DIA ESTADUAL DO VAQUEIRO É CELEBRADO NESTA TERÇA (27)

Manoelzinho do Acordeon comanda roda de sanfona no Espaço UmbuzeiroA Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco, por meio do Centro Cultural Cais do Sertão, celebra o Dia Estadual do Vaqueiro, nesta terça-feira (27), às 15h, promovendo uma roda de sanfona. As atividades encerram a temporada do projeto Tengo Lengo Tengo, que levou mais de dez mil visitantes ao museu. 

Para celebrar o sucesso de público da exposição e a trajetória dos vaqueiros, o museu recebe o cantor, compositor e acordeonista Manoelzinho do Acordeon, natural de Bonito, município situado no Sertão pernambucano. O repertório privilegiará clássicos do forró, seresta, xote e composições autorais do artista. A apresentação acontece no Espaço Umbuzeiro, no vão livre do centro cultural.

"Nos enche de orgulho confirmar agora, ao final do projeto, que o público veio em peso ao Cais do Sertão e conferiu a narrativa de Serrita, do contexto de fé e resistência da Missa do Vaqueiro, imortalizada por Luiz Gonzaga e Padre João Câncio. A despedida da mostra, no dia em que celebramos os vaqueiros pernambucanos, torna ainda mais significativa este mergulho na vida do sertanejo, que é o cerne da Tengo Lengo Tengo", comenta o secretário de Turismo e Lazer, Rodrigo Novaes.

A exposição Tengo Lengo Tengo foi pensada justamente para dar ao grande público uma dimensão da importância do trabalho desenvolvido por Luiz Gonzaga e pelo Padre João Câncio na missão de preservar a cultura e a tradição dos vaqueiros.

A mostra é dividida em três seções, começando com o espaço expográfico, que trabalha o encantamento com o Sertão Verde através das sensações; seguida do cenário "Quando o Sagrado vem do Chão", centrado na Missa de Serrita e na figura do vaqueiro, com sua armadura de couro, fé e tradição; e finalizada com a seção "A Música que Eleva as Raízes", onde o público pode conferir como a influência do Rei do Baião se espalhou pelo País através das suas músicas. 

O projeto Tengo Lengo Tengo é uma iniciativa do Cais do Sertão e Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco, em parceria com a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e com apoio da Janela Gestão de Projetos.






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RIO SÃO FRANCISCO: ESTUDO APONTA FALHAS NO PROJETO DA TRANSPOSIÇÃO E RECOMENDA REVISÃO DA OBRA

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) elaborou um relatório sobre o Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) que aponta falhas tanto no projeto como nas obras de transposição do Rio São Francisco. 

O documento apresenta possíveis dificuldades na distribuição da água e erros na execução das obras que, mesmo após 12 anos de seu início, ainda não foram concluídas.

Alguns trechos da transposição já apresentaram problemas como, por exemplo, no Eixo Norte, na Zona Rural de Salgueiro, sertão de Pernambuco. Por lá, o canal não foi construído e a água ainda passa por um caminho de terra. Também em Salgueiro, o paredão do reservatório de Negreiros se rompeu em 2018 por causa de um vazamento, e tirou 35 famílias de casa, às pressas. Estes contratempos são apresentados no relatório do CBHSF. O estudo destaca também os trechos que ainda não foram concluídos, apesar de já terem ultrapassado o prazo previsto para entrega das obras.

Para elaborar o relatório, o CBHSF contratou o engenheiro hídrico Pedro Antônio Molinas, que trabalhou com acompanhamento de integrantes do Comitê, analisando a evolução histórica e as operações propostas pela transposição da Bacia do Rio São Francisco. O especialista esclarece que, de forma sucinta, pode-se dizer que o relatório chega a três principais conclusões.

“A primeira conclusão a que chegamos refere-se às dimensões do projeto. O PISF foi concebido para poder aduzir vazões muito superiores às que escoarão normalmente por seus canais. A segunda diz respeito à capacidade dos estados receptores de usufruírem do projeto, pois o PISF foi idealizado para ser operado e gerido seguindo uma rígida lógica de gestão dos recursos hídricos, onde a prática de tarifas pelo uso dos mesmos deve refletir os custos reais da disponibilidade hídrica”, afirma Pedro Molinas.

O relatório diz que o projeto foi superdimensionado, feito para receber volumes de água muito superiores dos que devem escoar nos canais. O documento afirma que seria necessária a conjunção de cheia excepcional na bacia do São Francisco e de fortes chuvas nas bacias receptoras para que a estrutura recebesse grandes montantes de água, sem ocorrerem prejuízos. Dos quatro estados que devem ser beneficiados pela transposição, apenas o Ceará estaria preparado para receber e gerenciar a distribuição de água.

“A terceira conclusão é que o projeto é hoje uma obra inacabada tanto da perspectiva física como da perspectiva institucional”, finaliza Pedro Molinas.

A recomendação do Comitê é de que o projeto seja revisto e que apresente propostas viáveis não somente para a efetividade da distribuição de água, através dos canais da transposição, mas, principalmente, para que a revitalização de toda a bacia hidrográfica e seus afluentes, seja eficiente”.

O que é o PISF: O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – PISF é um projeto de infraestrutura hídrica que capta água no Rio São Francisco aduzindo-a para bacias hidrográficas do nordeste setentrional nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Seu principal objetivo é garantir segurança hídrica, através da integração de bacias hidrográficas a uma região que sofre com a escassez e a irregularidade das chuvas: a região semiárida do Nordeste. O empreendimento está organizado em dois eixos principais de transferência de água: Eixo Norte (Trechos I e II) e Eixo Leste (Trecho V) e ramais associados.

A expectativa é levar água para mais de 12 milhões de pessoas.

Fonte: CHBSF *Luiz Baggio
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NÃO HÁ PREVISÃO DE CHUVAS PARA JUAZEIRO E PETROLINA NA PRIMEIRA QUINZENA DE SETEMBRO

A previsão para o mês de setembro é que vai começar muito seco (sem chuvas), em Juazeiro, Petrolina e Região. A umidade relativa do Ar vai oscila entre mínima de 20%, porcentagem considerada de risco a saúde e máxima de 90%.

Os modelos meteorologicos indicam os maiores volumes de chuva concentradas nos extremos do Brasil. O litoral do Nordeste, entre a Bahia, Sergipe e Alagoas será beneficiada pela entrada de umidade e pancadas de chuva mais frenquentes, que vão resultar em grandes acumulados no final da primeira quinzena.

Para Juazeiro e Petrolina a expectativa é de que setembro ainda seja bem mmais quente e seco. Em áreas do sertão do Piauí a situação é dramática. Desde 2012 a chuva está abaixo da média. Este ano o municiípio de São João do Piauí está há 145 dias sem chuvas. 
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DOM HELDER: QUANDO DOU COMIDA AOS POBRES, ME CHAMAM DE SANTO; QUANDO PERGUNTO POR QUE ELES SÃO POBRES, CHAMAM-ME DE COMUNISTA

O processo de reconhecimento como santo do religioso brasileiro dom Helder Pessoa Câmara (1909-1999) entrará em nova etapa na semana que vem. Trata-se da abertura da fase romana das investigações. A morte do cearense com forte atuação em Pernambuco completa 20 anos nesta terça (27).

"O próximo passo será o papa reconhecer, em nome da Igreja, que dom Helder praticou em grau heroico as virtudes cristãs. Aí ele será declarado venerável", disse à Folha Jociel Gomes, frade franciscano responsável por realizar o pedido junto ao Vaticano. 

O processo de canonização de dom Helder foi aberto oficialmente em fevereiro de 2015, nove meses depois de a Arquidiocese de Olinda e Recife solicitar a questão à cúpula da Igreja. Desde então, frei Jociel e sua equipe vasculharam sua biografia e ouviram pessoas que conviveram com o religioso. O resultado, enviado ao Vaticano em dezembro, foi um dossiê de 197 páginas, com depoimentos de 54 pessoas.

Neste ano, a freira baiana Irmã Dulce teve a sua canonização anunciada pelo Vaticano e será a primeira mulher nascida no Brasil e a se tornar santa. A cerimônia será em outubro.

Dom Helder tornou-se bispo aos 43 anos, em 1952. No mesmo ano, conseguiu a aprovação do Vaticano para criar a Conferência Nacional do Bispos do Brasil, a CNBB.

A partir de então passou a se dedicar a causas como a Cruzada São Sebastião, que resultou em conjuntos habitacionais para moradores de favelas, e o Banco da Providência, para atender aos sem renda. Participou ativamente das quatro sessões do Concílio Ecumênico Vaticano 2º, nos anos 1960, e foi um dos proponentes do Pacto das Catacumbas, em que 42 sacerdotes de todo o mundo se comprometeram a assumir atitudes com o objetivo de reduzir a pobreza global.

O documento é considerado o embrião da Teologia da Libertação, corrente cristã que determina assumir "a opção preferencial pelos pobres". Dom Helder tornou-se arcebispo de Olinda e Recife em 1964. Foi um período de forte envolvimento com causas sociais, e ele se tornou um contraponto à ditadura militar.

Incentivou e fortaleceu as comunidades eclesiais de base e foi alçado ao posto de resistência ao regime. Passou a ser visto como líder na defesa dos direitos humanos. Foi acusado de comunista, chamado de "arcebispo vermelho" e perseguido pelos militares, sobretudo depois do Ato Institucional nº 5.

Sua atuação leva a inferir que a eventual canonização, em um período como o atual, possa ser utilizada de forma política. Dom Helder foi um dos interlocutores da família de Fernando Santa Cruz, militante de esquerda desaparecido durante o período da ditadura e alvo de recente ataque do presidente Jair Bolsonaro.

Frei Jociel, no entanto, descarta o uso político. "Dom Helder foi um homem altamente coerente com a doutrina social da Igreja, um homem profundamente evangélico no sentido de que colocou em prática a opção preferencial pelos pobres e a busca da justiça e da paz", afirma. Em uma de suas frases famosas, dom Helder disse: "Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo; quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista".

"O discurso fajuto atual que diz que aquele que busca uma sociedade melhor é comunista é completamente anacrônico", diz frei Marcelo Toyansk Guimarães, da Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Frades Capuchinhos do Brasil.  Dom Helder nos ilumina como aquele que defende os direitos humanos, o direito à vida, o direito dos pobres em um momento difícil."

Para o religioso brasileiro Reginaldo Roberto Luiz, padre que trabalha com processos de canonização no Vaticano, o envolvimento político de dom Helder deve exigir um maior detalhamento nos pareceres da canonização. "Trata-se de uma figura muito controversa da política. Isso precisará ser esclarecido durante o processo", diz. "[A canonização] vai demorar porque certamente será um processo muito detalhado para explicar e esclarecer, minuciosamente, a sua biografia."

À reportagem da Folha de S.Paulo ele comparou o caso com o do arcebispo de San Salvador (El Salvador) Óscar Romero (1917-1980), canonizado em 2018. Há semelhanças: Romero também lutou contra a ditadura em seu país e era adepto da Teologia da Libertação. "Mas ele foi mártir -o que é uma 'vantagem' em processos de canonização", ressalta Roberto Luiz. Romero foi assassinado por um atirador de elite do exército salvadorenho enquanto celebrava uma missa.

Dom Helder realizou diversas viagens ao exterior para denunciar os abusos da ditadura brasileira. Isso lhe rendeu títulos honoris causa de universidades de 32 universidades estrangeiras. Também foi indicado quatro vezes ao Nobel da Paz. Em 2017, foi declarado Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos, em lei federal. 

"Dom Helder dedicou toda a sua vida à defesa da vida e da dignidade dos mais pobres. Convocou toda a sociedade para uma ação não violenta em favor da justiça e da paz", diz Marcelo Barros, 74, monge beneditino e biógrafo de dom Helder Câmara.

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INSS COMEÇA A PAGAR NESTA SEGUNDA (26) A PRIMEIRA PARCELA DO 13º DOS APOSENTADOS

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começa a pagar nesta segunda-feira (26) a primeira parcela do 13º salários dos aposentados e pensionistas. A data de pagamento varia de acordo com o número final do benefício. O dinheiro será depositado junto com a folha mensal de agosto.

A antecipação vai beneficiar aqueles que, durante o ano, tenham recebido auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, auxílio-reclusão ou pensão por morte e demais benefícios administrados pelo INSS que também façam jus ao abono anual. A parcela dos 50% restantes será paga no fim do ano.

“É o cronograma normal de pagamento. Você recebe sua aposentadoria, ou sua pensão, acrescido dos 50% [do décimo terceiro]", disse o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, ao anunciar a medida no último dia 5 de agosto, em entrevista à imprensa.

Segundo Marinho, o presidente Jair Bolsonaro, ao assinar a Medida Provisória (MP) 891/2019, transformou a antecipação dos pagamentos em regra. Anteriormente, a gratificação em agosto era determinada com assinatura de decreto presidencial a cada ano.

Fonte: Agencia Brasil
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NA HORA DO ANGELUS PAPA FRANCISCO SE DIZ PREOCUPADO COM A AMAZÔNIA: PULMÃO VITAL DO PLANETA

O papa Francisco disse, neste domingo (25), estar "preocupado" com os incêndios que devastam a floresta amazônica, "este pulmão vital para o nosso planeta".

"Estamos preocupados com os grandes incêndios que se desenvolveram na Amazônia. Esse pulmão florestal é vital para o nosso planeta", afirmou o pontífice argentino durante a tradicional oração do Angelus, diante de uma multidão de fiéis reunidos na Praça São Pedro.

O papa sul-americano, que realizará uma grande conferência mundial sobre a Amazônia, convidou os 1,3 bilhão de católicos de todo o mundo a "rezar para que, graças ao empenho de todos, esses incêndios sejam extintos o mais rápido possível".

Francisco, eleito em março de 2013, se reuniu em maio com o líder indígena Raoni, que viajou à Europa para advertir sobre o desmatamento da Amazônia. O líder da etnia Kayapó também procurava levantar um milhão de euros para proteger a reserva do Xingu, no Brasil.

Em sua encíclica "Laudato si" (maio de 2015), um texto com tom muito social sobre a ecologia, o papa denunciou a exploração da floresta amazônica por "enormes interesses econômicos internacionais".

Em janeiro de 2018, o pontífice argentino de 82 anos visitou Puerto Maldonado, um vilarejo no sudeste do Peru cercado pela floresta amazônica, para onde milhares de indígenas peruanos, brasileiros e bolivianos haviam convergido.

Na ocasião, ele criticou "a forte pressão de grandes interesses econômicos que cobiçam o petróleo, o gás, a madeira, o ouro, as monoculturas agroindustriais". Para o papa, esta primeira viagem à Amazônia foi o pontapé para os preparativos da Assembleia Mundial dos Bispos (sínodo) em outubro próximo, dedicada a essa floresta que ocupa 43% do território da América do Sul e onde vivem quase três milhões de indígenas.

A Igreja Católica tem consciência da sangrenta história da evangelização da América Latina no século XVI e reconhece que nem sempre tratou com respeito os povos da Amazônia. Mas agora está envolvida em muitos projetos para ajudar os povos amazônicos a preservar seus costumes e sua identidade.

Antes da oração do Angelus, o cardeal Jorge Bergoglio também instou os fiéis a "lutar contra todas as formas de injustiça" e "levar uma vida humilde e boa, uma vida de fé que se traduz em ação concreta".

Para entrar no "Paraíso, não haverá numerus clausus", mas "não será uma bela rodovia também, com, basicamente, um grande portal" de entrada, disse, sobre o Evangelho do dia que evoca "a porta estreita" para o Paraíso.

Para Francisco, é "uma porta estreita" no sentido de que "é (um percurso) exigente, que requer esforço, isto é, vontade determinada e perseverante de viver segundo o Evangelho".
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VAQUEIRO MEU IRMÃO VAQUEIRO EM TEMPOS DE MODERNIDADE

Estudo realizado pela Fundação Joaquim Nabuco verificou que o uso da tecnologia facilita o trabalho dos vaqueiros e contribui para a convivência com as mudanças climáticas e sociais.

Por todo o Nordeste, os vaqueiros estão fazendo uso da tecnologia. Assim a cada dia está nascendo mais "vaqueiros motoqueiros" ou motoqueiros vaqueiros, aumenta a motorização rural, usado como mecanismo facilitador do trabalho.

Exemplo são as trocas de patas pelas rodas. O progresso levou para o interior a tecnologia. As motos passaram a fazer as tarefas dos jumentos e cavalos. E o resultado dessa mudança de vida está na beira das estradas. Animais abandonados, sem destino.

Para o antropólogo baiano Roberto Albergaria, o motivo para o abandono do jegue, por exemplo, é mais simbólico que econômico. 'O fim do jumento é o fim do mundo agrário tradicional, com seu ritmo lento. Agora é o ritmo da moto, da cidade".

Os tempos são outros. Existe algumas localidades que é possível encontrar vaqueiro trabalhando com tecnologia de ponta, benefício é motivação. No vai e vem acelerado dos vaqueiros, o dia parece pequeno. Assim é a rotina de quem vive na fazenda. E a imensidão de terra não pode mais ser chamada de lugar isolado. A roça não parou no tempo.

Novas palavras que pareciam distantes do mundo rural, exemplo usb, bluetooth, computador agora fazem parte do contidiano rural.



Nova realidade dos vaqueiros contrasta com as antigas histórias. Se precisar de uma corridinha até o curral, o cavalo continua sendo o principal meio de transporte. Mas não estranhe se aparecer um vaqueiro motorizado e se precisar chama o veterinário pelo número do celular e até pelo watSap.

Ser Vaqueiro é uma profissão sofrida, muitos afirmam, mas que se mantém há  quatro séculos, sempre se renovando pelo sangue. A devoção está presente no dia a dia dos vaqueiros que desbravam o sertão. Outro elemento alinhado é a fé. Acostumados a receber, como contrapartida pelo trabalho, um lugar para morar e um espaço para plantar, os vaqueiros desde 2013 estão, aos poucos, habituando-se aos novos direitos estabelecidos pela lei que regulamentou e reconheceu a profissão.

De acordo com a lei, vaqueiro é o empregado “apto a realizar práticas relacionadas ao trato, ao manejo e à condução de espécies animais”. Entre elas, bois, búfalos, cavalos, mulas, cabras e  ovelhas. 

O texto define também as atividades dos profissionais: fazer  ordenha de vacas, alimentar os bichos, preparar e treinar animais para eventos culturais e socioesportivos e auxiliar nos cuidados necessários à reprodução das espécies.

“A grande maioria dos vaqueiros não possui carteira assinada, muitos trabalham por diária, alguns em troca de um lugar para morar e um pedaço de terra para plantar. A realidade no campo é muito diferente. A regulamentação,infelizmente não é cumprida e as relações arcaicas de trabalho não foram superadas. Os patrôes continuam sem assinar a carteira".

Aclamado por Euclides da Cunha, no clássico Os Sertões, o vaqueiro é, na sua forma forte de encarar as mazelas do sertão, os longos períodos de seca que culminam com as intensas movimentações de gado pelas regiões mais inóspitas da caatinga e do cerrado nordestino, a representação de um povo lutador, que vive pela superação das dificuldades que o clima e o solo oferecem.

Aclamado pelos sertanejos, portanto, símbolo da garra, destemor, força e fé, de um povo, que tem nos seus aboios, a voz das alegrias e dores da lida com o gado e as preces de quem vive no campo.

O vaqueiro, o gado e o aboio são elementos socioculturais balizantes para entendermos o projeto de conquista colonial nas terras do Norte do Brasil realizado pelo Estado Imperial Português a partir do século XVII e influente na contemporaneidade.


O vaqueiro é a figura central de uma fazenda. Seu trabalho é árduo e contínuo. Passa grande parte do tempo montado a cavalo percorrendo a fazenda, fiscalizando as pastagens, as cercas e as aguadas (fonte, rio, lagoa ou qualquer manancial existente numa propriedade agrícola).


O vaqueiro está presente até os dias atuais em solenidades e festividades. Criado a partir da palavra em latim empregada ao gado, vacum, "vaqueiro", em geral, é o termo empregado para identificar os indivíduos que trabalham no manejo do gado. No Brasil, o surgimento dessa profissão se dá a partir da instalação das fazendas no Interior do Nordeste, no século XVII.


Ao longo dos anos, por herança, o vaqueiro se mantém, mas o trabalho vai mudando. Se antes costurava seu chapéu e gibão com couro de bode, no início do século XX estes acessórios são vendidos agora em "Casas de Couro". O aboio que acompanhava o gado tangido, dá lugar ao ronco da moto, que hoje cumpre o papel do cavalo. Se por um lado, as vaquejadas inspiram pelo dinheiro e fama.



"É uma profissão sofrida", muitos afirmam, mas que se mantém há quatro séculos, sempre se renovando pelo sangue. Todas estas gerações e todos os tipos de vaqueiros, do esportista ao afamado, do trabalhador ao aspirante, se encontram anualmente nas Missas do Vaqueiro, entre elas a tradicional Missa do Vaqueiro Serrita e de Petroli.

FÉ: Realizada anualmente, a Missa do Vaqueiro tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja dos colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de  Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou  “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Mas Gonzaga queria mais, e se juntou a João Câncio dos Santos – padre que ao ver a pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão – para fazer do caso de Jacó o mote para o ofício do vaqueiro e a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas – como chapéu de couro, chicotes e berrantes – ao altar de pedra rústica em formato de ferradura.

A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo.

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