CANTOR GENIVAL LACERDA SOFRE AVC E ESTÁ INTERNADO EM HOSPITAL DO RECIFE EM OBSERVAÇÃO

O cantor e compositor paraibano Genival Lacerda, de 89 anos, sofreu um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVC) na madrugada desta terça-feira (26) e está internado no Hospital D'Ávila, na Zona Norte do Recife. Segundo o filho, João Lacerda, ele dormiu bem, fez exames e ficará cinco dias em observação.

Genival Lacerda estava em sua casa, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana, quando passou mal. Foi socorrido a princípio para o hospital particular, mas por conta do risco de contrair Covid-19, foi transferido para o D'Ávila, ainda de acordo com o filho.

"Ele fez todos os [exames de] check up, tomografia e exames. Estava com taxas alteradas. Ele dormiu bem e vai ficar em observação nesses cinco dias para ver se o quadro não se agrava", afirmou João Lacerda.

Natural de Campina Grande, Genival Lacerda reside no Recife há mais de 25 anos. Ele é o interprete de músicas de João Gonçalves como "De quem é esse jegue?" e "Severina Xique-Xique".

Genival Lacerda sofre AVC e está internado em hospital do Recife em observação

O cantor e compositor paraibano Genival Lacerda, de 89 anos, sofreu um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVC) na madrugada desta terça-feira (26) e está internado no Hospital D'Ávila, na Zona Norte do Recife. Segundo o filho, João Lacerda, ele dormiu bem, fez exames e ficará cinco dias em observação.

Genival Lacerda estava em sua casa, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana, quando passou mal. Foi socorrido a princípio para o hospital da Unimed, mas por conta do risco de contrair Covid-19, foi transferido para o D'Ávila, ainda de acordo com o filho.

"Ele fez todos os [exames de] check up, tomografia e exames. Estava com taxas alteradas. Ele dormiu bem e vai ficar em observação nesses cinco dias para ver se o quadro não se agrava", afirmou João Lacerda.

Natural de Campina Grande, Genival Lacerda reside no Recife há mais de 25 anos. Ele é o interprete de músicas de João Gonçalves como "De quem é esse jegue?" e "Severina Xique-Xique".

Recentemente amigo Cezar Durando me enviou fotos das comemorações de um dos nossos maiores patrimônios da cultura: Genival Lacerda que completou 89 anos de vida. Cesár Durando é um dos defensores das causas da cultura mais brasileira.

Sempre fui apaixonado por rádio e lá em Campina Grande, Paraíba, escutava a Rádio Cariri, Rádio Borborema e Caturité e nestas sintonias ouvia a animação do Genival Lacerda. O Senador do Rojão, Seu Vavá, O Rei da Munganga ­ são todos heterônimos de Genival Lacerda.

No programa ele designava um papel na sua obra. Seu Cazuza, por exemplo, foi personagem de programa humorístico de TV, que fez em dupla com o ator Lúcio Mauro (o Seu Barbalho), e com Luiz Gonzaga.

Quando interpretou Severina Xique Xique, composto por João Gonçalves, obteve o reconhecimento e ganhou sucesso.

"João Gonçalves chegou lá em casa, num domingo de manhã, me dizendo que trazia uma música que era a minha cara. Contou que tinha oferecido a Jackson e a Messias Holanda, mas eles não quiseram. Como é a história? Se estes cobrões não quiseram, sou eu que vou querer?", rememora Genival. 

"A música que ele recebeu naquela manhã de domingo foi Severina Xique Xique. O autor, João Gonçalves, assim com ele, havia nascido em Campina Grande. Disse a ele que ia ficar com a música, mas antes ia dar uma arrumada, botar uma meia sola nela," conta.

"Fui ao programa de Adelzon Alves, na Rádio Globo, todo mundo estava lá: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marinês, Abdias, Ary Lobo, Os Três do Nordeste. Cantei Severina. Depois, Adelzon olhou pra mim e falou: Caboco, este vai ser o seu maior sucesso."

Tem mais: "Ozeás Lopes me levou pra gravadora Copacabana, mas o pessoal de lá não acreditou muito na música. Em 15 dias, vendeu 35 mil discos. Em dois meses, 600 mil. E desembestou", ele revela. "Fui na gravadora pedir um adiantamento.Era muito dinheiro. Comprei uma casa em Campina Grande".

Hoje aos 86 anos, completados no dia 5 de abril, Genival Lacerda estava com 25 de carreira quando gravou Severina Xique Xique. Lá se vão mais de 70 anos de profissão, se contarmos o tempo em que disputava com Marinês prêmios em programa de calouros, em Campina Grande.

Com Marinês e Abdias, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e Zito Borborema, Genival Lacerda fez parte da segunda geração do forró, surgida logo depois ­ e por influência ­ de Luiz Gonzaga.

É dos últimos desta geração, a história viva da música do povo Nordestino: "Um dia, em 1948, Rosil Cavalcanti sentou lá na sala de casa, com um violão, e ensinou a Jackson do Pandeiro umas músicas que tinha feito: Sebastiana, Compadre João".

Genival Lacerda é cantor da escola de Jackson do Pandeiro, das divisões impecáveis e imprevisíveis. Foram contraparentes. Severina, irmã de Jackson, foi casada com um irmão dele. Em 1950, Genival Lacerda foi contratado pela Rádio Borborema, de Campina Grande: "Em 1953, vim cantar no Recife, no aniversário da Rádio Tamandaré. Ganhava 700 cruzeiros lá, aqui me ofereceram 5 mil", diz Genival.

"Eu estava em Campina Grande, quando encontrei Ary Barroso, que foi se apresentar lá, e me aconselhou a ir para o Rio de Janeiro. Fui embora. Chego lá no dia 1º de abril de 1964, no dia da revolução (sic). Jackson e Almira foram me apanhar no Santos Dumont e perguntei se a gente estava em guerra. Pra todo canto era homem fardado de verde, tanques", conta.

Recentemente o cantor Genival Lacerda resolveu apostar em uma canção "cheia de modernidades". O cantor gravou o clipe de Me dê seu wifi. Genival contracena com quatro mulheres que representam as redes sociais: Twitter, Instagram, WhatsApp e Facebook.


"Nessa música, falo dessas modernidades de Facebook e Instagram, mas não sei nem para onde vai", confessa o artista, conhecido por canções satíricas como Severina Xique Xique, De quem é esse jegue? e Radinho de pilha. "O meu público já está seguro, mas preciso conversar com os jovens e essa música vai ajudar", afirma paraibano batizado de "rei da munganga".
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EXPORTAÇÃO DE FRUTAS GANHA IMPULSO NESTE SEGUNDO SEMESTRE, AFIRMA ASSOCIAÇÃO

Mesmo em meio à pandemia do coronavírus, as exportações brasileiras de frutas devem acelerar no segundo semestre. O novo presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, entende que o Brasil pode ser favorecido pela maior procura por alimentos saudáveis e ricos em vitaminas em nações desenvolvidas e pela entressafra com o fim do verão nos países de clima temperado.

De acordo com a entidade, o abacate da variedade avocado, assim como o limão, a laranja e a maçã estão entre os mais exportados no início deste ano. Em 2019, a comercialização de frutas foi de 980,5 mil toneladas (alta de 16%) e US$ 858 milhões em receita (aumento de 8,5%). A meta da associação para 2020 é alcançar a marca de US$ 1 bilhão.

“Pelas nossas conversas com os importadores, eles acreditam que no pós-pandemia as pessoas devem se voltar para alimentos saudáveis. Já havia essa necessidade e isso deve ser reforçado. A nossa atividade não está sofrendo parada nos embarques (com a pandemia do coronavírus) e o forte da safra no Brasil será no segundo semestre”, afirma.

Segundo Guilherme Coelho, em muitos países onde a incidência da pandemia é maior – como Itália, França e Inglaterra – trabalhadores qualificados de nações vizinhas estavam acostumados a residir nas áreas produtivas entre a primavera e o verão. Esse movimento foi afetado pelo fechamento das fronteiras. “Com a pandemia, essa logística está complicada. Eles estão chamando estudantes e quem está desempregado para o trabalho. Não é uma mão de obra especializada”, diz.

Fruticultor na fazenda Santa Felicidade, em Petrolina (PE), cidade próxima ao Rio São Francisco, Coelho produz cerca de 5 mil toneladas de uvas e 2,4 mil toneladas de mangas. Desse montante, 70% vão para a exportação. São cerca de 5,2 mil toneladas, a maior parte para a Europa e os Estados Unidos.

Ele conta que a demanda aumentou em 50% nos primeiros quatro meses do ano e que a desvalorização do real também ajudou a dar mais competitividade aos embarques externos. “A gente produz manga e uva o ano inteiro. No Brasil, temos duas safras, enquanto os demais países de clima temperado não conseguem produzir fora da primavera e do verão”, analisa.

Das 997 mil toneladas exportadas pelo Brasil no último ano, 739,4 mil toneladas foram para a Europa, com uma receita de US$ 677 milhões. Do que é embarcado para o velho continente, 353,1 mil toneladas (47,7%) são enviadas para o Porto de Rotterdam, na Holanda, que funciona como uma espécie de entreposto, reenviando as frutas para os demais países.

Um dos países que recebem as frutas brasileiras é a Alemanha. Gérman Ponce, economista pernambucano residente na cidade de Brémen, no norte do país, trabalha com o comércio de frutas desde 2002. Atualmente, ele é o responsável pela importação de uvas de fora do continente para a Greenyard, uma das maiores companhias de frutas e vegetais da Europa. A empresa também importa abacate, maçã, pêra e cítricos, como limão e laranja. “Nós sentimos que houve um certo aquecimento na demanda e tivemos a preocupação de fazer preços acessíveis para manter as vendas”, diz.

No caso das uvas, são 13 mil toneladas importadas pela Greenyard anualmente, das quais 1,9 mil toneladas saem do Brasil. Países como Peru, Namíbia, Índia, Chile, Egito e Marrocos também são fornecedores, de acordo com a evolução das safras. Com o lockdown decretado no final de março na Índia por causa do coronavírus, foi preciso buscar um outro centro para o fornecimento da fruta.

“Foi fundamental ter o Brasil e os produtores do Vale do Rio São Francisco como parceiros. Entre o momento em que a gente faz o pedido e a entrega para o cliente, são três semanas. Não há logística que atenda a Europa de maneira tão rápida.”, avalia o economista.

Para os agricultores brasileiros, o câmbio tem ajudado em diversos setores da cadeia de alimentos.

Com o euro operando acima de R$ 6, a exportação de frutas para a Europa também entra nesse panorama de maior rentabilidade. “O produtor acaba recebendo mais em um momento como esse, o que faz com que a fruta brasileira se torne mais competitiva”, afirma.

Segundo Ponce, produtos que estão fora dos segmentos alimentício e farmacêutico ficaram em segundo plano para a população alemã com a pandemia. Por conta da necessidade de fortalecer o sistema imunológico com a ingestão de vitaminas, as pessoas passaram a buscar mais os hortifrutigranjeiros entre os alimentos, como verduras e frutas, principalmente as cítricas, como limão, laranja e tangerina.

Com a reabertura gradativa das atividades no país entre maio e junho, o food service (bares e restaurantes) deve impulsionar ainda mais a demanda por frutas. (Fonte: Globo Rural)
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BAHIA TERÁ CARTÃO PARA SUBSTITUIR VALE-ALIMENTAÇÃO PARA OS ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA

Para os moradores de municípios da Bahia que não têm os mercados da rede Cesta do Povo ou Assaí Atacadista, o vale-alimentação estudantil será entregue em forma de "cartão", para ser utilizado em lojas cadastradas. A informação é da Secretaria de Educação do estado da Bahia, que afirmou que, até a sexta-feira (24) divulgará a data da entrega, bem como os locais e estabelecimentos comerciais credenciados.

Segundo a pasta, o cartão não é físico e será apenas, na verdade, um crédito que estará disponível nas lojas credenciadas para o CPF do estudante. Essa medida irá beneficiar 516 mil estudantes da rede, e a operação utilizando esses cartões é válida apenas para as cidades onde não há nenhum dos supermercados cadastrados inicialmente - Cesta do Povo e Assaí. 

A reportagem do BLOG NEY VITAL obteve informações que em Juazeiro, os alunos, pais e filhos já foram comunicados para ir buscar o cartão, São cerca de 18 mil estudantes da rede estadual de ensino na cidade. Em Salvador e outros 21 municípios a ação totaliza investimentos de R$ 44 milhões de recursos do Estado.

No total, serão 800 mil estudantes na Bahia ajudados com o auxílio de R$55. Para resgatar a ajuda do governo do estado, é preciso levar o CPF cadastrado e um documento de identificação com foto do estudante. Se o vale for ser retirado por outra pessoa, a mesma deve levar os documentos do estudante e apresentar sua documentação pessoal, que pode ser qualquer documento de identidade com foto e, se tiver, também o CPF.

Outra recomendação é para que, antes de ir ao supermercado, seja confirmado se o CPF já está cadastrado. Para isto, basta ligar para a escola onde o estudante está matriculado, para o número 0800 284 0011 ou verificar pelo Sistema Siadiante no Portal da Educação (www.educacao.ba.gov.br).  

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SINDICATO RECORRE AO MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA ATRASO DE SALÁRIOS NO HOSPITAL REGIONAL DE JUAZEIRO

É dramática a situação dos médicos do Hospital Regional de Juazeiro que, além de diversas pendências acumuladas na burla de direitos trabalhistas, agora ainda amargam o atraso dos salários de abril, que deveriam ter sido pagos até o dia 5 de maio.

De acordocom informações do Sindicato dos Médicos, o problema atinge todos os funcionários do hospital. Há, inclusive, relatos de técnicos de enfermagem que precisam se deslocar a pé, de Petrolina, para o plantão, por falta de dinheiro para o transporte.

Segundo denúncias recebidas pelo Sindimed-BA, a Sesab acumulou verbas de dois meses anteriores, fazendo o repasse como se fosse maio, mas, na verdade, o Hospital de Juazeiro está há mais de 30 dias sem receber recursos do Governo do Estado.

Com isso, além de os funcionários estarem sem receber o mês de abril, não houve adicional de repasse para estruturar novos leitos e contratar mais profissionais no enfrentamento ao Covid.

Depois de já ter cobrado diretamente os gestores do hospital, através de ofício, o Sindimed-BA recorreu ao Ministério Público do Estado (MPE), oficiando a 8ª Promotoria de Justiça, na pessoa da promotora de Saúde de Juazeiro, Daniela Baqueiro Vargas Leal Alves, do 17º Escritório Regional do MP.

No pleito, além das denúncias sobre o inaceitável atraso dos salários, o Sindicato volta a cobrar resposta sobre o recolhimento do FGTS, objeto de queixa anterior formulada contra o hospital. Na denúncia, o Sindimed lembra o caráter alimentício dos salários em atraso e reforça o agravante da pandemia, no atual momento.

O Sindicato tem informação que uma Ação Civil Pública, já movida pelo MPE, determinou o bloqueio de recursos do hospital para pagamento de atrasos salariais anteriores, bem como para o recolhimento do FGTS que pode ter sido sonegado. Nesse sentido, o encaminhamento feito ao MPE, agora, solicita que os recursos desse bloqueio também sirvam para atualizar os salários de abril e maio correntes.
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TERÇA-FEIRA, 26 DE MAIO, É ANIVERSÁRIO DE 90 ANOS DE SIVUCA, O POETA DO SOM

O ano de 2020, na Paraíba, seria todo de homenagens a Sivuca, músico que se destacou nacionalmente como maestro, instrumentalista, cantor e compositor. Isso porque, por meio de decreto foi instituído o “Ano Cultural Mestre Sivuca”.

Nesta terça-feira 26, Sivuca completaria 90 anos de nascimento. Nome de batismo: Severino Dias de Oliveira. Considerado um músico completo que chamava a atenção de todos, ouvintes e colegas de ofício, por onde passara. Dentro e fora do Brasil. Desde que, aos 15 anos, saíra da sua pequena Itabaiana para tentar a sorte no Recife.

Entre as ações programadas na Paraíba, está a formação de parcerias entre a UFPB e o Governo do Estado, entre elas o da construção do Memorial Mestre Sivuca. A compositora e viúva de Sivuca, Glória Gadelha, ressaltou que a parceria entre o Governo do Estado e a Universidade Federal da Paraíba para a construção do Memorial Mestre Sivuca deixa a família do músico paraibano, de renome internacional, mais perto do sonho alimentado há décadas. 

“Há 45 anos eu venho formando esse acervo, arquivos que fui juntando. E graças a Deus temos essa luz no túnel, que é a parceria da participação do Estado com a Universidade Federal da Paraíba na concretização desse sonho. É uma alegria imensa”, afirmou.


Quando estiver concluído, o Museu Memorial Mestre Sivuca vai abrigar um acervo de um valor inestimável, garante Glória Gadelha: “São peças maravilhosas, partituras, troféus, placas, medalhas, títulos, instrumentos, 42 anos de jornais, shows pelo mundo”, enumerou, lembrando que existem composições inéditas e momentos do artista que só os parentes conhecem até então.

Nascido no município paraibano de Itabaiana no dia 26 de maio de 1930, o Mestre Sivuca, foi um dos maiores talentos da música brasileira, sendo reconhecido internacionalmente por um vasto trabalho, que inclui frevo, choro e forró, entre outros ritmos.

Sivuca começou a tocar sanfona aos nove anos de idade em feiras e em festas populares. Ao lado da compositora Glória Gadelha, com quem foi casado, compôs “Feira de Mangaio”, um dos sucessos mais conhecidos. Outras parcerias bem-sucedidas incluem Chico Buarque (“João e Maria”) e Paulo Tapajós (“No tempo dos quintais” e “Cabelo de milho”).

A música Feira de Mangaio é provavelmente uma de suas músicas mais conhecidas. “Fumo de rolo arreio de cangalha/Eu tenho pra vender, quem quer comprar(…)/Tinha uma vendinha no canto da rua/ Onde o mangaieiro ia se animar/Tomar uma bicada com lambu assado/E olhar pra Maria do Joá/Porque tem um Sanfoneiro no canto da rua/Fazendo floreio pra gente dançar/Tem Zefa de Purcina fazendo renda/E o ronco do fole sem parar…” 

Não há um sanfoneiro que não saiba tocar e cantar esta canção. É um baião, forró, que virou um clássico na voz de Clara Nunes e um de seus grandes sucessos. Inicialmente foi gravada pelo próprio Sivuca e sua parceira musical e de vida, Glorinha Gadelha.


Feira foi composta em Nova Iorque, em uma lanchonete, num dia de inverno rigoroso. Morando há anos nos EUA a saudade da Paraíba, das feiras do interior e as lembranças foram transformados em versos que até hoje faz todos dançarem.

Em 14 de dezembro de 2006, após lutar contra o câncer de laringe, Sivuca morreu, deixando um grande legado para a cultura brasileira.
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A SANFONA DE 8 BAIXOS NA PESQUISA DE LÉO RUGERO

O primeiro instrumento tocado pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga, aquele que seu pai, Januário tocava e era famoso por consertar e afinar, aquele de músicos clássicos no Sertão como Geraldo Correia, Abdias, Pedro Sertanejo, Negrão dos 8 Baixos, Zé do X, a sanfona de 8 Baixos está se tornando rara cada vez mais rara.

O músico e pesquisador Leo Rugero, que lançou no ano de 2012, ano do Centenário de Luiz Gonzaga, no Exu, Pernambuco, o livro e filme homônimos, “Com respeito aos 8 Baixos” resolveu tocar “nessa ferida”, como ele mesmo diz. 

“Eu percebi que esse instrumento era muito querido, ocupava um rol de significância e isso foi se perdendo, a partir da década de 1980 essa tradição foi se esvaindo”, conta. Carioca e pianista, Leo conheceu o tocador de 8 baixos paraibano, Zé Calixto e se apaixonou pelo instrumento. 

“Ele toca músicas impossíveis de serem tocadas numa sanfona de 8 Baixos. Fiquei estarrecido com o virtuosismo, com o repertório, que incluía choro, frevo, um repertório todo instrumental”, conta do encontro musical que começou quando ele ouviu um disco de Zé e se aprofundou ainda mais quando eles, de fato se encontraram. “O que eu achei que seria apenas mais uma entrevista se transformou num deslumbramento com o instrumento e no início de uma grande amizade”, conta.

Rugero resolveu inserir o tema na academia, escrevendo pela primeira vez um artigo sobre o instrumento: “A sanfona de 8 Baixos e a música instrumental”. Ele conta que não só Zé Calixto foi morar no Rio de Janeiro, como vários outros músicos nordestinos fizeram o mesmo percurso ativando uma cena da sanfona de 8 Baixos na cidade maravilhosa, na década de 1970. Com seu trabalho, o carioca espera  “mais do que preservar, difundir e ampliar, revalorizar a sanfona de 8 Baixos”.  

“Eu já tinha experiência com a música nordestina, com a música armorial, com Hermeto Pascal, com o trabalho de Guerra Peixe sobre o folclore daqui. Mas a sanfona de 8 Baixos me colocou em contato com a alma, com o cerne dessa experiência musical. E foi um desafio porque não era o meu mundo. Hoje eu me sinto integrado, como se de alguma forma eu tivesse fazendo parte dele”, finaliza.

A sanfona de 8 baixos é um instrumento muito presente na prática musical nordestina, sobretudo entre comunidades da zona rural e periferia urbana. Amplamente difundido nesta região, este tipo de acordeom de botões está intrinsecamente relacionado à música praticada nos bailes rurais, através de um repertório predominantemente instrumental, onde se estabelece o desafio e a rivalidade entre os praticantes. 

A consolidação de um segmento fonográfico voltado para a música nordestina na década de 1950 insere novos aspectos a esta prática musical. Nesta passagem, deflagram-se conflitos entre oralidade e assinatura, a tradição que tende ao anonimato e a arte centrada na assinatura individual. Este trabalho parte de uma perspectiva etnográfica, desenvolvendo-se como fruto do aprendizado do pesquisador em seu convívio com Zé Calixto, um dos expoentes da sanfona de 8 baixos no âmbito fonográfico e radiofônico. 

Traduz reflexões em torno da rede de sustentação desta prática musical, através de uma leitura crítica de algumas das principais questões suscitadas durante a aproximação com o objeto de pesquisa. Mediante a escassez de documentos escritos sobre o tema, é um trabalho eminentemente etnográfico, no qual a pesquisa de campo e o acervo fonográfico são as principais ferramentas do pesquisador.

Este é um dos resultados da pesquisa desenvolvida por Leonardo Rugero Peres (Léo Rugero), mestre em etnomusicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Música da UFRJ, sob orientação do professor José Alberto Salgado. Seu trabalho pioneiro sobre a sanfona de oito baixos no Brasil foi contemplada, em 2012, com os prêmios “Centenário de Luiz Gonzaga 2012” e “Produção Critica em Música”, ambos pela FUNARTE, para realização de um filme documentário e um livro sobre a tradição nordestina da sanfona de oito baixos. Como o autor resume em sua dissertação,

Leonardo Rugero Peres (Léo Rugero) nasceu em Santo André, São Paulo, em dezembro de 1971. Chegou ao Rio de Janeiro com a família em 1974, quando ainda não contava quatro anos de idade.

A música guiou seus passos desde cedo e na infância seus primeiros instrumentos foram o violão e o orgão elétrico.

Sua carreira artística tem sido identificada pela pesquisa musicológica associada à criação, o que se reflete em sua atividade profissional como etnomusicólogo, compositor, arranjador, educador, produtor cinematográfico e multiinstrumentista (violino, viola clássica, acordeon, sanfona de oito baixos, violão, piano, viola caipira e percussão).

Ao longo de sua carreira artística, tem participado como instrumentista e arranjador em produções fonográficas. Como compositor, tem sido responsável por trilhas sonoras originais para teatro, televisão e filmes documentários.
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CULTURA: POETAS DE CORDEL CRIAM ASSOCIAÇÃO PARA FORTALECER CATEGORIA

As métricas, rimas e sextilhas da literatura de cordel em Pernambuco permanecem em movimento, e agora com: “ (...) força e engajamento
Vem mostrar o envolvimento
Dos poetas cordelistas
Que lutam para incluir
Valorizar os artistas
Na defesa do cordel
Surge assim a Acordel
Como uma grande conquista”.

Assim disse a cordelista Susana Morais em um dos trechos de uma literatura popular, Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e que passa a contar no Estado com a Associação pelo Cordel em Pernambuco (Acordel-PE), recém-criada por mais de 70 poetas durante reunião virtual realizada com o intuito de fomentar a arte e viabilizar projetos para o setor, agora institucionalizado.

“A Acordel-PE surge como somatório de forças em prol do cordel e um desejo incessante por reorganizarmos a categoria. Engana-se quem pensa que o cordel está morto. Em Pernambuco, ele é forte e vigoroso e está sempre atento às modificações do mundo moderno, como exemplo do uso da tecnologia para nos reaproximarmos”, conta o poeta Felipe Junior, nomeado em assembleia (virtual) presidente da Associação. Além dele, os cordelistas Ângela Paiva (vice-presidenta), Josué Limeira (diretor administrativo), Susana Morais (diretora financeira) e Shirley Izabela (diretora executiva) completam a chapa “União Pelo Cordel”, eleita para o biênio 2020/2022. 

A discussão para formação da Acordel começou em março, em meio à pandemia que passou a assolar o mundo, obstando setores da cultura a seguirem em frente. O futuro (e o presente) da poesia, portanto, passou a ser mote para encontros marcados via WhastApp.

 “Sempre acreditei que a composição formal de uma associação é fundamento para debate, produção, formação e organização. São muitas cabeças pensantes, muitos desejos com um só objetivo: valorizar o cordel. É extremamente necessária essa reorganização, pois é através da força dela que entramos no debate por políticas públicas voltadas para a cultura. Nossa proposta é incomodar, mostrando a riqueza presente na cultura popular através da Literatura de Cordel”, complementa Felipe, em conversa com a Folha de Pernambuco.

Ainda de acordo com ele, a Acordel - que abrigará, além de poetas, pesquisadores, autores e participantes da cadeia produtiva da literatura de cordel - surgiu "a pedido dos próprios cordelistas”, que mantiveram esforços de não se perderem, de compartilharem poemas e pensamentos para os dias vindouros de um setor que anteriormente já havia contado com a União dos Cordelistas de Pernambuco (Unicordel), criada em 2005 mas que não seguiu adiante. 

“A Unicordel resgatou a Literatura de Cordel no Recife, foram muitos os projetos executados e as conquistas, mas a associação se perdeu no tempo”, explica José Felipe Nazário Junior, paraibano, tataraneto de Agostinho Nunes da Costa, “precursor da cantoria de viola e da literatura de cordel no Brasil” como ele mesmo expôs.

Admirador dos cordéis de São José do Egito, no Pajeú pernambucano, Felipe é também professor e pesquisador da poesia popular e, entre outras coisas, assina mais de 60 livretos e romances de feira. “O futuro do cordel independe do término da pandemia. A própria vida precisou de reorganização e a pandemia é uma resposta da vida. A gestão já está trabalhando na elaboração de projetos e no mapeamento dos cordelistas no Estado”, conclui ele, não sem antes, é claro, entregar mais rimas, métricas e poesias.


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