BRASIL CELEBRA 36 ANOS DE SAUDADES DE LUIZ GONZAGA

 O Brasil celebra no sábado, 02 de agosto, os trinta e seis anos de "saudades" do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Para valorizar a memória do filho mais ilustre, será realizada no domingo (03), a MISSA DA SAUDADE, a partir das 11hs, Em Exu, Pernambuco, no Parque Aza Branca. (Asa com Z na grafia usada por Luiz Gonzaga).

O ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Roberto Pereira, avalia que o nome de Luiz Gonzaga é daqueles que, quanto mais se afasta no tempo, mais se vai da lei da morte se libertando.

De acordo com Roberto Pereira, a vida e obra de Luiz Gonzaga deixaram o legado da nordestinidade, colimando-se com os maiores da música brasileira, cantando o forró e o baião.

“Da economia criativa quando se interligou ao artesanato de couro no chapéu, no gibão, nas alpercatas. Da gastronomia em seu repertório, ênfase para a Feira de Caruaru e Ovo de Codorna, dentre outras composições suas e de parceiros, a exemplo de Zé Dantas e Humberto Teixeira. Os seus ritmos ainda – e sempre! – animam a musicalidade nordestina e brasileira”, finalizou Roberto Pereira.

Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de agosto de 1989

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PROCISSÃO DAS SANFONAS REÚNE GONZAGUEANOS DE TODO O BRASIL EM TERESINA

Texto William Souza. Foi em 2009 que nasceu a Procissão das Sanfonas em Teresina. Um gesto sonoro, coletivo, para manter viva a memória de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. E agora, mais uma vez, aquilo que já virou tradição se repete: a 17ª edição da Procissão das Sanfonas vai acontecer nesta sexta-feira, 1º de agosto, convocando músicos, devotos e forrozeiros para celebrar o mestre no compasso do fole e da caminhada.

Tudo começou com uma conversa entre amigos. O professor Wilson Seraine, talvez um dos maiores especialistas em Gonzagão do Piauí e do Nordeste, e Reginaldo Silva, que por doze anos foi companheiro de estrada de Gonzaga — motorista, produtor, confidente. Entre um café e uma lembrança, nasceu a ideia: não era só um missa, não era lamento, mas era uma festa. Porque Gonzaga era, e continua sendo, sinônimo de festa.

No primeiro ano, ainda era o começo de um sonho. Os sanfoneiros subiram num caminhão e cruzaram as ruas do centro, tocando para poucos olhos, quase em silêncio de público, mas com o coração vibrando. Pararam na Praça Landri Sales – a praça do Liceu, onde a orquestra sinfônica João Cláudio se uniu ao fole e ao forró. Foi bonito, mas não bastava. Era preciso pisar o chão.

E assim, no ano seguinte, os músicos desceram. Pé no asfalto, fole nos braços, caminharam da Catedral de Nossa Senhora das Dores até o Teatro de Arena. Aos poucos, a caminhada virava ritual, e o ritual ganhava forma. Vieram os primeiros vinte sanfoneiros, a caminhada sem patrocínio, sem palco, só vontade. Até que, no sexto ou sétimo ano, a diretora do Museu do Piauí pediu: que parassem ali, diante do casarão que guarda a memória do estado. E foi o que fizeram. Daí em diante, a procissão ganhou rumo e destino.

Vieram as camisetas com estampas do velho Lua. Vieram homenagens aos que o acompanharam em vida. Vieram crianças e velhinhos, e com eles o pau de arara, como naqueles tempos de estrada sertaneja. Veio a água distribuída no caminho, a ambulância no fim da fila, o trio elétrico modesto, o apoio do comércio local e o cuidado de quem faz com o coração. Vieram os bonecos gigantes, feitos à mão, como num cortejo carnavalesco que dançasse forró em vez de samba.

E assim, ano após ano, a procissão cresceu. Cruzou bairros, fronteiras e estados. Vieram músicos de Fortaleza, Aquiraz, Maracanaú. Gente do Pará, do Tocantins. De todo canto onde a sanfona ainda suspira.

Hoje, a Procissão das Sanfonas é mais que uma homenagem: é um gesto de resistência, de celebração, de poesia viva em forma de música. Mesmo sem apoio oficial, ela segue. Mesmo com cortes de verba, ela se reinventa. Porque Luiz Gonzaga é mais que saudade — é tamborim do sertão, é festa que não se cala.

E como todo ano tem um homenageado, este ano o evento marca a celebração dos 80 anos do nascimento de Gonzaguinha, filho de Luiz Gonzaga. A concentração começa às 15 horas com benção dos sanfoneiros, na Igreja Catedral Nossa Senhora das Dores, feita pelo padre Antônio Cruz e depois se inicia o percurso.

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CURAÇÁ: ARARINHA AZUL CORRE RISCO DE NOVA EXTINÇAO APÓS SURTO DE VÍRUS

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgou uma nota na noite da segunda-feira (28/07) informando que há um surto de circovírus em ararinhas-azuis reintroduzidas na natureza. Atualmente existem onze aves em vida livre, que foram soltas em 2022 no Refúgio de Vida Silvestre situado no município de Curaçá, na Bahia, onde acontece o programa de reintrodução da espécie, conduzido pela Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), criadouro particular com sede na Alemanha.

O circovírus é o patógeno causador da chamada Doença do Bico e das Penas dos Psitacídeos (PBFD), que não tem tratamento. Considerada altamente contagiosa e podendo ser letal, ela provoca perda de penas (que pode ser permanente, comprometendo voo e capacidade de manter temperatura), deformidades no bico e imunossupressão severa. A transmissão do vírus se dá através da exposição a penas infectadas e o contato com superfícies contaminadas, como poleiros, comedouros e bebedouros. Em geral a recomendação é a eutanásia do animal infectado.

Segundo o comunicado do ICMBio, medidas emergenciais já foram tomadas, em conjunto com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Entre as ações estão reforço nas medidas de biossegurança; triagem dos animais do criadouro, com isolamento, em áreas internas, dos animais com resultado positivo para circovírus até que seja concluída a bateria de testes e descontaminação dos recintos do criadouro e dos comedouros e ninhos utilizados pela população de vida livre. 

“Devido a essa ocorrência, a soltura de um novo grupo de ararinhas-azuis, prevista para este mês, foi temporariamente suspensa. Além disso, o ICMBio, enquanto autoridade que autoriza o manejo in situ dos animais e órgão gestor da APA da Ararinha Azul e do Revis da Ararinha Azul, determinou o recolhimento das ararinhas-azuis de natureza, para que sejam submetidas a bateria de testes, resguardando assim a sanidade da população. O projeto será retomado assim que a situação sanitária estiver controlada”, finaliza a nota.

Em maio de 2023, o ICMBio anunciou que o Brasil não iria renovar o acordo com a ACTP, que durante cinco anos foi parceira do governo no programa de reprodução e reintrodução da ararinha-azul em Curaçá.

Além de várias denúncias e polêmicas internacionais sobre a idoneidade do proprietário da associação, que tem sede na Alemanha, o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente foram pegos de surpresa ao serem alertados sobre o envio pelo criador de 30 araras brasileiras – 24 ararinhas-azuis e quatro araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari), também endêmica e ameaçada de extinção -, para um zoológico da Índia, sem conhecimento ou autorização do governo brasileiro (leia mais aqui).

Na época da rescisão da parceria, entretanto, o ICMBIO afirmou que a ACTP seguiria atuando no centro da Bahia e “as aves e as instalações de Curaçá continuarão sob responsabilidade da associação. E por parte do ICMBio não há nenhum impedimento de que continue com a reintrodução da espécie na natureza.”

Espécie endêmica do Brasil, ou seja, ela só existe em vida livre em nosso país e em nenhum outro lugar do mundo, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) foi vítima do tráfico ilegal de aves e a cobiça de grandes colecionadores europeus. Fascinados pelo sua beleza e azul vibrante, eles não economizaram esforços (e muito dinheiro) para poder ter um exemplar da famosa arara brasileira.

Com isso, a ararinha-azul acabou sendo declarada oficialmente extinta no país nos anos 2000.

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DANIELA COELHO ANDRADE: SORRIR É TAMBÉM UMA FORMA DE DIZER ADEUS

 


Sorrir em um velório não é desrespeito. É, muitas vezes, o reflexo do amor que permanece — da memória viva, da gratidão, da conexão que segue mesmo diante da m0rte.

No velório de Preta Gil, alguns amigos choravam, outros sorriam.

Alguns sussurravam palavras de carinho. Outros apenas silenciavam, em reverência.

Tudo isso é expressão legítima do vínculo vivido. Isso é honrar a existência dela.

Quem critica essas expressões, ainda não compreendeu os processos do luto. Está precisando ler História da M0rte no Ocidente, O homem diante da m0rte de Philippe Ariès.

E mais do que isso: talvez esteja agindo com desrespeito e desumanidade.

Luto não é espetáculo. Luto é humano.

É preciso estudar, acolher e respeitar a diversidade de reações — inclusive aquelas que não se encaixam nas expectativas sociais de dor.

Nem todo luto começa com a partida.

Às vezes, ele se inicia muito antes — no diagnóstico, na dor da incerteza, na lenta despedida de uma rotina, de uma expectativa, de uma vida como se conhecia.

O luto antecipatório, como nos ensina a Tanatologia e a experiência da Preta Gil e sua família, amigos e fãs, é o processo que algumas pessoas vivem quando já sentem, no presente, a dor da ausência que ainda está por vir.

É um movimento legítimo, muitas vezes silencioso, marcado por amor, cuidado e profunda entrega.

Quando a cura já não é possível, outras formas de presença se tornam prioridade: afeto, escuta, conexão.

Quem viveu intensamente esse tempo, por vezes atravessa a morte com uma serenidade que confunde quem observa de fora. Especialmente quando a pessoa que morreu pediu que fosse assim, que em seu velório houvesse música que fosse compatível com a vida por ela vivida.

Portanto, o luto não tem forma única. Não tem prazo. Não tem roteiro.

Cada pessoa sente, expressa e elabora à sua maneira — e isso precisa ser respeitado.

Julgar o luto alheio é não entender o que é amar de verdade.

Luto não é performance. É vínculo que persiste.

Como disse Gilberto Gil: "A ida dela contribuiu para sermos mais afetivos"

Texto psicóloga Daniela Coelho Andrade-Especialista em Logoterapia e Análise Existencial


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OURICURI: CICLO DE OFICINAS DE SABERES MUSICAIS CULTURA POPULAR DO SERTÃO DO ARARIPE

O Campus Ouricuri do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) está com inscrições abertas para o projeto "Ciclo de Oficinas de Saberes Musicais: Cultura Popular do Sertão do Araripe". A proposta oferecerá aulas gratuitas de pífano e oficinas de construção do instrumento, com o objetivo de valorizar a cultura local e promover o ensino da música tradicional da região.

As inscrições já foram iniciadas e podem ser realizadas até o dia 5 de agosto de 2025, tanto presencialmente no Campus Ouricuri quanto online, por meio de formulário eletrônico (https://forms.gle/j6ZbqU9J983tXBDa6). Podem participar estudantes matriculados em escolas públicas municipais e estaduais de Ouricuri, além de discentes do Campus Ouricuri do IFSertãoPE, com idade entre 13 e 21 anos.

Serão oferecidas 35 vagas no total, sendo 5 reservadas exclusivamente para alunos do IFSertãoPE e as outras 30, para estudantes da rede pública municipal e estadual. A seleção dará prioridade a candidatos com renda familiar per capita de até 1 salário-mínimo. Os interessados devem apresentar documentos como cópia de RG ou certidão de nascimento, CPF, comprovante de residência, declaração escolar e comprovação de renda, conforme especificado nos anexos do edital nº 13/2025.

As aulas presenciais terão início no dia 22 de agosto, sendo realizadas às sextas-feiras, nos turnos da manhã e tarde, no Campus Ouricuri. O curso terá duração de 4 meses, com carga horária total de 32 horas. Aos estudantes matriculados será fornecida ajuda de custo de 4 (quatro) parcelas no valor de R$200,00 (duzentos reais) cada, condicionada à frequência mínima de 75% das atividades.

O resultado final do processo seletivo será divulgado no dia 18 de agosto, no site do IFSertãoPE. Para outras informações ou esclarecimento de dúvidas, os interessados podem entrar em contato pelos e-mails: mayra.carmeli@ifsertao-pe.edu.br ou judson.alves@ifsertao-pe.edu.br. O edital com todos os detalhes do projeto está disponível para consulta no site do IFSertãoPE.

 

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55 MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA

Foi realizada no último domingo (27) a 55 Missa do Vaqueiro de Serrita Pernambuco. O Grupo Amigos do Gonzagão participaram do evento que celebra um dos mais marcantes momentos de fé e valorização da cultura.

Compreender que a história vem se tecendo com a força da própria vida. E por isto, disse o cantador, escritor Virgilio Siqueira, daí não ser possível guardar na própria alma a transbordante força de uma causa. 

“Tengo lengotengo lengotengo lengotengo … O vaqueiro nordestino/morre sem deixar tostão/o seu nome é esquecido/ nas quebradas do Sertão ...Os versos ecoam pelo lugar, realçados pelo trote dos animais e o balançar natural dos chocalhos trazidos pelos vaqueiros. É música. É arte.

A música, a Morte do Vaqueiro, composta por Nelson Barbalho, ainda ecoa nos sertões brasileiros: Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

Cada arte emociona o ser humano e maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

A viagem mais uma vez é o destino Serrita, Pernambuco, sítio Lages, ali um primo de Luiz Gonzaga, Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Realizada anualmente sempre no mês de julho, a Missa do Vaqueiro de Serrita tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga, criada com os amigos Padre João Câncio e Pedro Bandeira, violeiro.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga, A morte do vaqueiro. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. 

Luiz Gonzaga queria mais. Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos, na época padre que ao ver a pobreza e as injustiças sociais cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão, para fazer do caso do vaqueiro Raimundo Jacó o mote para o ofício do trabalho e para a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Raimundo Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão dos vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a memória do vaqueiro, oferendas, como chapéu de couro, gibao, queijo, farinha e rapadura, ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. 

A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre. A Missa do Vaqueiro enche os olhos e coração de alegria e reflexões. O poeta cantador de viola, Pedro Bandeira, falecido em agosto de 2020, era conhecido como o príncipe dos poetas populares do Nordeste, morreu aos 82 anos e se fez  presente em todas as missas, nas últimas venceu o peso da idade e iluminava com uma mágica leveza rimas e versos nos improvisos da inteligência.

Pedro Bandeira é autor de centenas de músicas, entre elas a  “Graça Alcançada”, que veio a ser gravada por mais de 20 intérpretes e pode ser considerada o hino dos romeiros e das romarias em Juazeiro do Norte.  

Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas. Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado, composto por Janduhy Filizola é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção é o sentimento na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros:

“Quarta, quinta e sexta-feira sábado terceiro domingo de julho/Carro de boi e poeira cerca, aveloz, pedregulho Só quando o domingo passa É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos".

E aqui um assunto místico: quando o gado passa diante do mourão onde se matou uma rês, ou está esticado um couro, é comum o gado bater as patas dianteiras no chão e chorar o "sentimento pelo irmão morto". O boi derrama lágrimas e dá mugidos em tons graves e agudos, como só acontece nos sertões do Nordeste!

Assim eu escutei e aqui reproduzo...

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O HOMEM É BOM

 Artigo: o homem é bom. "Não vou deixar de olhar para este mundo cão e dizer em alto berro: o homem e a mulher são boas e adoráveis criaturas" Confira texto de José Sarney.

Não é falta de assunto. O Brasil está vivendo uma tempestade de crises. E a humanidade está se agredindo com a demonstração de uma violência devastadora que nos fere a alma no testemunho do que acontece em Gaza, na Ucrânia, na Líbia e em outros conflitos menores, além do terrorismo desumano que espreita em qualquer lugar, fazendo vítimas no mundo inteiro.

Mas não é disso que vou tratar: é justamente do lado bom da humanidade, que está nos pequenos gestos, nos desinteressados afetos e carinhos puros dos namorados, dos casais e dos heróis que dão a vida pelos outros, nas missões de caridade espalhadas pelo mundo inteiro, salvando a vida de mães, pais, filhos e órfãos.

Escrevo com a alma cheia de reconhecimento da bondade humana, da pureza de alguns gestos que nos comovem e nos levam a meditar sobre o coração de homens e mulheres. 

Sou testemunho de alguns desses gestos que marcaram a minha vida. Certa vez, perto do Natal, fui visitar os enfermos de UTI levando uma palavra de conforto aos doentes. Sempre o fiz no anonimato. No Hospital Sarah de Brasília, parei ao lado do leito de uma menina que estava em seus últimos suspiros. Tinha me aproximado dela ao perceber seu estado. Tive um gesto de carinho com ela e perguntei-lhe o que desejava de presente de Natal. Ela me respondeu com dificuldade: "Meu pai tinha uma carroça em que trabalhava para dar de comer para minha mãe e meus irmãos. Caiu numa ribanceira, e o jumento morreu. Peço que dê um jumento para ele." 

Na época, publiquei na Folha de S.Paulo, na coluna que ali escrevia, uma crônica sobre este fato, e até hoje o rememoro com a certeza de como o ser humano é bom: um jumento para o pai foi o pedido que ela fez à beira da morte!

Pois recebi agora um presente muito diferente, mas que também mostra a bondade mais pura: um amigo meu de Sucupira do Norte, a mais simples das pessoas, trouxe, em meio ao drama que está passando, com seu pai internado no Hospital Aldenora Bello, um presente para mim: uma galinha, um pouco de mel de tiúba e cascas de jatobá, me dizendo que esse era um remédio para minha velhice ser prolongada. Que coisa admirável. Esse talvez seja o presente melhor que recebi nos últimos anos. O mel é ouro, o frango é prata, o jatobá, diamante. 

Cristo tem uma pregação sobre presentes quando conta da viúva pobre que depositou no cofre das esmolas duas moedas pequenas, de pouco valor. Os ricos depositavam grandes dádivas. Jesus diz a seus discípulos: "Esta viúva deu mais do que todos os outros." E acrescentou: "Ela doou aquilo que tem para viver, na sua pobreza".

Realmente, nem todos os presentes suntuosos demonstram generosidade. O mais conhecido deles é aquele que os gregos relatam em sua mitologia, pelo que até hoje se diz quando um presente é ruim: "Isso foi um presente de grego." O fato se refere ao cerco de Troia, que durava 10 anos. Então, os inimigos mandaram de presente um cavalo de madeira muito bonito e grande à cidade. À noite, depois que o cavalo passou pelo portão, de dentro saíram muitos soldados que abriram todas as portas da cidade e por elas entrou o Exército grego. Esses presentes são da maldade.

Mas há, sim, muitos presentes generosos que mostram que os homens são bons. A Princesa Isabel, aquela que libertou os nossos escravos e assinou a Lei Áurea, deu um grande presente, este de Rei, à Nossa Senhora Aparecida: uma coroa que está até hoje sobre Sua cabeça: uma bela coroa de ouro e brilhantes. Certamente, essa prova de fé e reverência não era caridade, mas homenagem e devoção. Era aquilo de que Cristo falou, de excesso em sua fortuna.

Mas o presente de uma atitude, de uma vontade, e não algo material, recebi do meu bisneto Antônio, que mora em Fortaleza. Ele tinha cinco anos quando esse fato aconteceu. Era seu aniversário, e sua mãe, minha adorável neta Ana Thereza, criatura bela de alma e também fisicamente bela, fez uma festinha para o filho e perguntou-lhe o que queria ganhar de presente naquele dia em que completaria seis anos, já sabendo ler e escrever. Antônio respondeu: "Mamãe, eu peço a Nossa Senhora para mandar baixar o preço das passagens aéreas para São Luís pra gente viajar pra lá e ver meu biso (bisavô)".

Fiquei derramado em felicidade quando minha neta logo telefonou contando seu pedido. É que ela, quando o filho pedia para ir a São Luís, onde hoje moramos, respondia sempre que o preço alto das passagens aéreas impedia muitas viagens para cá.

Eu, com esses gestos de bondade e pureza, não vou pedir para baixar o preço das passagens, mas vou tomar meu chá de jatobá e, na minha idade, não vou deixar de olhar para este mundo cão e dizer em alto berro: o homem e a mulher são boas e adoráveis criaturas!

JOSÉ SARNEY — ex-presidente da República, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras

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NEY VITAL SACODE O FORRÓ EM VALORIZARIZAÇÃO DA CULTURA GONZAGUEANA

Defesa do Meio Ambiente. Valorização da Cultura Brasileira. "Ney Vital sacode o forró com bom jornalismo’. Este é o tema do projeto idealizado pelo jornalista, técnico em agroecologia,  Ney Vital, colaborador da REDEGN e membro da Membro da Rede Brasileira de Jornalismo que iniciou no inicio de dezembro de 2024, o programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos, transmitido pela Rádio Educadora do Cariri-fm 102.1.

O programa agora é apresentados todos dos domingos das 10hs ao meio dia.

A Rádio Educadora do Cariri completou este ano 66 anos de fundação-Comunicando a Esperança. A proposta é série de reportagens sobre agroecologia e a valorização da cultura gonzagueana.

“Todos os domingos percorremos a região da Chapada do Araripe, Exu, Bodocó, Parnamirim, Nova Olinda, Santana do Cariri, Caririaçu, Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte do Padre Cícero, mostrando ao vivo a riqueza musical e do meio ambiente, que é do cariri e da região Nordeste. Vamos mostrar a exemplo de Valdi Geraldo, o Neguim do Forró, poetas e compositores parceiros de Luiz Gonzaga. O rádio valoriza força cultural a partir da sanfona de Luiz Gonzaga“, explica Ney Vital.

Nas Asas da Asa Branca segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. “É o roteiro usado para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga, seus amigos e seguidores”, diz Ney Vital.

O programa é um projeto que teve início em 1990, numa rádio localizada em Araruna, Paraíba (Estado-natal de Ney). “Em agosto de 1989 Luiz Gonzaga, o  Rei do Baião, fez a passagem, partiu para o sertão da eternidade e então, naquela oportunidade, o hoje professor doutor em Ciência da literatura, Aderaldo Luciano, fez o convite para participar de um programa de rádio. E até hoje continuo neste bom combate”.

Ney considera o programa “o encontro da família brasileira”. Ele não promove rituais regionalistas, a mesquinhez saudosista dos que não se encontram com a arte e cultura, a não ser na lembrança. Ao contrário, o programa evoluiu para a tecnologia digital e forma de espaço reservado à cultura mais brasileira, universal, autêntica, descortinando um mar e , cariri sertões de ritmos variados e escancarando a infinita capacidade criadora dos que fazem arte no Brasil.

É o conteúdo dessa autêntica expressão nacional que faz romper as barreiras regionais, esmagando as falsificações e deturpações do que costuma se fazer passar como patrimônio cultural brasileiro. Também por este motivo no programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe.

“Existe uma desordem, inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio”, avalia Ney Vital que recebeu o Título de Cidadão de Exu, Terra de Luiz Gonzaga, título Amigo Gonzagueano Orgulho de Caruaru, e Troféu Luiz Gonzaga do Espaço Cultural Asa Branca de Caruaru e o Troféu Viva Dominguinhos-Amizade Sincera em Garanhuns.

Bagagem profissional-Ney Vital usa a credibilidade e experiência de 30 anos atuando no rádio e TV. Nas afiliadas da Rede Globo (TV Grande Rio e São Francisco), foi um dos produtores do Globo Rural, onde exibiu reportagens sobre Missa do Vaqueiro de Serrita e festa de aniversário de Luiz Gonzaga e dos 500 anos do Rio São Francisco, além de dezenas de reportagens pautadas no meio ambiente do semiárido e ecologia.

Membro da Rede Brasileira de Jornalismo, Ney Vital é formado em Jornalismo na Paraíba e com Pós-Graduação em Ensino de Comunicação Social pela Uneb/Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 

“Nas Asas da Asa Branca, ao abrir as portas à mais genuína música brasileira, cria um ambiente de amor e orgulho pela nossa gente, uma disseminação de admiração e confiança em nosso povo, experimentada por quem o sintoniza a RADIO EDUCADORA em todas as regiões do Brasil, dos confins do Nordeste aos nossos pampas, do Atlântico capixaba ao noroeste mato-grossense”, frisa.

"Ney Vital usa a memória ativa e a improvisação feita de informalidade marcando o estilo dos diálogos e entrevistas do programa. Tudo é profundo. Puro sentimento. O programa flui como uma inteligência relâmpago, certeira e  hospitaleira", diz o ouvinte Arnaldo Carvalho.

 “O programa incentiva o ouvinte a buscar qualidade de vida, defender as riquezas culturais e patrimônios musicais. É um diálogo danado de arretado. As novas ferramentas da comunicação permitem ficarmos cada vez mais próximos das pessoas, através desse mundo mágico e transformador que é a sintonia via rádio”, finaliza o jornalista Ney Vital.

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PAULO VANDERLEY: 12 ANOS DE SAUDADES DE DOMINGUINHOS

Vinte e três de julho de 2025, é o dia que marca os doze anos da morte do instrumentista e cantor Dominguinhos. Um dos principais nomes da música brasileira. José Domingos de Morais, o Dominguinhos, nasceu em Garanhuns, em 12 de fevereiro de 1941, e morreu no ano de 2013.

Exímio sanfoneiro, ele teve como mestres nomes como Luiz Gonzaga e Orlando Silveira. Em sua formação musical, recebeu influências do baião, da bossa-nova, do choro, do forró, do xote e do jazz. O pai, Mestre Chicão, era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas e sua mãe era conhecida como Dona Mariinha, ambos alagoanos.

Confira texto de autoria do pesquisador e amigo de Dominguinhos, Paulo Vanderley

Hoje faz 12 anos que seu Domingos nos deixou. Foi num 23 de julho, em 2013. Esses dias andei lembrando muito, e hoje acordei com a memória daquela viagem nossa pra Natal, só nós dois, pro Forró da Lua do querido Marcos Lopes. Que noite bonita! O povo cantando junto, Dominguinhos tocando "De Volta pro Aconchego", parecia oração no ouvido da gente. Noite longa, terminamos perto das 3 da manhã, fila pra tirar retrato, e ele com aquela mansidão atendendo todo mundo. Dormimos pouco, tomamos café rapidinho e, logo cedinho, fomos surpreendidos pela visita de Paulo Tito, mestre do forró com mais de 90 anos, voz grave, marcante. Tenho todos os discos dele, fã mesmo. Foi Gonzaga quem incentivou Paulo Tito a ir pro Rio nos anos 50, se juntar àquela turma boa que fez história. Achei fotos lindas desse encontro: Paulo Tito tocando violão com seu Domingos, junto com Anselmo Alves, Leide Câmara e Kyldemir Dantas, amigos queridos.

Saímos de Natal com o sol truando, Dominguinhos dirigindo e conversando. Só a gente, privilégio grande demais. Falamos muito da chegada dele ao Rio, dificuldades, encantos, amores vividos. Até o romance com Gal Costa entrou na conversa. Ele brincava dizendo que a mãe dela queria casamento e tudo. Foi curto, mas intenso, bonito de ouvir. Sobre outras histórias, ele não precisou nem dizer diretamente, deixou no ar aquele jeitinho dele que dava a entender que era pra guardar segredo. Então essas ficaram só comigo, bem quietinhas.

Mas o que ficou forte mesmo foi o conselho que ele recebeu de Luiz Gonzaga. Na estrada, ele me contou que, no começo, tinha receio de cantar, achava a voz grossa demais. Disse pra Gonzaga: "Seu Luiz, minha voz é muito grossa, se eu cantasse como o senhor...". Seu Luiz nem deixou terminar: "Dominguinhos, pra cantor não tem voz grossa nem fina. O cantor popular canta com a voz que Deus lhe deu. Você vai colocar sua voz dentro da sanfona e daí vai sair um Dominguinhos cantor."

Viajar com Dominguinhos pelas estradas era privilégio puro. Essas histórias ficaram guardadas comigo pra sempre. Anos depois, preparando meu livro sobre Luiz Gonzaga, encontrei exatamente essa história numa entrevista que Gonzaga deu à Dominique Dreyfus. Parecia que eu tava ouvindo seu Domingos contar outra vez. Claro que entrou no livro.

São 12 anos de saudades, mas ele continua muito vivo aqui em casa, na minha família. Trago essas lembranças tatuadas na alma, e no braço, a data do seu aniversário junto com a sua sanfona.

Paulo Vanderley-pesquisador e escritor. Funcionário Público Federal

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EM TEMPOS DE INTELIGENCIA ARTIFICIAL, BIBLIOTECAS SE TORNAM AINDA MAIS NECESSÁRIAS

Atualmente as inteligências artificiais dominam o debate público e científico. Os professores de escolas de ensino fundamental, médio e mesmo universitários desenvolvem estratégias cada vez mais elaboradas a fim de driblar o uso imponderado da IA nas atividades propostas em sala. A ideia basicamente é evitar que os alunos realizem suas tarefas por meio da IA generativa e passem a refletir nas atividades ao invés de apenas usar um prompt de comando e copiar e colar a resposta obtida.

Quero lembrar uma frase que já se tornou popular na internet: “a IA não é inimiga, nem amiga, é uma ferramenta”. Dito isso, este texto não se propõe a demonizar as ferramentas de inteligência artificial, mas sim lembrar de uma estratégia bastante antiga (mas que muitos se esquecem em tempos de imediatismo) e que pode ajudar professores e estudantes a driblar essas ferramentas: a biblioteca.

Ir até a biblioteca, consultar um bom livro e se apropriar do conhecimento ali escrito não tem preço, a assinatura da IA sim. Longe de estarem ultrapassadas, as bibliotecas ganham um papel ainda mais crucial na era da inteligência artificial, pois podem ser aliadas da integridade acadêmica. Mais do que nunca, esses espaços precisam ser reconhecidos como lugares de construção do conhecimento, onde professores e estudantes podem encontrar estratégias para contornar a dependência das inteligências artificiais e resgatar o protagonismo da pesquisa humana.

Ao invés de recorrer à IA para resolver tarefas de forma automática, estudantes orientados por bibliotecas bem estruturadas podem redescobrir o prazer da investigação, da leitura aprofundada e da construção argumentativa baseada em fontes confiáveis. O acesso a acervos físicos e digitais, a orientação de bibliotecários e o uso de bases de dados científicos oferecem um caminho mais sólido para quem quer se destacar academicamente de forma ética.

Ao lado dos professores, as bibliotecas também oferecem suporte essencial. Com o apoio de profissionais da informação, docentes podem desenhar atividades menos vulneráveis ao uso indevido da IA. É possível, inclusive, propor trabalhos que exigem pesquisa local, análise de fontes primárias, entrevistas, visitas a acervos, resumos anotados e fichamentos com critérios definidos. Tarefas que demandam envolvimento real, leitura ativa e reflexão crítica.

Além disso, bibliotecas podem funcionar como espaços de formação para lidar com os impactos da IA no ambiente educacional. Oficinas, rodas de conversa e projetos de letramento informacional ajudam a esclarecer não só os limites éticos do uso dessas ferramentas, mas também os riscos de dependência e superficialidade. Ao ensinar estudantes a diferenciar informação de qualidade de conteúdo automatizado, as bibliotecas se posicionam como núcleos de resistência à pauperização do saber.

Sempre vale a máxima: as bibliotecas não são apenas depósitos de livros, mas instituições comprometidas com a democratização do saber, com a organização da informação de forma sistemática e com a formação de cidadãos críticos. Em um cenário onde dados são abundantes, mas a curadoria é escassa, o trabalho dos bibliotecários se torna mais relevante do que nunca. Eles ajudam usuários a entender como a informação é produzida, quais interesses estão por trás de determinadas narrativas e como utilizar ferramentas tecnológicas de forma consciente e produtiva.

Não se trata de proibir o uso da IA, mas de mostrar que o conhecimento não nasce de atalhos. Ele exige processo, envolvimento, análise, comparação, tempo. Nesse sentido, a biblioteca ressurge como espaço de desaceleração consciente, onde o aprendizado acontece de forma mais profunda, reflexiva e significativa.

Em tempos de inteligência artificial, recorrer à biblioteca é um ato de resistência.

Por Luiz Ricardo de Barros Silva, mestrando da Escola de Comunicações e Artes da USP


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RAIOS IMPACTAM O CLIMA E MATAM MILHÕES DE ÁRVORES

Um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar, diz o ditado. Mas um novo estudo revela que o impacto nas florestas do planeta é muito mais avassalador do que se imaginava. Pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM), na Alemanha, desenvolveram um modelo inédito que estima que 320 milhões de árvores são mortas anualmente por raios em todo o mundo.

Este número surpreendente refere-se apenas às árvores atingidas pelo impacto direto da descarga elétrica, sem contar as milhões de outras perdidas em incêndios florestais que os próprios raios iniciam. A descoberta, publicada no Global Change Biology, sugere que o papel dos relâmpagos como uma força ecológica foi historicamente subestimado.

Até agora, os danos por raios eram difíceis de quantificar em escala global, com estudos focados apenas em florestas específicas. A equipe alemã, no entanto, adotou uma abordagem matemática, combinando dados de observação com padrões globais de raios para criar o primeiro panorama mundial do fenômeno.

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PETROLINA: CENTRO CULTURAL EMOÇÕES REÚNE ACERVO DA VIDA E OBRA DE ROBERTO CARLOS

A paixão por Roberto Carlos atravessa décadas e fronteiras — e, em Petrolina, ganhou forma física através de um acervo impressionante. À frente do Centro Cultural Emoções, o curador e fã desde os nove anos de idade, Adriano Thales, mantém viva a memória e a obra do "Rei" por meio de mais de cinco mil itens raros dedicados ao artista. O espaço, que funciona como uma verdadeira cápsula do tempo, reúne discos, fotografias, objetos autografados, recortes de jornal e relíquias que contam a trajetória de um dos maiores ícones da música brasileira.

O local não se resume apenas à celebração da arte de Roberto Carlos. Também cumpre um papel social importante: o Centro Cultural Emoções arrecada alimentos não perecíveis, que são destinados a famílias em situação de vulnerabilidade. "A música emociona, mas ajudar também faz parte da nossa missão. Aqui, a cultura caminha lado a lado com a solidariedade", destaca o curador.

Com a chegada do aguardado show de Roberto Carlos em Petrolina, que acontece no dia 8 de agosto, a expectativa de Adriano Thales é das maiores. "É uma emoção indescritível. Já o vi em várias cidades, mas tê-lo aqui, tão perto de casa, é especial demais. A cidade inteira está se preparando para viver essa noite inesquecível", afirma, emocionado.

O Centro Cultural já prepara uma programação especial para a semana do show. "Para muitos, o acervo é uma forma de reviver momentos marcantes através das músicas que embalam gerações. Já temos vários agendamentos de pessoas que estão vindo de outros estados, a exemplo de São Paulo, Sergipe, Ceará, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, para conhecer o nosso Centro", pontua Adriano.

Enquanto a data do espetáculo se aproxima, o Centro Cultural Emoções segue de portas abertas. Localizado na Rua Castro Alves, nº 428, Centro, o espaço funciona de terça a domingo, das 9h às 12h e das 15h às 18h, recebendo visitantes e colecionando histórias de amor, saudade e, acima de tudo, emoção. (Fonte-Texto e fotos: Luzete Nobre)

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A VOZ DO BRASIL. RÁDIO 90 ANOS

Neste dia 22 de julho, A Voz do Brasil completa 90 anos no ar. Criado em 1935 durante o governo Getúlio Vargas, o programa se chamava A Hora do Brasil. É o programa de rádio de caráter oficial mais antigo do Brasil ainda em execução, reconhecido pelo Guiness Book, o livro dos recordes. O noticiário atravessou transformações tecnológicas, políticas e sociais sem nunca sair do ar.

Agora, passará também a ser distribuído nas plataformas de áudio digitais como Amazon, Apple Podcast, Castbox e Spotify. Nesse último, também será possível acompanhar como videocast. Além disso, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) promove uma série de ações que resgatam memórias e destacam a relevância da atração na vida dos brasileiros.

Para o presidente da EBC, Jean Lima, mesmo após nove décadas, A Voz do Brasil continua cumprindo sua missão de levar informações de interesse público. “Ter a oportunidade de celebrar os 90 anos de A Voz do Brasil é também reconhecer o trabalho de gerações de profissionais que ajudaram a construir esse legado de uma comunicação que chega gratuitamente a milhões de brasileiros todos os dias nos locais mais distantes, com informações relevantes sobre serviços públicos. É um serviço que só uma empresa pública de comunicação pode oferecer e motivo de orgulho e inspiração para todos nós na EBC”, complementa o presidente.

Celebrações-Na semana do aniversário, as edições de A Voz do Brasil contarão com uma série especial de reportagens comemorativas. A cada dia, será apresentado um episódio diferente, abordando a história do programa, os locutores que marcaram época, as transformações tecnológicas do rádio e as trilhas sonoras que embalaram a atração ao longo do tempo – nem sempre foi O Guarani, vale o spoiler.

As matérias serão exibidas no Canal Gov, que ainda trará depoimentos de especialistas, ouvintes e ex-locutores em seus interprogramas. Spots comemorativos de rádio foram produzidos e estão sendo veiculados.

Também haverá uma sessão solene do Congresso Nacional em homenagem ao programa A Voz do Brasil no dia 5 de agosto, às 11h. Os Correios também estão produzindo um selo comemorativo fazendo referência à data.

A Rádio Gov está incluída nas celebrações e vai apresentar conteúdos temáticos no programa Assunto Federal, apresentado por Luciano Seixas, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 16h. A Agência Gov também vai publicar reportagens alusivas à data.

Nas redes sociais, a comemoração também ganha destaque. Os programas da semana de aniversário serão disponibilizados na íntegra nos canais digitais governamentais. Estão previstas entrevistas com personagens que interagiram com conteúdos de A Voz do Brasil nas plataformas, compondo um vídeo especial com esse recorte da recepção popular. Teasers comemorativos também serão publicados ao longo da semana para reforçar a presença da campanha.

Outra novidade é a reformulação da identidade visual do programa e do site da Rádio Gov, que passará a dar mais visibilidade à transmissão em vídeo de A Voz do Brasil. O programa será exibido em destaque na capa do portal, entre 19h e 19h30, fortalecendo a presença digital do conteúdo que, até então, ficava em uma área com menor visibilidade. A mudança também inclui ajustes no layout das páginas, facilitando a navegação e o acesso ao acervo multimídia.

Internamente, profissionais da EBC foram convidados a gravar, no estúdio de A Voz do Brasil, a tradicional vinheta "Em Brasília, 19 horas”. O material poderá ser compartilhado nas redes sociais com a hashtag #VozdoBrasil90anos.

Sobre A Voz do Brasil-A Voz do Brasil foi criada por Getúlio Vargas em 22 de julho de 1935, àquela época sob o nome de A Hora do Brasil. Apenas em 1962 é que o programa passou a ser conhecido pelo mesmo nome dos dias atuais.

Nos primeiros anos de existência, estava sob responsabilidade do Departamento Nacional de Propaganda (DNP) e depois do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Nos anos seguintes, passou para a alçada da Agência Nacional, Empresa Brasileira de Notícias (EBN), Radiobrás e, por fim, da EBC.

Ao longo de sua trajetória, A Voz do Brasil divulgou fatos marcantes da história brasileira, como a deposição dos presidentes Getúlio Vargas, em 1945, e João Goulart, em 1964. Também levou a todo o país a cobertura dos processos de redemocratização, em dois momentos históricos: 1946 e 1985.

A Voz do Brasil consolidou, ao longo dos anos, uma trilha sonora que se tornou inseparável de sua identidade. A abertura com a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, atravessou gerações e permanece até hoje como o prefixo oficial da atração, seguido da emblemática frase “Em Brasília, 19 horas”. Reconhecida imediatamente por milhões de ouvintes, a melodia se transformou em um símbolo sonoro desse patrimônio radiofônico.

Atualmente, A Voz do Brasil tem uma hora de duração. Os primeiros 25 minutos são produzidos pela EBC com o objetivo de levar à população notícias sobre o Poder Executivo federal. O tempo restante é reservado aos Poderes Legislativo e Judiciário. O noticiário vai ao ar tradicionalmente às 19h, de segunda a sexta-feira – e pode ser retransmitido até as 22h.

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HUBERTO CABRAL PATRIMÔNIO VIVO DO CARIRI

 Em plena atividade na Rádio Educadora do Cariri, FM 102.1, na cidade do Crato Ceará, o jornalista e cerimonialista, Huberto Cabral, é um dos Patrimônios da História Cultural e da educação Brasileira. Considerado uma ‘enciclopédia viva’ da história regional e reconhecido como uma das personalidades históricas do Cariri é Doutor Honoris Causa título aprovado por unanimidade pelo Conselho Superior da Universidade Regional do Cariri (URCA), em 2024.

Nascido no dia 20 dezembro de 1936, Huberto Cabral caminha para completar 89 anos. Em conversa com o colaborador da REDEGN, jornalista Ney Vital, Huberto Cabral, carrega na sabedoria uma alma refletida em palavras de humildade.

No passado teve atividades em jornais, como O Levita, que foi um dos editores, que passou a editar ainda no Seminário, e depois a Ação, porta-voz da Diocese do Crato. Huberto Cabral também atuou na amplificadora cratense, pioneiro no serviço de auto-falante da região do Cariri. Com a fundação da Rádio Araripe do Crato, primeira emissora do interior cearense, Huberto Cabral passou a atuar na emissora dos Diários Associados, maior conglomerado de mídia da América Latina.

Chamado de ‘enciclopédia viva do Crato’, Huberto passou a ser uma testemunha ocular de episódios históricos da cidade, e uma das fontes essenciais de muitos acontecimentos. "É um guardião e documentos de notável relevância, além de ser requisitado com frequência por pesquisares de universidades da região, além da imprensa, para dar depoimentos relevantes para pesquisar acadêmicas e matérias que são veiculadas junto à imprensa".

Huberto é um jornalista que entrevistou até presidente da República. Mas é o assunto Cariri que faz os olhos brilharem. "Estive com Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Padre Antônio Vieira, Zé Clementino, Pedro Bandeira, figuras geniais. É uma vida de muitas histórias", diz Huberto Cabral.

Ele conta que Luiz Gonzaga tinha grande amizade pelo Crato e cita: Luiz Gonzaga, ao deixar sua terra natal e fugir para Fortaleza, passou pelo Crato, pegou um trem na estação com destino à Fortaleza, onde serviu no quartel do 23º BC. "Quando menino, o pai de Luiz Gonzaga, seu Januário e a mãe Santana vinham sempre que podia para o Crato onde comercializava seus produtos na feira, principalmente farinha".

Huberto Cabral é testemunha vivo da história que Luiz Gonzaga participou de alguns momentos marcantes do Crato. Em 1946, por exemplo, ele retorna ao Crato para animar e tocar em leilões da festa de São Francisco. Maçom que era, Luiz Gonzaga teve vários trabalhos filantrópicos desenvolvidos a favor do bem estar do povo.


Em 1951 Luiz Gonzaga esteve presente à inauguração da Rádio Araripe, primeira emissora de rádio do Interior do Ceará, junto com o pai, Januário, e o irmão, Zé Gonzaga. Em 1953 Luiz Gonzaga participou da festa do centenário do Crato realizando show na Praça da Sé. Em 1974 recebeu o título de cidadão cratense outorgado pela Câmara Municipal em iniciativa do vereador Ivan Veloso.


Em 1987 na Expocrato o presidente da Comissão Gestora, Francisco Henrique Costa, promoveu grande show folclórico na história da exposição numa homenagem a quatro heróis do ciclo do Jumento. “Pela primeira vez e única vez reuniram-se no palco Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Padre Antonio Vieira e José Clementino que foram saudados pelo violeiro Pedro bandeira”. revela Hubeto Cabral.


Huberto Cabral já foi agraciado com a Comenda Bárbara de Alencar, a maior do Município do Crato, além dos diplomas da Câmara Municipal do Crato, Mérito Legislativo e Jornalista João Brígido dos Santos, e a Comenda Irineu Pinheiro, do Instituto Cultural do Cariri – ICC.


Atualmente aos domingos 7hs da manhã e ao meio dia, Huberto Cabral apresenta e produz os programas de rádio transmitidos pela Educadora FM 102.1.

 


Texto e Foto Jornalista Ney Vital


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SAC JUAZEIRO AMPLIA HORÁRIO DE ATENDIMENTO

O SAC Juazeiro amplia o horário de atendimento com foco na grande procura da população pela nova Carteira de Identidade Nacional (CIN). A novidade, realizada em parceria com o Detran e o Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT), passa a vigorar a partir da próxima segunda-feira (21). O posto vai funcionar de 7h às 18h. O expediente atual é de 8h às 17h.

A expansão funciona da seguinte maneira: de 7h às 8h (atendimento exclusivo da CIN); de 8h às 17h (todos os serviços do posto); e de 17h às 18h (atendimento exclusivo da CIN). É importante ressaltar que o atendimento da nova carteira de identidade é feito 100% por agendamento prévio através do aplicativo ou portal www.ba.gov.br, ou pelo call center: (71) 4020-5353 e 0800 071 5353.

"Com essa medida, estimamos um aumento de 25% na capacidade de atendimento do posto, o que representa cerca de 3 mil atendimentos mensais. Esse avanço reforça nosso compromisso com a ampliação do acesso aos serviços públicos, em especial com a emissão da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), garantindo mais cidadania e dignidade à população da região", afirma a secretário da Administração, Edelvino Góes.

CIN- A primeira via da CIN é gratuita e terá o Cadastro de Pessoa Física (CPF) como número único de identificação. Para fazer o documento é necessário apresentar a certidão de nascimento ou de estado civil (original) em mãos. Caso a certidão original esteja plastificada é preciso levar também uma cópia simples. 

Vale destacar que a CIN permite incluir outros números de documentos como CNH, carteira de trabalho, título de eleitor e certificado militar. Além disso, podem ser adicionadas também condições de saúde, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficiências auditiva, visual, física e intelectual; e até informações como tipo sanguíneo, fator RH e opção por ser doador de órgão.

Outra novidade é a inclusão do nome social a pedido do próprio cidadão. Caso haja mudança de nome na certidão de nascimento fica valendo apenas este novo registro. A CIN também possui uma versão digital que estará disponível no GOV.BR três dias após a impressão. 

O documento ainda consta um QR Code para verificação da autenticidade e verificação de dados. A CIN tem validade de acordo com a faixa etária do cidadão: de 0 a 12 anos incompletos, validade de 5 anos; 12 a 60 anos incompletos, validade de 10 anos; acima de 60 anos, validade indeterminada. 

Para outras informações, a Secretaria da Administração (Saeb) disponibiliza o site oficial (www.ba.gov.br/administracao) e o site institucional do SAC (www.sac.ba.gov.br). A implantação da CIN na Bahia é realizada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública (SSP), e responsável pelo IIPM, em parceria com a Saeb, através do SAC.

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ONILDO ALMEIDA O HOMEM QUE LEVOU A FEIRA DE CARUARU AO MUNDO

Todos os domingos, Onildo Almeida tem um compromisso inadiável. Trajado elegantemente com camisa de alfaiataria e calça impecável, ele deixa sua casa antes das 7h da manhã acompanhado da esposa, Lenita, para ir à Feira de Caruaru. 

É comum que seu momento de compras seja interrompido por um pedido de foto, um abraço ou um convite para um papo. Algum desavisado que passa por ali pode não saber, mas Onildo, aos 96 anos, é o maior vendedor da Feira de Caruaru. 

Embora nunca tenha tido comércio no local, foi ele quem compôs os versos que exaltam a diversidade de produtos da feira em que “de tudo que há no mundo” tem para vender. Sua canção Feira de Caruaru ficou imortalizada na voz de Luiz Gonzaga e se tornou a primeira de muitas obras de Onildo a serem gravadas pelo Rei do Baião.

Na década de 1950, Onildo Almeida era um jovem apresentador de programas de auditório na Rádio Difusora de Caruaru, mas também se aventurava na música. Lançou seu primeiro disco, um álbum que continha uma única canção, uma homenagem à Feira de Caruaru, à cidade e à cultura nordestina. A música fez sucesso na região, mas não ultrapassou as barreiras estaduais. 

Filho de um comerciante bem-sucedido na cidade, ele e seus seis irmãos cresceram em uma família musical. As irmãs se dedicavam ao piano e os homens, ao violão, ao violino e ao bandolim. Aos 13 anos, Onildo já compunha suas primeiras canções e adolescente já se apresentava com o quarteto vocal Vocalistas Tropicais.

Em uma de suas idas à Caruaru em meados de 1950, Luiz Gonzaga, que já era um ídolo na época, se apresentou na Difusora, a rádio onde Onildo trabalhava, e ouviu Feira de Caruaru pela primeira vez. 

"Ele pegou o disco e perguntou quem era o cantor. Meu irmão, que trabalhava na rádio como operador, me apresentou", relembra o compositor. "Ele me disse: 'Como é que você tem um negócio desse que não me mostra?' Eu respondi: 'Tá na sua mão!'".

Em 21 de março de 1957, Gonzagão gravou pela primeira vez a canção que se tornou um grande sucesso. O LP de 78 rotações teve 100 mil cópias vendidas em dois meses. A marca fez com que o Rei do Baião conquistasse o primeiro disco de ouro da carreira. 

“Pelo simples fato de Gonzaga gravar, já era uma um acontecimento, né? Um acontecimento raro. Ele pegar e gravar uma música do jeito que eu fiz e não alterou nada”, recordou Onildo sobre a sensação de ouvir sua canção cantada na voz de Seu Luiz.

Feira de Caruaru foi regravada por outros artistas e em diversos idiomas, inclusive em outros países. O encontro do compositor carurarense com o filho de Exu, no Sertão de Pernambuco, rendeu uma amizade e uma parceria frutífera. Gonzaga gravaria ainda Aproveita Gente, Onde o Nordeste Garoa, Zé Dantas, Só Xote, Sanfoneiro Zé Tatu e muitas outras canções de Onildo. Outros gigantes da música nordestina como Marinês, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino e Jorge de Altinho também recorreram ao "poeta do agreste" para compor seu repertório.

Onildo também fez a cabeça dos tropicalistas. Em You Don't Know Me, canção de Transa, álbum emblemático de Caetano Veloso de 1972, gravado quando o artista estava exilado em Londres, Caetano faz uma colagem de citações, entre elas um trecho de A Hora do Adeus, parceria de Onildo Almeida e Luiz Queiroga, gravada por Luiz Gonzaga no álbum Olha Eu Aqui de Novo de 1967: "Eu agradeço ao povo brasileiro / Norte, Centro, Sul inteiro / Onde reinou o baião". 

No mesmo ano, Gilberto Gil gravou o arrasta-pé Sai do Sereno, composição de Onildo, no álbum Expresso 2222 - o primeiro que o músico baiano lançou após o retorno ao Brasil com o fim de seu exílio em Londres.

Ao longo de quase um século de música, Onildo Almeida se tornou uma referência musical e inspiração para novos artistas nordestinos. Isso fica evidente na maneira como é celebrado durante os festejos juninos em Caruaru. Este ano, durante a festa, ele foi convidado especial da Orquestra de Pífanos de Caruaru e se apresentou em um dos palcos do São João de Caruaru dedicados à música alternativa, junto com a banda pernambucana Diablo Angel. 

A banda, que tem dez anos de estrada, lançou neste mês de junho uma versão com pegada pop rock de Feira de Caruaru com a participação do próprio Onildo.

"Estar com ele no palco, poder cantar com ele estas músicas que fazem parte da nossa história é um privilégio. Eu cresci com essas canções. Era aquele desafio gostoso, era quase como memorizar um repente, aquela letra de ‘Feira de Caruaru’ ", diz Kira Derne, vocalista da Diablo Angel, que também nasceu na cidade. 

Entre encontros, ensaios e apresentações ao lado de Onildo, ela aproveita para aprender com o mestre.

"Ele é muito generoso. Eu estou sempre tentando escutá-lo, especialmente como uma jovem compositora. Você ter a oportunidade de estar com ele, de aprender sobre processo criativo, como ele aborda a escrita de uma canção, as histórias de como foram escritas suas principais canções...Eu aproveito cada minuto ao lado dele", acrescenta.

Celebrado como o homem que apresentou Caruaru ao mundo, Onildo é uma figura querida na cidade e costuma ir às escolas conversar com as crianças sobre música e cultura nordestina. Ele diz não recusar convites, mas não costuma ultrapassar os limites da cidade: odeia viajar. 

As homenagens chegam em sua casa e emolduram as paredes de sua sala, uma espécie de museu particular que conta sua história de sucesso na música e as amizades que fez pelo caminho.

Quase sete décadas depois de ser inspiração para Onildo, a Feira de Caruaru segue sendo uma grande atração na cidade. Hoje, ostenta o registro de Patrimônio Imaterial Brasileiro concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

Embora por lá ainda se encontrem os mais variados tipos de frutas regionais, arreios para cavalos e os bonecos de barro dos discípulos do Mestre Vitalino, o espaço não ficou imune à invasão de produtos chineses, como acontece em outros comércios locais no Brasil. Ainda assim, para Onildo, não há lugar igual: 

"Eu costumo dizer que toda cidade tem feira e toda feira é igual. Mas, na verdade, não é. A de Caruaru, quando você procura uma coisa no comércio que não encontra, vai para a feira. É uma feira que tem tudo”. (Agencia Brasil)

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E TODO MUNDO CANTA GONZAGÃO

E todo mundo canta o balão do Gonzagão com paz na consciência, diz colunista Levi Vasconcelos

Olha pro céu meu amor/ Vê como ele está lindo/ Olha pra aquele balão multicor/ Que lá no céu vai sumindo.

A letra aí é de Olha pro céu, um clássico do São João, composto por Luiz Gonzaga em parceria com José Fernandes em 1951, há 74anos. Era ela que o bom amigo Renato Pinheiro, jornalista que nos deixou em abril de 2021, evocava para dizer das belezas culturais que hoje seriam politicamente incorretas.

– Se fosse hoje ela jamais existiria dessa forma, com essa letra nem pensar. A partir de 1968 a lei passou a considerar soltar balão crime ambiental. Ele fazia uma ressalva:

– Muito culparam os balões por incêndios e em alguns casos talvez sim. Mas o fato é que os balões levaram a culpa de outros bichos.

Dizia ele que o caso de Olha pro céu é emblemático por ser uma poesia, não música de duplo sentido ou daquelas que já nascem de uma visão deformada, como Cremilda: ‘Eu não gosto de forró que não tem briga./ Forró que não tem briga não me diga que é forró’.

O papo com Renato foi pouco antes do São João de 2020. Ele morreria pouco antes do São João seguinte. Dizia que gostava de chamar a atenção sobre isso para lembrar que no caso a poesia venceu.

– Todos cantam ainda hoje celebrando o período junino, sem a sensação de fazer apologia ao crime. Gonzagão, o Rei do Baião, do xote e do xaxado também, interpretou centenas de músicas que integram o relicário da cultura nordestina.


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CANTADOR DE VIOLA OLIVEIRA DE PANELAS GANHA TÍTULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA

 A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizou uma solenidade para conceder o título de Doutor Honoris Causa ao repentista, cordelista e escritor Oliveira Francisco de Melo, conhecido artisticamente como Oliveira de Panelas. O evento foi aberto ao público e aconteceu na noite da segunda-feira às no auditório da Reitoria da universidade. 

Oliveira Francisco de Melo nasceu em 1946, no sítio Barrocas, localizado na zona rural do Município de Panelas, em Pernambuco, mas se radicou na Paraíba desde 1976, já tendo sido agraciado com os títulos de cidadão paraibano e cidadão pessoense. O artista publicou diversos livros, cordéis e discos, tendo uma obra que se destaca pela forte preocupação com temáticas sociais. 

É também reconhecido pela crítica, como explica a pró-reitora de Extensão da UFPB, Bernardina Freire, uma das proponentes do título: “Oliveira de Panelas foi considerado, inclusive, por Ariano Suassuna, como o Pavarotti do sertão, em razão de sua forte presença musical, de suas cantorias. Ele também renova a cantoria, em razão dos temas modernos que ele aborda e da técnica que ele usa para fazer a arte de seus versos”, comenta. 

O trabalho de Oliveira conta, inclusive, com reconhecimento internacional, já tendo o artista se apresentado para líderes de outros países, oportunidades nas quais foi elogiado pela crítica. “Oliveira de Panelas é um ser, um artista para ser desbravado. Então, ele é, por natureza, um doutor na sua arte”, complementa Freire.

A proposição da honraria foi das professoras Bernardina Maria Juvenal Freire de Oliveira e Maria Elizabeth Baltar Carneiro de Albuquerque, ambas do departamento de Ciência da Informação da UFPB. Conforme o Regimento Geral da UFPB, o título de Doutor Honoris Causa é concedido a “personalidades eminentes, que tenham contribuído para o progresso da instituição, da região ou do país ou que se hajam distinguido por sua atuação em favor das Ciências, das Letras, das Artes, ou da cultura em geral.” (Ascom/UFPB)

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NEY VITAL SACODE O FORRÓ TODOS OS DOMINGOS NA RÁDIO EDUCADORA DO CARIRI

Defesa do Meio Ambiente. Valorização da Cultura Brasileira. "Ney Vital sacode o forró com bom jornalismo’. Este é o tema do projeto idealizado pelo jornalista, técnico em agroecologia,  Ney Vital, colaborador da REDEGN e membro da Membro da Rede Brasileira de Jornalismo que iniciou programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos, transmitido pela Rádio Educadora do Cariri-fm 102.1, todos os domingos das 10hs às ao Meio Dia.

A Rádio Educadora do Cariri completou este ano 66 anos de fundação-Comunicando a Esperança. A proposta é série de reportagens sobre agroecologia e a valorização da cultura gonzagueana.

“Vamos percorrer a região da Chapada do Araripe, Exu, Bodocó, Parnamirim, Nova Olinda, Santana do Cariri, Caririaçu, Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte do Padre Cícero. Vamos mostrar ao vivo a riqueza musical e do meio ambiente desta região. Vamos mostrar a exemplo de Valdi Geraldo, o Neguim do Forró, poetas e compositores parceiros de Luiz Gonzaga. O rádio vai mostrar a sua força cultural“, explica Ney Vital.

Nas Asas da Asa Branca segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. “É o roteiro usado para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga, seus amigos e seguidores”, diz Ney Vital.

O programa é um projeto que teve início em 1990, numa rádio localizada em Araruna, Paraíba (Estado-natal de Ney). “Em agosto de 1989 Luiz Gonzaga, o  Rei do Baião, fez a passagem, partiu para o sertão da eternidade e então, naquela oportunidade, o hoje professor doutor em Ciência da literatura, Aderaldo Luciano, fez o convite para participar de um programa de rádio. E até hoje continuo neste bom combate”.

Ney considera o programa “o encontro da família brasileira”. Ele não promove rituais regionalistas, a mesquinhez saudosista dos que não se encontram com a arte e cultura, a não ser na lembrança. Ao contrário, o programa evoluiu para a tecnologia digital e forma de espaço reservado à cultura mais brasileira, universal, autêntica, descortinando um mar e , cariri sertões de ritmos variados e escancarando a infinita capacidade criadora dos que fazem arte no Brasil.

É o conteúdo dessa autêntica expressão nacional que faz romper as barreiras regionais, esmagando as falsificações e deturpações do que costuma se fazer passar como patrimônio cultural brasileiro. Também por este motivo no programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe.

“Existe uma desordem, inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio”, avalia Ney Vital que recebeu o Título de Cidadão de Exu, Terra de Luiz Gonzaga, título Amigo Gonzagueano Orgulho de Caruaru, e Troféu Luiz Gonzaga do Espaço Cultural Asa Branca de Caruaru e o Troféu Viva Dominguinhos-Amizade Sincera em Garanhuns.

Bagagem profissional-Ney Vital usa a credibilidade e experiência de 30 anos atuando no rádio e TV. Nas afiliadas da Rede Globo (TV Grande Rio e São Francisco), foi um dos produtores do Globo Rural, onde exibiu reportagens sobre Missa do Vaqueiro de Serrita e festa de aniversário de Luiz Gonzaga e dos 500 anos do Rio São Francisco, além de dezenas de reportagens pautadas no meio ambiente do semiárido e ecologia.

Membro da Rede Brasileira de Jornalismo, Ney Vital é formado em Jornalismo na Paraíba e com Pós-Graduação em Ensino de Comunicação Social pela Uneb/Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 

“Nas Asas da Asa Branca, ao abrir as portas à mais genuína música brasileira, cria um ambiente de amor e orgulho pela nossa gente, uma disseminação de admiração e confiança em nosso povo, experimentada por quem o sintoniza a RADIO EDUCADORA em todas as regiões do Brasil, dos confins do Nordeste aos nossos pampas, do Atlântico capixaba ao noroeste mato-grossense”, frisa.

"Ney Vital usa a memória ativa e a improvisação feita de informalidade marcando o estilo dos diálogos e entrevistas do programa. Tudo é profundo. Puro sentimento. O programa flui como uma inteligência relâmpago, certeira e  hospitaleira", diz o ouvinte Arnaldo Carvalho.

“O programa incentiva o ouvinte a buscar qualidade de vida, defender as riquezas culturais e patrimônios musicais. É um diálogo danado de arretado. As novas ferramentas da comunicação permitem ficarmos cada vez mais próximos das pessoas, através desse mundo mágico e transformador que é a sintonia via rádio”, finaliza o jornalista Ney Vital.

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MESTRE JOSENIR LACERDA

 Josenir Alves de Lacerda nasceu em Crato-CE, no dia 16 de janeiro de 1953. Artesã e poetisa desde menina, sempre ouvia dos seus pais e avós as histórias contadas na meninice e cresceu com a facilidade e o dom de poetizar. Admiradora da obra literária do grande poeta da Serra de Santana, Antônio Gonçalves da Silva, Patativa do Assaré, é titular da cadeira Nº 03 e co-fundadora da Academia dos Cordelistas do Crato-ACC, onde possui um acervo prolífico de cordéis conhecidos nacionalmente. Também faz parte da Academia Brasileira de Literatura de Cordel-ABLC, com sede no Rio de Janeiro, ocupando a cadeira de Nº 37 e é membro do Instituto Cultural do Cariri – ICC. A diversidade sempre presente nas suas obras mostra a facilidade de criar e um modo especial de ver as coisas.

 Certa vez, a propósito de um convite para ministrar aula de escrita poética em ambiente escolar, Josenir explicou que não se sentia habilitada para exercer essa função; diferente do rigor da análise da métrica dos versos característico da poesia acadêmica, comentou que suas obras nascem da harmonia entre intuição, sentimento e “ouvido”, lição que recebera muitos anos atrás do próprio Patativa, quando este observara que ela possuía um ouvido apurado para a nossa poesia popular.

Josenir Lacerda, ao longo de sua trajetória artística e militância no ambiente cultural do Cariri, vem contribuindo de forma sistemática para a preservação e a propagação da Cultura Popular, se eternizando em obras como: “O Segredo de Marina”, “Cordel de vestido bordado de poesia”, “De volta ao passado”, “O livrinho que era triste”, “A medicina no cangaço” e o mais popular de seus cordéis, “O linguajar cearense”, este último declamado em canal de mídia televisiva de alcance nacional e via internet por artistas de grande circulação no país, a exemplo do poeta-declamador Bráulio Bessa.

Juntamente com seu marido, “Seu” Miguel Teles, mantém um espaço cultural a partir de seus próprios esforços sem apoio público, o museu social Cordel e Arte, onde tem um grande acervo de objetos, livros e cordéis que remetem à cultura sertaneja. Assim a poetisa define o lugar: “É um espaço que abriga memória, recordações e marcas de um tempo que se divide e se curva respeitoso diante dos sentimentos. Objetos, literatura, música, conversas e outras espontâneas aparições, invadem o ambiente sem que haja saturação, permitindo que os sons e sinais de afetos e emoções transitem livremente pelos cômodos mantendo a essência dos domésticos ambientes de antigas eras”. Na Cordel e Arte, recebem alunos da educação básica e superior, além de outros visitantes em geral, e transmitem informações preciosas sobre o universo mágico da poesia e da cultura sertaneja através de um bate-papo agradável. Um exemplo da utilização do espaço foi o evento Sarau, Poesia Plural dentro do Festival da Palavra em 2019, uma ação promovida pelo SESC Crato com a participação dos poetas Luciano Carneiro, Pedro Ernesto Morais, Daniel Gonçalves e a própria Josenir Lacerda.

Além de um vasto acervo publicado com mais de 100 cordéis, entre obras escritas de forma individual ou em parceria com outros poetas, Josenir Lacerda possui diversos trabalhos publicados no Cariri, em Fortaleza e em outras regiões do país, não somente em poesia, mas também em outros gêneros literários: conto e crônica. Possui várias obras publicadas em livros, a exemplo das obras “Romaria de versos” e “Mulheres cearenses autoras de cordel”. 

É autora-parceira do projeto Livro de Graça na Praça em Belo Horizonte. Outras obras publicadas em co-autoria: “A primeira vez” em 2007, “Perdidos e achados” em 2008, “Segredo” em 2009, “É cor de luar” em 2014, “Ler é brincar” em 2015 e “Histórias malucas de crianças” em 2016. Uma das últimas publicações de Josenir Lacerda foi a obra autoral 10 Cordéis Nota 10, pela editora IMEPH, cujo lançamento se deu por ocasião da XII Bienal Internacional do Livro do Ceará.

Em decorrência de seus trabalhos literários, por sua trajetória na Literatura de Cordel e por se efetivar como defensora da Cultura Popular, Josenir Lacerda já teve muitos dos trabalhos reconhecidos por meio de prêmios, troféus e comendas: recebimento do Troféu Centenário dos 104 anos de Luiz Gonzaga, pela contribuição à causa da cultura gonzagueana em 2016; em 2017, foi contemplada com uma comenda entregue pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará na XII Bienal Internacional do Livro do Ceará e recebeu o prêmio do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do Ceará – SATED-CE por sua contribuição à cultura cearense; em 2018 foi homenageada pela Câmara Municipal do Crato com a Medalha Elói Teles de Morais em reconhecimento pela dedicação à cultura caririense. No ano de 2020, Josenir Lacerda foi agraciada com a Comenda Patativa do Assaré através da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, um reconhecimento pelos serviços prestados à cultura cearense.

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NOSSA SOLIDARIEDADE A MINISTRA MARINA SILVA

 Casa de ex-governadores e ex-ministros de Estado, o Senado protagonizou, nesta terça-feira, um vexame político de repercussão internacional, às vésperas da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes), de 10 a 21 de dezembro, em Belém: a agressão misógina e negacionista à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência na Comissão de Infraestrutura, que foi uma verdadeira arapuca política. A ministra foi desrespeitada por três parlamentares e, ofendida, abandonou a reunião.

 Presidente da Rede Solidariedade, Marina foi senadora da República de 1995 a 2011 e é deputada federal licenciada em função do cargo que exerce. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou o gesto de Marina.

A reunião desandou quando Marina disse que se sentiu ofendida por falas do senador Omar Aziz (PSD-AM), que é ex-governador do Amazonas. Também questionou a condução da reunião pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), que presidia a sessão na comissão. Ele havia cortado o microfone da ministra várias vezes e ironizou as suas reclamações. Marina respondeu dizendo que não era uma mulher submissa.

Sentado ao lado da ministra, Marcos Rogério olhou para ela e disse: "Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar". A declaração provocou novo tumulto. O senador disse que, na verdade, referia-se ao "lugar" de Marina como ministra de Estado. Os ânimos continuaram exaltados. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que era preciso separar a mulher da ministra porque, segundo ele, a "mulher merece respeito e a ministra, não". Em março, em evento no Amazonas, o parlamentar chegou a dizer que tinha "vontade de enforcá-la". Marina se levantou e saiu da reunião.

Na audiência, Marina falou a verdade: a aprovação do projeto de lei que flexibiliza o licenciamento ambiental no país, conhecido como PL da Devastação, é um "golpe de "morte" na legislação ambiental, que é considerada uma das melhores do mundo. A proposta estabelece um novo marco legal para atividades econômicas com potencial impacto ambiental e foi aprovada pelo Senado a toque de caixa.

Apesar do episódio, Marina não se deixou abater. Durante encontro com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), uma nova audiência para garantir transparência e participação ampla da sociedade civil, do setor produtivo, da comunidade científica e de órgãos federais. A ministra destacou ser preciso frear o avanço do novo relatório sobre licenciamento ambiental. "Estamos pedindo que haja o tempo necessário de democracia para discutir uma matéria que amputa décadas de construção do licenciamento ambiental brasileiro", afirmou Marina.

O texto propõe a redução do papel de órgãos colegiados como o Ibama, o enfraquecimento da consulta a povos indígenas e a introdução do licenciamento por adesão, que retira a análise técnica de impactos indiretos relevantes. Marina também alertou para emendas de última hora que ampliaram os Poderes da Presidência da República para dispensar o licenciamento ambiental de empreendimentos considerados estratégicos. "O fato de algo ser estratégico para o governo não elimina os impactos ambientais. É o caso de estradas, hidrelétricas ou da exploração de petróleo. Não podemos simplificar ao ponto de ignorar tragédias como Brumadinho e Mariana", criticou.

As mudanças no licenciamento ambiental no Brasil refletem uma tensão entre a busca por maior eficiência na análise de empreendimentos e a necessidade de garantir a proteção ambiental. A Lei Geral do Licenciamento propõe a criação de uma lei nacional para unificar e simplificar procedimentos.

Seus pontos principais são: estabelecimento de tipos diferenciados de licenças: licença única, licença por adesão e compromisso (LAC) para atividades de menor impacto; isenção de licenciamento para determinadas atividades consideradas de baixo risco, como manutenção de estradas e pequenos empreendimentos; e a simplificação de prazos e exigências para evitar a judicialização.

A Licença por Adesão e Compromisso (LAC) é um instrumento que permite que empreendimentos de baixo impacto ambiental declarem o cumprimento das exigências legais sem necessidade de análise prévia detalhada pelo órgão ambiental. Critério adotado em Minas Gerais e Santa Catarina, a proposta do PL 2.159/2021 busca expandir o procedimento nacionalmente. Apesar da desburocratização ser uma vantagem, a autodeclaração gera brechas para fraudes e impactos não mitigados.

O governo já vem adotando medidas para flexibilizar o licenciamento de obras de infraestrutura, como linhas de transmissão e rodovias, mas sofre pressões para facilitar a regularização de propriedades rurais no Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e no Cadastro Ambiental Rural (CAR). As grandes empresas de mineração e energia também fazem um forte lobby para acelerar licenças, sob argumento de garantir segurança energética e desenvolvimento.


 



Por Luiz Carlos Azedo-Jornalista, trabalhou nos jornais O Dia, Última Hora, O Fluminense, Diário de Notícias, O Globo e Diário Popular. Dirigiu o semanário Voz da Unidade. Apresentou o programa 3 a 1 da TV Brasil e foi diretor da Companhia de Notícias



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ATAQUES A MINISTRA SÃO CORTINA DE FUMAÇA PARA DESVIAR DEBATE AMBIENTAL, DIZ ESPECIALISTA

Os ataques contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta terça-feira (27/5), foram classificado pela cientista política Letícia Mendes como uma possível "cortina de fumaça" para desviar o debate da pauta ambiental.

"Os ataques (a Marina) podem ser considerados um mecanismo para que os pontos ali (na pauta ambiental) aos quais a ministra conhece com profundidade, como o PL (projeto de lei) de licenciamento ambiental, não sejam discutidos", afirmou a especialista em Legislativo da BMJ Consultores Associados. 

Letícia Mendes afirma que os senadores "quiseram" destinar o debate para um outro assunto, longe das pautas que englobam o meio ambiente, pasta comandada por Marina.

"E a  partir disso trazer ali um cenário em que a matéria não fosse colocada de fato à tona e que a ministra trouxesse ali seus pontos dos quais ela acha necessário debater. E a gente sabe que grande há uma grande parte contrária ao que foi aprovado no PL pelo Senado Federal", completou Letícia.

A reunião em que Marina foi atacada tratava da criação de quatro unidades de conservação marítimas no Amapá. Durante a audiência, porém, houve debates sobre temas como a exploração de petróleo na Margem Equatorial, o PL do Licenciamento Ambiental e a extensão da BR-319.

Durante a audiência, a ministra do Meio Ambiente deixou a reunião da Comissão de Infraestrutura do Senado após ser atacada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). “A mulher (Marina) merece respeito, a ministra não. Por isso que eu quero separar”, disse o senador Plínio Valério (PSDB-AM).

A ministra reagiu imediatamente, cobrando um pedido de desculpas. "Como eu fui convidada como ministra, ou ele me pede desculpas ou eu vou me retirar. Se, como ministra, ele não me respeita, vou me retirar", disse Marina. Diante da recusa do parlamentar em se retratar, ela deixou a sessão.

Além das declarações de Plínio Valério, o presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério (PL-RO), disse na sessão que Marina Silva deveria 'se pôr no seu lugar'. 

Os ataques à ministra Marina Silva, na avaliação da cientista política, reforçam o ambiente machista e misógino que cerca a política. Letícia observa que mulheres em espaços de poder quase sempre são colocadas em xeque.

“Esse relatório apresentado no Senado não foi debatido. Foi uma peça praticamente entregue no dia da votação. Estamos pedindo que haja o tempo necessário de democracia para discutir uma matéria que amputa décadas de construção do licenciamento ambiental brasileiro”, afirmou a ministra.

Ela destacou pontos críticos do texto, como a redução do papel de órgãos colegiados como o Ibama, o enfraquecimento da consulta a povos indígenas e a introdução do licenciamento por adesão, que retira a análise técnica de impactos indiretos relevantes. Aprovado no Senado, o PL do licenciamento tramita agora na Câmara dos Deputados. 

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CANTOR E COMPOSITOR WILSON ARAGÃO MORRE AOS 75 ANOS

O cantor e compositor baiano Wilson Aragão, morreu, neste sábado (24), aos 75 anos, no Hospital Aristides Maltez, em Salvador. Não há informações sobre a causa da morte, mas ele lutava contra um câncer no fígado. Ele deixa esposa e três filhos.

O corpo de Wilson será velado no domingo (25), em Piritiba, sua cidade natal. O sepultamento será às 16h, no cemitério do município.

O artista homenageou Piritiba com a canção Capim Guiné, sucesso na voz de Raul Seixas, com quem compôs a música.

Wilson Aragão começou a carreira cantando na adolescência, em corais de igreja e de colégio. Ele se achava diferente por gostar de músicas, estilos e ambientes proibidos por sua família, que era evangélica, e por já sentir a veia artística se manifestando por meio de poesias, pinturas e músicas.

Com a separação dos pais, ele foi para São Paulo, trabalhar e fazer faculdade, mas continuou compondo e escondendo as músicas. A arte ficou escondida nos seus cadernos até criar coragem de mostrar aos amigos mais próximos, que o encorajaram a mostrar as composições aos artistas da época.

Com a gravação de Raul Seixas, Capim Guiné virou sucesso em todo Brasil e Aragão passou a fazer shows e divulgar seus trabalhos em rádios e televisões.


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ANSELMO ALVES E ADRIANO MENDES LANÇAM LIVRO SERTÃO-O IMAGINÁRIO DAS GRANDES IMENSIDÕES

Adriano Mendes e Anselmo Alves uniram o talento fotográfico de um à vasta experiência como documentarista do outro para criarem juntos um livro. Mais do que o registro imagético do semiárido, “Sertão: O Imaginário das Grandes Imensidões” faz uma verdadeira imersão nos aspectos culturais, sociais, econômicos e ambientais de uma região rica em tradições. 

O lançamento está marcado para o dia 31 de maio, às 15h, no Recife Expo Center. Na última sexta-feira (23), Anselmo Alves esteve na sede da Folha de Pernambuco para falar sobre a obra, sendo recebido por Eduardo de Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM; pela vice-presidente da Folha de Pernambuco, Mariana Costa; pelo diretor Operacional, José Américo; e pela editora-chefe da redação, Leusa Santos. 

“Eu já tinha produzido muita no audiovisual. Já fiz cerca de 45 documentários, a maioria sobre o Sertão, mas nunca um livro”, revela Anselmo, que recebeu das mãos de Adriano a missão de produzir uma publicação com imagens registradas por ele.

“Falei para ele: ‘Não tem como poetizar o Sertão sem tê-lo vivenciado’. Ele é muito profundo. É um Sertão em movimento, com um bioma único no mundo. Foi difícil fazer o livro, no sentido de que o Sertão é infinito”, ressalta.

A expedição da dupla começou por Belo Jardim, que Anselmo classifica como “Agreste-Sertão”, passou pelo Riacho do Navio, que deságua no rio Pajeú, chegando ao município de Salgueiro e à região de Brejo de Triunfo, e encerrando na cidade histórica de Princesa Isabel, na Paraíba. “Creio que [a rota traçada] é o coração desses grandes sertões. Mas daria para fazer mais mil livros”, apontou.

Com patrocínio da Baterias Moura, o livro reúne 300 fotografias, que brotam nas páginas acompanhadas de trechos de clássicos da literatura brasileira e de textos de poetas sertanejos contemporâneos, como Jessier Quirino, Elis Almeida, Xico Bezerra e Maciel Melo.

As imagens revelam uma região que não se resume à seca. Paisagens verdejantes, sanfoneiros, o cotidiano das feiras livres, artistas circenses e brincadeiras de crianças enchem os olhos do leitor e demonstram a diversidade que pulsa em todo o semiárido nordestino. 

“Eu e Adriano tínhamos a mesma ideia, que era não fazer aquele retrato caricato do Nordeste, com carcaça de boi, chão rachado e miséria. Eu sempre vendi o Sertão de esperança”, explicou.

Para Anselmo, a obra serve como um documento histórico sobre uma região que precisa ser preservada no aspecto ambiental e cultural. “É um registro para que as pessoas não deixem que esse Sertão morra. Fico feliz em pensar que ele servirá para as novas gerações, porque quem não conhece o passado caminha no escuro”, destacou. 

-Serviço Lançamento do livro “Sertão: O Imaginário das Grandes Imensidões”, de Adriano Mendes e Anselmo Alves

Quando: 31 de maio, às 15h


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