FALTA DE ÁGUA E POLÍTICAS PÚBLICAS PROVOCAM DESESPERO AOS AGRICULTORES DE JUAZEIRO E PETROLINA

Nos últimos meses Juazeiro e Petrolina, emitiram alertas sobre a baixa umidade do ar. A massa de ar seco e quente que está na região, além de fazer com que as temperaturas atinjam a marca dos 36ºC nos próximos dias, deve fazer com que a umidade varie entre 12% e 20%, isto representa uma temperatura igual aos dos desertos.

Mais uma seca avassaladora mostra o drama da falta de política publica que assola a zona rural de Juazeiro e Petrolina. A falta de água provoca desespero em diversos municípios do norte da Bahia e região do Vale do São Francisco.

O BLOG NEY VITAL colheu diversos depoimentos de moradores da região. O agricultor Martonio Ribeiro Marins mora no Sítio Vassoura. "São mais de vinte anos e a cada dia que passa á dificuldade de água aumenta, bebemos água de carro pipa e mesmo assim com muita dificuldade não só aqui mas na população em geral que moram aqui perto estamos todos com a cisternas secas carregando água de muito longe em baldes, na minha casa moram seis pessoas e dessas seis pessoas quatro crianças e há mais de anos prometem encanar água pra cá e estamos sempre na espera mas nunca chegou por isso estou aqui fazendo esse relato por que estamos necessitando muito".

Outro desabafo é de Francisco de Assis Delmondes Baia, lider comunitário, presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Barra de São Pedro, Ouricuri, divisa com Petrolina, Pernambuco. "Temos conversando com agricultores de Petrolina, Ouricuri e região. A situação é dramática. Falta água para abastecer as casas e também para os animais", diz Francisco ressaltando que a situação torna-se mais dramática quando na residência moram mais crianças e idosos. "Falta de água maltrata muito", desabafa.

Em Petrolina, no Povoado de Cristalia, Almas, Caititu, Simpatia a situação é de calamidade. O coordenador de Comunicação e relações sociais do Conselho Popular de Petrolina e da Bacia do São Francisco, Rosalvo Antonio, revela que "por causa da estiagem, rios e açudes secaram em vários pontos e a população depende de carros-pipa para fazer atividades básicas, como tomar banho e cozinhar".

Ele avalia que "é inacreditável ainda ter comunidades sem água e que vivem próximo ao Rio São Francisco e o mais dramático próximo a adutoras".  "Aqui em Petrolina toda a região do Sequeiro está sofrendo, mesmo aquelas que tem cisternas e ou barragens. É preciso uma antecipação dos Governos ações concretas", diz Rosalvo.

Segundo o BLOG NEY VITAL obteve informações em algumas localidades de Juazeiro e Petrolina os caminhões-pipa e levam água para comunidades da zona rural. Mesmo assim, a água que chega na casa dos moradores é insuficiente para cuidar de todas as tarefas de casa e do campo.

No Povoado de Pontal, localizado próximo ao Distrito de Itamotinga, a agricultora conhecida por Lela Bezerra revela "que animais estão morrendo com sede, não tem água para os animais". Fotos registram bodes e carneiros "já caídos no chão".

"Peço socorro e a quem de direito possa ajudar. A falta de água torna difícil viver no semiárido. Nossa região está mendigando por água. Somos mais de 150 famílias e precisamos de água. A operação carro pipa aqui foi cortada. Estamos sem nenhuma assistência. Precisamos que o poder público traga água para a região", desabafou Lela.

No próximo mês de novembro, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) não chove na região.

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NÃO SE PODE MAIS ILUDIR POIS ESTÁ EM JOGO É A VIDA NO PLANETA TERRA

De 6 a 15 de novembro próximo será realizada a 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como Conferência do Clima (COP) da ONU. Neste ano será no Egito, país que tem semelhanças no clima e vegetação com o Nordeste brasileiro. Ambos sofrem com a escassez de chuvas. 

A vegetação desértica predominante no Egito, tem do lado brasileiro uma correspondência, a de possuir uma das maiores áreas do mundo suscetíveis à desertificação, com extensão de 1,3 milhões de km², que abriga uma população de 31 milhões de pessoas. As áreas desertificadas no Brasil já cobrem uma superfície em torno de 230 mil km2, praticamente o dobro do tamanho da Inglaterra.

O bioma Caatinga, predominante no Semiárido brasileiro, é o quarto maior bioma do Brasil, correspondendo a 11% do território nacional, mas que já perdeu 53 % da cobertura original. Segundo estudos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, é um dos biomas mais vulneráveis às mudanças climáticas, cujas consequências dramáticas já estão se fazendo notar em todo Semiárido.

Feitas as comparações, a COP27 tem como objetivo debater metas e ações para o enfrentamento das mudanças climáticas, reunindo representantes governamentais e não governamentais de diversos países. As grandes corporações com interesses em petróleo, gás, carvão estarão também presentes, atuando como sempre fizeram em outras reuniões do gênero, na direção de dificultar, embargar os acordos necessários para a redução do uso dos combustíveis fósseis (petróleo e derivados, gás natural e carvão mineral) na matriz energética mundial.

Nestes quase 30 anos de COP, as políticas adotadas foram insuficientes para reverter as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera terrestre, nem encontrar soluções eficazes e estratégicas para a atual situação de aquecimento global, que coloca em risco todo o Planeta. Assim, desastres climáticos em todos os continentes se sucedem.

Mesmo com os acordos e promessas, realizados no âmbito do mercado, para a redução das emissões de gases, constata-se, ano a ano, recordes da temperatura média global do Planeta. A cada ano a Terra fica mais quente. Tal situação está relacionada ao aumento da concentração de GEE na atmosfera, majoritariamente pelo uso de combustíveis fósseis. O setor de energia é a fonte de cerca de ¾ das emissões mundiais dos gases de efeito estufa, e a transição para fontes renováveis de energia é inevitável.

Desde a Conferência RIO-92, porém, a ação dos “céticos do clima”, dos lobistas das corporações de petróleo, gás e carvão, conseguiram barrar os avanços e a velocidade necessária para evitar o agravamento desta situação alarmante que nos encontramos hoje. Existe uma grande semelhança nesta ação dos que são contrários à vida, com o que ocorreu com o poderoso lobby da indústria tabagista no âmbito da Organização Mundial de Saúde (OMS). Retardaram e criaram obstáculos para medidas que poderiam salvar milhares de vidas. Só depois que não foi mais autorizada a participação destes promotores da morte, é que decisões antitabagistas foram tomadas com o rigor devido.

Importantes e decisivos resultados são apresentados pela curva de Keeling, base de dados referencial para toda discussão sobre o efeito estufa e o aquecimento global. Este gráfico mostra o acúmulo de CO2 na atmosfera, tendo como base medições contínuas desde 1958 até os dias atuais, pelo Observatório Mauna Loa, na ilha do Havaí. E o que se tem verificado ao longo do tempo é o crescimento linear da concentração de CO2. No ano de 2021 a concentração já estava em torno de 420 partes por milhão (PPM), enquanto nos anos 60 do século passado, era de 317 partes por milhão de CO2.

Assim, cada vez mais, o debate sobre as mudanças climáticas coloca de um lado as corporações gananciosas em defesa de seus interesses econômicos, que lutam contra a redução de emissões de gases estufa; do outro lado os movimentos sociais que lutam pela vida, por um planeta justo, ético, plural e que proteja os ecossistemas naturais. A luta é desigual. Todavia, a consciência coletiva transformada em prática atuante poderá pender a balança para os interesses públicos e da natureza envolvidos nesta questão que é de toda civilização.

A transição ecológica-energética necessária para conter as emissões de gases de efeito estufa não significa apenas passar de uma sociedade baseada nas fontes de energias fósseis para uma com fontes renováveis. É uma oportunidade para um debate urgente e abrangente sobre o significado de viver em uma sociedade capitalista, consumista, predatória e militarista, cujo pilar de sustentação são os combustíveis fósseis.

Existe muita desilusão e descrédito em relação à governança mundial no enfrentamento das mudanças climáticas. Os fatos mostram que os objetivos anunciados pelas COPs, e os resultados alcançados têm a ver com este histórico de insucessos. Para a COP27 os resultados já previsíveis e com certeza insuficientes para enfrentar este fenômeno provocado pelas atividades humanas.

O engajamento nesta luta, que não é só dos ambientalistas, mas de todos os homens e mulheres de boa vontade, é fundamental para a sobrevivência da humanidade que está ameaçada e exige a realização de profundas mudanças no atual modelo civilizatório. O que implica mudar o modelo insustentável de produção e consumo, e o próprio modo de vida das pessoas.

O envolvimento e mobilização cada vez maior da sociedade civil organizada é essencial e mesmo fundamental para responder sobre: Qual mundo queremos? Qual é o tipo de sociedade almejada?

Aqui ressalto o papel das mulheres como participantes ativas nas escolhas e decisões a serem tomadas. O compromisso, devido à própria condição biológica, de gerar e bem cuidar da vida, é a verdadeira condição fundamental para preservar e conservar o meio ambiente.

Em breve mensagem aos participantes da 27º COP, diria: ousem nas propostas, definam quem pagará a conta, estipulem metas globais e de cada país, e que compromissos assumidos sejam cumpridos. Que os maiores poluidores tenham maiores responsabilidades. E que a participação dos que defendem os combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) não seja mais permitida no âmbito das Conferências do Clima. É um contrassenso esta participação.

Em todo este processo cabe ressaltar o papel vital da sociedade civil, em denunciar a falta de efetividade no combate às emissões de gases de efeito estufa, o que exige outra postura dos governantes no rumo de limitar o uso de combustíveis fósseis, e substituí-los por fontes de energia renováveis sem deixar de discutir e minimizar seus impactos socioambientais, aumentar a eficiência energética dos processos. Modelos sustentáveis para a extração de minérios, criação de gado, monoculturas também deve fazer parte da pauta, pois tais atividades muito contribuem para a deterioração das condições climáticas.

Não se pode mais iludir, nem tergiversar, pois o que está em jogo é a vida no planeta Terra.

Heitor Scalambrini Costa-Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Publicado originalmente no EcoDebate

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LER É CONSTRUIR SENTIDOS E ALCANÇAR VERDADES QUE AJUDEM A COMPREENDER MELHOR O MUNDO

Por mais acaciano que pareça, “a arte da leitura”, diz Nelson Rodrigues, “é a releitura”. Nunca tive dúvidas a respeito. Mesmo que a primeira leitura, sobretudo de certas obras, nos envolva num turbilhão de surpresas, de emoções inimagináveis e de novas descobertas no campo da percepção e do conhecimento, recuperar e reviver esses momentos em dimensão mais profunda só nos é permitido pelo de ato de reler.

Pode parecer paradoxal: se leio um livro apenas uma vez, na verdade não o li. Se ler é construir sentidos e alcançar verdades que nos ajudem a compreender melhor o mundo e seus enigmas irredutíveis, é porque ler é reler, e reler, e reler… Sempre na predisposição de uma prática dialógica que nunca se esgota. Como se sabe, os grandes autores e as grandes obras abordam questões que são permanentes e que nos desafiam para além das épocas e das circunstâncias históricas e individuais.

Por isso não tenho receio de usar o termo “conviver” em lugar de “ler”, pois a convivência pressupõe a continuidade da ação, a partilha e o constante contato com os sinais mágicos, necessários e lúdicos da releitura.

Há autores que não podem ser apenas lidos. Lidos assim, apenas uma única vez. Exigem a releitura, isto é, uma convivência, uma intimidade, que tende a se intensificar com o passar dos dias e dos anos, como se fossem velhos amigos com os quais proseamos nas nossas horas de sossego, silêncio e meditação.

Vou dar três exemplos que, pelo menos para mim, integram essa seleta estante dos que devem ser lidos e relidos sempre, sob pena de perdermos o que existe de mais refinado e de mais precioso no sigilo melódico e semântico de suas frases e de seus versos. Vou ficar com os de casa e me ater a um ficcionista, a um ensaísta e a um poeta que me parecem exemplares dessa idiossincrasia literária e livresca.

Machado de Assis é um desses. É preciso relê-lo sistematicamente para podermos apreciar a sutileza de seu estilo e captar bem a obliquidade leviana de seu olhar sobre as coisas, olhar ao mesmo tempo tocado de humor e melancolia. Um romance, por exemplo, como Dom Casmurro, ou um conto como “Uns braços”, não se revelam, inteiros, na primeira nem na segunda nem na terceira leituras. Creio mesmo que, a cada leitura que se faça ao longo do tempo, algo de novo se descobre. São textos tão abertos em sua significação, que novas e múltiplas leituras nunca os preencherão, restando sempre um halo de mistério a ser saboreado.

O ensaísta, que também é poeta e memorialista, é o gaúcho Augusto Meyer. Algumas de suas páginas de crítica, sobretudo as reunidas em À sombra da estante, A chave e a máscara e A forma secreta, demonstram a densidade e a argúcia analíticas de um leitor criativo, presa da beleza estética e da autonomia da linguagem literária.

Augusto dos Anjos é o nosso poeta. O Eu é como a Bíblia: passa-se a vida inteira lendo-se e relendo-se suas páginas. Cada verso é um versículo; cada estrofe, uma imagem sagrada; cada poema, um Eclesiastes, um Apocalipse. Visionário, profético, sobretudo monumento estético, objeto material e artístico, coisa mental e linguagem expressiva. Relê-lo é fundamental!

Hildeberto Barbosa Filho-Poeta, escritor e professor da UFPB. Membro da Academia Paraibana de Letras. E-mail: hildebertopoesia@gmail.com

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OURICURI: FESTIVAL CONCERTO PARA GONZAGÃO CELEBRA CULTURA DO ARARIPE NESTA QUINTA-FEIRA (20)

Neste dia 20 de Outubro acontecerá o finalização do Projeto “Concerto para Gonzagão: Feira agroecológica e cultural o Gonzagão Aprovaria” em Ouricuri, festival que já teve dois momentos em agosto e setembro e celebra a cultura Gonzagueana ao mesmo tempo em que une produtos das famílias agricultoras da região do Araripe.

O evento acontecerá na Praça Frei Damião em Ouricuri-PE, a partir das 19hs e neste momento de finalização contará com a poesia da Cia Medusa e a música de Joquinha Gonzaga, sobrinho do rei do baião. O evento contará ainda com o espetáculo “Concerto para Gonzagão”, momento que reunirá diversos artistas da região em uma exaltação a música de Luiz Gonzaga. Além dos shows, famílias e artistas da região estarão comercializando seus produtos na feira agroecológica e cultural, artesanato, livros de cordel, comidas regionais, frutas, verduras, doces e diversos outros produtos da agricultura familiar. Importante também é citar que todo o evento conta com interpretação em libras. 

Nos dois primeiros encontros passaram pelo palco do festival artistas como Tacyo Carvalho, Ana Paula Nogueira, Elmo Oliveira e Júnior Baladeira, a população abraçou de uma maneira toda especial o projeto, sempre com praça lotada, comercialização de produtos e resgate da cultura popular,  escolas da zona urbana e rural se fizeram presentes por sentirem-se também representadas pela ideia do projeto, grupos culturais locais participaram fazendo diversas homenagens a cultura cantada por Luiz Gonzaga, sem dúvida, o encontro de gerações da música nordestina tem sido outro importante elemento trazido pelo festival, jovens e precursores da música têm confraternizado sob a bandeira da cultura de Luiz Gonzaga.  O projeto tem sido um momento fortalecedor, uma oportunidade que há muito se esperava para movimentar a cultura da região do Araripe. 

O Projeto Concerto para Gonzagão acontece com recursos do Fundo de Cultura de Pernambuco, Funcultura, com o patrocínio de Secretaria de Cultura, Fundarpe e Governo do Estado, tem na coordenação o artista Júnior Baladeira em parceria com o Grupo Fazendo Arte sob a produção de Elmo Oliveira e também da ONG Caatinga. 

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CESOL-SERTÃO DO SÃO FRANCISCO DISCUTE ALIMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL COM PROFISSIONAIS DA COOPERFTIZ

Com o propósito de discutir a alimentação sustentável e formas de aproveitamento integral dos alimentos, o Centro Público de Economia Solidária Sertão do São Francisco realizará, na próxima quinta-feira (20), a partir das 14h30, oficina formativa com profissionais da reciclagem da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis (Cooperfitz), em Juazeiro. O evento integra a meta Consumo Sustentável do Cesol-SSF, e será mediado pela chefe de cozinha alternativa Poliana Santana, na sede da Cooperfiz, localizada no distrito industrial.

A proposta será discutir alternativas para a construção de um banco de alimentos para os cooperados. Entre os temas abordados estarão o desperdício dos alimentos e fome; as diferenças entre aproveitamento e reaproveitamento; o que fazer com as sobras? As plantas alimentícias não convencionais.  De acordo com chefe de cozinha alternativa, a alimentação sustentável consiste em um convite para uma mudança de comportamento em relação ao reaproveitamento integral dos alimentos.

"É de extrema importância essa nova visão sobre o consumo, pois sabemos que, seguindo esse ritmo que estamos, em 2050, a gente entra em um colapso alimentar e, infelizmente, não vai ter comida para todo mundo. Então um dos degraus é, de fato, a redução do desperdício", explicou Santana.

SUSTENTABILIDADE: A economia solidária potencializa a aquisição de produtos sustentáveis, que respeita o trabalho coletivo, a cooperação, a autogestão dos empreendimentos, proporcionando o empoderamento de familiais da região. Para a coordenadora do Cesol-SSF, Aline Craveiro, comprar produtos da economia solidária significa fortalecer pequenas inciativas de produtores e produtoras rurais locais.

"Costumamos dizer que, ao adquirir os produtos da Economia Solidária, os clientes não só estão fortalecendo os produtores e produtoras, como também se presenteiam com belas histórias de empreendimentos do nosso território fortalecendo, dessa forma, o consumo e vivência consciente com essa produção", finalizou Aline Craveiro.

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CAATINGA E O SEMIÁRIDO TEM ÁREAS DE DESERTIFICAÇÃO AUMENTADAS, DIZ MAPBIOMAS

Um novo levantamento obtido através de imagens de satélite pelo MapBiomas mostrou que o bioma Caatinga, inserido integralmente no território do Semiárido brasileiro, nos últimos 37 anos teve 15% de sua área queimada, e redução de 160 mil hectares de superfície de água.

Segundo o MapBiomas, a Caatinga teve um quarto, o equivalente a 25,59%, de seu território modificado pela ação do homem entre 1985 e 2021. Mais de 15% da Caatinga foi queimada, totalizando 13.770 hectares e, na bacia do São Francisco, as maiores ocorrências de queimadas ocorreram nos anos de 1987 a 2007. Houve ainda redução de áreas naturais, superando os 6 milhões de hectares, 10,54% da área mapeada em 1985. Além disso, a Caatinga, que conta com a maior parte dos rios de característica intermitente (correm apenas durante o período das chuvas, ficando secos durante a estação de estiagem), sendo os dois rios perenes de grande porte o rio São Francisco e o rio Parnaíba, perdeu mais de 160 mil hectares de superfície de água, ou seja 16,75%. O diagnóstico mostrou que, com exceção de Sergipe, todos os estados onde predomina a Caatinga tiveram redução de superfície de água.

O MapBiomas apontou que o principal motivo de avanço sobre a vegetação nativa foi a agropecuária, que ganhou 6,7% de território, ou 5,7 milhões de hectares. No período avaliado, a agropecuária cresceu um quarto da sua área. Segundo o coordenador da Equipe Caatinga do MapBiomas, Washington Rocha, o levantamento identificou ainda áreas de desertificação. “Mapeamos a região de Irauçuba, no Ceará, e detectamos a expansão de um núcleo de desertificação. Padrão semelhante foi observado em outros núcleos de desertificação, como em Cabrobó (PE), com tendência de expansão no sentido de Alagoas. Além dos núcleos de desertificação, é possível monitorar com os dados do MapBiomas as ASD´s (áreas suscetíveis à desertificação), como Jeremoabo, na Bahia. Este é um exemplo de como a transformação da Caatinga coloca o bioma em risco”.

Mesmo em área classificada como Reserva da Biosfera houve perdas de 7,6%, ocupadas pelas atividades de agricultura (2%) e pastagens (5,6%). Já as Unidades de Conservação ocupam 9,01% do bioma, totalizando 7,8 milhões de hectares, perderam 3,3% de sua área. Agricultura e pastagem ganharam 1,42% e 2,06%, respectivamente.

Vulnerabilidades-O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS) apontou que cerca de 93% dos municípios do Semiárido brasileiro considerados de pequeno porte, com população inferior a 50 mil habitantes, são marcados por uma confluência de vulnerabilidades e já lidam com problemas ambientais como secas extremas, desertificação e mudança climática.

O laboratório apontou que esses municípios apresentam uma série de vulnerabilidades nas áreas em processo de desertificação que incluem vulnerabilidade climática ocorrendo sobretudo pela frequência de secas intensas e pelos atuais impactos do processo de mudança climática, vulnerabilidade à desertificação, processo crescente e irreversível, aumentado pelas intensas secas e pelo manejo inadequado dos recursos naturais e vulnerabilidade ecológica. 

“Nesse último aspecto, a Caatinga enfrenta o risco de atingir um ponto de não retorno, ou seja, a degradação da vegetação e as secas extremas podem causar danos fisiológicos a ponto de a vegetação perder sua capacidade de se auto recuperar”, destacou o coordenador do LAPIS, Humberto Barbosa.

Além disso, outros pontos vulneráveis também são apontados no processo de desertificação, incluindo vulnerabilidade institucional que é vista pelo LAPIS como a falta de capacidade institucional dos pequenos municípios para enfrentar problemas ambientais complexos, vulnerabilidade socioeconômica e vulnerabilidade do conhecimento. “Em termos socioeconômicos, como a agricultura familiar de baixa escala é desmantelada durante as secas, a população perde sua principal fonte de subsistência e sobre a vulnerabilidade de conhecimento existe ainda a limitação no acesso a informações técnico-científicas qualificadas, o que impede uma melhor gestão dos recursos naturais e a obtenção de renda, a partir do aproveitamento sustentável da bioeconomia da Caatinga”, acrescentou Barbosa.

Todo esse processo tem uma ligação direta com a ocorrência do aumento dos eventos climáticos extremos na bacia do Rio São Francisco. Ainda segundo dados do Laboratório, o Semiárido é a região do Brasil mais afetada pelo aumento dos eventos climáticos extremos. Modelos climáticos indicam que haverá redução de cerca de 40% nas chuvas na região, ainda neste século.

“As grandes secas que afetaram o rio São Francisco estiveram historicamente mais concentradas na região do Baixo São Francisco. No entanto, de acordo com a pesquisa do Lapis, há sinais de condições crescentes de seca nas demais áreas da bacia, como é o caso do Alto e Médio São Francisco. Desse modo, a avaliação dos impactos de eventos intensos de seca, na bacia do rio São Francisco, é fundamental para desenvolver estratégias adequadas de adaptação e mitigação”, concluiu Barbosa. (Ascom CHBSF *Texto: Juciana Cavalcante *Foto: Edson Oliveira)

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DEFESA CIVIL DE JUAZEIRO REFORÇA ALERTA PARA BAIXA UMIDADE DO AR NA CIDADE

A Defesa Civil de Juazeiro informa que recebeu novos alertas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertando para baixa umidade do ar na cidade. Segundo o Inmet, esta semana a umidade do ar deve variar entre 30% e 20% na cidade, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, como índice ideal, 60%.

Sem expectativa de chuvas para este período, o ar seco deve continuar, o que além de exigir cuidados com a saúde, aumenta os riscos de incêndio em áreas de vegetação mais seca.

A orientação das autoridades de saúde é que as pessoas evitem fazer exercícios físicos ao ar livre até às 16h. Dentro de casa, também é importante manter alguns cuidados, como umidificar o ambiente com vaporizadores, bacias de água ou toalhas molhadas. Além disso, é preciso aumentar o consumo de líquidos e, sempre que possível, permanecer em locais protegidos do sol.

O coordenador da Defesa Civil em Juazeiro, Ramiro Cordeiro, alerta que o tempo seco também favorece a ocorrência de incêndios florestais, por isso, a orientação é evitar acender fogo ou realizar qualquer tipo de queimada, contribuindo assim para aumentar a segurança durante o período de estiagem. Em caso de emergências, o contato da Defesa Civil é (74) 99931-2210.

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