavam tocando em frente ao Hotel Tavares Corrêa para ter dinheiro para o almoço. A renda da plantação não dava para todo mundo”, explica o pesquisador.

Foi quando o astro Luiz Gonzaga chamou o trio para tocar com ele. E deu aos meninos um telefone e um endereço no Rio de Janeiro. “Luiz Gonzaga fazia e fez isso com muita gente. Na época, o Dominguinhos não tocava sanfona, mas pandeiro”.

Em 1954, a família foi para o Rio. Todos em caminhão pau-de-arara. Dominguinhos ainda era chamado de Neném do Acordeon.

Depois de trabalhar até como tintureiro com seus 13 anos de idade, Dominguinhos procurou Gonzagão no Rio de Janeiro, ganhou confiança e passou a ser um faz-tudo do experiente músico. “Com o tempo, Dominguinhos passou a buscar um caminho próprio dele, flertando com o pessoal da MPB, por exemplo”. Ia além: misturava forró com jazz e fazia um ritmo de forma mais desconstruída, sobretudo na obra instrumental.

Nas décadas de 1960 e 1970, o artista frustrou quem imaginava que ele poderia ser uma voz contra a ditadura, tal como Gonzagão, que não enfrentou o regime de exceção em suas obras. A morte de Gonzagão e depois de Gonzaguinha, em 1991, foi, para o pesquisador, fundamental para ele aceitar, informalmente, o rótulo de herdeiro do Rei do Baião. Inclusive, nos anos 1990, ele recebeu apoio estatal para um projeto chamado “Asa Branca”, em que ele levava forró pelo país para cultuar a memória do músico que o descobriu.

Dominguinhos, diferentemente do Gonzaga, nunca parou de gravar música instrumental. “Nessas músicas, eu diria que estão as mais virtuosísticas obras dele”, avalia o pesquisador. Depois, o artista passou a assumir a imagem com um chapéu de vaqueiro e nunca deixou de usar. “Era mais comum ele aparecer com roupas modernas, camisas floridas, cabelos grandes em um flerte com os tropicalistas”.

O biógrafo explica que foi Anastácia (que era mais conhecida do que o parceiro) quem o ensinou a cantar. Era uma relação profissional e amorosa em que as letras também mergulhavam em empolgação ou melancolia.

“Anastácia é uma compositora que ele conhece em 1967 e tem um caso amoroso com ela. Eles viram amantes e ficam juntos até 1978”.

O término abrupto deixou mágoa na artista, que foi entrevistada pelo pesquisador. Hoje ela tem 83 anos de idade, vive em São Paulo (SP) e, segundo o pesquisador, revela detalhes da vida com Dominguinhos.

Ela guardou tristeza profunda, destruiu fotografias com o antigo parceiro, mas reconhece que foi o amor da vida dela. As traições recorrentes do artista, além de a desanimarem, foram inspirações para composições. Ficaram 30 anos sem se comunicarem e só se encontraram quando Dominguinhos descobriu o câncer que iria matá-lo.

A história de amor clandestina começou em uma turnê com Luiz Gonzaga. Depois, passaram a viver e se encontrar em São Paulo. “Foi lá, inclusive, que compuseram Eu Só Quero um Xodó, que é um grande clássico”.

“Antes, era Anastácia quem o levava para conhecer as pessoas. Ela era uma compositora. Ele compunha temas instrumentais”. A artista explicava como escolher e desenvolver um tema, e voltar para o refrão. “Ela deu a régua e o compasso para ele no mundo da canção”, diz o biógrafo. A parceria ganha os sons de baiões, xotes, forrós e também boleros.

A união musical rendeu discos como Domingo, Menino Dominguinhos (1976). Outros álbuns que o pesquisador destaca são Apôs, tá Certo (1979), Querubim (1981) e Simplicidade (1982).

“São os meus preferidos. A discografia dele é longa. Depois tem a parceria com o Nuno Cordel também, em meados dos anos 1980, quando ele não tem mais a Anastácia. Ele se separa dela em 1978 e também da esposa no Rio de Janeiro porque ele se apaixona por outra artista, Guadalupe, com quem ele ficou casado por cerca de dez anos”.

Dominguinhos, sem Anastácia, passou a procurar compositores como Nando Cordel, Chico Buarque, Djavan e Gilberto Gil. “Ele teve grandes parceiros”. Mas o artista apreciava aqueles que respondiam rapidamente. Por isso, sentia falta da antiga companheira.

Dominguinhos, na avaliação do biógrafo, trouxe uma feição nova para o gênero do Luiz Gonzaga. A sanfona que ele usou mais tempo na vida foi um modelo Giulietti, ítalo-americana, que ele comprou usada na Inglaterra.

“Ele se encantou com aquela sonoridade”. E isso fez parte das transformações musicais dos anos 1970. “Ele é um agente fundamental desse momento”.

O forró misturado a outras influências entoaram uma nova história para a música nordestina. O pesquisador afirma que não houve um batismo oficial de Rei do Forró, mas considera que Dominguinhos ajudou a moldar o ritmo que é ouvido no século 21.

“Hoje em dia, todo sanfoneiro quer ter o instrumento igual do Dominguinhos”. E também a inventividade de uma sanfona que não parou, que cantava o amor, celebrado com xodós, que “alegre meu viver” e pela busca de estar “de volta para um aconchego”.

Nenhum comentário

ONILDO ALMEIDA O AUTOR DA FEIRA DE CARUARU E DA HORA DO ADEUS

 Quem nunca foi a Caruaru e de lá saiu cantando que em sua feira há de tudo, que atire a primeira pedra sobre este cronista! Tem massa de mandioca, batata assada, tem ovo cru, laranja e manga, batata-doce, queijo e caju. Tem cenoura, jabuticaba, guiné, galinha, pato e peru.

Tem bode, carneiro e porco, se duvidar isso é cururu. Tem cesto, balaio, corda, tamanco, greia, tem boi tatu. Tem fumo, tem tabaqueiro, tem tudo e chifre de boi zebu. Caneco, arcoviteiro, peneira, boi, mel de uruçu. Tem carça de arvorada, que é pra matuto não andar nu.

Na feira de Caruaru, tem coisa pra gente ver. De tudo que há aí no mundo, nela tem pra vender. Não há uma canção mais famosa no mundo sobre a terra do Coronel Ludujero! Se vivo fosse, Nelson Barbalho, que imortalizou a cidade como “O País de Caruaru”, certamente concordaria comigo em número, gênero e grau.

“A Feira de Caruaru”, canção imortalizada na voz de Luiz Gonzaga, saiu da pena de outro gênio parceiro do Rei do Baião: o caruaruense Onildo Almeida, que está entre nós, com 97 anos, esbanjando saúde e charme na sua Caruaru.

Já fiz até um Sextou com ele, programa musical que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, no qual exibiu uma incrível vitalidade e uma lucidez impressionante. Nele, Onildo contou uma história fantástica: a despedida precoce do Gonzagão dos palcos da vida que não se concretizou por obra do próprio Onildo, que deu uma bronca no rei e depois lhe presenteou com a música “A hora do Adeus”.

Onildo Almeida é acadêmico e com o tempo virou Doutor Honoris Causa da UFPE. Parceiro musical e amigo de Luiz Gonzaga por cerca de 32 anos, gravou junto com o Rei do Baião 22 músicas. Entre os clássicos, além da composição “A Feira de Caruaru”, se imortaliza também com “Aproveita Gente”, “Regresso do Rei”, “Sanfoneiro Zé Tatu” e “A Hora do Adeus”.

Onildo contou que em 1967, o Rei do Baião o pediu para escrever uma música que representasse o fim da sua bem-sucedida carreira. Segundo Onildo, Gonzaga sentia que o tempo dele no cenário musical havia chegado ao fim. No início, Onildo se recusou, mas depois fez a canção.

“Uma semana depois [do pedido de Gonzaga] fui ao Rio de Janeiro. Meus colegas de rádio de Caruaru estavam lá e nos encontramos. Luiz Queiroga, que era um deles, tirou um papel do bolso com umas palavras e disse: ‘Vocês querem ver o que é talento? Onildo, coloca música nisso aí’. Quando eu abri o papel, tinham dois versos: O meu cabelo já começa prateando, mas a sanfona ainda não desafinou / A minha voz vocês reparem eu cantando, que é a mesma voz de quando meu reinado começou. E eu fiz desses verso uma música”, relembrou, na entrevista ao Sextou.

Quando Onildo voltou para Caruaru, percebeu que Queiroga havia escrito poucos versos e decidiu completar a obra. “Dias depois, Luiz Gonzaga chegou perguntando se eu havia feito a música para ele. Respondi que não faria, mas acabei mostrando ‘A Hora do Adeus’, com os meus versos e os de Luiz Queiroga”, acrescentou.

Emocionado, Gonzaga chorou ao ouvir a música pela primeira vez. E a gravou, mas ela não marcou o fim da carreira do Rei do Baião. Para Onildo, “A Hora do Adeus” é uma das principais obras dele porque conta a história de Gonzaga do começo. “É uma canção importante porque conta a história do que é, para mim, o maior nome da música popular brasileira. Gonzaga não era só cantor, era compositor e instrumentista, por isso o acho o maior. Ele mudou e despertou no governo a realidade nordestina. Deu nome ao baião, xote, xaxado, coco de roda. Ninguém queria saber da música nordestina, era música de subdesenvolvimento. Mas, por causa da música de Gonzaga, o Nordeste mudou a cara”, ressalta Onildo.

O pequeno gigante Onildo Almeida é tão fenomenal quanto Zé Dantas, Humberto Teixeira e João Silva, o trio de ouro das melhores composições de Gonzagão. “A feira de Caruaru”, em 1957, vendeu, entre março e maio daquele ano, 100 mil cópias, configurando o primeiro grande recorde musical do Nordeste.

No mesmo ano, Onildo gravou o primeiro de seus dois discos na Mocambo, interpretando de sua autoria “A feira de Caruaru nº 2” e o xote “Casamento antigo”. Em 1960, a cantora Marinês gravou, de sua autoria, o xaxado “História de Lampião”.

Em 1961, a mesma cantora gravou dele e Jacinto Silva o coco “Gírias do Norte” e a moda de roda “Marinheiro”, de motivo popular, com arranjos dele. Em 1962, Marinês voltou a gravar composições de sua autoria: as modas de roda “Siriri, sirirá” e “Meu beija-flor”.

No mesmo ano, teve seu forró “Sanfoneiro Zé Tatu” gravado por Luiz Gonzaga. Gravou também no mesmo período, de sua autoria, os baiões “Zé Dantas”, em homenagem ao famoso compositor, falecido naquela ocasião, e “Vaquejada”. Em 1967, gravou, de sua parceria com Luiz Queiroga, “Hora do adeus” no LP “Óia eu aqui de novo”.

Em 1970, no LP “Sertão 70”, Luiz Gonzaga gravou o “Xote de saiote”. Em 1973, no LP “O fole roncou”, Luiz Gonzaga gravou, de Onildo e Janduhy Filizola, músico do Quinteto Violado, a composição “Cidadão de Caruaru”. Em 1974, compôs com Luiz Gonzaga “É sem querer”. Em 1978, teve sua composição “Onde o Nordeste garoa” gravada por Luiz Gonzaga no disco “Dengo maior”.

Em 1980, compôs com Luiz Gonzaga “Lá vai pitomba”. Em 1983 teve a música “Saudade de você” gravada por Jorge de Altinho e “Sai do sereno” por Dominguinhos. Em 1984, compôs com Luiz Gonzaga “Regresso do rei”. No mesmo ano, Jorge de Altinho gravou “Lamento”.

Em 1985, mais uma de suas parcerias com Luiz Gonzaga, “Sanfoneiro macho”, deu nome ao disco do Rei do Baião naquele ano. Em 1987, a cantora Marinês gravou no LP “Balaio de paixão” um pot-pourri com suas composições “E tará-rá-rá”, “Minha açucena” e “Meu benzim”.

No mesmo ano, Jorge de Altinho gravou “Sem você”. O Trio Nordestino obteve grande sucesso com a composição “Amor pra te dar”, parceria de Onildo e Agripino Aroeira. Em 1994, sua composição “A volta do regresso”, com Irandir Costa foi gravada pelo cantor Falcão no disco “Dinheiro não é tudo, mas é cem”.

Em 2001, teve a composição “ABC do amor” gravada por Flávio José. Com 543 composições gravadas, tendo sua composição “A feira de Caruaru” registro de gravações em 34 países, desde o final dos anos 1990, Onildo passou também a atuar como empresário, assumindo a posse e o comando da Rádio Cultura de Caruaru. Em 2006, completando 50 anos de gravação, “A feira de Caruaru” foi gravada no Japão, cantada na língua daquele país.

Em 2011, foi lançada uma coletânea, pela Star Music, com 23 músicas de sua autoria interpretadas por Luiz Gonzaga, em anos variados. As suas canções gravadas foram: “A feira de Caruaru”, “Capital do agreste” (c/ N. Barbalho), “Sanfoneiro Zé Tatu”, “Cidadão de Caruaru” (c/ Janduhy Finizola), “regresso do Rei” (c/ Luiz Gonzaga), “Hora do Adeus” (c/ Luiz Queiroga), “Zé Dantas”, “Só Xote”, “Queimando lenha”, “Tei-Tei no arraiá”, “Sanfoneiro macho” (c/ Luiz Gonzaga), “Tá bom demais”, “Lá vai Pitomba”, “Xote do saiote”, “Bom pra uns” (c/ Juarez Santiago), “Onde o nordeste garôa”, “É noite de São João”, “Meninas do grotão”, “É sem querer” (c/ Luiz Gonzaga), “Aboios” (c/ Luiz Gonzaga), “A feira de Caruaru (ao vivo)”, “Renascença” e “Aproveita gente”.

Foi na rádio em que trabalhava que Onildo Almeida conheceu e se tornou amigo de Luiz Gonzaga. O pernambucano de Exu foi um dos maiores divulgadores do trabalho do músico caruaruense. Em 2021, Onildo recebeu uma bela homenagem dos seus conterrâneos pelo conjunto da sua obra: Patrimônio Vivo de Caruaru, iniciativa da Fundação de Cultura do berço de Vitalino. (Texto jornalista Magno Martins)

Nenhum comentário

MORRE VITAL FARIAS, CANTOR E COMPOSITOR, AOS 82 ANOS

Morreu na manhã desta quinta-feira (6 fevereiro) o cantor e compositor Vital Farias, um dos nomes mais importantes da história da música brasileira. Ele tinha 82 anos e estava internado desde a última quarta (5) no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, na Grande João Pessoa após sofrer um infarto agudo do miocárdio.

Vital Farias nasceu em 1943, no sítio Pedra d'Água, município de Taperoá, na Paraíba. Ele era o caçula de uma família de 14 irmãos. Alfabetizado em casa, se mudou para João Pessoa aos 18 anos para servir ao exército. Se apaixonou pelo violão e aprendeu o instrumento de forma autodidata. Posteriormente chegou a dar aulas de violão e de teoria musical no Conservatório de Música de João Pessoa.

Elba Ramalho afirmou através de sua assessoria que "teria muito a falar sobre Vital Farias", e relembrou momentos em que, junto com Vital, celebrou a musicalidade nordestina.

"Tanta música que saia pelas mãos, veias e coração, preenchendo nossas noites de poesia! Sempre tivemos um bom trato, um para com o outro, muito respeito e admiração! Amo cantar suas canções, todas elas.

Estivemos juntos em muitos momentos, tanto no palco como na boemia! Vi nascer alguns dos seus clássicos e até servi de fonte de inspiração como na bela 7 Cantigas para voar! Agora só a saudade e o desejo que ele encontre paz na eternidade, no jardim do Céu; nos braços do Criador!

Valeu companheiro. Um breve aviso: não se admire se um dia um beija- flor invadir, a porta da tua casa, te der um beijo e partir: fui eu!", escreveu 

Dono de sucessos como Canção em dois tempos, Ai, que saudade d’ocê, o artista começou a carreira com o lançamento de um álbum autointitulado em 1978. Antes havia feito parte dos movimentos artísticos do início da década de 1970 no Rio de Janeiro, para onde se mudou para se aprofundar nos estudos de música. Um dos principais destaques do início da carreira é a participação no espetáculo Gota d’água.

O trabalho de Vital Farias viajou o Brasil e foi importante para o desenvolvimento da música brasileira. “Ele tem uma contribuição e uma história muito forte, sobretudo a partir das cantorias, pelo o trabalho que ele tinha junto com Xangai, Elomar e Geraldo Azevedo e pela criação de peças únicas e muito importantes para a musicalidade brasileira”, afirma Marcus Alves, diretor-executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), orgão equivalente à secretaria de cultura da capital paraibana, ao Correio. “O nosso coração fica muito triste com a notícia da perda do Vital Farias. Ele era um verdadeiro símbolo da nossa música popular brasileira”, complementa.

A Paraíba perde um ícone, uma figura marcante e um dos maiores nomes da música a ter se desenvolvido no estado para ganhar o país. “A cidade de João Pessoa e o estado da Paraíba lamentam esse momento. A música popular brasileira perdeu um grande protagonista criativo e provocativo”, comenta o diretor-executivo. “A gente perdeu uma pessoa muito importante que marcou diversas gerações. Porém, ele deixa uma grande contribuição na nossa memória afetiva. Quantas pessoas não tem uma lembrança importante em torno das grandes músicas dele”, exalta.

Cantoria-Além de composições que marcaram a música popular brasileira, Vital Farias fez parte de um dos mais longevos e essenciais projetos da história do showbiz no Brasil: o espetáculo Cantoria. Gravado originalmente em 1984, no Teatro Castro Alves, em Salvador, o show era um encontro de titãs da música de repente e do cancioneiro sertanejo: além de Vital, estavam no palco Elomar, Geraldo Azevedo e Xangai.

O show, que levava a assinatura do produtor musical Mário de Aratanha, da Kuarup Discos, foi um dos primeiros a serem registrados ao vivo em LP com o emprego de um sistema digital, e é referência absoluta na música de viola de repente. Fazem parte do repertório canções que se tornaram clássicos da MPB, como Ai, que saudade d'ocê, de Vital Farias; Desafio do auto da Catingueira, de Elomar; e O ABC do preguiçoso, de Xangai. Além dessas, o espetáculo traz músicas como Caravana, Moça bonita, Talismã, Cantiga de amigo, Sabor colorido, Estampas Eucalol e Cantilena de lua cheia.

Nas palavras do violonista e arranjador João Omar, filho de Elomar, o Cantoria é um verdadeiro “encontro de trovadores do sertão”. A declaração foi dada na ocasião do reencontro do espetáculo, em 2023, quando Vital e companhia voltaram a apresentar o repertório pelo país. O concerto foi realizado duas vezes em Brasília, uma em 2016 e outra em 2023, dessa vez com a participação de João Omar.

Nenhum comentário

FRANZÉ SOUZA, COMUNICADOR DO CARIRI

Franzé Sousa, ainda na fase colegial, iniciou a profissão de Radialista, pela Rádio Cultura de Várzea Alegre-CE,(atualmente Cultura FM), sua cidade natal. Aos 6 anos de carreira, migrou para a Radiodifusão de Juazeiro do Norte e atuou na Rádio Vale do Cariri AM e FM durante 7 anos. Em 1992, migrou do rádio para a Tv Verdes Mares de Fortaleza, afiliada à Rede Globo, onde trabalhou por quase 25 anos e se desligou da emissora em julho de 2016 já aposentado por tempo de contribuição à Previdência Social.

O Comunicador Franzé tentou carreira política, disputando vagas para Deputado Estadual nas Eleições de 2014 e para Vereador do Crato em 2016. Não obtendo êxito nos dois pleitos eleitorais, em janeiro de 2017, Franzé Sousa voltou ao rádio através da FM Som Zoom Sat Cariri do Crato e ao mesmo tempo na Tv Verde Vale, emissora local de Juazeiro do Norte.

Em seguida, atuou por 15 meses na FM Salesiana Padre Cícero também em Juazeiro, e desde setembro de 2019, atua no Jornalismo da Rádio Educadora do Cariri FM, emissora porta-voz da Diocese de Crato. O comunicador Franzé Sousa formou-se em Letras. Se pós graduou em Geografia e Meio Ambiente e por último, se graduou novamente em Desporto e Lazer (Educação Física). Tudo pela URCA - Universidade Regional do Cariri. Franzé é casado com a servidora pública estadual Mundinha Sousa. Os dois são pais da enfermeira Ana Cecília Sousa.

Aos 62 anos de idade, dos quais 42 dedicados à missão de pesquisar e transmitir notícias, "meu propósito sempre foi e continua sendo: enaltecer o Cariri e sua gente, onde eu estiver", afirma o jornalista Franzé Sousa.

Nenhum comentário

APÓS CHUVAS AGRICULTORES PLANTAM NA ESPERANÇA DA COLHEITA

O chão molhado dá o sinal para o agricultor começar os trabalhos. Agricultores retomam o plantio cheios de esperança. A expectativa do agricultor era que o ano de 2025 começasse com chuva. "Essa Graça foi alcançada", afirma o agricultor Cosme Damião. Por isso, o terreno destinado ao plantio de milho e feijão tem quase um hectare e está praticamente pronto para receber as sementes.

O BLOG NEY VITAL conversou com famílias de agricultores na zona rural de Juazeiro e Petrolina e eles relatam a reportagem sobre os preparativos para o início do plantio.  Com a voz embargada de emoção os agricultores explicam que quando a chuva cai, a natureza responde depressa. O verde tinge a paisagem. Folhas começam a brotar nos galhos secos.  Rios que tinham evaporado voltam a correr.  Açudes acumulam água. E, como por encanto, o cenário se enche de vida.

"A chuva chegou e está trazendo esperança e boas expectativas para os agricultores. Estamos planando feijão, milho. A chuva é sempre uma benção", diz Cosme.

O mês de fevereiro é o mais importante. É quando os agricultores esperam pelas primeiras chuvas. “É muito bonito quando a gente vê as plantas crescendo, tudo verdinho. Com fé em Deus, será um ano bom pra gente do campo”, acredita o agricultor.

“A gente não desiste não porque a gente quer ter uma qualidade de vida. A gente não tem emprego. O emprego daqui é a gente cuidar dos animais, das plantações, plantar milho e feijão, e assim a gente vai vivendo. Minha maior alegria é com a chuva é colocar a enxada no ombro e ir para a roça”, diz a agricultora Nelci Martins.


Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial