ALEMANHA DEVOLVE FÓSSIL UBIRAJARA JABATUS AO CARIRI CEARENSE

Após anos de negociações em quase três décadas desde que foi contrabandeado do Brasil para Alemanha, o fóssil Ubirajara jubatus foi devolvido ao Cariri cearense. 

O exemplar de um dinossauro ancestral das aves, que viveu há 110 milhões de anos, é o primeiro da espécie encontrado na América Latina e o mais antigo da Bacia do Araripe, na divisa entre Ceará, Piauí e Pernambuco. 

Retirado de forma irregular do Brasil nos anos 90, o fóssil estava no Museu Estadual de História Natural Karlsruhe, na Alemanha e retornou à origem no dia 4 de junho.

O fóssil do tamanho de uma galinha e revestido por penas está em duas placas (positiva e negativa) medindo uma placa 47 centímetros (cm) por 46 cm x 4 cm, pesando cerca de 11,5 kg. A segunda placa mede 47 cm x 46 cm x 3 cm, com peso aproximado de 8,0 kg.

Exemplar fará parte do acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, que pertence à URCA, na cidade de Santana do Cariri - Joédson Alves/Agência Brasil

Para celebrar a repatriação do fóssil, o Ministério das Ciências e Tecnologia, o governo do Ceará, a Universidade Regional do Cariri e representantes do governo alemão fizeram cerimônia solene nesta segunda-feira (12).

O reitor da Universidade Regional do Cariri, Francisco do O' de Lima Junior, destacou a concretização da decisão tomada por autoridades alemãs em meados do ano passado. "Nos dá de brinde essa convivência, essa cooperação, por reconhecer que para a gente ter autodeterminação politica, ética, vale também o reconhecimento do nosso patrimônio, então aqui a Universidade Federal do Cariri, em nome da nossa comunidade acadêmica, nós queremos agradecer toda nossa cooperação que já se desenvolve no conjunto de pesquisa em andamento".

A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, também comemorou a retomada do fóssil ao país. Ao destacar a importância da cooperação científica mantida com a Alemanha há mais de 50 anos, a ministra também apontou que espera por outros eventos semelhantes de repatriação de bens da União.  "Espero que esse reconhecimento por parte da Alemanha seja inspiração para outros países que detêm, em circunstancias não elucidadas, outras espécimes da biodiversidade paleontológica brasileira".

O Museu Nacional do Rio de Janeiro chegou a ser cogitado como local de abrigo ao fóssil do dinossauro. No entanto, Ubirajara jubatus  fará parte do acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, que pertence Universidade Regional do Cariri, na cidade de Santana do Cariri, no Ceará. O local recebe, em média, 2 mil visitantes por mês. (Agencia Brasil)

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LUIZ GONZAGA VIVE NA PUREZA DAS CRIANÇAS E NO OLHAR DO FUTURO DA CULTURA

O Brasil vai celebrar no dia 02 de agosto de 2023, os 34 anos da morte do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o rei do baião. 

Essa imagem, foto de Rafael de Souza, site Belezas do meu Exu. em Nova Olinda Ceará, é o retrato que Luiz Gonzaga, vive e é Patrimônio dá Humanidade. Vive na pureza das crianças, verbo esperança de uma cultura gonzagueana eterna e que se renova sempre.

Lua, como também era conhecido, foi essencialmente um telúrico. Ele soube como ninguém cantar o Nordeste e seus problemas. Pernambucano, nordestino ou simplesmente brasileiro, Luiz Gonzaga encantou o Brasil com sua música, tornando-se um daqueles que melhor souberam interpretar sua alma.

Nascido em Exu, no alto sertão de Pernambuco, na chapada do Araripe, ele ganhou o Brasil e o mundo, mas nunca se esqueceu de sua origem. Sua música, precursora da música popular brasileira, é algo que, embora não possa ser classificada como "de protesto", ou engajada, é, contudo, politicamente comprometida com a busca de solução para a questão regional nordestina, com o desafio de um desenvolvimento nacional mais homogêneo, mais orgânico e menos injusto, portanto.

Na foto, Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga e neto do tocador de sanfona de 8 Baixos, Januário, nas palavras do professor doutor em Ciencia da Literatura Aderaldo Luciano, mostra que o Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões. Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos.

Luiz Gonzaga, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.

Luiz Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

O olhar de Gonzaga furou o ventre de todas as coisas e seres, escaneou suas vísceras, revirou seus mistérios, escrutinou suas entranhas. A mão do homem deslizou pelas teclas sensíveis da concertina, seus dedos pressionaram os pinos, procurando os sons baixos e harmônicos. Os pés do homem organizavam o primeiro passo, sentindo o caminho, testando o equilíbrio. A cabeça erguida, o queixo pra frente, a barriga desforrada e o pulmão vertendo cem mil libras de oxigênio, vibrando as cordas vocais: era Lua nascendo.

O peito de Gonzaga abrigava o canto dolente e retorno dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali buscando eternidade. Viva Luiz Gonzaga do Nascimento, sempre na mira de nossos corações. (Fonte: professor doutor em Ciencia da Literatura Aderaldo Luciano)

O escritor Gilberto Amado disse a propósito da morte de sua mãe: "Apagou-se aquela luz no meio de todos nós". Para o Nordeste, e tenho certeza para todo o país, a morte de Luiz Gonzaga foi o apagar de um grande clarão. Mas com seu desaparecimento não cessou de florescer a mensagem que deixou, por meio da poesia, da música e da divulgação da cultura do Nordeste.

Em sua obra ele está vivo e vive no sertão, no pampa, na cidade grande, na boca do povo, no gemer da sanfona, no coração e na alma da gente brasileira, pois, como disse Fernando Pessoa, "quem, morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente".

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ALIMENTAÇÃO ESCOLAR: PROJETOS BRASILEIROS SÃO EXEMPLO DE BOAS PRÁTICAS

“As crianças acompanham desde a germinação das sementes até o surgimento das primeiras folhas, regando e observando, diariamente, as mudanças no crescimento da plantinha”, conta a diretora da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Rosana Munhos, Juliana de Carvalho Yamane, de São Caetano do Sul (SP). A escola foi citada como referência de boas práticas em alimentação escolar pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

Além da Emei Rosana Aparecida Munhos, mais duas escolas da rede municipal de São Caetano do Sul são citadas: Emei Cleide Rosa Auricchio e Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Anacleto Campanella. As experiências das escolas foram selecionadas para participar do projeto Making School Meals Tasty (Tornando as Refeições Escolares Saborosas), com o objetivo de promover não apenas uma alimentação nutritiva, mas, também, atrativas aos alunos. “Não só dietas saudáveis são cruciais para crianças, [em termos de] desenvolvimento e bem-estar, mas o usufruto da alimentação também faz parte do direito à alimentação”, destacam os organizadores do projeto.

Com esse objetivo, a FAO publicou diversas dicas para que as merendas escolares sigam orientações nutricionais e sejam desfrutadas por todos os alunos. Para cada dica, compartilhou exemplos reais de boas práticas já realizadas em escolas. As experiências de São Caetano podem inspirar outras escolas no Brasil e no mundo.

Na Emei Rosana Aparecida Munhos, as ações seguem a orientação da FAO relacionada à criatividade: “Seja criativo com a apresentação do prato e as escolhas alimentares para tornar as refeições atraentes”. Para envolver os alunos em escolhas alimentares saudáveis, o projeto começou com o plantio de tomate-cereja. A ideia surgiu de uma conversa com crianças que não haviam experimentado o alimento antes.

Além do tomate-cereja, há outros alimentos plantados. “As crianças plantaram milho, já que era uma curiosidade dos pequenos saber se era possível plantar o milho de pipoca, e, atualmente, estão acompanhando o feijão desde o plantio à mesa, ou seja, nossos pequenos estão experienciando o cultivo, as transformações do grão quando adicionado a outros elementos até a receita do bolinho de feijão que será feita na nossa cozinha experimental”, detalha a diretora Juliana de Carvalho Yamane.

O plantio é feito na própria escola. “Estamos estudando a possibilidade de a horta adentrar as salas referências para naturalizar, sempre que possível, os espaços escolares para uma educação com sustentabilidade e respeito à natureza.”

A cozinha experimental da escola também segue a orientação da FAO: “Apoie um ambiente alimentar, que encoraje escolhas saudáveis e o prazer das refeições.” A escola tem um espaço próprio para as crianças experimentarem, criarem, cozinharem e descobrirem novas possibilidades com os alimentos.

“A cozinha experimental surge da necessidade de propor às crianças ambientes e espaços escolares que implicam a experimentação e aprendizagens significativas através da culinária. Na cozinha experimental, a alimentação torna-se mais atraente e ampliam-se as experiências e conceitos científicos dada a combinação de substâncias e misturas”, relata a diretora.

Na cozinha experimental, convivem outros aprendizados, como de ciências, artes e história. Recentemente, as crianças tiveram a oportunidade de investigar os processos que resultam na borra de café. Participaram da preparação da bebida e, depois, fizeram uma atividade artística, utilizando a borra de café como pigmento. “As nossas crianças bem pequenas experimentam o conhecimento de mundo integrando todos os campos de experiências e direitos de aprendizagens postos na Base Nacional Comum Curricular [BNCC] e Currículo Municipal da cidade”, completa Juliana.

Familiaridade-“Prepare refeições com pratos e sabores que são familiares às crianças” é outra dica da FAO para motivar os alunos a se alimentarem bem na escola. Para isso, a Emef Anacleto Campanella tem o cardápio da merenda escolar repleto de alimentos naturais, nutritivos e bem brasileiros, como arroz, feijão, mandioca e frutas.

“Temos colaboradores envolvidos afetivamente com o preparo dos alimentos dos alunos. Um levantamento mostrou que a maioria das merendeiras cozinha como se estivesse cozinhando para os seus filhos e netos”, afirmou a diretora Andrea Moreno Castillo.

Durante o intervalo para as refeições, os alunos que são parentes são incentivados a comer juntos. “O alimento conecta, agrega e aproxima as pessoas. Por isso, é importante dar tempo para conversarem, assim os irmãos e primos que estudam em salas diferentes sentam juntos quando o horário permite, o alimento acaba sendo uma das maneiras de o aluno se sentir acolhido pela escola”, completa a diretora.

SUSTENTABILIDADE-“Promova preparações mais sustentáveis que também sejam deliciosas”, orienta a FAO. Segundo a organização da ONU, estima-se que 17% dos alimentos do mundo sejam desperdiçados no varejo e pelo consumidor final. “É essencial que a vontade de reduzir ou eliminar o desperdício de alimentos seja desenvolvida desde muito cedo e incentivada nas escolas.”

A Emef Anacleto Campanella tem desenvolvido projeto que busca reduzir o desperdício de alimentos, conscientizando os alunos e abordando o tema nas aulas de ciências. “Observamos quais os alimentos que foram mais desperdiçados, e buscamos fazer um trabalho de incentivo ao consumo desses pratos, convidando as crianças a experimentarem novos sabores. Desde março já conseguimos uma redução de desperdício de 11 kg  para 3 kg”, comemora a diretora Andrea Moreno Castillo.

HORTA-“Use hortas escolares para familiarizar as crianças com alimentos nutritivos”, recomenda a FAO. Segundo a organização, as hortas escolares são uma maneira prática e excelente para as crianças aprenderem sobre alimentação, dietas e nutrição, mudando até as atitudes delas em relação a alimentos nutritivos, como frutas e vegetais.

No projeto É Gostoso Comer Bem, as crianças da Emei Cleide Rosa Auricchio têm a oportunidade de plantar e colher hortaliças que serão utilizadas em receitas ou incluídas no cardápio. Segundo a coordenadora pedagógica Mércia Ferreira, a participação ativa das crianças no pomar incentiva o consumo desses alimentos.

Os projetos citados pela FAO foram criados de forma autônoma pelas escolas, seguindo um direcionamento geral da Secretaria de Educação do município de São Caetanos do Sul.

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CENTRO CULTURAL DO CARIRI REALIZA PROGRAMAÇÃO COM O JORNALISTA XICO SÁ NESTE SÁBADO (10)

A trajetória sentimental do Xico Sá pelo sul cearense é extensa. Nela, cabem reencontros e memórias ficcionais em escritas que nos apresentam sua terra natal, o Cariri. Neste ábado (10), é dia de ouvir esse jornalista em uma conversa descontraída, realizada em parceria entre o Instituto Cultural do Cariri e o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará), gerido pelo Instituto Mirante de Cultura e Arte. 

A atividade é gratuita e acontece às 19h30, na sede do Instituto Cultural.

O cratense é um dos mais importantes jornalistas brasileiros da atualidade. Na literatura, publicou livros que vão de contos à ensaios, como Big Jato, que traça um retrato de sua juventude na região do Cariri. A programação, intitulada “Meu Cariri real e inventado como marca de escrita na ficção e na crônica”, marca o reencontro do escritor com os afetos e identidades construídos no local, nos contando como esse lugar inspirou a escrita e criação do seu universo literário.

Integrando o “Colóquios de Sabedoria”, programa do Instituto Cultural do Cariri, que acontece desde 2020 e alcança mais de cinquenta edições, busca reunir diferentes públicos para discussão, em especial os que integram a cena jornalística da região.

Francisco Reginaldo de Sá Menezes. Não escapou do destino de sua mãe ser fã do Reginaldo Rossi e homenageá-lo em seu nome. Aos 14 anos, escrevia cordéis com os amigos sobre a região do Cariri e futebol, duas de suas paixões. Começou a carreira no jornalismo em Recife (PE), onde atuou por anos como repórter investigativo. Foi vencedor de prêmios importantes da área, como Esso, Folha, Abril e Comunique-se. Autor de mais de dez livros, vive a escrita em um universo mítico-ficcional, carregado de sentimentos e experiências reais.

CONFIRA CRÔNICA:

Mãe, ainda me lembro quando tu colocaste a rede no fundo da mala, mala de couro, forrada com brim cáqui, e perguntaste, tentando sorrir no prumo da estrada: “Filho, será que na capital tem armador nas paredes?”

Naquela noite eu partiria para o Recife, que conhecia apenas de fotos e do mar de histórias trazidos pelos amigos. Lembro de uma penca de fotografias em especial, que ilustrava uma bolsa de plástico que usava para carregar meus livros e cadernos. Lá estavam as pontes do centro, casario da Aurora ao fundo, lá estava a sede da Sudene, símbolo de grandeza naquele apagar dos anos 1970, lá estava o Colosso do Arruda, o estádio do Santa…

Quando o ônibus gemeu as dores da partida, aquela zoada inesquecível que carregamos para todo o sempre, tu me olhaste firme, e eu segurei as lágrimas tão-somente para dizer que já era um homem, que era chegada a hora de ganhar o mundo, pé na estrada, o mundo estrangeiro que conhecia somente pelo rádio, meu vício desde pequeno, no rádio em que ouvia os Beatles, as resenhas e as transmissões esportivas, além de todo um sortimento de novidades daqui e de fora.

Lembro que naquele dia, mãe, ouvimos juntos o horóscopo de Omar Cardoso, na rádio Educadora do Crato (ou teria sido na Progresso de Juazeiro?). Que falava dos novos rumos do signo de Libra. Você disse: “Tá vendo, meu filho, você será muito feliz bem longe”.

A voz de Omar Cardoso e o seu mantra ecoava no juízo: “Todos os dias, sob todos os pontos de vista, vou cada vez melhor!”

Foi o dia mais curto de toda a existência. O almoço chegou correndo, a merenda da tarde passou voando… e quando dei fé estava diante da placa Crato/Recife, Viação Princesa do Agreste.

Todo choro que segurei na tua frente, mãe, foi derramado em todas as léguas seguintes. Mal chegou em Barbalha eu já estava com os dois lenços de pano –outro cuidado seu com o rebento- molhados. Em Missão Velha, uma moça bonita, uma estudante que voltava de férias, me confortou: “É para o seu bem, foi assim também comigo”.

Quando chegou em Salgueiro, além dos lenços e da camisa nova -xadrezinho da marca Guararapes-, o livro Angústia, de Graciliano Ramos, um dos motivos da minha vontade de conhecer a vida, também já estava encharcado.

E assim foi a viagem toda. Com direito a soluços, que acordaram a velhinha que ia ao meu lado, quando o ônibus chegou ao amanhecer no Recife.

Arrastei a mala pelo bairro de São José e procurei a pensão mais econômica.

Sim, mãe, tem armador de rede, escrevi na primeira carta. Naquele tempo não se usava, em famílias sem muito dinheiro, o telefone. Era tudo na base do “espero que esta te encontre com saúde”, como a gente escrevia na formalidade das missivas.

É mãe, neste teu dia, que está quase chegando a hora, quero lembrar que a coisa que mais me comoveu foi tua coragem, que eu até achava, cá entre nós, que fosse dureza além da conta d´alma. Até falei, um dia no divã, sobre o assunto, como se eu quisesse que naquela despedida o sertão virasse o teu mar de pranto.

Eis que recentemente me contaste como foi duro, que tudo não passava de um jeito para não fazer que eu desistisse de ganhar a rodagem. Aí me lembrei de uma sabedoria que citava nas cartas e bilhetes, quando eu esmorecia um pouco na sobrevivência da cidade grande: “Saudade não bota panela no fogo”. E ainda reforçava: “Saudade não cozinha feijão, coragem, filho, coragem”.

Em nome das mães de todos os meninos e meninas que partiram, dona Maria do Socorro, quero te deixar beijos e flores.

Sim, mãe, agora já sabes que somos de uma família de homens chorões, são 18h40 de um sábado, e eu choro um pouco, como fazia no fundo daquela rede colorida que puseste no fundo da mala, chorava tanto nos sótãos das pensões do Recife  que os chinelos amanheciam boiando no quarto, como se quisessem tomar o caminho de volta para casa.

*Fonte Crônica de Xico de Sa  escrita em 2005.




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JORGE FILÓ LANÇA LIVRO PECÚLIO NESTE SÁBADO E DOMINGO EM PETROLINA

Já ouvisse falar em pecúlio? O tal substantivo, muito desejado, mas pouco falado, é sinônimo de reserva de dinheiro. Ou ainda “um conjunto de coisas, notícias ou apontamentos relativos a certo assunto ou especialidade”. Difícil saber que soma é mais rara hoje em dia: de recurso financeiro ou intelectual. Neste sábado,  a palavra ganha novo sentido, literário, poético e abundante, no dicionário e no imaginário pernambucanos, com o lançamento do terceiro livro do escritor, poeta e cordelista Jorge Filó.

Entre versos inéditos e outros já declamados e espalhados nos ventos e eventos literários da capital e do interior, onde o autor é presença infalível, Filó celebra a tradição da oralidade, nascedouro da cultura popular nordestina, que forjou a estética de sua sensibilidade literária.

Como poeta que se preze só anda em boa companhia, o livro reúne ainda os textos e talentos de Cida Pedrosa e Greg Marinho, que assinam os textos de apresentação da obra, e de Marcone Melo, que fala ao pé da orelha de Pecúlio.

O escritor, poeta e cordelista Jorge Filó lança neste sábado (10), ‘Pecúlio’, no Restaurante O Poleiro, localizado na Areia Branca, a partir das 12h; já no domingo (11) será no Sebo Reboliço, a partir das 16h,  na Rua Pacífico da Luz, Centro. 

Jorge Filó é devoto fiel e praticante da arte dos repentistas, além de confeccionar cordéis sob encomenda. Tem ainda outros dois livros publicados: “A igreja do diabo ou a contradição humana” (2004), adaptação para cordel de um conto de Machado de Assis, e “Os de cá com os de lá” (2012). 

Também já publicou diversos cordéis e participou de coletâneas poéticas, além de colecionar participações, como coordenador e apresentador, em incontáveis mesas de glosa, peleja tradicional dos poetas do Pajeú. Jorge Filó ajudou ainda a realizar e produzir eventos como a Balada Literária, em São Paulo, as Jornadas Literárias, do Sesc Pernambuco, e o Festival Louro do Pajeú, no Vale do Pajeú. 

Filó semeia seus versos também nas redes sociais: https://www.facebook.com/PoetaFilo/ e no Instagram @jorgefilo.paculio.

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SANFONEIRO JOQUINHA GONZAGA SACODE O III SEMINÁRIO CHAPADA DO ARARIPE PATRIMÔNIO DÁ HUMANIDADE

O sanfoneiro, cantor, Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga e neto do tocador de sanfona 8 baixos, Januário, literalmente e musicalmente incendiou, com a puxada do fole o III Seminário Chapada do Araripe Patrimônio dá Humanidade. Joquinha Gonzaga foi uma das atrações musicais do evento na noite da quinta-feira (08).

Joquinha Gonzaga empolgou os participantes que dançaram ao som da sanfona. Joquinha declarou o "quanto se sente feliz apesar das dificuldades que a cultura enfrenta cantar e falar em nome do seu tio que é um dos maiores patrimônios da chapada do Araripe, Luiz Gonzaga".

O fundador e idealizador da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri, Alemberg Quindins, destacou a importância de Luiz Gonzaga, a poesia de Patativa do Assaré como um compromisso com a história da terra. 

"A Chapada, durante todo o movimento do planeta, manteve-se perene e sendo um ponto de destaque onde está. O Rio São Francisco já foi aqui, e mudou o curso quando ela foi soerguida. Nós temos registros dos animas mais longínquos. Há 3.300 anos A.C., o homem já estava em torno da Chapada, fazendo cerâmica, dançando, fazendo pintura rupestre, com toda uma formação cultural já organizada. Então, temos aqui um tesouro vivo".

Ainda de acordo Alemberg: "A gente sempre acreditou e eu digo que o Cariri é um estado de espírito onde o vento sopra com saudade do mar. Essa frase, quando diz o estado de espírito, o estado é o território, o espírito é a cultura, e o vento que sopra com saudade do mar é, trazendo toda uma antiguidade paleontológica e geológica, que o mar já esteve aqui. Então, essa é a nossa força".

SEMINÁRIO: Com o objetivo principal de fomentar a troca de conhecimentos e experiências, bem como discutir os desafios e oportunidades relacionados à preservação e gestão sustentável da Chapada do Araripe, foi dado início, na quinta-feira, 08, o *III Seminário Chapada do Araripe Patrimônio dá Humanidade*. 

Realizado pelos Sistema Fecomércio Ceará em parceria com a Fundação Casa Grande, o evento visa a promoção da Chapada na lista da Unesco como patrimônio da humanidade pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Serão três dias de Seminário para debater temas como conservação da biodiversidade, turismo sustentável, valorização da cultura local e educação ambiental. A programação conta com palestras, roda de conversas, exposições culturais e visita aos museus orgânicos.

“O Sesc tem a missão de transformar vidas, por isso é uma grande satisfação fazer parte dessa campanha de reconhecimento ao valor da Chapada do Araripe e de valorização do nosso povo e da nossa Região”, destacou Sabrina Veras, diretora de Programação Social do Sesc Ceará, em sua fala de abertura do Seminário.

Segundo a secretária de Cultura do Estado do Ceará, Luísa Cela, o Governo do Ceará compreende e reconhece a importância cultural, social, histórica e arqueológica da Chapada do Araripe, por isso apoia a campanha para torná-la um patrimônio da humanidade.

Leonardo Salazar, secretário executivo de Cultura do Estado de Pernambuco, falou da importância do Nordeste estar junto nessa campanha. De acordo com ele, a Chapada abrange 120 municípios do Ceará, Pernambuco e do Piauí, sendo um rico patrimônio que beneficiará ainda mais o desenvolvimento da região após a chancela de patrimônio da humanidade.

Alemberg Quindins, gerente de cultura do Sesc e gestor cultural criador da Fundação Casa Grande, ressaltou a luta por esse reconhecimento e o quanto essa chancela será importante para a Região da Chapada, principalmente no que diz respeito à preservação e defesa do patrimônio cultural, social e histórico da Chapada do Araripe. “Estamos falando de um patrimônio da época da separação dos continentes e isso é muito importante”, pontuou.

O primeiro dia de Seminário debateu o tema “A Arqueologia Social Inclusiva como princípio do Patrimônio Dá Humanidade” e promoveu um ciclo de debate sobre o comitê de construção do dossiê, candidatura, plano de gestão da Chapada do Araripe Patrimônio Dá Humanidade – Estratégias, Articulação Política e Institucional.

O evento reúne especialistas, pesquisadores, gestores públicos, lideranças políticas, universidades, acadêmicos e entusiastas nacionais e internacionais em prol desse objetivo.

Para conferir toda a programação, basta acessar o site https://chapada-cultural.my.canva.site/programacao.

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AGROFLORESTAS VÃO MUDANDO A PAISAGEM DO SEMIÁRIDO

No Dia Nacional da Caatinga, 28 de abril,ano 2019,  Agência Eco Nordeste lançou uma campanha pela valorização do bioma. Experiências com características de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade; em ações individuais, coletivas; públicas e privadas têm destaque na campanha Ecos do Bioma Caatinga. Esta matéria destaca o exemplar trabalho do agricultor familiar Vilmar Luiz Lermen, no município de Exu, Sertão do Araripe (PE), onde cultiva uma Agrofloresta exemplar.

Paranaense, filho de agricultores, há 20 anos residente no Estado de Pernambuco, sendo 13 anos no município de Exu, no Sertão do Araripe, onde cultiva uma agrofloresta exemplar. Trabalho apoiado por Paulo Pedro de Carvalho, 45, agrônomo e coordenador geral do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e às Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga). Ele vive em Ouricuri, mas atua em todo o Sertão do Araripe. Agrofloresta é a praia de ambos e um exercício de transformação na relação com a terra que ainda não está muito disseminado pelo Semiárido, mas que faz diferença onde passa.

Vilmar conta que tanto seu pai quanto sua mãe vieram de famílias agricultoras. Mas, depois de tentar a sorte com uma serraria, o pai faliu. Foi quando conheceu o Movimento Sem Terra (MST) e veio para o Nordeste participar de um encontro, se apaixonou, casou com Maria Silvanete não retornou. Militou no MST, trabalhou no Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, cursou Pedagogia, se especializou em Geografia e, finalmente, comprou uma terra em Exu e vem cultivando sua própria agrofloresta ao lado da esposa, na Serra dos Paus Dóias, em cima da Chapada do Araripe.

Ele faz parte de Associação dos Agricultores (as) Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia), que trabalha com Sistemas Agroflorestais; Sementes Crioulas; beneficiamento de frutas nativas (extrativismo) e cultivadas; e abelhas nativas e africanizadas, com uma inserção social no território do Araripe. Participa também do Conselho da Área de Proteção Ambiental (APA), Conselho de Turismo e Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável do Município. É sócio do Centro Sabiá e diretor do Caatinga e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Exu.

O Sistema Agroflorestal reúne várias espécies em diferentes estágios de desenvolvimento para garantir equilíbrio e variedade na produção

Na propriedade, tem duas cisternas de 76 mil litros e fogão geoagroecológico. Na Associação, tem cisterna de 76 mil litros, jardim filtrante adaptado, fossa séptica, biodigestor, biofertilizante e agroindústria, onde são fabricados doces, geleias, licores, óleos essenciais e mel. Tudo isso fez com que a propriedade se tornasse um modelo a ser mostrados aos inúmeros visitantes que o casal recebe.

Para Vilmar, as vantagens do Sistema Agroflorestal Agroecológico começam pela conservação do solo e ambiente como um todo. Ele conta que, nas primeiras semanas, se investe em culturas de ciclo curto, que podem ser plantados simultaneamente com milho, árvores e raízes, além de forrageiras adubadoras de solo.

“Quase todas essas plantas produzem alguma flor e pólen para as abelhas, o que garante alimento, renda, e, no tempo e no espaço, o agricultor vai fazendo a sucessão vegetal. As árvores vão crescendo junto com esse sistema. Uma floresta nativa tem mais ou menos 300 anos. No Sistema Agroflorestal você faz isso em mais ou menos 30 anos, inclusive na própria Caatinga”, garante.

Vilmar lembra que, ao longo dos últimos 35 / 40 anos, o agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch radicado na Bahia, sistematizou, pesquisou, experimentou muitos destes sistemas, em diversos lugares do mundo, e foi passando em vivências, intercâmbios e cursos.

“Hoje tem muita bibliografia já testada pela academia que faz com que a família agricultora tenha alimento no período de chuva e de seca, tenha trabalho o ano inteiro, embora seja um pouco mais intenso na chuva porque é quando se planta a maioria dos cultivos. Mas na estiagem ainda tem trabalho, que ocupa a família, tem harmonia entre o sistema de acumulação e abundância numa estratégia que pode ser alimentar e de renda. Geralmente a família agricultora prioriza a alimentação e o excedente vai para as feiras agroecológicas e programas como PAA e Pnae“, explica.

A Academia, segundo o agricultor agroflorestal, vem ajudando a sistematizar a fornecer elementos técnicos e, com organizações, fazem assessoria e abrem caminhos junto às agências de financiamento / bancos oficiais para quem tem interesse em investir, baseado na experiência acumulada.

“Também tem sido feito um trabalho coletivo com o IBGE, a Conab, a Embrapa, para o zoneamento agrícola, para entrar no Censo Agropecuário, na lista dos preços mínimos da Conab, já que até então esses produtos eram considerados incipientes para a economia, porém, em alguns lugares do Semiárido são essenciais num extrativismo que depois passa para um cultivo dentro do Sistema Agroflorestal, com o solo protegido, presença da água. Isso dá uma segurança alimentar e hídrica para a família, fornece produtos para o ecossistema e para animais domésticos e silvestres. Quando a madeira estiver madura, não vai destruir, vai fazer uma colheita, pela poda ou queda natural”, relata.

Vilmar defende que o O Sistema Agroflorestal Agroecológico é o mais completo do ponto de vista de ciclagem dos nutrientes, manutenção de temperatura mais estável ao longo do ano. Trabalha com sementes crioulas, normalmente de base familiar e comunitária, dentro de redes de distribuição e comercialização”, destaca.

Sistematização é um desafio-Um dos desafios apontados ele, na Caatinga, é o da sistematização, porque trata-se de um grande bioma de clima Semiárido, de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, em 11 estados, mas dentro dele há mais de mil outros micro ecossistemas.

Para cada um tem que se pensar, estudar, avaliar o que melhor se adapta, o que é da vontade do agricultor e da família, qual a habilidade, como os sabores e saberes se casam e que estejam dentro da legislação ambiental, sanitária. O beneficiamento é necessário para aproveitar, agregar valor e compartilhar até com outras regiões”, ressalta.

Aposentadoria garantida-“Nós seres humanos, somos altamente dependentes dos sistemas naturais. Lá na frente, quando a pessoa quiser se aposentar, tem uma poupança na madeira, óleos essenciais, meliponicultura, colheita de frutos, que não têm a necessidade de um manejo tão intensivo. Temos sucessão na mão de obra também”, ressalta Vilmar.

TRANSIÇÃO-Paulo Pedro, do Caatinga, destaca que as agroflorestas ainda não são tão comuns no Semiárido, mas já houve muitos avanços | Foto: Eduardo Queiroz

Ao olhar para trás, 28 anos depois de formado em Agronomia, Paulo Pedro lembra que, quando começou, o termo usado era Agricultura Alternativa, que foi se desenvolvendo com a participação de diversos atores, reunidos hoje pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Paralelamente, as organizações ligadas à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) vêm fazendo um trabalho de Assistência Técnica Rural (Ater) no Semiárido em Agroecologia. Daí foi formada a Rede de Agricultores(as) Experimentadores(as) do Araripe (Rede Araripe), que trouxe outra perspectiva, ao trabalhar diretamente com 11 municípios do Araripe e mais um do Sertão Central (Parnamirim), em Pernambuco. São, em média, 2 mil famílias envolvidas.

“Houve uma melhoria na parte social e econômica, desenvolvimento de Políticas Públicas de Convivência com o Semiárido, a construção de um milhão e 200 mil cisternas, sendo 800 mil só pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), formação e mobilização. Comparando com dez anos atrás, avançamos. Muitos ainda estão em transição, outros querendo conhecer”, destaca.

Paulo Pedro ressalta, ainda, a incorporação da temática das agroflorestas pelas instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os Institutos Federais de Tecnologia (IFs). Mas faz a ressalva de que ainda não ganhou uma dimensão significativa.

“Se voltarmos uns dez anos, percebemos um grande avanço com experiências concretas de famílias que estão em processo de Conversão Agroecológica, muitas delas em Sistemas Agroflorestais. Viram que a experiência é boa e querem isso para as suas propriedades. Algumas estão bem avançadas, como a da família de Vilmar e Silvanete, lá em cima da serra, em Exu, que recebe visitas durante o ano inteiro”, avalia.

Paulo Pedro destaca que algumas agroflorestas estão bem avançadas, como a da família de Vilmar e Silvanete, que recebe visitas durante o ano inteiro

Reconhecimento e difusão

Para Paulo Pedro, a Agroecologia, por meio dos Sistemas Agroflorestais, está ganhando espaço. Mas ainda não é uma quantidade significativa na Agricultura Familiar. “É importante destacar que a Agroecologia e a Agrofloresta estão ganhando espaço na agenda política e dentro dos órgãos de pesquisa. Mas não podemos dizer que é institucional, que todos aderiram a esse processo. Mas grupos dentro dessas instituições trabalham junto com agricultores, comunidades, organizações da sociedade civil que fazem parte da ASA, da ANA, de várias redes que promovem a Agroecologia no Semiárido Brasileiro”, pondera.

“Hoje é bem real e visível a lógica da convivência se sobrepondo à antiga e equivocada do combate à seca. Os agricultores do Semiárido são experimentadores que buscam a todo momento saídas. Até a FAO e a ONU reconhecem a Agroecologia e a Agrofloresta como forma de dobrar a produção de alimentos saudáveis no mundo em dez anos e cuidando do meio ambiente e das relações entre as pessoas”, anima-se.

Por fim, o agrônomo destaca a existência de diversas redes, locais, regionais, nacionais e até internacionais, de troca de experiências, um fator muito importante na promoção da Agroecologia, para possibilitar as trocas de agricultor para agricultor, com experiências permanentemente desenvolvidas e “Quando o agricultor ensina algo que aprendeu, ele também está se abrindo para escutar outras famílias e as organizações que prestam assessoria a esses agricultores e essas redes estão ali para fomentar esse processo de construção participativa dos conhecimentos”. (AGENCIA ECO NORDESTE)

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