CEM ANOS DE SOLIDÃO: ENTRE A EPOPEIA E O LIRISMO

Publicado em 1967, esse romance de Gabriel García Márquez passou a ser considerado um “clássico”, pouco tempo depois de seu aparecimento. O autor tinha quarenta anos quando o livro foi editado e se pode afirmar que é de um dos pontos mais altos de sua carreira como escritor e jornalista.

A narrativa é precedida por uma árvore genealógica que nomeia e enfileira as sete gerações da família Buendía, a quem o narrador atribui a fixação e criação da aldeia de Macondo. Como o enredo acumula numerosas personagens, há múltiplas células dramáticas – que incluem os efeitos provocados pelas visitas dos ciganos levando invenções aos primeiros moradores; a peregrinação dos varões gerados por Úrsula Iguarán e José Arcádio, como o Coronel Aureliano; a força insuperável das mulheres, fossem elas libertárias como Pilar Ternera, Petra Cotes e Amaranta Úrsula, ou castigadas pelo autoflagelo, feito Fernanda del Carpio, ou sua filha Meme.

Por mais de cem anos, essa sucessão de homens e mulheres valorosos esteve relacionada com os rumos da cidade, fosse devido às questões políticas (que levaram os Buendía à guerra em territórios vizinhos, ou à greve local contra os patrões da companhia bananeira fundada pelos estadunidenses); fosse devido aos descaminhos amorosos (que induziram as mulheres a reorientar e reeducar os homens, ensinando-os pelos excessos e faltas).

Isso significa que, ao longo de mais de 400 páginas, Gabo estruturou a narrativa de modo que as particularidades de cada um e as intimidades dos casais se alternassem com as preocupações sociais e a necessidade de defender Macondo dos arbítrios – inventados, primeiro, por um prefeito cercado de homens armados, que queria pintar as casas com as cores de sua fingida convicção; depois, por um punhado de especuladores que, enquanto a natureza permitiu, transformou a cidade num território exportador de bananas.

Desde os parágrafos iniciais, somos surpreendidos pela sabedoria e equidade manifestadas por José Arcádio Buendía, que desenhara as ruas de maneira que “nenhuma casa recebia mais sol que a outra na hora do calor”. A futura cidade, vitimada pela desmedida ambição dos gringos, nascera de um sonho do mesmo José Arcádio Buendía. “No dia seguinte convenceu os seus homens de que jamais encontrariam o mar”, e assim se fundou a antiga aldeia.

Além de Úrsula Iguarán, matriarca que nada tinha de autoritária ou mesquinha, somos apresentados a Pilar Ternera, que logo impressiona e (se) enamora (de) José Arcádio, filho de Úrsula e José Arcádio, pois “aquela mulher, cujo riso explosivo espantava as pombas, não tinha nada a ver com o poder invisível que o ensinava a respirar para dentro e controlar as batidas do coração”. A experiência sublime com Pilar Ternera também educara José Arcádio, a ponto de ele saber explicar ao irmão mais novo (Aureliano) que o amor “É que nem um terremoto”.

À medida que devoramos o romance, recordamos as máximas semeadas por personagens marcantes com que vamos criando curiosa proximidade, tal como a dúvida de José Arcádio Buendía, lançada ao rosto de seus ouvintes (no plano narrativo) e de seus leitores (do lado de fora), que “jamais conseguiu entender o sentido de contenda entre dois adversários que estavam de acordo nos princípios”; ou o rigor autoimposto por Amaranta, ao negar a consumação do amor com Pietro Crespi: “Não seja ingênuo – sorriu -, não caso com você nem morta”.

Esses diálogos e cenas iniciais – que transcrevo a título de amostra, em convite à leitura – dão pequeníssima medida do que vale o livro. Episódios como tais prenunciam o cruzamento entre a vida de personagens – umas expansivas, outras introspectivas; umas libertárias, outra reclusas – como se cada habitante de Macondo fosse a versão em miniatura de um lugar concreto e mágico, sujeito à bonança e à escassez; à justiça e à tirania; ao milagre da fartura alternado com a derrisão provocada pela natureza.

Assim como Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, Cem Anos de Solidão é desses livros concebidos com grande fôlego, cuja jornada de leitura gera ainda maior impacto se percorrida em longos serões.

Por Jean Pierre Chauvin, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP

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PRIMEIRO FESTIVAL DE COMIDA ANCESTRAL DO ARARIPE SERÁ REALIZADO EM OURICURI

O 1º Festival de Comida Ancestral do Araripe será realizado nesta sexta-feira (23), em Ouricuri, Sertão de Pernambuco. O evento celebra o resgate e a disseminação da gastronomia ancestral das famílias agricultoras do território. Um dos objetivos da programação é revitalizar receitas tradicionais da cozinha camponesa e enaltecer ingredientes típicos da região. O festival é promovido pela ONG Caatinga e acontece na Praça Frei Damião, Centro.

Além das receitas preparadas por mulheres sertanejas, agricultoras e oficineiras, há também apresentações artísticas da cultura nordestina e ancestral.

O Festival de Comida Ancestral do Araripe faz parte do Projeto Manafuê, que faz um trabalho de pesquisa sobre a culinária do Sertão do Araripe e busca resgatar e preservar as tradições gastronômicas da região.

Programação:

17h - Exposição De Comidas Ancestrais

18h - Abertura oficial

18h30 - Batucada Feminista

19h - Vídeo oficineiras afetivas

19h30 - Grupo Aricuri

20h10 - Cantando Marias

21h40 - As Fulô

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O ADMINISTRADOR ADEMAR PAULINO DE LIMA *POR PEDRO FREIRE FILHO

O ano de 1988 ficou marcado na história política do município de Areia como marco de um novo conceito na política areense. Contrariando todas as expectativas, prognósticos e apostas, Ademar Paulino de Lima (Pai Véi) era eleito prefeito, tendo ao seu lado o vice-prefeito Antônio Carlos Queiroz Teixeira de Barros (Cacau Teixeira) para o período 1989/1992.

Dizia-se, na época, que seria um grande retrocesso. Pai Véi não governaria e o pouco estudo seria o seu maior entrave. Cheguei a ouvir de alguns poucos preconceituosos que “ele não sabia preencher nem um cheque.” Seria um desastre total e vergonha para um município que teve tantos filhos ilustres nas vitrines da política e da intelectualidade.

Ledo engano da “burguesia fracassada”. Ademar venceu as eleições e se cercou de jovens inteligentes e comprometidos com a coisa pública, todos de Areia. Destaques para Cacau Teixeira, Chico Jardelino, Antônio José Cunha Lima, Salete Berto, Beatriz Perazzo, Fátima Andrade, Genival Sales, José dos Santos, Raimundo Silvestre, Lúcia Araújo, Manoel dos Santos, entre outros.

Contando com a juventude, dedicação e competência do secretariado, Ademar suplantou todas as dificuldades com sensibilidade e experiência de vida, sendo considerado um dos melhores gestores da terra de Pedro Américo.

Sem uma infância das melhores, filho de Pedro e Anália Paulino, logo cedo Pai Véi trocou os bancos da escola por um banco de feira, seguindo o legado do seu pai, como o vendedor da melhor carne e linguiça de porco da região.

A vida lhe impôs alguns percalços em Areia e Pai Véi teve que buscar noutra cidade o sustento próprio e da família. Nessa empreitada, a sua grande aliada foi Dona Maria, sua companheira de toda a vida e seu porto seguro, depois de longos e incansáveis dias de trabalho. Ela tinha prazer de receber e gostava da casa cheia dos amigos de Pai Véi.

Com muito sacrifício e determinação, Ademar formou um engenheiro civil, uma assistente social e uma enfermeira. O filho mais velho seguiu o seu legado como empresário do ramo de automóveis. A filha caçula concluiu o curso de Administração.

Empresário vencedor, Ademar nunca esqueceu sua terra natal, sempre buscando contribuir com o desenvolvimento e progresso. Lembro que em dias difíceis da Usina Santa Maria, era Ademar que assegurava o pagamento da folha de pessoal e até de fornecedores, prorrogando o fechamento inevitável de um dos maiores patrimônios do município.

Lembro do sofrimento de inúmeras famílias da “Chã do Galo” que tiveram suas moradias incendiadas em um trágico acidente. Pai Véi esteve presente no sofrimento das famílias, abraçando, dando sua palavra de conforto e contribuindo financeiramente e com pessoal para a reconstrução de todas as moradias.

Ademar sempre foi assim: amigo, conselheiro, conciliador, do bem e de bem. Até os adversários políticos o respeitavam e o citavam como referência na região do Brejo. Ronaldo, Maranhão, Cássio, Roberto Paulino, Armando Abílio, Manoel Júnior, Tião Gomes, Cícero Lucena, Rômulo Gouveia, Raimundo Lira, Damião e Lígia Feliciano, Evaldo Gonçalves, Marcondes Gadelha, Ney Suassuna, Bosco Carneiro, Vitalzinho, Arnaldo Monteiro e Orlando Almeida tinham em Ademar um exemplo de um case de sucesso nos negócios e na política.

A Gestão “Governo Amigo do Povo” – 1989/1992

 A primeira gestão de Pai Véi foi intitulada “Governo Amigo do Povo”. Nela, Ele cuidou de todas as áreas: da Saúde à Educação; da Agricultura à Infraestrutura; do Esporte à Cultura; da Assistência Social ao Lazer. O primeiro caminhão compactador de lixo do Brejo foi adquirido por Ademar. O primeiro ônibus do estudante universitário e o primeiro Centro Móvel Odontológico, também.

Ademar adaptou um prédio para ser o Centro Administrativo Municipal, adquiriu uma patrulha mecanizada, vários veículos, reformou todas as praças da cidade, construiu, ampliou e reformou açudes e barreiros, ampliou o mercado público, construiu escolas e creches, distribuiu feiras e o peixe aos carentes, eletrificou várias localidades rurais, pavimentou inúmeras ruas, recuperou as estradas vicinais, distribuiu sementes de feijão e milho com os agricultores, pagou os servidores sempre em dia e com aumento salarial, promoveu confraternizações, torneios esportivos e criou a MICAREIA.

A Saúde e a Educação tiveram tratamento especial da primeira gestão de Pai Véi. Os 9 postos de saúde contavam com médicos, enfermeiras e medicação. O Hospital Municipal tinha parceria com a Prefeitura. Eram 3 ambulâncias transportando pacientes para outros centros.

Na Educação, foram construídas duas escolas de 1º Grau: a de Cepilho e a de Mata Limpa, com recursos aportados pelo Senador Raimundo Lira e o filho de Areia Moacir Carneiro. Construiu as escolas de Ponte de Pedra e Barra do Camará, além da reforma e ampliação de mais de 20 escolas na cidade e zona rural. Promoveu a capacitação de professores e merendeiras, participou do Festival de Inverno de Campina Grande, gincanas culturais, debates, palestras e encontros educacionais, sem esquecer o tratamento todo especial à Filarmônica Abdon Milanez.

Um projeto destacado até hoje, é o de arborização da via principal da cidade, executado pela Secretaria de Agricultura em parceria com o CCA/Campus II da UFPB. A beleza das frondosas árvores plantadas nos anos 1990/1991 é apreciada pela população e visitantes, contribuindo para a manutenção do clima frio.

Ao final da gestão 1989/1992, Ademar Paulino de Lima tinha registrado mais de 500 obras/benfeitorias em favor da população de Areia e avaliação positiva superior aos 70%. Elegeu seu sucessor (Cacau Teixeira) com larga vantagem.

Em 1996, Ademar Paulino concorreu ao cargo de vice-prefeito ao lado do médico Elson da Cunha Lima Filho, que mais tarde seria o seu Secretário de Saúde e sucessor. Perderam a campanha para Ádria Perazzo Gomes.

No ano de 2000, Ademar Paulino foi eleito para o segundo mandato como prefeito de Areia para o período 2001/2004, disputando uma eleição desigual, sem dinheiro e sem apoio político. A vitória causou espanto na mídia e meio político, pois foram vencidos todos os vereadores, a prefeita e o vice, o deputado e a máquina municipal e estadual. Ninguém acreditou! O governador José Maranhão destacou que “foi a maior surpresa e satisfação que tive naquele pleito”.

A Gestão “Por Amor a Areia” – 2001/2004

Com a vitória, Ademar formou o seu secretariado tendo por base a gestão anterior. Entre os seus auxiliares destaco Antônio José, Carmita Santos, Mônica Silvana, Genival Sales, José Tavares Sobrinho, Benedito do Nascimento, Pedro Eliziário, Elson da Cunha Lima Filho, Assis Lino, Benedito Ribeiro, Lúcia Araújo, Manoel dos Santos, José Tavares da Silva, José Evaristo, Maria Bernadete Oliveira, entre outros.

Com a experiência da gestão anterior e a vontade de trabalhar do secretariado, Pai Véi iniciou a sua segunda gestão resgatando um projeto crucial para o desenvolvimento da cidade: a construção da Barragem Saulo Maia, com capacidade para armazenar mais de 4,5 milhões de metros cúbicos de água. O projeto da CAGEPA, orçado em R$ 3,75 milhões, tinha sido licitado na gestão Ádria Perazzo em 2000.

O primeiro passo foi a prorrogação contratual e a elaboração do projeto executivo da obra, que ficou a cargo de uma empresa de Brasília. Ao analisar o local das obras, os engenheiros constataram que a barragem poderia ser ampliada e sem nenhum custo a mais. Com isso, a Barragem Saulo Maia foi novamente projetada para armazenar cerca de 9 milhões de metros cúbicos de água, com o mesmo valor de R$ 3,75 milhões.

O segundo passo foi buscar o aporte financeiro. Nessa empreitada, o destaque foi o Senador Ney Suassuna que tinha assumido o Ministério da Integração Nacional. Fui com Ademar falar com o Ministro Ney Suassuna em Brasília, onde relatamos a prioridade e viabilidade da construção da barragem, até como sobrevivência da cidade de Areia e da sua gente.

O Ministro Ney Suassuna se mostrou sensível e disse a Ademar que estaria brevemente na Paraíba para assinar diversos convênios com prefeitos paraibanos e que levaria em conta o pleito de Areia. E foi o que aconteceu: Ney Suassuna assinou vários convênios na Paraíba e o de Areia, no valor de R$ 3,75 milhões, foi o de maior aporte de recursos.

A construção da Barragem Saulo Maia foi a obra mais estruturante dos últimos 30 anos executadas na cidade de Areia e hoje atende até o município de Pilões. Em seguida, já na gestão Paulo Gomes, o município foi contemplado com a construção do novo sistema de abastecimento de água e o novo sistema de esgotamento sanitário. Sem a barragem, essas obras jamais seriam executadas.

Nesse segundo mandato, diversas obras foram executadas e áreas essenciais como a Saúde, Educação, Assistência Social, Agricultura, Infraestrutura, Esporte, Lazer e Cultura não ficaram esquecidas. O destaque foi sempre o pagamento de servidores ao final do mês, a concessão dos reajustes legais, o concurso público e a progressão vertical e horizontal, além dos adicionais dispostos em lei.

Ao concluir o seu segundo mandato, Ademar Paulino de Lima tinha registrado inúmeras obras e benfeitorias em favor da população e avaliação positiva superior aos 75%. Elegeu seu sucessor (Dr. Elsinho Cunha Lima Filho) com uma maioria de 1425 votos. Pai Véi, ainda, foi vice-prefeito no período 2009/2012, tendo assumido a prefeitura nos últimos 6 meses.

Não se pode falar em gestão pública na cidade de Areia, nos últimos 60 anos, sem falar do legado deixado por Ademar Paulino de Lima. Guardo com carinho o tratamento de “filhinho” com o qual sempre fui tratado por Ele. E, também, o seu grande ensinamento aos que colaboraram com as duas gestões e que virou um bordão: “É tudo por AMOR A AREIA.”

* Pedro Freire Filho foi Secretário Geral na 1ª Gestão e Secretário de Administração e Finanças na 2ª Gestão de Ademar Paulino. É jornalista, radialista, especialista em Gestão Pública e mestrando em Gestão.

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AREIA: FESTIVAL CULTURAL DA JUSSARA SERÁ REALIZADO NOS DIAS 23 E 24 DE FEVEREIRO

 FESTJUS-FESTIVAL CULTURAL DA JUSSARA

PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira, dia 23

16h.

Desfile da Filarmônica Abdon Milanez pelo bairro, seguido de concerto em

frente ao Centro Paroquial.

18h.

Feira Itinerante do Bairro da Jussara.

19h.

Mesa de debates e depoimentos dentro do projeto Conversas Paralelas,

do Curso de Letras do IFPB, Campus de João Pessoa. Convidadas:

Professora Doutora Analice Pereira, Doutora Eliane da Conceição Silva, da

UFPB, e Mestra Renálide de Carvalho, do IFPI.

21h.

Sarau com artistas do bairro. Convidada especial Lara Lourenço, poetamirim.

Paralelamente à programação estará acontecendo a Feira Itinerante da

Associação do Bairro da Jussara.

Sábado, dia 24

17h.

Feira Itinerante do Bairro da Jussara.

19h.

Mesa de conversas sobre a história da Jussara e suas perspectivas para o

futuro. Convidadas: Professora Tays Melo, mestranda da UFPB, Jeanine

Félix, ativista e agente cultural do bairro, e Gracinha Oliveira, empreendedora e ativista cultural do Convention & Visitors Bureau de

Areia.

21h.

Sarau e apresentações com artistas do bairro.

Paralelamente à programação estará acontecendo a Feira Itinerante da

Associação do Bairro da Jussara.

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MÚSICA EM RITMO DE FORRÓ RETRATA ENCANTOS E BELEZAS DE SOBRADINHO

A canção "Cantando Sobradinho" de autoria do músico forrozeiro sobradinhense Edson Rodrigues, enaltece de forma poética as belezas e riquezas naturais e os atrativos turísticos existentes na terra barragem além de ser um belo convite para cairmos na alegria do forró, conforme afirma Edson.

A composição foi uma das manifestações artísticas contempladas pela a lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura no município de Sobradinho e dentro em breve será também gravada em estúdio por Edson, acompanhado pelos seus parceiros José Aleixo (Dedé Sanfoneiro) e pelo experiente zabumbeiro Jerivan da Silva, ex membro da Banda Stilus onde juntos formam o grupo Forró de Pé de Serra Ed Som e Dedé do Acordeon.

Líder do grupo e com mais de anos de carreira musical voltada basicamente para o forró tradicional atuando tanto como compositor, cantor e instrumentista, Edson Rodrigues fundou e fez parte de vários grupos em Sobradinho além de ter se apresentado nos maiores eventos da cidade como o Forró do Vaqueiro e diversas festas populares na região ao longo desses 30 anos.

Para Edson, a música é mais uma forma de valorizar e enaltecer tanta coisa bonita que existe em Sobradinho além do lago e da barragem, como exemplo das serras, dos balneários à beira do rio e tantos outros locais que precisam ser mais divulgados como atrativos turísticos de Sobradinho.

A apresentação da canção para o público está marcada para o dia 24 de fevereiro em um grande show de forró no Mercado Municipal quando a cidade já está em festa pelas comemorações dos seus 35 anos de emancipação política. "Será um momento de valorização dos artistas de nossa terra que por meio do forró, estão divulgando as belezas e riquezas da terra da barragem", disse Edson.
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O REVIVAL DE REGINALDO ROSSI, NO CARNAVAL, NA ACADEMIA E NA MÚSICA POP

Texto Lianne Ceará e Maria Júlia Vieira-Revista Piaui

Dó maior”, pediu Reginaldo Rossi à banda do Domingão do Faustão, num programa transmitido em 2003. O acorde ecoou pelo estúdio. Mesmo a portas fechadas, sob iluminação artificial, o cantor pernambucano não tirou por um instante os óculos escuros. “Olha, nunca mais eu quero saber de você/ pois o imenso amor que eu lhe dediquei/ você não ligou e nem sequer notou…”

O registro é um dos poucos em que Rossi aparece cantando O Pão, primeiro sucesso de sua carreira. A música foi lançada em 1966 em um vinil de doze faixas que leva o nome do cantor. A foto de capa – um Rossi de 20 e poucos anos, cabelo liso engomado, camiseta branca justa –, assim como as melodias e o tema das letras, remetem à estética da Jovem Guarda. Pode-se chamar aquilo de rock’n’roll ou iê-iê-iê. O brega mesmo só viria mais tarde.

É difícil apontar o momento exato da transição entre o jovem rebelde e o adulto romântico, cronista de paixões e dores de cotovelo. Ao longo dos anos 1970, o cabelo alisado voltou ao crespo natural. O look rebelde à la Elvis Presley deu lugar à camisa social com vários botões abertos, corrente à mostra, óculos escuros alaranjados. Terminada a década, o artista era outro, e o público também. Nos anos 1980, vieram os discos de platina e a fama.

A figura ganhou contornos míticos. O Galo da Madrugada, maior bloco de rua do mundo, passeou pelas ruas do Recife no último sábado (10) exibindo um galináceo de 4,5 metros de altura. O bicho vestia óculos escuros e uma corrente no pescoço. Não era preciso mais do que isso para identificar o homenageado, que morreu dez anos atrás, vítima de um câncer no pulmão.

Em Pernambuco, Rossi é cada vez mais celebrado com estátuas e murais (o mais recente foi inaugurado em janeiro, na fachada do Edifício Rostand, em Recife). Suas músicas tocam nos alto-falantes dos mercados populares, nos bares e nas festas de Carnaval, mesmo aquelas frequentadas pela classe média. O brega, antes estigmatizado como um gênero musical vulgar, popularesco, vem conquistando reconhecimento artístico e alcançando um novo público. 

Em 2017, uma lei o consagrou como expressão cultural de Pernambuco. Desde então o governo estadual é obrigado a direcionar parte dos gastos de cultura a eventos que celebrem o brega. Em 2021, o gênero foi reconhecido como patrimônio cultural e imaterial do estado do Pará. 

Há outras iniciativas semelhantes. Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que quer transformar o 14 de fevereiro em Dia Nacional do Brega. A data marca o aniversário de Rossi. Coincidentemente, é quando se comemora em muitos países o Dia dos Namorados, momento propício para desilusões amorosas. No final do ano passado, o músico Ivanildo Marques da Silva, conhecido pelo nome artístico Conde Só Brega, compareceu a uma sessão na Câmara para defender o projeto que homenageia seu ídolo.

“Tudo começou com ele [Rossi] rodando o Brasil e cantando aquela música que todos nós conhecemos”, disse Silva ao microfone, antes de entoar, na frente de deputados e assessores, o hit Garçom, canção mais célebre do brega nacional, lançada no fim dos anos 1980. Como se estivessem num karaokê, a maioria dos presentes se juntou ao coro. “Saiba que meu grande amor hoje vai se casar…” O projeto ainda não foi à votação no plenário.

Até Reginaldo Rossi despontar no cancioneiro popular, brega não era mais do que um adjetivo depreciativo, usado para se referir a tudo que se considerava cafona, ridículo ou simplesmente interiorano. Ainda é assim, mas a palavra ganhou nova dimensão. “Ele tem o mérito histórico de ter assumido o brega como substantivo”, atesta Paulo César de Araújo, pesquisador e autor do livro Eu não sou cachorro não: música popular cafona e ditadura militar, publicado em 2002. “Foi uma forma de reivindicar essa palavra.”

O livro trata do contraste que sempre marcou o brega: embora fosse um gênero popularíssimo, nunca recebeu atenção da crítica especializada. “Ele foi o sustentáculo de muitas gravadoras”, argumenta Araújo. “A Philips, por exemplo, gravava no selo azul, de maior prestígio, Caetano, Gil, a nata da MPB. Na Polydor [sua subsidiária], gravava Odair José, José Evaldo Braga. Esses artistas do brega vendiam milhões pra que o Caetano pudesse gravar seus discos sofisticados que vendiam, na época, 30 mil, 40 mil cópias.”

Rossi, Pitter e Braga eram artistas do povão. Uma categorização marcada pelo preconceito de classe, e que indica não se tratar de uma arte digna de apreciação séria. “Há uma dificuldade social em entender a periferia como lugar de produção de cultura”, diz Tiago Soares, pós-doutor em comunicação e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

 Autor do livro Ninguém é perfeito e a vida é assim: a música brega em Pernambuco (2017), Soares faz parte de uma leva de acadêmicos que vêm fazendo um resgate do brega, associando-o a fenômenos sociais e – no caso de Reginaldo Rossi – raciais. O professor argumenta que, com seus cabelos, o Rei do Brega acenava à estética “black is beautiful” dos anos 1970. Pobreza e racismo, diz Soares, contribuíram para a estigmatização do gênero brega-romântico.

O filho do cantor, Roberto Rossi, concorda. Ele diz que o pai nunca negou sua negritude. “Mesmo na época da Jovem Guarda, quando ele alisava o cabelo, não era porque ele queria ser branco. Era apenas um modismo.”

Com mais de quarenta álbuns gravados, Rossi foi premiado com discos de platina, ouro e diamante. Uma carreira profícua. O segredo do sucesso, segundo ele próprio formulou numa entrevista a Jô Soares em 2010, estava na simplicidade das canções. “Essas músicas todas falam coisas do povo. Não tem complicação, não tem metáfora, não tem teorema de Pitágoras.”

Roberto – que também é músico e não tira os óculos escuros – tem uma explicação mais sintética para o sucesso perene do pai. “O brega não sai de moda porque o amor não sai de moda.” Hoje, ele pondera, não é só o povão que escuta brega. Afinal, “quando o chifre dói, o diploma cai da parede.” 

Duda Beat, cantora pop nascida no Recife, conta que cresceu ouvindo Reginaldo Rossi. Costumava vê-lo em programas de tevê quando voltava para casa depois da escola. Ela diz que o brega foi uma das influências no seu jeito de compor e de cantar. Assumir esse parentesco talvez fosse motivo para algum constrangimento anos atrás. Hoje o gênero é abraçado com certo orgulho por artistas jovens. “O brega também é pop”, explicou Duda à piauí. 

Otto, outro músico pernambucano de uma geração recente, recebeu das mãos de Rossi, em 1999, o prêmio de artista revelação da MTV. Tempos depois, no programa Altas Horas, da TV Globo, ouviu o Rei do Brega dizer: “Eu vejo no Otto o Reginaldo Rossi de 20 e poucos anos.” Na época, Otto já tinha trinta e lá vai bolinha, mas sentiu-se engrandecido com a comparação.

Agora com 55 anos, Otto entende com mais clareza sua relação com o brega. No ano passado, deu início a uma turnê em que canta exclusivamente canções de Rossi, uma homenagem póstuma ao ídolo. Tomado pelo espírito brega, ele elaborou uma hipótese sociológica para o revival do gênero: segundo ele, o brega tem se beneficiado do fato de que, com as redes sociais, as pessoas passaram a ter mais facilidade para se abrir e expor sentimentos. Há algo de nobre na dor e na humilhação compartilhadas.

 “A gente tá percebendo que o mundo todo é brega”, ele explica. “Todo músico, todo artista, toda performance. O brilho é brega, o funk é brega. O brega é tudo que você quis usar e não usou, tudo que você quis cantar e não cantou, o que quis dançar e não dançou. Brega é o que você sempre quis ser.”

A turnê foi idealizada na pandemia. Otto trocou sua indumentária habitual – camiseta e calça jeans – por camisas de alfaiataria, sempre com alguns botões abertos, e óculos escuros. Ele conta que não precisou dar uma nova roupagem às músicas para que elas fossem bem aceitas pelo seu público. “Muito pelo contrário, o rei continua atual. Não precisei mudar nem o tom.”

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CANÇÃO ADOMIGADA-83 ANOS DE DOMINGUINHOS

12 Fevereiro: Aniversário de Seu Domingos. Estaria hoje fazendo 83 anos. A festa no céu, justa e merecida, deve estar bonita. Saudades do Mestre.Imenso músico, enorme gente. Difícil saber qual o maior Domingos.

CANÇÃO ADOMINGAGA – xico bizerra e beto hortis

alumia a noite escura teu abrir-fechar de fole 

a tristeza escapole, adomingas corações 

escancaras alegrias quando abraças a sanfona 

és o dono, ela é a dona do aconchego das canções 

brancas-asas, sabiás, pretos-assuns 

se enternecem sob o céu de garanhuns 

e os acordes que acordam melodias 

lembram os dias de um nenê que se adomingou 

e o xodó do teu tocar ilumina e toca em frente 

a semente que pra nós luiz deixou

quem me levará sou eu, isso aqui ‘tá bom demais 

com essa paz abri a porta para o amor 

quanto chão de alegria já pisaram esses teus pés? (TEXTO XICO BIZERRA)

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