"Árida": conheça a história do jogo videogame que narra a saga de uma menina no sertão da Bahia

O ato de jogar videogame está costumeiramente associado a diversão e ao entretenimento, sem grandes responsabilidades sociais.

Mas o que dizer de um jogo que mistura história do Brasil, diversidade racial e discussão de gênero? Essa é a proposta do jogo Árida, feito pela Aoca Game Lab, formada por jovens nascidos na Bahia e que vivem em Salvador.

A proposta da plataforma está situada na experiência de Cícera, uma adolescente de 15 anos que vive com o avô, um ex-vaqueiro, no sertão nordestino.

Dividido em 4 capítulos, o jogo mostra a saga da personagem durante o século XIX, pré Canudos, movimento histórico de resistência social liderado por Antônio Conselheiro, entre 1896 e 1897, no interior da Bahia.

As aventuras de Cícera, explica Filipe Pereira, desenvolvedor do jogo, acontecem em um ambiente de seca e fome, semelhantes ao mundo real. “A gente tem esse parâmetro da fome e da sede no jogo, que está ligado a realidade do sertão. À medida que você vai evoluindo na plataforma, conhecendo os personagens, fortalece-se a imagem de um lugar onde a seca não ousa bater, e esse lugar é Canudos. A narrativa do jogo se desenvolve a partir desse contexto da seca e a criação da utopia da cidade de Canudos”, explica.

Para além do jogo, Filipe Pereira afirma que a diversidade encontrada em Árida também é vista na equipe de trabalho.

O time, aliás, está situado no projeto Comunidades Virtuais, localizado na Universidade Federal da Bahia e com foco no desenvolvimento de jogos envolvendo educação. “Para fazer jogos diversos, eu preciso de uma equipe diversa. Para nós é importante ter um time com mulheres participando e uma maioria de negros”, explica.

Nascido em Salvador, assim como a maioria dos integrantes da equipe, Filipe afirma que foi ao sertão para conversar com a população da região para entender como é viver naquele ambiente.

Auxiliado por pesquisadores e estudiosos da história nacional, ele ressalta que estar no local onde o jogo seria retratado foi fundamental para dar mais veracidade aos cenários descritos em Árida.

“Ir lá foi uma experiência significativa e indispensável para poder desenhar melhor a experiência do jogo. Não só na perspectiva gráfica ou visual. Quando fomos lá, validamos e excluímos muitas coisas que estávamos fazendo. O principal de estar lá foi o contato humano com os moradores da região”, enaltece Filipe.

Previsto para ser lançado até março e exclusivamente para computador,  Árida tem o papel de quebrar paradigmais na indústria que desenvolve jogos de vídeogame, na avaliação de Filipe Pereira.

Além de sair do eixo Rio-São paulo, ele ressalta que a temática nordestina e sertaneja, com uma mulher no papel de protagonista, contrapõe personagens quase sempre brancos e homens. “Ao mesmo tempo que nós temos interesse de trabalhar com essa temática, nós olhamos para o nosso mercado e vemos que há essa carência. São vícios que a nossa indústria tem: personagens sempre brancos, masculinos. Essa carência temática pode se tornar, inclusive, uma oportunidade de mercado”, completa Filipe

A expectativa da Aoca Game Lab é disponibilizar o jogo Árida para consoles famosos, como Playstation e Xbox, em um futuro próximo.

Brasil de Fato
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Escola em assentamento do MST produz embalagens sustentáveis a partir da banana

Em Arataca, no sul da Bahia, nasceu um projeto pioneiro que faz embalagens sustentáveis a partir da banana, fruta comum na região. O projeto é aplicada pelos alunos do Centro Estadual de Educação Profissional da Floresta do Cacau e do Chocolate Milton Santos, localizado no assentamento Terra Vista, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

No local, a banana verde se transforme em uma película que depois pode ser moldada como uma embalagem, canudo ou copo descartável. A ideia veio do professor de biologia Robson de Almeida da Silva que ministra aulas para o curso técnico em meio ambiente. 

“As embalagens produzidas a partir da biomassa de banana verde tem levam, aproximadamente, 15 a 20 dias no processo de decomposição, desde que entre em contato com um ambiente biologicamente ativo, com umidade e exposto a microrganismo. Já as embalagens produzidas a partir do petróleo demoram muito tempo para se decompor, em torno de 100 a 300 anos", explica o professor.

Robson da Silva conta que no local há muitas bananeiras, porque a sombra da planta é necessária para o crescimento do cacau, o principal produto da região. O professor de biologia explica que a banana precisa estar bem verde, quando tem alta concentração de amido, para ser transformada em película. 

“O processo passa pela escolha da banana, cozimento da banana, trituração da banana e produção das películas. A partir das películas que desenvolvemos a embalagem. Geralmente, o processo leva uma manhã inteira", diz.

No assentamento Terra Vista moram 55 famílias que sobrevivem da produção agroecológica, especialmente do cacau. O objetivo é que a película da biomassa de banana verde possa embalar os chocolates que são produzidos no assentamento. 

O projeto de embalagens sustentáveis feitas com banana verde ficou entre os cinco melhores da região nordeste e os 25 melhores do Brasil no prêmio “Respostas para o amanhã”, uma iniciativa voltada para projetos de escolas públicas de todo o país.

Brasil de Fato
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Forró do Poeirão expressa a diversidade cultural do Araripe

No último sábado (26), aconteceu a quinta edição do Forró do Poeirão, no Restaurante Chico Guilherme, Ouricuri/PE, que este ano homenageou o grande cantor e compositor Sivuca.  No palco do Poeirão, passaram mais de 20 forrozeiros,com um público animado e cheio de energia, estima-se que cerca de 700 pessoas participaram.

Com tema feira de Mangaio, o poeirão inovou com uma feira de artesanatos e agroecológica, onde artesãos e artesãs do município comercializaram seus produtos e agricultores e agricultoras levaram produtos agroecológicos para vender e reafirmar a grandeza da agricultura familiar, pois cultura e agricultura familiar são imprescindíveis para que haja vida digna no Semiárido. As danças e comidas típicas também fizeram parte do cenário cultural. 

O idealizador do Forró do Poeirão, o cantor e compositor Tacyo Carvalho, ouricuriense, que ainda muito jovem foi morar com a família Gonzaga no Rio de Janeiro, onde teve a oportunidade no convívio com o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, de aprender muito sobre forró e conhecer grandes artistas, se tornou radialista, cantor e compositor. Ficou conhecido como o garotão de Ouricuri, apelido que Luiz Gonzaga lhe deu. Hoje o forrozeiro segue com o forró gonzagueano defendendo a cultural popular nordestina, é integrante da Associação Brasileira de Forrozeiros do Brasil Luiz Gonzaga e está em eventos de resistência e luta da cultura.  

“O Forró do Poeirão surgiu como uma forma de nós que defendemos a cultura nordestina nos encontrarmos de ficar juntos e sermos mais fortes. Com o passar dos anos foi se tornando maior e hoje é esse evento grandioso que conta com o apoio de tanta gente boa”, diz Tacyo Carvalho.

A cada ano o evento se fortalece e assume o papel mais fortemente de mostrar o quanto o forró de Gonzaga é pulsante na vida dos povos do Semiárido. “Essa é a maior prova que o forró autentico está vivo e que não precisa se apequenar, mendigar. Somos grandiosos”, disse Elmo Oliveira, durante a apresentação.

O Forró do Poeirão reúne forrozeiros com mais experiência, alguns que tocaram com Luiz Gonzaga, Domingos e outros grandes mestres da sanfona, como Vital Barbosa, De jesus e Epitácio Pessoa, e jovens que contribuem e garantem a sucessão cultural  como Leninho  de Bodocó, Elmo Oliveira, Fábio Carneirinho e tantos outros que tem servido de inspiração para as próximas gerações que também tem espaço no Poeirão, como é o caso de Raul Sanfoneiro de apenas 12 anos. 

A sexta edição do Forró do Poeirão acontecerá em 2020 e já tem homenageado escolhido, dessa vez será o grande poeta Patativa do Assaré.

Fonte: Kátia Rejane-Caatinga
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Movimentos Sociais farão ato em protesto contra crime ambiental praticado pela Vale

Os movimentos populares, organizações, partidos e pessoas interessadas em se solidarizar com as vítimas do crime da Vale, em Brumadinho (MG), se reuniram em plenária convocada pela Frente Brasil Popular Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Uma das propostas do encontro foi realizar uma série de ações diretas para denunciar a responsabilidade da empresa em relação ao rompimento da barragem. A primeira, será um ato na porta da Vale, em Belo Horizonte. A concentração está agendada para 17h da quinta-feira (31), na Rua Paraíba, 1322, sede da empresa em Belo Horizonte.

Além de organizar as pessoas interessadas em se solidarizar em frentes – comunicação, saúde, transporte, agitação e propaganda, pesquisa e outras – a plenária sugeriu ainda que o dia 25 de fevereiro seja um dia de grande ato nacional. Outras datas – como o 8 e 14 de março – também serão marcadas por denúncias em relação ao crime da mineradora.

De acordo com Joceli Andreoli, da coordenação nacional do MAB, outras informações sobre a situação da região ainda estão sendo escondidas pela empresa. “Quanto custa uma vida? Para a Vale, nada”, disse. Segundo ele, o caso da mineradora mostra que “a prepotência do lucro predomina em Minas Gerais”.

Andrade também denunciou a influência da Vale na Justiça Federal, onde tramitam processos relativos ao rompimento de outra barragem de propriedade da mineradora, a de Fundão em Mariana, na região central do estado, ocorrido há três anos. Na ocasião foram 19 mortos e um aborto forçado.

“No trâmite do processo, o juiz se comportou como o advogado da Vale”, criticou o coordenador nacional do MAB.

A privatização da Vale pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1997, foi lembrada no evento por outros movimentos sociais.

Ainda no encontro, deputados federais presentes, como o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) e o petista Rogério Correia (MG), sinalizaram a criação no Congresso Nacional de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a atuação das mineradoras em âmbito nacional.

Já no âmbito estadual, parlamentares se movimentam para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as empresas de mineração em Minas. 

“Vamos construir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar, apurar e fiscalizar a atuação das mineradoras em nosso estado. Ela é constituída a requerimento assinado por 26 deputados e deputadas estaduais. É o que precisamos”, reforça a deputada estadual eleita Beatriz Cerqueira.

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Campina Grande: Bloco da Saudade fará homenagem a Jackson do Pandeiro

Campina Grande, Paraíba, começa a respirar o clima das festas do Momo, exemplo disso é o tradicional Bloco da Saudade, que neste ano homenageará os 100 anos de Rei Ritmo , o célebre Jackson do Pandeiro.

A programação terá início dia 11 de fevereiro, com o lançamento do Bloco que celebra 28 anos, resgatando os tradicionais blocos de rua de Campina Grande.

A partir das 18h será apresentado o documentário ” Jackson do Pandeiro”, que em a direção do cineasta e jornalista Rômulo Azevedo, seguindo-se de uma rodada musical com Bilu de Campina. O evento ocorrerá na Casa Memorial Severino Cabral, localizada na Rua Getúlio Vargas.

Dia 15 / 02 será a vez do Festival de Inverno de Campina Grande, apresentar o Bloco ” POROROCA DOS AMORES “, com direção de Gal Caiaffo. A programação terá inicio as 20h com a Serenata dos Artístas, sendo conduzida por integrantes do Bloco da Saudade, num dos pontos históricos de Campina, o ” Beco da Pororoca ”

Dia 16/ 02 – Dia oficial da Saída do Bloco da Saudade, a partir das 16h terá o ” Beba do Samba”, músicos e instrumentistas que animarão os foliões da Saudade, com canções dos grandes interpretes da Música Popular Brasileira.

As 18h iniciará “O BAILE DA GABRIELA”, com Sandra Belê e banda, saudando os presentes com um vasto repertório alusivo ao Rei do Ritmo.

As 20h iniciará o ‘Passeio Lírico da Saudade” acompanhado por orquestras, tocando no chão batido e com a Ala de frente, composta pelos Grupos Populares de Campina Grande e região. 

O passeio sairá de frente a Casa Memorial Severino Cabral e seguirá pelas principais ruas da cidade, concluindo o trajeto no Beco 31, rua histórica do Carnaval Campinense, de onde pela primeira vez o Bloco da Saudade saiu no ano 1991.
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Pássaro Corrupião, "sofreu", considerada uma das aves mais bonitas do Brasil

Se na natureza existisse concurso de beleza, o corrupião seria forte candidato. Também conhecido por joão-pinto e sofrê, a espécie é considerada uma das aves mais bonitas do País.

O título se deve à plumagem laranja do peito, pescoço, ventre e crisso que contrasta com o preto pigmentado do capuz, dorso, asas e cauda.

Como se não bastassem as cores intensas bem distribuídas em 26 centímetros de comprimento, a ave de olhos claros também conquista pelo canto: é considerada “dona” de uma das vocalizações mais melodiosas do continente.

Endêmico do Brasil, o corrupião ocorre nos estados do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do País, além do leste do Pará, Goiás e Tocantins.

Comum em áreas de Caatinga e zonas secas abertas, também habita bordas de florestas e clareiras, onde vive aos pares.

No cardápio da espécie onívora estão frutos, sementes, insetos, aranhas e pequenos invertebrados. Entre as flores, ipê-amarelo e mulungu são o “prato principal”.

Assim como outras aves da família, o corrupião coloca o bico em um fruta, madeira ou folhas enroladas, abre a mandíbula e, assim, pega o alimento escondido. A técnica é conhecida como “espaçar”.

Foto: Admilson Gomes/VC no TG
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Se for detectado metal pesado nos melões ou nas mangas produzidas no Vale do São Francisco, as exportações para a Europa serão afetadas, diz especialista

Os efeitos do desastre ocorrido em Brumadinho, Minas Gerais, poderão ser sentidos pela população pernambucana. 

É o que temem pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que estão realizando um estudo emergencial a partir de imagens de satélites para descobrir o alcance de uma provável contaminação da bacia do Rio São Francisco.

O responsável pelo estudo e pós-doutor em risco de desastres pela Universidade de Buenos Aires (Argentina), Neison Freire, está avaliando os volumes em quilômetros quadrados e a velocidade de movimentação da lama. 

“Teremos a extensão da área de contaminação até determinada data. Saberemos se haverá possibilidade de atingir a bacia do São Francisco. Se houver contaminação lá, com certeza sentiremos aqui. Fatalmente o rio será contaminado. Procuramos agora o nível de contaminação. Mais cedo ou mais tarde isso chegará à foz, em Piaçabuçu, Alagoas”, explicou o pesquisador.

A bacia está ligada a mais de 500 municípios 18 milhões de pessoas. Em Pernambuco, Neison demonstra preocupação especialmente com a produção frutiovinocultura de Petrolina.

“Os elementos dessa vez são mais pesados que os da barragem de Mariana, rompida em 2015. Por isso temos mais energia cinética (que dá velocidade à lama) e mais poder de destruição”, avalia.

Ele lembra que a produção das cidades próximas ao rio São Francisco são abastecidas por ele. “Se for detectado metal pesado nos melões ou nas mangas produzidas em Petrolina, sem dúvida as exportações para a Europa serão afetadas. O problema vai do pescador, do pequeno produtor, até o grande latifundiário. Falamos de um rio que já é muito sofrido. Pela contaminação por esgoto, desmatamento, assoreamento.”

O sacrifício de uma usina hidrelétrica, a de Retiro Baixo, será necessária, segundo Neison, para conter a lama. O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, espera que os dejetos cheguem até Retiro Baixo entre 2 e 7 de fevereiro e já desligou suas turbinas. Mas, para o Governo Federal, a perspectiva de a lama chegar à bacia do Rio São Francisco é “baixa”.

O problema, contudo, não é a lama em si, mas os elementos químicos que se misturam na água, segundo o doutor em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo Clemente Coelho. 

“Não veremos a parte física, aquela lama, mas sentiremos a partir do material diluído na água. E, mesmo se toda a lama fosse contida agora, esse material chegaria até o litoral através da cadeia de fauna e flora do rio São Francisco.

Sentiremos de uma forma invisível. Isso acontece aos poucos, de médio a longo prazo.”
O diretor-presidente do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste, Cepan, Severino Ribeiro, trabalhou na recuperação da bacia do Rio Doce, após o desastre da barragem de Mariana. 

Ele reforça a impossibilidade atual de saber se o minério fino chegará à bacia, mas concorda que ele pode adentrar no rio muitos quilômetros.

“Uma série de variáveis, como o movimento do leito e a quantidade de metal pesado, definirá se sentiremos a contaminação aqui. Mas é preciso urgentemente evitar que a lama chegue às áreas de nascentes. O rio Paraopebas, já atingido, nunca mais será como antes, mesmo com muito trabalho.”

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