REPRESENTANTES RELIGIOSOS REALIZAM MOVIMENTO ECUMÊNICO PELA CULTURA DA PAZ


O Conselho Regional Espírita CR17 realizará no sábado (18/12), mais uma edição do "Movimento Ecumênico pela Paz". O evento, que vai acontecer pelo segundo ano seguido, de forma virtual, devido à pandemia causada pelo Covid-19, tem início às 19h, ao vivo no canal do Conselho CR17 no Youtube e contará com a participação de representantes espíritas e das religiões de matrizes africanas.

O "Movimento Ecumênico pela Paz" visa contribuir para paz mundial, espalhando compreensão e tolerância em todas as pessoas. A programação é aberta ao público e tem o apoio da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB).

Maiores informações:
Josenilde Barbosa – (74) 988313724
Wilson Alves – (74) 988017339
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ENCONTRO NACIONAL DE FORROZEIROS E FÓRUM NACIONAL DO FORRÓ ACONTECEM ATÉ SEXTA (17) NA PARAÍBA

O 4º Encontro Nacional de Forrozeiros e o 3º Fórum Nacional do Forró de Raiz, realizados pela ONG Balaio Nordeste, com apoio do Governo do Estado da Paraíba, seguem até esta sexta-feira (17). A cerimônia de abertura ocorreu na Sala de Concertos do Espaço Cultural, em João Pessoa, no mesmo dia do aniversário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, 13 de dezembro.

Importante pelas discussões e apresentações culturais que estão na programação, os dois eventos marcam momento histórico para a cultura nordestina e nacional, com anúncio oficial do título de patrimônio imaterial brasileiro ao Forró, ato que culmina uma mobilização de uma década, que uniu entidades culturais, organismos públicos e forrozeiros de todo o país.

O Fórum e o Encontro de Forrozeiros ocorrem até a sexta-feira (17), no Espaço Cultural e na Usina Energisa, e promovem ações integradas onde se reúnem artistas, detentores das matrizes do Forró, dançarinos, produtores culturais, comunicadores, pesquisadores e gestores públicos, que tratam sobre temas de interesse. Além disso, são realizadas mesas de discussão para criação de políticas públicas para salvaguarda, promoção e valorização do Forró tradicional. 

“Todas as atividades presenciais seguem as normas de prevenção ao coronavírus (Covid-19) divulgadas pelos órgãos de saúde, sendo exigido na entrada o cartão de vacinação com as duas doses da vacina aplicadas”, diz a organização.

Músicos de diversos locais farão uma homenagem a Genival Lacerda. Também serão entregues certificados a personalidades, e do Troféu do Encontro Nacional dos Forrozeiros, a próxima cidade sede do Encontro. Além das atrações locais, grupos e artistas de outros países promoverão um grande intercâmbio entre os amantes do forró.

Os eventos nasceram em João Pessoa, com o intuito de proteger, preservar e fomentar o Forró e os seus elementos constituintes tradicionais: os ritmos, as danças, os instrumentos, a formação dos grupos musicais, bem como promover o intercâmbio da comunidade forrozeira e sua cadeia produtiva para debater as condições de produção, circulação e preservação dos ritmos, das danças e das festas que dão forma e sentido a essa expressão cultural identitária da cultura nordestina. 

Serviço: 4º Encontro Nacional de Forrozeiros e 3º Fórum Nacional do Forró de Raiz

Data: 13 a 17 de dezembro de 2021

Local: Espaço Cultural José Lins do Rego – R. Abdias Gomes de Almeida, 800 – Tambauzinho, João Pessoa – PB e na Usina Cultural Energisa – R. João Bernardo de Albuquerque, 243 – Tambiá, João Pessoa – PB

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NATAL DA TRADIÇÃO-UMA CELEBRAÇÃO COM AS CORES DO CARIRI. CORTEJO MUSICAL PARA CELEBRAR A VIDA

O Colégio Diocesano (Crato-Ceará) em parceria com a Vila da Música promove no dia 17/12 às 16hs, um cortejo com o tema Natal da Tradição – uma celebração com as cores do Cariri.

 O cortejo tem por objetivo congregar alunos e ex-alunos das duas instituições de ensino, grupos tradicionais e a comunidade para um encontro musical de esperança e resistência em tempos pandêmicos, uma celebração a maior concentração de grupos da tradição popular presentes no Cariri e a educação como instrumento de transformação social.

De acordo com Alisson Paiva, diretor do Colégio Diocesano, o cortejo é uma oportunidade de nos reunirmos para celebrar a vida. “O projeto tem o objetivo de manter a raiz cultural viva nas novas gerações, além de apresentar à comunidade um olhar cultural para a festividade natalina, Com o cortejo natalino nós iniciamos as comemorações dos 95 anos de fundação do Colégio Diocesano que será comemorado em 2022”, afirma.

Para Dane de Jade, gestora da Vila Música, a iniciativa vem no sentido de fortalecer as relações institucionais do Escritório Regional da Secult CE e da Vila da Música com seu município sede. “Esta é uma iniciativa onde a música é o principal elo de conexão, ela é quem faz a costura entre alunos e os brincantes da tradição para falar do verdadeiro espírito natalino”, pontua.

O cortejo tem direção geral e coreografia de Valéria Pinheiro, a direção de percussão de Rômulo César, a direção musical de Paulo Diniz, música original de Luciana Costa e as vozes de João do Crato e Luana Fiorentino. Participação especial do Maracatu Uinú Erê, Mestre Zuza, Capoeira Muzenza e as guerreiras do Reisado dos Irmãos que trazem para o cortejo as suas experiências e sonoridades, fazendo da música o elo condutor de toda programação, integrando participantes e parceiros numa mesma corrente de esperança. Faz parte ainda da programação a arrecadação de alimentos que serão destinados às famílias carentes do município do Crato.

A concentração acontece na Praça Siqueira Campos a partir das 15hs e às 16hs sai em direção a Praça da Sé e em seguida segue para o Colégio Diocesano. Na escola terá um palco montado onde acontece um recital com músicas natalinas pelos músicos/ professores da Vila da Música, Fábio Eugênio, Nielson Medeiros, Juarez Monteiro, Marcelo Bugi, Leone Frazão, Harley Oliveira, Isaac Silva, Marisa Galdino, Paulo Diniz e Rômulo César.

Serviço: Natal da Tradição – uma celebração com as cores do Cariri.

Dia: 17 de dezembro de 2021

Concentração: Praça Siqueira Campos – 15hs (Fonte: Secult-Ceará)

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PAULO VANDERLEY: SITE LUIZLUAGONZAGA MOSTRA VIDA E OBRA DO REI DO BAIÃO

 Na semana em que completaria 109 anos, o lendário Luiz Gonzaga volta a ter no ar uma das principais fontes de acesso à sua história. O site Luiz Lua Gonzaga foi idealizado e construído pelo colecionador Paulo Vanderley em 2004, carregando entrevistas, discos, digitalização de materiais gráficos e vários outros materiais sobre o legado do Rei do Baião. 

A iniciativa se tornou um dos principais meios de pesquisa sobre o músico de Exu, levando Paulo Vanderley a ser consultor em projetos como o Museu do Cais do Sertão e a cinebiografia de Gonzagão. O site Luiz Lua Gonzaga parte do projeto de seu criador em celebrar os 110 anos de seu ídolo, comemorados em 2022.

O site luizluagonzaga.com.br retorna com um novo projeto gráfico e abastecido com uma infinidade de materiais que contam a trajetória de Luiz Gonzaga. “Para nós, gonzaguianos, que admiramos tudo o que ele foi, é quase que um princípio propagar a vida e a obra dele. Apesar das dificuldades de trabalhar com cultura no Brasil, trazer mais pessoas para admirá-lo é o que nos anima, é o nosso combustível para fazer esse trabalho”, afirma Paulo.

A produção e luta pela memória de Gonzaga começaram a tomar forma na vida de Paulo ainda na infância. Filho de um funcionário do Banco do Brasil, o colecionador morou em 16 cidades do Nordeste com a família e uma delas foi justamente Exu, onde conheceu pessoalmente aquele que se tornaria seu ídolo. Em 1989, quando Gonzagão faleceu, o garoto recebeu a missão do pai de filmar o cortejo fúnebre, evento que colocou dentro de si a vontade de colecionar tudo o que podia de um dos maiores artistas da história do país, assim como levar adiante o encanto que vivenciou naquela época.

“Hoje eu ainda tento contribuir com essa história. O Luiz Lua Gonzaga chegou a ser o maior acervo sobre um artista brasileiro. No ano do centenário dele, tivemos 9 milhões de acessos e milhares de contatos, se tornando a base de dados mais procurada por jornalistas e pesquisadores. Levamos de 4 a 5 anos para abastecer o site. Hoje, com a retomada, estamos com 30% do que teremos até 2022, quando Gonzagão completará 110 anos”, elabora Paulo.

Para firmar ainda mais esse projeto de digitalizar o máximo possível da história de Luiz Gonzaga, Paulo está desenvolvendo um livro sobre o artista pernambucano para ser lançado no próximo ano, escrito em primeira pessoa, com o próprio Rei do Baião contando sua história, a partir de uma intensa pesquisa em acervos de entrevistas. O projeto também será lançado em formato de áudio, narrado pelo próprio biografado a partir desse material. (Fonte: Rostand Tiago rostand.filho@diariodepernambuco.com.br

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JUAZEIRO BAHIA: FLÁVIO BAIÃO COMANDA HOMENAGENS AOS 109 ANOS DE LUIZ GONZAGA NESTA SEXTA (17)

 

O cantor compositor e sanfoneiro Flávio Baião, comanda o Tributo a Luiz Gonzaga, a partir das 20h desta sexta-feira (17). O evento é acontece no Espaço Baião Nordeste, 130, Avenida Flaviano Guimarães e tem o objetivo de prestar homenagem aos 109 anos de nascimento do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.

Flávio Baião esteve na programação do Viva Gonzagaão em Exu, Pernambuco, onde participou do evento entre os dias 10 a 13 de dezembro. No Espaço Baião terá a participação de Matheus e Tinho do Acordeon.

Flávio Baião nasceu em Juazeiro, Bahia no ano de 1968, Flávio Marcelo Mendes da Silva, o Flávio Baião é a síntese de um seguidor do forró feito por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Dominguinhos. Ele é fiel ao valorizar o nome artístico que ganhou: Flávio Baião. 

Inspirado no tradicional chapéu de couro e sua simplicidade de ribeirinho nascido nas margens do Rio São Francisco Flávio é baião já gravou cinco Cds e 1 DVD. 

No chiado da sanfona, na batida da zabumba e no zunido do triângulo, esse músico segue difundido os autênticos ritmos nordestinos. Coco, baião, xote xaxado e arrasta- pé são as palavras de ordem desse grande cantor. Da sua voz ecoa melodias que revelam o jeito de ser e de viver do seu povo, suas músicas são marcadas pelo calor festivo presente no sertanejo; sendo o sol o maior dos holofotes a iluminar esse artista que, de tão apaixonado pela sanfona, adotou por sobrenome Baião.

Flávio conta que desde criança foi embalado pelas canções de Luiz Gonzaga, no vai e vem das quadrilhas juninas. "Minha mãe, dona Belinha é a responsável por tudo que faço em nome da cultura". 

Em 2015, o sanfoneiro, cantor e compositor Flávio Baião recebeu da Câmara de Vereadores de Juazeiro, a Comenda Doutor Pedro Borges Viana. A Comenda é uma forma de agradecer e homenagear pessoas que prestam relevantes serviços a comunidade. Flávio Baião atualmente além de inúmeros shows beneficentes é responsável por uma Escola de Música, que atende crianças e adolescentes no aprendizado da sanfona e outros instrumentos. Flávio Baião no ano de 2013 gravou o seu primeiro DVD-Feiras do Nordeste. 

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FRANCISCO JOSÉ PARTICIPA DA SEGUNDA EDIÇÃO DO PROJETO AULAS ABERTAS DO CURSO DE JORNALISMO DA UFCA

Após promover aula aberta com a jornalista, escritora e ex-candidata à vice-presidente da República, Manuela D’Ávila, em abril deste ano, o curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA) traz mais um nome reconhecido nacionalmente para conversar com estudantes do curso e também com interessados externos à Universidade.

 Desta vez, o convidado é o jornalista Francisco José. Natural do Crato, Chico José trabalhou na Rede Globo de Televisão por 46 anos, até ser desligado da emissora, no fim do mês passado. A aula aberta será realizada de forma virtual na próxima sexta-feira, dia 17 de dezembro de 2021, às 19h, com transmissão pelo canal da Semana de Jornalismo da UFCA no YouTube (link para uma nova página). 

A atividade poderá gerar certificação aos participantes com carga horária de 3h. Os interessados em participar devem preencher formulário on-line de inscrição (link para uma nova página), até as 17h do dia do evento. Sobre Chico José Primeiro jornalista nordestino a apresentar o Jornal Nacional, Chico participou de 103 edições do programa Globo Repórter e tem no currículo a cobertura de quatro Copas do Mundo, duas Olimpíadas, da guerra das Malvinas e uma indicação ao Emmy, o mais importante prêmio da televisão mundial. 

Ao fim da exposição, ele participará de uma coletiva de imprensa com alunos do curso de Jornalismo da UFCA e jornalistas da região credenciados. Projeto Aulas abertas Os eventos com Manuela D’ávila e Chico José fazem parte do projeto “Aulas Abertas”, do curso de Jornalismo da UFCA. Participam da organização dos momentos estudantes matriculados nas disciplinas de Assessoria de Imprensa e de Comunicação Integrada, ambas ministradas pelo professor da UFCA, Edwin Carvalho.

 De acordo com o docente, “o projeto tem dois objetivos: o primeiro é fazer com que os estudantes de Jornalismo, que estão fazendo o curso durante a pandemia tenham condições de exercitar as práticas profissionais em formato remoto; e o segundo é aproximar a comunidade do curso de Jornalismo da UFCA, fazendo com que pessoas que têm curiosidade ou interesse pela área possam acompanhar algumas dinâmicas do curso”. 

A intenção dos realizadores é oferecer aulas abertas mensalmente, até a próxima Semana de Jornalismo. Em 2021, a Semana de Jornalismo ocorreu em setembro. *Com informações da Agência Cariri Serviço Aula Aberta com Francisco José Quando: dia 17 de dezembro de 2021, às 19h Onde: Canal da Semana de Jornalismo da UFCA no YouTube Informações: semanadojornalismoufca@gmail.com

Fonte: https://ufca.edu.br






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NÃO BASTA TER ÁGUA PARA SER UM RIO

 “A água vinha até aqui, ó”, indica o pescador Tonis Souza de Oliveira, de 42 anos. O ponto em que sua mão está, encostada numa enorme pilastra, fica mais ou menos na altura de sua cabeça, a cerca de 1,70 metro do chão. Ele está debaixo de uma ponte para veículos, no caminho entre Barreiras e o povoado de Jupaguá, na cidade de Cotegipe, no oeste do estado da Bahia. 

Ali, onde ele pisa em terra seca, costumava passar um corpo d’água, conhecido na região como Aguapiranga. Nesse “braço” do rio Grande – um dos principais afluentes do rio São Francisco –, onde a água era abundante o suficiente para que pescadores lançassem suas redes, resta apenas uma ou outra poça, que só estão ali porque nas noites anteriores a chuva veio forte — pela primeira vez em meses. 

No trajeto para a pequena vila de pescadores em Jupaguá, a ponte sem rio não é a única contradição. Na picape 4×4, além de repórter, fotógrafo, equipamentos e Tonis, que nos guiou até a comunidade, levamos uma pequena caixa de isopor com alguns peixes, que nos serviriam de almoço. Levar o próprio peixe para comer em uma comunidade de pescadores se tornou uma necessidade diante da diminuição da vazão do rio Grande e o secamento de corpos hídricos ligados a ele, que costumavam servir de “berçário” para a reprodução e desova dos peixes. 

Por lá, onde alguns homens vivem à beira do rio, em acampamentos improvisados e com pouca estrutura, a pescaria virou complemento da renda, que muitas vezes depende do recebimento de aposentadoria ou outro benefício social. “Antigamente, meu pai pegava peixe aí… Não tinha gelo, não tinha nada, era sal, botava de carga para ir vender e comprar café e açúcar, desde eu molequinho”, conta o pescador Rubenildo dos Santos, de 66 anos. 

“Hoje, até para vender um peixe é dificuldade. As colônias não dão condições para nós, vamos no banco e não pode fazer um empréstimo, vamos fazer o quê?”, questiona Josiel Ferreira Borges, 55. Naquele dia, a pescaria de Josiel no rio Grande não rendeu o suficiente para pagar os litros de gasolina que ele utilizou no motor de seu pequeno barco.

A algumas centenas de quilômetros dali, à beira do rio Branco, um dos afluentes do Grande, a água não secou completamente como na ponte entre Cotegipe e Jupaguá, mas seu nível está baixo. “Tem uma base do rio que nunca passava. Do ano passado pra esse ano, o rio abaixou muito, muito. Dá pra ver. Tinha lugar [do rio] que a gente não atravessava não, só no nado mesmo. Esse ano eu atravesso com a água no peito”, conta o agricultor e também pescador Roberto Rodrigues Batista, de 37 anos.

Morador do Assentamento Rio Branco, em Riachão das Neves, ele tem o fundo de sua propriedade, onde vive com a esposa e duas filhas pequenas, banhado pelo rio que dá nome à comunidade. Nascido e criado no local, “pegando na enxada” desde menino, ele chegou a tentar a vida em grandes cidades, mas voltou em 2015 após a morte do pai.

Nos últimos anos, os cultivos que lhe servem de sustento não têm vingado por falta de água e ele tem dedicado boa parte de seu tempo a cuidar da companheira, que enfrenta um quadro de depressão. Sua família sobrevivia dos R$ 330 que recebia do programa Bolsa Família (recentemente encerrado), de pequenos bicos e da ajuda de vizinhos. A perspectiva de o rio secar de vez lhe tira o sono. A situação o obrigaria a deixar novamente a região. 

“Eu sonhei que eu fui pegar água no rio e chegou lá e só tinha uma poça. Sonhei duas vezes e foi um sonho repetido. Se ele chega a secar, aí um bocado de gente passa necessidade e morre de sede, porque o nosso abastecimento de água é só isso aqui”, diz.

Ao longo dos nove dias de outubro deste ano em que a equipe da Agência Pública esteve em diferentes cidades do Cerrado baiano, o cenário relatado acima se repetiu diariamente: as passagens por pontes que antes estavam sobre rios, ribeirões, córregos, lagoas e outros corpos hídricos que hoje não existem mais como antes; os relatos da diminuição do nível ou do secamento total de cursos d’água, assim como das consequências que isso tem causado na vida desses ribeirinhos, pescadores e agricultores. 

AVANÇO AGRO: Entre os moradores das comunidades tradicionais do oeste baiano com quem a reportagem conversou, há um consenso: os recursos hídricos da região começaram a diminuir a partir do avanço da ocupação do agronegócio, iniciada entre as décadas de 1970 e 1980 e aprofundada nos últimos anos.

“No final dos anos 80, a gente já percebia que as águas estavam secando, o pessoal já falava nisso. Hoje a gente faz uma ligação de que tem a ver com o agronegócio, devido à instalação deles no chapadão, nas áreas de recarga [do aquífero Urucuia], com o desmatamento das nascentes”, explica o agricultor Jamilton Santos de Magalhães, de 39 anos. Conhecido como “Carreirinha”, ele vive na comunidade de fundo e fecho de pasto do Buriti, no Vale do Arrojado, em Correntina. 

Na entrevista à Pública, ele estava de pé dentro de um córrego que costumava abastecer as pequenas plantações locais – completamente seco naquele dia. Segundo o agricultor, a quantidade de famílias que habitam a região diminuiu nos últimos anos em decorrência do secamento da fonte de água. A situação ainda pode piorar, caso o vultoso projeto de irrigação da fazenda Conquista seja colocado em prática. Ligada ao empresário Fernando Schettino, que obteve do estado a maior quantidade de água outorgada a qualquer pessoa, empresa ou grupo familiar no Cerrado baiano, a propriedade localizada logo acima do Buriti tem autorização para captar mais de 320 milhões de litros de água por dia só do rio Arrojado.

Na comunidade de São Manoel, mais abaixo geograficamente em relação ao curso do mesmo rio, a percepção é semelhante. “De dez anos pra cá começou a piorar, já depois que esses grandes empresários aí em cima começaram a plantar roça grande, botar muitos pivôs, abrir poço. Aí foi secando nossas águas aqui”, afirma o agricultor Adolfo Batista de Oliveira, de 58 anos. 

Para regar suas plantações de gêneros como milho, mandioca, maxixe, quiabo e abóbora, ele e os demais moradores da comunidade utilizam uma forma tradicional de irrigação, conhecida como “canal”. No caso da comunidade São Manoel, o canal percorre uma extensão de mais de 17 quilômetros a partir do rio Arrojado, passando por diversas pequenas propriedades. Para quem está mais distante do rio – caso de seu Adolfo e sua família –, a diminuição da vazão tem feito com que a água não chegue durante os períodos mais secos. 

Sem outra alternativa para irrigar suas roças, vários dos moradores estão sendo obrigados a deixar a região em direção à zona urbana dos municípios locais ou rumo a capitais como Goiânia e Brasília. Seu Adolfo também teme essa possibilidade: “Eu não tenho outra profissão, não tenho estudo, não tenho nada. Eu ia sofrer lá, porque aqui já tô acostumado na lida do dia a dia”, diz.

Especialistas consultados pela reportagem avaliam que é mesmo o agronegócio o principal responsável pelas mudanças relatadas pelos moradores do oeste baiano. Na visão desses pesquisadores, as mudanças climáticas não explicam o cenário sozinhas, já que a redução da vazão dos rios se tornou mais drástica que a do volume de chuvas nas últimas décadas.

“Quando você quebra o sistema [de abastecimento dos lençóis freáticos] com a ocupação agropecuária intensa, especialmente nas áreas de recarga das bacias hidrográficas, você acaba indisponibilizando água durante os períodos secos, porque os aquíferos vão aos pouquinhos diminuindo a sua capacidade de disponibilizar água”, explica o pesquisador Yuri Salmona, doutorando em ciências florestais pela Universidade de Brasília (UnB).

Também pesquisadora do assunto, Lorena Ferraz, mestranda em desenvolvimento regional e meio ambiente na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), explica que  a variação na disponibilidade hídrica na região é especialmente associada aos impactos ligados ao agronegócio, tendo se aprofundado a partir dos anos 2000.

 “Foi quando a agricultura irrigada teve um avanço mais intenso. Quando os pivôs centrais começaram a crescer, essa mudança foi mais brusca. É o que na estatística a gente chama de ponto de ruptura, de mudança na série histórica”, aponta.

Como revelado nesta série especial, somente entre os diretores e conselheiros das duas principais associações do agronegócio no oeste baiano, há cerca de 1,8 bilhão de litros de água por dia autorizados para captação nos rios e nos lençóis freáticos da região. Todo esse volume de recursos hídricos, retirado gratuitamente e concedido pelo estado, serve para abastecer grandes plantações de soja, algodão, milho e outras commodities voltadas para a exportação.

Na fala de pescadores, agricultores e ribeirinhos do oeste da Bahia, transparece uma nostalgia dos velhos tempos. Não que a vida fosse fácil, eles dizem. Mas o que motiva essa saudade é o secamento dos rios.

“Conheci córrego que quando menino a gente pegava peixe, e hoje eles não existem mais”, conta Juscelino Brito, que vive na comunidade de Brejo Verde, em Correntina, desde que nasceu, há 64 anos. Agricultor e fecheiro, ele relata que o único córrego que permanece com água na região, ligado ao rio Arrojado, é o da sua comunidade. 

“Seu Celino”, como é conhecido, é uma liderança entre os moradores locais que vêm resistindo à pressão territorial do agronegócio e travando batalha pela preservação do corpo d’água do qual são dependentes. Recentemente, eles fizeram mais de 20 quilômetros de cerca para proteger o córrego local. “A gente faz por amor, sabe, porque estamos enxergando a necessidade, que a natureza precisa de pessoas empenhadas para que ela permaneça em pé”, diz.

As redes lançadas pelos pescadores do oeste baiano têm voltado com cada vez menos peixes, por conta da redução do volume de água nos rios

Segundo levantamento feito pelo pesquisador Tássio Barreto Cunha, pelo menos 29 corpos d’água da região oeste da Bahia estão mortos, sendo que 17 se encontram na bacia hidrográfica do rio Corrente, onde fica Brejo Verde. A lista, apresentada na tese de doutorado de Cunha, defendida na Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2017, foi feita com base em trabalho de campo e em reportagem do programa Globo Rural, de 2000. Em uma nota de rodapé do texto, o pesquisador faz questão de frisar que acredita que o número seja ainda maior, já que as limitações do campo o impediram de alcançar toda a região.

OS QUE EM TESE, AINDA EXISTEM: Se há dezenas de corpos hídricos que já não existem, há outros tantos que permanecem correndo no oeste baiano. Na comunidade de Couro de Porco, à beira do rio Arrojado, num trecho em que é necessário atravessar em uma canoa improvisada para alcançar a roça dos geraizeiros, alguém que não conheça o contexto da região pode ter a falsa impressão de que não há crise hídrica. Afinal, o rio segue correndo. Mas, para o professor e ativista Iremar Barbosa, de 52 anos, que há 16 vive na comunidade geraizeira, desde quando começou a ensinar alunos do ensino fundamental na escola local, “não basta ter água para ser um rio”.

Em 2020, ele concorreu à prefeitura de Correntina pelo Psol, recebendo 2,67% dos votos. “A piora tá contínua. Pode ter um caldo aqui, mas pode não ser um rio. A quantidade de venenos que tem nele hoje é muito maior. O volume de água dele é muito menor”, diz. 

Para ele, caso a tendência atual se mantenha, com desmatamentos e grandes captações de água para irrigação, os rios do oeste baiano passarão a ser intermitentes, correndo apenas no período chuvoso. “Nesses 16 anos, eu vi riachos que tinham água secarem. Vi pequenos regos [forma de irrigação tradicional] que o pessoal sempre fez desses riachos secarem. Vi os peixes sumirem do rio. E vi as pessoas desaparecerem desses locais. É uma situação bastante triste”, lamenta.

A percepção de Iremar é reforçada pelos dados disponíveis das estações fluviométricas da região, que indicam que o volume de água dos corpos hídricos locais tem diminuído continuamente. “Na bacia do rio Corrente, em 1978, a vazão dos rios era mais ou menos 280, 290 m³/s. Hoje, está próximo de 100. Foi uma redução muito significativa, quase 70% da vazão média anual. E a bacia do Rio Grande, mais acima, também está na mesma tendência”, explica a pesquisadora Lorena Ferraz.

O cenário encontrado no oeste baiano é uma constante em praticamente todo o Cerrado, segundo Yuri Salmona, da UnB. “A gente chegou à conclusão de que a maioria, mais de 80% das bacias, tem uma diminuição da vazão. Se for colocar uma mensagem simples, é que o Cerrado de fato está secando, que está diminuindo a disponibilidade de água nos seus rios”, explica o geógrafo, que vai publicar nos próximos meses um estudo com base na análise de mais de 30 anos de dados de quase 100 estações pluviométricas do Cerrado.

Com uma camiseta que resume a sua luta: “Cerrado em pé: a vida brota das águas!”, a fecheira Aliene Barbosa, de 41 anos, conta sua relação com o rio Arrojado, que fica a poucos metros de sua casa, na comunidade do Grilo. Na infância, sem água encanada em casa, ela lavava roupas e louças, tomava banho e fazia café com a água do rio. 

“Eu gosto de viver aqui, gosto do trabalho da roça, de lidar com os animais, com o rio. É uma ligação muito forte que eu tenho com a terra, com a água, com tudo”, diz. Na visão dela, o desenvolvimento alardeado pelo agro atinge negativamente os pequenos agricultores e demais moradores do oeste baiano, já que diminui a disponibilidade de água. 

Para seu Celino, da comunidade de Brejo Verde, também no Arrojado, é necessário resistir a esse modelo de desenvolvimento que devasta a natureza. “O meu intuito, e eu brigo até o fim, é pra esse Cerrado continuar em pé. Eu não fiz estudo nenhum comprovado, mas eu tenho conhecimento que esse Cerrado em pé é o berço das águas. Por isso que a gente vem resistindo, resistindo com briga mesmo, não é passando a mão na cabeça, não.”

No oeste da Bahia, região do Cerrado brasileiro que é uma das últimas fronteiras agrícolas do país, nas últimas duas décadas, o agronegócio tem avançado sobre as águas que servem de fonte de renda, lazer e vida para os ribeirinhos, agricultores e pescadores que vivem nos Gerais da Bahia. O objetivo é expandir suas plantações para áreas onde as chuvas são menos abundantes, e os cultivos demandam irrigação, quase sempre feita por meio de pivôs centrais — situação que tem causado conflitos socioambientais.

*Texto site Agencia Publica: Rafael Oliveira-ornalista pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Passou pelo Jornal e Rádio USP e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji),


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