RÁDIO EDUCADORA: NEY VITAL SACODE O FORRÓ NO RITMO DO JORNALISMO TODOS OS DOMINGOS

O Programa ‘Nas Asas da Asa Branca – Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos’ agora tem novo horário e é apresentado aos domingos a partir das 10h na Rádio Educadora do Cariri FM 102.1, no Crato, Ceará.

Em defesa do Meio Ambiente e Valorização da Cultura Brasileira o jornalista Ney Vital recebeu Moção de Aplausos da Câmara de Vereadores, terra onde nasceu Padre Cícero. A homenagem, aprovada pelo Poder Legislativo, foi apresentada pelo vereador José Wilson da Silva Gomes (Wilson do Rosto) e aprovada por unanimidade.

A produção e apresentação do programa é do jornalista Ney Vital, colaborador da REDEGN. O programa é pautado em músicas de Luiz Gonzaga, informações em defesa do meio ambiente, agroecologia (destacando a Floresta Nacional da Chapada do Araripe e o Rio São Francisco), a cultura da região, seus cantadores de Pífano, aboiadores e violeiros.

‘Nas Asas da Asa Branca – Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos’ segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. Programa com roteiro usado para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga, seus amigos e seguidores.

Ney Vital considera o programa “o encontro da família brasileira”. Ele não promove rituais regionalistas, a mesquinhez saudosista dos que não se encontram com a arte e cultura, a não ser na lembrança. Ao contrário, o programa evoluiu para a tecnologia digital e forma de espaço reservado à cultura mais brasileira, universal, autêntica, descortinando um mar, cariri sertões de ritmos variados e escancarando a infinita capacidade criadora dos que fazem arte no Brasil.

É o conteúdo dessa autêntica expressão nacional que faz romper as barreiras regionais, esmagando as falsificações e deturpações do que costuma se fazer passar como patrimônio cultural brasileiro. Também por este motivo no programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe.

“Existe uma desordem, inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio”, avalia Ney Vital que recebeu o Título de Cidadão de Exu, Terra de Luiz Gonzaga, título Amigo Gonzagueano Orgulho de Caruaru, e Troféu Luiz Gonzaga do Espaço Cultural Asa Branca de Caruaru e o Troféu Viva Dominguinhos-Amizade Sincera em Garanhuns.

Bagagem profissional-Ney Vital usa a credibilidade e experiência de 30 anos atuando no rádio e TV. Nas afiliadas da Rede Globo (TV Grande Rio e São Francisco), foi um dos produtores do Globo Rural, onde exibiu reportagens sobre Missa do Vaqueiro de Serrita e festa de aniversário de Luiz Gonzaga e dos 500 anos do Rio São Francisco, além de dezenas de reportagens pautadas no meio ambiente do semiárido e ecologia.

Membro da Rede Brasileira de Jornalismo, Ney Vital é formado em Jornalismo na Paraíba e com Pós-Graduação em Ensino de Comunicação Social pela Uneb/Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 

“Nas Asas da Asa Branca, ao abrir as portas à mais genuína música brasileira, cria um ambiente de amor e orgulho pela nossa gente, uma disseminação de admiração e confiança de identidade cultural em nosso povo, experimentada por quem o sintoniza a RADIO EDUCADORA em todas as regiões do Brasil", finaliza Ney Vital.

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MINISTRA DIZ QUE FOME, POBREZA E CRISE CLIMÁTICA DEVER COMBATIDAS JUNTAS

 Fenômenos climáticos extremos, como o tornado que atingiu o Paraná na última sexta-feira, provocam destruição, mortes e maior vulnerabilidade social. A partir dessa premissa, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse nesta segunda-feira (10) que fome, pobreza e crise climática devem ser combatidas de forma conjunta.

 Ela participou de um evento na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, que reuniu autoridades de diferentes países, além de outros membros do governo brasileiro.

“As pessoas perdem seus sistemas alimentários, locais de trabalho, quando tem uma enchente, quando tem um tufão ou um furacão, agravado pela mudança do clima, como aconteceu agora no Paraná, onde uma cidade inteira foi arrasada com perdas de vida. Elas ficam mais vulneráveis”, apontou  Marina.

Marina defendeu a necessidade de pensar a mudança do clima em paralelo ao combate às desigualdades.

“Pensar o enfrentamento da desigualdade junto com o enfrentamento da mudança do clima é algo perfeitamente possível, e é o único caminho para lidar com os dois problemas com eficiência”, complementou.

O evento teve a participação do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias. Ele destacou a necessidade de fortalecer redes de proteção social para respostas às emergências climáticas, e reforçou a importância dos povos tradicionais no cuidado da terra, além dos agricultores familiares. 

“Não há segurança alimentar nem resiliência climática sem aqueles que cuidam da terra, das águas e das sementes, da produção. A agricultura familiar fornece a maior parte dos nossos alimentos”, disse Dias. 

“Ao mesmo tempo, povos tradicionais agem como guardiões de técnicas tradicionais de plantio e da diversidade genética de nossos alimentos. A floresta produtiva é um caminho que integra o social, o ambiental e o ecológico”, complementou.

No último dia 7 de novembro, durante a Cúpula do Clima, 43 países e a União Europeia aprovam a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas. O compromisso coloca a agenda do combate à fome e à pobreza no centro das discussões climáticas globais.

No evento desta segunda-feira, a ministra da Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha, Reem Alabali Radovan, elogiou a iniciativa brasileira em desenvolver a Declaração de Belém e iniciativas de combate à fome.

“Esta declaração representa um passo pioneiro na articulação entre ação climática, proteção social e segurança alimentar. Reconhece que a proteção do planeta e a proteção das pessoas devem caminhar juntas. A agricultura sustentável e o desenvolvimento rural inclusivo são essenciais para enfrentar o desafio climático global e garantir que ninguém seja deixado para trás. Além disso, a declaração deixa claro que a proteção social é um pilar da ação climática nacional e global”, disse a ministra alemã.

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XICO NÓBREGA NO REINO DE GONZAGÃO: A MÚSICA E O MUNDO DO NORDESTE

Acompanhei atentamente a trajetória de preparação, concepção e agora lançamento da obra O Reino do Baião, personagens, obras e o Nordeste, do jornalista cultural Xico Nóbrega, com orgulho, meu irmão, e hoje colaborador da Procult. Uma parceria da EDUEPB com RG Editora, sob o patrocínio do selo UNIMED Cultural, a obra é concebida com um rigor meticuloso de um pesquisador-autoridade, conhecedor irretocável, criterioso e cuidadoso, qualidade rara no mundo das letras quando o assunto é cultura musical, especificamente sobre o Rei do Baião, o imortal Luiz Gonzaga. 

Esta obra reúne dezenas de artigos temáticos sobre Luiz Gonzaga, o Rei do Baião: a sua longa carreira artística, o solista de sanfona (Quem não vibra e se mexe com Remelexo?), as músicas em homenagem aos seus familiares, os seus maiores compositores e e seguidores, as curiosas histórias da Asa Branca, do Baião Paraíba, e da Triste Partida, a sua relação com a Jovem Guarda, e a presença de sete estados do Nordeste, nos seus baiões.  

A obra se abre ao leitor com um valioso levantamento biobibliográfico do Rei do Baião. Pela didática explanatória habilidosa, bem como a profundidade e veracidade das informações, este levantamento inicial é pertinentemente adequado, inclusive para a avassaladora maioria dos jovens leitores brasileiros que conhecem muito pouco sobre a vida e obra do grande Lula, matriz e ícone da MPB.

Destacam-se alguns capítulos especiais e imortais: O solista da sanfona; Humberto Teixeira, compositor fundamental; Zé Dantas, o compositor genial; Paraíba, um jingle político; Zé Clementino e a Jovem Guarda; Luiz e Jackson: androgenia e transexualidade; e Paraíba, um abraço pra ti pequenina. Estes, dentre outros artigos, tornam a obra de Xico Nóbrega tão importante, pelo valor didático e acadêmico, sobretudo aos leitores sedentos em descobrir e/ou valorar a obra desse gigante da MPB de base nordestina.   

Com uma escrita simples, não menos profunda e bastante acessível, Xico Nóbrega, para além de se mostrar como um acurado pesquisador, também esclarece pontos obscuros da história musical e com efeito pessoal do Rei do Baião. Assim, o cuidado deste pesquisador em referendar nas citações as fontes ligadas à discografia (datas, locais e gravadoras) tornam O Reino do Baião, personagens, obras e o Nordeste uma obra de cabeceira para qualquer brasileiro, em especial nordestino, que deseje conhecer o grande filão poético-musical que se esconde por trás da vasta produção de Luiz Gonzaga. Neste sentido, com seu lançamento marcado para dia 24/10, a partir das 19h, no Museu dos 3 Pandeiros, ratifico seu valor e convoco a todos para  prestigiar esse grande momento.

(Dr. Marcelo Vieira da Nóbrega. Docente da FALLA/UEPB. Permanente do PPGLI ( Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade) e do PPGFP (Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores). Líder do Grupeo (Grupo de Pesquisa de Estudos da Oralidade).  

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RÁDIO EDUCADORA FM: NEY VITAL SACODE O FORRÓ COM BOM JORNALISMO

O Programa ‘Nas Asas da Asa Branca – Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos’ agora tem novo horário e é apresentado aos domingos a partir das 10h na Rádio Educadora do Cariri FM 102.1, no Crato, Ceará.

Em defesa do Meio Ambiente e Valorização da Cultura Brasileira o jornalista Ney Vital recebeu Moção de Aplausos da Câmara de Vereadores, terra onde nasceu Padre Cícero. A homenagem, aprovada pelo Poder Legislativo, foi apresentada pelo vereador José Wilson da Silva Gomes (Wilson do Rosto) e aprovada por unanimidade.

A produção e apresentação do programa é do jornalista Ney Vital, colaborador da REDEGN. O programa é pautado em músicas de Luiz Gonzaga, informações em defesa do meio ambiente, agroecologia (destacando a Floresta Nacional da Chapada do Araripe e o Rio São Francisco), a cultura da região, seus cantadores de Pífano, aboiadores e violeiros.

‘Nas Asas da Asa Branca – Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos’ segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. Programa com roteiro usado para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga, seus amigos e seguidores.

Ney Vital considera o programa “o encontro da família brasileira”. Ele não promove rituais regionalistas, a mesquinhez saudosista dos que não se encontram com a arte e cultura, a não ser na lembrança. Ao contrário, o programa evoluiu para a tecnologia digital e forma de espaço reservado à cultura mais brasileira, universal, autêntica, descortinando um mar, cariri sertões de ritmos variados e escancarando a infinita capacidade criadora dos que fazem arte no Brasil.

É o conteúdo dessa autêntica expressão nacional que faz romper as barreiras regionais, esmagando as falsificações e deturpações do que costuma se fazer passar como patrimônio cultural brasileiro. Também por este motivo no programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe.

“Existe uma desordem, inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio”, avalia Ney Vital que recebeu o Título de Cidadão de Exu, Terra de Luiz Gonzaga, título Amigo Gonzagueano Orgulho de Caruaru, e Troféu Luiz Gonzaga do Espaço Cultural Asa Branca de Caruaru e o Troféu Viva Dominguinhos-Amizade Sincera em Garanhuns.

Bagagem profissional-Ney Vital usa a credibilidade e experiência de 30 anos atuando no rádio e TV. Nas afiliadas da Rede Globo (TV Grande Rio e São Francisco), foi um dos produtores do Globo Rural, onde exibiu reportagens sobre Missa do Vaqueiro de Serrita e festa de aniversário de Luiz Gonzaga e dos 500 anos do Rio São Francisco, além de dezenas de reportagens pautadas no meio ambiente do semiárido e ecologia.

Membro da Rede Brasileira de Jornalismo, Ney Vital é formado em Jornalismo na Paraíba e com Pós-Graduação em Ensino de Comunicação Social pela Uneb/Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 

“Nas Asas da Asa Branca, ao abrir as portas à mais genuína música brasileira, cria um ambiente de amor e orgulho pela nossa gente, uma disseminação de admiração e confiança de identidade cultural em nosso povo, experimentada por quem o sintoniza a RADIO EDUCADORA em todas as regiões do Brasil", finaliza Ney Vital.

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PESQUISA SOBRE ABELHAS DA CEMAFAUNA-UNIVASF GANHA DESTAQUE EM SEMINÁRIO

O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna-Univasf) marcou presença no XVI Seminário de Pesquisa e XVII Encontro de Iniciação Científica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizado entre os dias 14 e 16 de outubro de 2025, em Brasília (DF). O evento reuniu pesquisadores, bolsistas e gestores ambientais de todo o país em torno do tema “Ciência, Tecnologia e Conhecimento Tradicional na Gestão da Biodiversidade”, valorizando o papel da pesquisa científica aplicada à conservação.

Representando o Cemafauna, vinculado à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), participaram a pesquisadora Aline Andrade e os bolsistas Mariana Barroso Cruz e Ludwig Lima Nunes, orientados por ela no âmbito da parceria entre ICMBio e Cemafauna-Univasf. Os trabalhos apresentados abordam estudos voltados à ecologia da conservação, comportamento e sustentabilidade das abelhas nativas, com foco nas Unidades de Conservação da Ararinha-azul e do Boqueirão da Onça, ambas localizadas no estado da Bahia. Os dois estudos integram o esforço científico em compreender os efeitos das modificações humanas sobre as populações de abelhas, consideradas espécies-chave na manutenção da biodiversidade. As pesquisas revelam como as mudanças no uso do solo, a perda de vegetação e a pressão antrópica interferem nas redes de interação entre abelhas e plantas nativas, impactando diretamente os ecossistemas da Caatinga. 

O trabalho da bolsista Mariana Barroso Cruz, intitulado “Interações entre populações de abelhas e espécies vegetais de interesse para a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) em áreas com diferentes níveis de pressão antrópica nas Unidades de Conservação da Ararinha Azul”, já havia sido premiado no Simpósio Nacional de Meliponicultura e voltou a ser reconhecido no evento do ICMBio, destaque na categoria de mérito e qualidade científica. Já o bolsista Ludwig Lima Nunes apresentou o estudo “Efeitos de perturbações antrópicas em comunidades de abelhas no Parque Nacional Boqueirão da Onça”, que monitora a composição, riqueza e diversidade das abelhas em áreas conservadas e sob diferentes graus de pressão humana. O trabalho destaca a importância das áreas protegidas para a manutenção da diversidade biológica e para o equilíbrio das relações ecológicas na Caatinga.

Para a pesquisadora Aline Andrade, orientadora dos bolsistas e integrante da equipe técnica-científica do Cemafauna, a participação no evento representa um marco no fortalecimento da parceria entre as instituições e na visibilidade das pesquisas desenvolvidas no semiárido. “Ver nossos estudantes apresentando resultados tão consistentes é motivo de orgulho e esperança. Cada dado coletado, cada observação de campo, ajuda a compreender melhor o papel das abelhas na manutenção da vida na Caatinga. E quando esses resultados são reconhecidos nacionalmente, reforçam a importância da ciência que nasce no sertão e contribui para decisões concretas de conservação”, destacou Aline Andrade.

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LIVRO O REINO DO BAIÃO PERSONAGENS, OBRA E O NORDESTE SERÁ LANÇADO NA SEXTA-FEIRA (24)

A Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB), lançará, na sexta-feira (24), às 19h, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, o livro “O Reino do Baião: personagens, obra e o Nordeste”, do jornalista cultural Xico Nóbrega. A obra é publicada em parceria com a RG Editora e com o patrocínio do selo UNIMED Cultural. O evento é gratuito e aberto ao público em geral.

Para escrever o livro, o autor, que também é colaborador da Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT) da UEPB, realizou uma pesquisa meticulosa e apaixonada sobre Luiz Gonzaga, o imortal Rei do Baião, figura central da cultura musical brasileira e ícone da identidade nordestina. Com escrita acessível e certeira, Xico Nóbrega, conhecido como uma das maiores autoridades no estudo da cultura musical popular, oferece aos leitores uma imersão na trajetória artística e pessoal de Gonzaga.

“O Reino do Baião” se destaca pelo aprofundado levantamento bibliográfico do artista, seguindo por temas que percorrem as diversas facetas da carreira de Luiz Gonzaga: como solista da sanfona, suas homenagens à família por meio da música, a relação com outros compositores, bem como curiosidades sobre clássicos, como “Asa Branca”, “Baião Paraíba” e “A Triste Partida”.

Figuram, ainda, capítulos dedicados à relação de Gonzaga com a Jovem Guarda e à representação dos estados nordestinos em sua obra, além da sua incursão em outros gêneros musicais. A narrativa articula a análise musical, social e histórica, amparada por referências à discografia de Gonzaga, com datas, locais de gravação e selos fonográficos, o que torna o livro uma obra de referência para pesquisadores, estudantes e admiradores da música brasileira, sendo útil, também, para o público mais jovem, que conhece pouco sobre a dimensão artística e humana de Luiz Gonzaga.

Outras informações, pelo telefone (83) 3315-3381 ou por e-mail eduepb@setor.uepb.edu.br.

(Texto: Giuliana Rodrigues-UEPB)

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FESTIVAL DE MÚSICA GERALDO AZEVENDO ACONTECE EM PETROLINA

Teve início nessa quinta-feira (16) o Festival de Música Geraldo Azevedo, realizado pela Prefeitura de Petrolina, através da Secretaria Executiva de Cultura. O evento, que homenageia o artista petrolinense reconhecido nacionalmente, contou com apresentações de artistas locais e de outros lugares do Brasil e um show de cantores da região. A primeira noite reuniu o público que acompanhou e torceu pelas apresentações com entusiasmo. 

Subiram ao palco da Concha Acústica 10 cantores que soltaram a voz para defender suas músicas autorais e inéditas, trazendo originalidade e identidade à primeira noite do festival. Na plateia, o clima era de celebração e valorização da cultura local. "É muito bonito ver a nossa cidade reconhecendo um artista tão importante como Geraldo Azevedo. A programação está linda, já é o segundo ano que venho prestigiar", comentou a professora Morgana Lima. Já o estudante Lucas Ferreira ressalta a importância do festival. "O palco está incrível, tudo organizado. Esse tipo de evento é uma iniciativa de apresentar novos talentos e valorizar ainda mais a cultura da nossa cidade", informa. 

Nesta sexta-feira (17), o festival segue com a segunda etapa da programação, mais 10 candidatos irão se apresentar para o júri, somando no total 20 apresentações, apenas 10 músicas serão selecionadas para serem cantadas na final, que acontece no sábado (18).

Ainda nesta sexta-feira, o público poderá curtir a apresentação da Camerata 21 de Setembro com o 'Rock in Concert,' que contará com apresentações dos cantores Temir Santos, Rafael Waladares e Ingrid Torres. (Texto: Jhulyenne Souza - Assessora de Comunicação da Secretaria Executiva de Cultura) 

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II FESTIVAL DE CINEMA DO NORDESTE BRASILEIRO ACONTECE ENTRE OS DIAS 20 A 25 OUTUBRO

A cidade de Areia, Paraíba, Patrimônio Nacional da Cultura, será palco do 2º Festival de Cinema do Nordeste Brasileiro, que acontecerá dos dias 20 a 25 de outubro de 2025. O evento celebra a produção cinematográfica independente do Nordeste e é uma oportunidade única para viver o cinema regional e conhecer um destino rico em história, cultura e beleza natural.

Acesse o link www.fecine.com.br para saber mais.

O 2º FECINE é uma produção da inCinerado Filmes (@incineradofilmes), realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (@minc), operacionalizado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado de Cultura (@secultpb). E conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Areia (@prefeituradeareia).

Veja abaixo os filmes selecionados para o 2º FECINE:

Curtas – metragens:

Extinção (direção: Eriko Renan e Maycon Carvalho – PB)

Boi Brinquedo (direção: Mestre Martonio Holanda – CE)

Navio (direção: Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real – RN)

Guia (direção: Tarcísio Ferreira – AL)

A nave que nunca pousa (direção: Ellen Morais – PB)

O som da pele (direção: Marcos Santos – PE)

Babalu é carne forte (direção: Xulia Doxágui – PE)

Lá em cima não há céu (direção: Yan Araújo e Óscar Araújo – PB)

Estou adaptado a uma cidade não adaptável (direção: Raquel Cardozo – RN)

O Carnaval é de Pelé (direção: Daniele Leite e Lucas Santos – PE)

Facção (direção: Henrique Corrêa – PE)

Deixa (direção: Mariana Jaspe – BA)

Mundinho (direção: Lúcio Lima  – BA)

Longas-metragens:

A Cigana (direção: Thiago Furtado – PI)

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BIOMA CAATINGA, FLORESTA QUE ALIMENTA E CURA

Parque Nacional do Vale do Catimbau, semiárido pernambucano. Patrimônio natural e cultural do Brasil, conhecido por abrigar um dos mais importantes conjuntos de sítios arqueológicos do País. Em meio ao bioma Caatinga, o local chama a atenção por suas formações rochosas imponentes e pela paisagem exuberante. Foi lá que uma grande tenda listrada foi montada para receber o encerramento da Caatinga Climate Week, neste último domingo (4), após uma verdadeira imersão em experiências exitosas de convivência com o Semiárido durante três dias de evento.

A seguir, relatos de nomes importantes do cenário climático do Brasil e do Semiárido Nordestino que revelam as identidades da Caatinga, bioma estratégico para o debate climático global, que compreende nove estados brasileiros (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, norte de Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), ocupa mais de 10% do território nacional e se estende por cerca de 862.818 km², abrigando aproximadamente 28 milhões de pessoas.

A poucas semanas da COP 30, em Belém, uma expedição envolvendo jornalistas, pesquisadores e representantes de organizações internacionais percorreu cerca de 400 km no Semiárido pernambucano, de 1º a 4 de outubro, para ampliar a visibilidade dos potenciais e das demandas da Caatinga e amplificar as vozes dos seus povos.

Para Edel Moraes, secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), “é muito importante dizermos que o Brasil é formado por vários biomas, e que entre eles está um que é exclusivamente brasileiro e que nos ensina muito sobre adaptação, resiliência e enfrentamento”. Ela ainda ressalta que o Semiárido brasileiro é um território com forte presença de povos e comunidades tradicionais e chama a atenção para os saberes ancestrais, o protagonismo das mulheres e as tecnologias sociais, que hoje estão no cardápio mundial de combate à fome, na pauta climática.

“Vemos aqui um povo de soluções.” Glória Batista, da Coordenação Nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), lembra que a chegada das cisternas promoveu e segue promovendo uma virada na história do Semiárido brasileiro, com impactos principalmente na soberania e na segurança alimentar das famílias da região.

Ela reforça que a convivência com o Semiárido é entendida também sob a perspectiva de cuidar dos bens comuns e dos seus povos. “Isso faz com que o Semiárido passe a ser diferente daquele estereótipo de terra rachada, gado morto, vida inóspita, lugar sem futuro”. E, para além das tecnologias sociais, como cisternas, bancos de sementes e reúso e reaproveitamento de água – todas encontradas durante as experiências visitadas na Caatinga Climate Week -, é fundamental o processo de mobilização por meio de associações, cooperativas e formação e capacitação técnica, além da experimentação e da valorização do saber local. “A gente precisa trazer o bioma Caatinga e o seu povo para a centralidade do clima”, frisa.

Esta é uma foto externa em plano médio que captura uma mulher jovem com longos cabelos escuros e cacheados em um ambiente rural ou semiárido. Ela está em pé sobre o chão de areia clara, vestindo uma camiseta branca estampada e calças jeans azuis, e segura um pote de vidro transparente cheio de grãos ou sementes de cor clara na altura do peito, olhando para ele ou para o lado. Em primeiro plano, no canto esquerdo, há um arbusto com folhagem e pequenas flores roxas e laranjas. O fundo é composto por uma paisagem de vegetação esparsa e pequenos arbustos verdes, com algumas estruturas simples, circulares e de telhado baixo visíveis, possivelmente tendas ou abrigos, no meio do terreno arenoso. Acima, o céu é azul e aberto, pontilhado por nuvens brancas e fofas

Durante quatro dias, foram visitadas diversas experiências de convivência com o Semiárido | Foto: Andréia Vitório

Potência modelo para o mundo

Aldrin Martin Pérez Marín, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), coordenador do Observatório da Caatinga e Desertificação e correspondente científico do Brasil junto à Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), é enfático ao dizer que o Semiárido não é problema, pelo contrário: “é solução viva para o Brasil e para o mundo”.

Para ele, o que o Semiárido brasileiro pode oferecer ao mundo é um método, não uma receita. O método, segundo o pesquisador, tem três pilares universais: armazenar recursos (água, sementes, forragem), reduzir perdas (de solo, nutrientes, biodiversidade) e fortalecer a organização social. Esse tripé, assegura, funciona em qualquer deserto, do Sahel africano ao sertão mexicano.

“O que é específico nosso é a Caatinga, a maior floresta seca tropical do Planeta, megadiversa e com 72% do carbono guardado no solo; é a força de redes como ASA, AS-PTA, CETRA, IRPAA, PATAC; é a capilaridade de políticas como o PAA e o PNAE; é a chuva concentrada em poucos meses, que ensinou o povo a colher cada gota como se fosse ouro”, conclui.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) são programas governamentais de compras públicas de alimentos produzidos por agricultores familiares no Brasil.

“Essa floresta Caatinga é uma floresta que alimenta e que cura”. A fala é de Elisa Pankararu, atual coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), durante o encerramento da Climate Week.

“O bioma Caatinga é único no Planeta. Deveria ser patrimônio cultural da biodiversidade, ser extremamente valorizado. No entanto, historicamente e culturalmente, construiu-se uma imagem negativa do nosso bioma, com preconceito e discriminação. Esse imaginário está na literatura, na arte, no cinema. Somos vistos como um povo feio, mas não somos. Somos de beleza e de cultura. Quero dizer que a Caatinga é um bioma de resistência, de beleza, mas também de conflitos. Somos de enfrentamento”, destaca, alertando para a presença de grandes empreendimentos e seus impactos na região.

O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, publicado pelo Map Biomas, em 2024, sinalizou que a Caatinga foi o terceiro bioma mais desmatado no País, com uma perda de 14% de área (174.511ha). Frente a esse contexto, chamam atenção os dados de pesquisas do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) e do Observatório da Caatinga e Desertificação (OCA), que revelaram o alto potencial do bioma para capturar e armazenar carbono da atmosfera.

Cientistas demonstram que as florestas do Semiárido brasileiro podem retirar até sete toneladas de CO₂ por hectare por ano, consolidando-se como o bioma brasileiro mais eficiente no sequestro de carbono. Mesmo as regiões mais áridas da Caatinga são capazes de absorver entre 1,5 e três toneladas anuais de gás carbônico. TEXTO jornalista Andréia Vitório

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MINISTRO LUIZ ROBERTO BARROSO SE DESPEDE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

 O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira a aposentadoria do Supremo Tribunal Federal. O discurso de despedida é uma aula para a vida. 

Confira:

Excelentíssimo Senhor Presidente, querido amigo, prezados colegas:

Por doze anos e pouco mais de três meses ocupei o cargo de ministro deste Supremo Tribunal Federal, tendo sido presidente nos últimos dois anos. Foram tempos de imensa dedicação à causa da Justiça, da Constituição e da Democracia.

A vida me proporcionou a bênção de poder servir ao país, retribuindo o muito que recebi, sem ter qualquer interesse que não fosse fazer o que é certo, justo e legítimo para termos um país maior e melhor.

Ao longo desse período, enfrentei e superei, com discrição, dificuldades e perdas pessoais. Nada disso me afastou da missão que havia assumido perante o país e minha consciência de dar o melhor de mim na prestação da justiça.

Na presidência do Tribunal e do Conselho Nacional de Justiça, percorri o país, literalmente, do Oiapoque ao Chuí, em contato com os magistrados e os cidadãos, procurando aproximar o Judiciário do povo. Conversei com todos: indígenas e produtores rurais; patrões e empregados; situação e oposição. Não discriminei ninguém. Conheci mais profundamente o país, na sua pluralidade e diversidade, e vi aumentar o meu amor por essa terra e sua gente.

Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos. Mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo. Com mais espiritualidade, literatura e poesia.

Como todos nós sabemos, os sacrifícios e os ônus da nossa função acabam se transferindo aos nossos familiares e às pessoas queridas, que sequer têm qualquer responsabilidade pela nossa atuação.

Gostaria de me despedir com uma breve reflexão sobre a vida, sobre o Brasil e sobre o Supremo Tribunal Federal.

Apesar da agressividade e da intolerância que ainda se vê aqui e acolá, reafirmo a minha fé nas pessoas, no bem, na boa-fé, na boa-vontade, no respeito ao próximo e na gentileza, sempre que possível. Fora desta bancada, continuarei a trabalhar por um tempo de paz e fraternidade.

Reitero: a integridade, a civilidade e a empatia vêm antes da ideologia e das escolhas políticas. O radicalismo é inimigo da verdade. A gente na vida deve ter cuidado para não se apaixonar pelas próprias razões.

Apesar das dificuldades que ainda não superamos, como a pobreza e a desigualdade, reafirmo a minha fé no Brasil, o país mais lindo do mundo, da Amazônia ao Pampa, do Cerrado à Mata Atlântica, das praias e montanhas às quedas d’água.

Parodiando Pablo Neruda, mil vezes tivera que nascer e eu queria nascer aqui. Mil vezes tivera que morrer e eu queria morrer aqui. Aqui vivem meus filhos amados e gente querida que a vida voltou a me trazer.

Todos nós julgamos causas difíceis, complexas, com interesses múltiplos. E cada um procura fazer o melhor. De minha parte, ao longo desses anos, diante das questões mais delicadas, eu as estudei, refleti e me convenci de qual era a coisa certa a fazer. E fiz.

Não carrego nenhum arrependimento nem nunca tive medo de nada. Não falo isso por pretensão ou arrogância, mas por minha crença mais profunda: a de que o Universo protege as pessoas que se movem por bons propósitos.

Reafirmo, por fim, minha crença na educação, inclusive e sobretudo na educação pública para quem precisa. Eu nasci em Vassouras, uma adorável cidade do interior, numa família simples e sem parentes importantes.

Estudei o primário e o ginásio em escolas públicas e me formei em Direito em uma maravilhosa universidade pública, que é a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Devo quase tudo aos meus professores e à educação que recebi. E hoje sou convidado pelas principais universidades do mundo. Falo isso, também aqui, não por pretensão ou arrogância, mas por gratidão. O Brasil me deu tudo o que eu tenho, muito além do que sonhei quando tudo começou.

Ao longo dos anos, aprendi a conviver e a admirar os colegas com os quais compartilhei a aventura de fazer justiça nesse país formidável, mas complexo. Cada um, com sua individualidade e características pessoais, contribui para a defesa da Constituição, com o pluralismo próprio das sociedades abertas.

Ministro Gilmar Mendes, a vida nos afastou e nos aproximou. Fico feliz que tenha sido assim e sou grato por sua parceria valiosa ao longo da minha gestão e por sua defesa firme do Tribunal nos momentos difíceis.

Ministra Cármen Lúcia, sua integridade pessoal e compromissos com o Brasil irradiam uma luz que ilumina este Tribunal e inspira pessoas pelo país afora. Levo Vossa Excelência no coração para sempre.

Ministro Dias Toffoli, sua capacidade de gestão e sensibilidade fizeram enorme diferença para o Tribunal, em decisões como a ampliação do plenário virtual e o inquérito que permitiu desbaratar o extremismo antidemocrático no país.

Ministro Luiz Fux, somos amigos desde quando eu estava nos bancos escolares. Você foi o celebrante do meu casamento feliz e estar ao seu lado aqui no Tribunal todos esses anos foi motivo de alegria e orgulho para mim.

Ministro Alexandre de Moraes, eu e todos nós somos testemunhas da sua dedicação ao trabalho, ao país e à causa da proteção das instituições e somos solidários com os preços pessoais elevados que está tendo de pagar e que um dia a história haverá de reconhecer e reparar.

Ministro Kassio Nunes Marques, virá missão importante no seu caminho, que será a presidência do TSE. Desejo-lhe toda sorte. E continuaremos a compartilhar as aflições rubro-negras e o gosto pela arte e pela música brasileira.

Ministro André Mendonça, renovo aqui meu carinho e admiração por sua integridade, fidelidade aos próprios valores e a seriedade com que lida com os grandes problemas nacionais. Sinto alegria quando concordamos e respeito quando divergimos. A amizade não tem coloração política.

Ministro Cristiano Zanin, sua fidalguia, discrição e imensa competência desfizeram todos os prognósticos maliciosos e revelaram um juiz vocacionado, justo e brilhante. Sou muito feliz por havermos nos tornado amigos.

Ministro Flávio Dino, sua cultura, brilhantismo e senso de humor fazem a vida de todos nós mais leve e agradável. Tem sido um privilégio compartilhar da sua amizade ao longo de todas essas décadas. Vou continuar a ouvi-lo com interesse, ainda que lá de fora.

Ministro Edson Fachin, parto seguro de que o Tribunal está sendo conduzido pelo que há de melhor no país em termos de honestidade de propósitos, de idealismo e de competência.

Estendo meu carinho e estima ao Procurador-Geral Paulo Gonet Branco, aos meus assessores, na pessoa da Aline Osorio, e a todos os servidores da Casa, na pessoa da nossa Assessora de Plenário, Carmen Lilian Oliveira de Souza.

Registro, ainda, meu especial apreço pela imprensa, aqui representada por competentes setoristas. Nesses tempos de desinformação e de perda da importância da verdade, nunca precisamos tanto da imprensa profissional, que se move pela ética e pela técnica jornalística, que checa as notícias e distingue fato de opinião. Mentir precisa voltar a ser errado de novo.

Por fim, sou grato à presidente Dilma Rousseff, que me nomeou para o cargo da forma mais republicana possível, sem pedir, sem insinuar, sem cobrar. E ao presidente Lula, por sua firme defesa do Tribunal quando esteve sob ataque.

Com altivez, mas sem bravatas, cumprimos com honra nosso dever e nosso destino. A história nos dará o crédito devido e merecido.

Deixo o Tribunal com o coração apertado, mas com a consciência tranquila de quem cumpriu a missão de sua vida.

Não foram tempos banais, mas não carrego comigo nenhuma tristeza, nenhuma mágoa ou ressentimento. Começaria tudo outra vez, se preciso fosse.

Sigo achando que a afetividade é uma das energias mais poderosas do universo. Por isso, fico feliz por deixar aqui amigos queridos e boas lembranças, bem como renovo minha confiança de que o Supremo Tribunal Federal continuará a ser o guardião da Constituição e um dos protagonistas na preservação da estabilidade institucional do país e da democracia.

Esta é a última sessão plenária de que participo. Decisão longamente amadurecida, que nada tem a ver com qualquer fato da conjuntura atual.

Há cerca de dois anos, comuniquei ao Presidente da República essa possível intenção. Fico no Tribunal mais alguns dias da próxima semana para devolver dois ou três pedidos de vista e encerrar as pendências.

Ao apresentar meu pedido de aposentadoria, após mais de quarenta anos de serviço público, transmito a Vossa Excelência e a todos os colegas a expressão do meu afeto profundo e sincero, com os melhores votos de sucesso continuado e boas realizações.

Assim seja, amém.


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DIA DO NORDESTINO CELEBRA CULTURA E BIODIVERSIDADE DA CAATINGA

Nesta quarta-feira, 8 de outubro, é o Dia do Nordestino, criado por uma lei municipal, do estado de São Paulo. A data é uma homenagem ao poeta, compositor e cantor cearense Patativa do Assaré que morreu em 2002, aos 93 anos. Nascido Antônio Gonçalves da Silva, em 1909, foi mais tarde que o poeta adotou o nome Patativa, que compara a beleza de sua poesia ao canto da ave nordestina. 

No Dia do Nordestino, o Viva Maria saúda a Caatinga, que, assim como o Cerrado, é um dos biomas mais ameaçados pela devastação!

Márcia Vanuza da Silva, professora do Departamento de Bioquímica do Centro de Biociência da UFPE — a Universidade Federal de Pernambuco —, fala sobre a preservação, a diversidade cultural nordestina e também sobre as mulheres extrativistas do coco do licuri.

Dia 8 de outubro: dia dos donos das melhores gírias, do sotaque mais lindo e do povo mais alegre e arretado que existe. Oxente, minha gente! O Viva Maria é Nordeste, e esta data marca o Dia do Povo Nordestino!

Mas, acima de tudo, hoje também é dia de “recaatingar”. E, para traduzir o que significa esse termo nordestino, nesta edição vamos ouvir Márcia Vanuza da Silva, professora do Departamento de Bioquímica do Centro de Biociência da UFPE — a Universidade Federal de Pernambuco —, que fala sobre a preservação da Caatinga, da diversidade cultural nordestina e das mulheres extrativistas do coco do licuri, ou ouricuri, considerado o ouro da Caatinga!


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PALAVRA EM CANTORIA ABRE FESTIVAL JUÁ LITERÁRIA COM XANGAI, MACIEL MELO E JESSIER QUIRINO

O Festival Juá Literária 2025 começa em grande estilo no dia 22 de outubro, com o projeto Palavra em Cantoria, um encontro entre três mestres da cultura nordestina: Xangai, Maciel Melo e Jessier Quirino.

No palco, poesia, música e memória se entrelaçam em um espetáculo que celebra a identidade e a força da tradição nordestina. A voz marcante de Xangai, a viola poética de Maciel Melo e a verve bem-humorada e sensível de Jessier Quirino se unem para emocionar e transportar o público às raízes sertanejas. Mais do que um show, "Palavra em Cantoria" é uma celebração da palavra falada e cantada, um tributo ao povo e à cultura que moldam o Nordeste.

A Juá Literária chega como culminância do programa municipal que integra educação, cultura e arte, celebrando a leitura e os diversos modos de narrar o mundo. Durante quatro dias, de 22 a 25 de outubro, o festival vai reunir cerca de 80 atrações em shows, mesas literárias, lançamentos de livros, oficinas, apresentações teatrais e outras atividades espalhadas pela Orla II, distritos, Praça do Poeta, Centro de Cultura João Gilberto e até o Rio São Francisco.

O Festival Juá Literária é uma realização da Prefeitura Municipal de Juazeiro, através da Secretaria de Educação, dentro do Programa Juá Literária, com apoio da Editora IMEPH, Ande Livros, Governo do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon e curadoria do poeta e cantador Maviael Melo, com produção da Carranca Produções e Entre Versos e Canções Produções Artísticas. Dentro da programação, um dos espaços de destaque será a FLIJUÁ – Feira de Literatura de Juazeiro, realizada na Tenda das Palavras, em conformidade com a Lei Municipal nº 3.238/2024.  (Ascom/PMJ)

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ORAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO EM TEMPOS DE POUCOS RIOS

O Rio São Francisco não nasce na Serra da Canastra. Digo isso porque a correria estressante das ruas do Rio de Janeiro me oprime. Os olhos dessas crianças nuas me espetam e essa população de rua dormindo pelas calçadas me joga contra o muro. 

Só uma coisa me alenta hoje: a saudade do meu santo rio. O Rio São Francisco, o Velho Chico, Chiquinho. Escuto o murmurar de suas verdes águas: — Deixai vir a mim as criaturas... E assim foi feito. Falar de desrespeito e depredação tornou-se obsoleto. Denunciar matanças e desmatamentos resultou nulo. Orar e orar. Pedir ao santo do seu nome a sua oração.

Lá do Cristo Redentor da cidade de Pão de Açúcar, nas Alagoas, um moleque triste escutou a confissão das águas. Segundo ele, o Velho Chico dizia:

“Ó, Senhor, criador das águas, benfeitor dos peixes, escultor de barrancas e protetor de homens fazei de mim bem mais que um instrumento de tua paz. Se paz não mais tenho faz-me levar um pouquinho aos que em mim confiam. Paz para as lavadeiras que, em Própria, choram a sua fome de pão. Que, em Brejo Grande, soltam lágrimas pelos filhos mortos no sul do país. Que, em Penedo, já perderam a fé de serem tratadas como gente sã.

Onde houver o ódio dos poderosos que eu leve o amor dos pequeninos. O amor dos que cavam a terra a plantam o aipim. Dos que cavam a terra e usam-na como cama e lençol para sempre. Dos que querem terra para suas mãos, para os seus grãos, para a sua sede. O amor que não é submisso, mas escravizado. O amor que tem coragem de um dia dizer não. Coragem diante das balas e das emboscadas, das más companhias e da solidão.

Onde houver a ofensa dos governos que eu leve o perdão dos aposentados e servidores públicos. O perdão, nunca a omissão. A luta, porque perdoar não requer calar. Perdoar não quer dizer parar. Como minhas águas, tantas e tantas vezes represadas, mas nunca paradas e que, quando em minha fúria, carregam muralhas, absorvem barreiras e escandalizam Três Marias, Xingó e Paulo Afonso.

Onde houver a discórdia dos que mandam que eu leve a união dos comandados. A suprema união dos que sonham com as mudanças, dos que querem quebrar hegemonias e oligarquias. A discórdia dos reis contra a união dos plebeus. Um povo unido é força de Deus, dizia o velho bendito e sejais bendito, Senhor. A união das águas, a união das lágrimas, a união do sangue e a união dos mesmos ideais.

Onde houver a dúvida dos que fraquejam, que eu leve a fé dos que constroem seu tempo. Na adversidade, meio ao deserto e ao clima árido, a fé dos que colhem uvas e mangas em minhas margens. Dos que colhem arroz em minhas várzeas, dos que criam peixes com minhas águas em açudes feitos. A fé dos xocós lá em Poço Redondo. A fé que cria cabras nos Escuriais. Dos que colhem cajus e criam gado em Barreiras e outros cafundós.

Onde houver o erro dos governantes que eu leve a verdade de Canudos. O bom senso dos conselheiros de encontro à insanidade dos totalitários. Os canhões abrindo fendas na cidade sitiada e a verdade expondo cada vez mais a ferida da loucura na caricatura da História. O confisco da poupança e o rombo na previdência. O fim da inflação e o pão escasso, o emprego rarefeito, a dignidade estuprada em cada lar de nordestinos.

Onde houver o desespero das crianças da Candelária que eu leve a esperança das mães de Acari. E aqui, Senhor, te peço com mais fé. A dor dos deserdados, dos que perderam seus pais, filhos ou irmãos, seja de fome, doença ou assassínio, inundai-os com as águas esmeraldas da justiça. A justiça da terra e dos céus. Pintai de verde o horizonte das famílias daqueles que foram jogados mortos em minhas águas. Eles não foram poucos.

Onde houver a tristeza dos solitários que eu leve a alegria das festas de São João. Solitário eu banho muitas terras e em todas, das Gerais, do Pernambuco, das Alagoas e do Sergipe, não há tristeza ao pé da fogueira, nas núpcias entre a concertina e o repente, entre a catira e o baião.. Das festas do Divino ao Maior São João do Mundo, deixai-me levar, Senhor, o sabor de minhas águas juninas e seus fogos de artifícios.

Onde houver as trevas da ignorância que eu leve a luz do conhecimento e da sabedoria. A escuridão dos homens dementes que teimam em querer ferir-me de morte seja massacrada pela luz de um futuro negro, sem água potável, sem terra e sem ar.. Dai-me esse poder, de entrar nas mentes e nos corações, de espraiar-me pelos mil recantos dos que querem mal à nossa casinha, nossa pequena Terra. O homem sábio seja sempre sábio e contamine os povos com ensinamentos de preservação.

Ó, Senhor, dai-me vocação para consolar os que se lamentam de má sorte. Fazei-me compreender porque tanto mal há nos corações. Sobretudo, Senhor, não autorizeis que eu deixe de ser o Rio São Francisco, que há tantos anos não foge do seu leito, espalha e espelha vida em abundância. Que, embora tenha dado, quase nada recebo, que perdoando sempre, continuo sendo morto enquanto todos pensam que serei eterno.”

Foi assim que escutei e assim reproduzo.

ADERALDO LUCIANO é paraibano, nascido em Areia, poeta, professor de Teoria da Literatura e cozinheiro amador.

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PROJETO CELEBRA DIA DO RIO SÃO FRANCISCO COM COLETA E ANÁLISE DA ÁGUA

Para celebrar os 524 anos de descobrimento do Rio São Francisco, comemorados neste sábado (4), o “Projeto Observando os Rios” promove mais uma atividade de monitoramento da qualidade da água do Velho Chico. A ação acontece no Porto da Balsa, em Penedo, Alagoas.

O Observando os Rios é um projeto de extensão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), patrocinado pela Fundação S.O.S. Mata Atlântica e executada pelos Laboratórios de Ictiologia e Conservação (LIC) e de Ecologia Bentônica (LEB), ambos da Unidade Penedo, juntamente com o Projeto Meros do Brasil – Alagoas.

A ação deste sábado integra o evento promovido pelo “Movimento Ecológico Filhos do Velho Chico”, que tem como símbolo o Pirá, peixe exclusivo do Rio São Francisco.

“O evento é muito mais que uma simples comemoração pelo Dia do São Francisco, pois busca chamar atenção da sociedade para o Velho Chico, como é carinhosamente chamado. O Projeto Observando os Rios monitoria mensalmente a qualidade da água há quase uma década, sempre envolvendo alunos não apenas de Alagoas, mas também de Sergipe e até mesmo de outros estados”, conta o professor de Engenharia de Pesca da Ufal / Penedo, Cláudio Sampaio.

“Os participantes são geralmente da rede pública, incluindo UFAL, IFAL, além de populares, envolvidos na análise da qualidade da água, discutindo os resultados observados. O local escolhido será o Porto da Balsa, no Centro Histórico de Penedo, onde realizamos a coleta e análise”, acrescentou.

VELHO CHICO-O Dia do Rio São Francisco é comemorado em 4 de outubro, quando foi descoberto pelo navegador e explorador Américo Vespúcio, em 1501, que o batizou em homenagem a São Francisco de Assis, celebrado no mesmo dia.

O Rio, carinhosamente chamado de “Velho Chico”, é um patrimônio nacional, vital para a integração nacional, a segurança hídrica e a economia do semiárido.

Já antes da descoberta por Américo Vespúcio, o Rio era chamado de “Opará” (rio-mar) pelos indígenas que habitavam suas margens.

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SERTÃO DA FÉ NAS CANÇÕES DE LUIZ GONZAGA REÚNE GRAVURAS DO ARTISTA BI MORAIS

No dia 08 de outubro (quarta-feira) é celebrado nacionalmente o Dia do Nordestino e, em Salvador, uma exposição vai homenagear alguns elementos culturais que fazem parte da cultura sertaneja. "Sertão de Fé — a Fé Sertaneja nas Canções de Luiz Gonzaga" reúne gravuras produzidas pelo artista plástico Bi Morais, unindo ilustrações acompanhadas por textos em cordel, em cartaz entre 04 de outubro e 04 de novembro, no Espaço Uno (Rua da Ordem Terceira, 1, Pelourinho). 

Nela, o artista baiano convida o público a olhar para as gravuras que são ilustradas poeticamente pelos cordéis, retratando de forma visual e literária o diálogo entre fé e cultura nordestina sertaneja, notadamente existente nas canções de Luiz Gonzaga. As gravuras foram inspiradas no traço das xilogravuras e nas letras de canções de Gonzagão, onde a religiosidade do catolicismo popular é um tema comum. O cordelista e músico Rodrigo Chianca foi convidado para compor esse projeto, que parte de uma pesquisa de Bi Morais, que é também músico forrozeiro, sobre a cultura sertaneja, as canções do Rei do Baião e a religiosidade popular. 

A abertura oficial acontece em uma vernissage gratuita neste sábado (04), às 19h00, dia de São Francisco de Assis, santo que dá nome ao rio mais famoso da região. Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.

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A HISTÓRIA DA CASA DE DOCE JOÃO MARTINS

 Texto por Victória Ellen-No Cariri Tem

Na Rua Santa Luzia, nº 545, no centro de Juazeiro do Norte, o aroma de açúcar no fogo continua atraindo consumidores e turistas para a região do Cariri Ceareanse. Inaugurada em 1965, a Casa do Doce João Martins celebrou seis décadas em junho deste ano. O local, além de preservar a tradição da confeitaria artesanal, também é reconhecido como Museu Orgânico, fazendo parte da rota cultural do município. É o primeiro espaço desse tipo em Juazeiro do Norte voltado à gastronomia regional, onde as receitas se firmam como manifestação cultural.
Sebastião Manoel, 61, genro do fundador e atual responsável pela produção, lembra dos primeiros passos da história. “A Casa do Doce começou em 1965. No início, o mestre João não tinha experiência, perdia muito doce. Mas foi na persistência que surgiu o primeiro doce de batata, que deu certo. Depois veio o de banana, o de gergelim e, mais tarde, o nosso carro-chefe, o doce de leite, que combina com todos os outros onze que produzimos aqui.”

Figura importante nessa trajetória foi Madeilton, que chegou à família ao casar-se com a irmã de João Martins. Ele passou a ajudar na produção dos doces e também ganhou notoriedade na cidade por sua atuação no rádio e no futebol como cronista esportivo. Essa popularidade fez com que muitos começassem a associar os produtos da casa ao seu nome, dando origem à marca Doce do Madeilton, como ficou conhecida por décadas. Antes disso, o local chegou a se chamar Cantinho Esportista, reforçando a ligação da doceria com a paixão esportiva e a vida cultural da cidade, onde comer um doce era também compartilhar resenhas sobre futebol.
Ao longo das décadas, o espaço cresceu e se tornou ponto de encontro para moradores e romeiros. “Hoje, nós temos uma casa que sustenta 12 famílias trabalhando de segunda a sábado. Passamos de um comércio pequeno para uma empresa que virou até museu”, afirma Sebastião.

Ele também recorda a transformação após o reconhecimento oficial: “Em 2023, ele se tornou o Museu Orgânico. A partir daí, o desenvolvimento só aumentou. Antes, poucas pessoas, até mesmo da cidade, conheciam a nossa Casa do Doce. Depois do título, passamos a ser reconhecidos internacionalmente. Recebi até uma televisão da Inglaterra para fazer matéria aqui. Hoje, fazemos parte da rota turística de Juazeiro. O Museu Casa do Doce João Martins é um ponto de referência e orgulho para todos nós”.

Entre os funcionários, a rotina é marcada pelo aprendizado. Fernando Campos do Nascimento, 24, que atua nos serviços gerais, destaca que “o trabalho que mais gosto de fazer é o doce de gergelim, preparado no pilão, tarefa que parece até um exercício físico. Para mim, é uma honra trabalhar em uma doceria tão famosa, onde tudo é feito com carinho para agradar aos clientes”.

A cozinheira Ana Paula Rodrigues, 32, recém-chegada à equipe, conta que “no início foi difícil me adaptar porque nunca havia trabalhado no ramo, mas aprendi com a Maria, que já tem mais de 11 anos de experiência. Hoje, meu doce preferido é o de leite, o carro-chefe, mas também gosto das receitas de mamão, caju e abacaxi. O mais gratificante é receber o carinho dos clientes que dizem se sentir em casa aqui”.

A memória preservada pelos clientes-São justamente os clientes que mantêm viva a tradição. João Vieira, 33, frequenta a loja desde criança e relembra: “Sempre gostei do leite cortado e do gergelim. Lembro de vir aqui com meu pai e até hoje, quando tenho um tempo, passo para comprar. Já indiquei para colegas de trabalho, e eles também acabam viciando”.

Para muitos, os doces são sinônimo de memória afetiva. As irmãs Helena Gonçalves, 69, e Betiza Maria do Nascimento, 68, acompanham a trajetória da casa há décadas e garantem que “os produtos continuam os mesmos de quando Madeilton estava à frente da produção. O atendimento é maravilhoso e, mesmo morando fora de Juazeiro por anos, sempre voltamos ao local”. Helena ainda completa: “Meu filho mora em São Paulo e só gosta do doce de leite da Casa João Martins. Sempre levo um potinho para ele quando viajo e indico para todos que vierem a Juazeiro”.



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JOQUINHA GONZAGA LANÇA EP 50 ANOS DE FORRÓ E TRADIÇÃO

Joquinha Gonzaga completou no dia (01) de abril, 73 anos, (né mentira não!) de nascimento. Ele é neto do tocador de oito baixos Januário e sobrinho de Luiz Gonzaga, Rei do Baião. João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos poucos descendentes vivos da família. Dos nove filhos de Santana e Januário, todos eles, ja "partiram para o Sertão da Eternidade".

Nesta sexta-feira, 26 de setembro de 2025, a data se faz mais especial, Joquinha Gonzaga lança nas plataformas digitais o EP (com cinco músicas), 50 anos de Forró e Tradição. 

Joquinha Gonzaga além de tocar sanfona de 120 baixos,  é tocador de sanfona de 8 baixos, um instrumento quase em extinção no cenário cultural brasileiro. No repertório do cantor e sanfoneiro, ao lado do tio Luiz Gonzaga, o sanfoneiro Joquinha cantou em dueto a música "Dá licença prá mais um". Joquinha Gonzaga reside atualmente em Exu, Pernambuco. 

Não oficialmente, Joquinha Gonzaga é um Patrimônio Vivo da Cultura. Além de sobrinho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Joquinha é neto de Januário (tocador de 8 Baixos) e ainda tem como tios o Mestre da Sanfona, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga (tocadora de sanfona 8 Baixos), Severino Januário e primo do saudoso Gonzaguinha.

Contato para shows de Joquinha Gonzaga: (87) 9 99955829 e (87) 9 96770618-Sara Gonzaga.

TRAJETÓRIA: Em 1986, gravou o seu primeiro disco, “Forró cheiro e chamego”, pela gravadora Top Tape. Na sequência, foi convidado por seu tio, Luiz Gonzaga, a integrar uma turnê à França. 

Em 1988, participou do disco “Aí Tem…”, de Luiz Gonzaga, na faixa “Dá licença pra mais um”. 

Em 1989, gravou um disco com composições de seu tio, pela gravadora Copacabana. 

Em 1990, lançou mais um álbum, “É só remexer”, novamente pela Copacabana. 

No início dos anos 1990, atuou em shows e participou de eventos tradicionais como a Missa do Vaqueiro de Serrita, preservando a memória de Luiz Gonzaga. 

Em 1993, lançou o LP “Sobrinho de Gonzagão e neto de Januário”, pela Somari, obtendo divulgação nacional. 

Em 1996, lançou o álbum “Raiz e tradição”, que trouxe participações de Alcimar Monteiro, Joãozinho do Exu e Maída. 

No ano seguinte, lançou mais um disco, “Cara e coração”, pela Ingazeira Discos, e com produção de Alcymar Monteiro. O CD apresentou músicas de compositores como João Silva e Dijesus, além dele próprio.  

No mesmo ano, realizou participação especial em um álbum de Dominguinhos, cantando a música “Tacacá”. 

Em 1998, ao lado de Oswaldinho do Acordeon e Daniel Gonzaga, participou do evento “Tributo a Luiz Gonzaga”, realizado em Nova York, nos EUA, para um público de 10 mil pessoas.

Em 2000, lançou mais um disco de carreira, dessa vez de forma independente, “Mala e cuia”, que teve participação especial de Daniel Gonzaga na faixa “Espelhos das Águas do Itamaragy”. 

Em 2003, realizou participação especial no disco “Na varanda do Rei”, de Flavio Baião, na faixa “São João Tradição”. 

Em 2004, lançou o CD “Sanfoneiro da serra do Araripe”, também de forma independente. O disco trouxe uma gravação de Luiz Gonzaga de 1988, em que o apresentou como herdeiro musical da família e perpetuador do baião. 

Em 2005, realizou participação especial no disco “Forroboxote 4”, de Xico Bizerra, cantando a faixa “Toró de alegria”. 

Em 2006, lançou o disco “Contos e causos do Gonzagão”, em que apresentou três causos que presenciou nas viagens que realizou ao lado de seu tio. 

No mesmo ano, participou do disco de Chiquinha Gonzaga “Oito e oitenta”, interpretando a faixa “Sabino”. 

Em 2007, realizou participação especial no disco “Forroboxote 7”, de Xico Bizerra, cantando a música “Jorge da Lua”. 

No mesmo ano, realizou participação especial no disco “Achando bom!!!”, de Targino Gondim, cantando a música “Começo de namoro”. 

Em 2012, realizou participação na coleção tripla de CDs “Pernambuco forrozando para o mundo – Viva Dominguinhos!!!”, produzida por Fábio Cabral, cantando, ao lado de Dominguinhos,  a música “Retrato do nordeste”, de sua autoria com Zé Peixoto e Dijesus. 

A coletânea trouxe forrós diversos, interpretados por 48 artistas, e que fazem referência aos 50 anos de carreira do seu inspirador, Dominguinhos. Interpretando músicas de compositores em sua grande maioria pernambucanos, fizeram parte do projeto também artistas como Acioly Neto, Adelzon Viana, Dudu do Acordeon, Elba Ramalho, Jorge de Altinho, Irah Caldeira, Liv Moraes, Petrúcio Amorim, Geraldo Maia, Sandro Haick, Spok, Jefferson Gonçalves, Chambinho, Hebert Lucena, Maciel Melo, Luizinho Calixto, Silvério Pessoa, Walmir Silva, entre outros, além do próprio Dominguinhos.

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PESQUISA MOSTRA AVANÇO EM SALAS DE AULA COM PROIBIÇÃO DE CELULARES

Uma pesquisa realizada pela Frente Parlamentar Mista da Educação, em parceria com o Equidade.info, iniciativa do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education, revelou que 83% dos estudantes brasileiros têm prestado mais atenção nas aulas depois da restrição ao uso de celulares em salas de aula.

A percepção de impacto positivo é maior nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, com 88% afirmando prestar mais atenção nas aulas. No Ensino Médio, 70% disseram perceber mudanças para melhor sem os celulares.

O estudo mostra, também, que 77% dos gestores e 65% dos professores relataram diminuição do bullying virtual dentro das escolas. Entre os alunos, entretanto, apenas 41% afirmaram sentir essa mudança, o que sugere que parte dos conflitos pode não estar sendo reportado pelos estudantes ou percebido por professores e gestores escolares.

Segundo os dados do levantamento, 44% dos alunos disseram sentir mais tédio durante os intervalos e os recreios. Esses números são mais elevados entre estudantes do Ensino Fundamental I (47%) e do período matutino (46%). Além disso, 49% dos professores relataram aumento de ansiedade entre os alunos com a ausência do uso do celular.

Em relação ao comportamento dos estudantes, o Nordeste aparece como destaque positivo, representando 87% dos avanços. O Centro-Oeste e o Sudeste são as regiões com o menor índice de melhora no ambiente escolar, com 82% indicando que a eficácia das medidas tende a variar segundo fatores regionais.

“Proteger nossos estudantes do uso do celular em sala de aula é garantir um ambiente mais saudável e focado no aprendizado. O resultado que vemos hoje é a confirmação de que a educação precisa ser prioridade, com políticas que cuidem do presente e preparem o futuro dos nossos jovens”, disse o presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, deputado Rafael Brito.

A presidente do Equidade.info, Claudia Costin, ressaltou que a pesquisa mostra avanços positivos no foco e na atenção dos alunos, mas as questões como tédio, ansiedade e bullying, ainda muito presentes entre os estudantes, indicam que ainda há desafios a serem enfrentados.

“Houve uma queda significativa no bullying virtual na visão dos gestores, mas é crucial ouvirmos os estudantes que ainda sentem o problema. Ou seja, a conclusão é que a restrição foi positiva, mas sozinha não basta: as escolas precisam criar alternativas de interação e estratégias específicas para cada idade", avalia.

Estratégias-Segundo o coordenador do Equidade.info e docente da Stanford Graduate School of Education, responsável pela pesquisa, Guilherme Lichand, os dados reforçam a necessidade de estratégias diferenciadas por faixa etária e rede de ensino, além do desenvolvimento de práticas pedagógicas que mantenham os estudantes engajados e promovam seu bem-estar mesmo sem o celular em sala de aula.

“Os resultados confirmam que a regulação do uso de celulares trouxe ganhos importantes para o aprendizado. Mais do que limitar o uso do telefone celular, a lei abre espaço para repensarmos como a escola se conecta com os alunos. O próximo passo é garantir que a aplicação da lei seja efetiva em todas as etapas, respeitando as particularidades de cada contexto escolar. Assim, conseguiremos transformar a medida em uma política duradoura, que una foco acadêmico e bem-estar dos estudantes”, enfatiza.

A lei que proíbe o uso de celular dentro das escolas pelos alunos foi sancionada em janeiro de 2025 após aprovação no Congresso Nacional.

O estudo ouviu 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores em escolas públicas municipais, estaduais e privadas de todas as regiões do país, entre maio e julho de 2025.

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GONZAGUINHA 80 ANOS. POR PAULO VANDERLEY

Gonzaguinha chega aos 80 anos neste 22 de setembro. Um dos artistas mais intensos da nossa música. Transformou sentimento em poesia, inquietude em contestação. Filho do Rei do Baião, sim. Mas também filho do morro, da luta, da palavra certeira, do afeto profundo. Viveu com coragem. Cantou o Brasil com firmeza e doçura. Fez da música um jeito de cuidar da gente.

Lembro dele chegando lá em casa, sentando no alpendre para conversar com painho sobre o sonho que carregava como missão: inaugurar o Museu do Gonzagão, em 1989. Eu tinha 9 anos. A gente morava em Exu, cidade natal de Gonzagão, numa época em que a infância seguia o destino do meu pai, gerente do Banco do Brasil.

Depois da partida de seu Luiz, Gonzaguinha vinha sempre a Exu. Se reunia com a comunidade, com a Maçonaria, com a prefeitura. Era toda uma articulação pra tocar o projeto pra frente. E de vez em quando aparecia lá em casa, ou encontrava meu pai no BB, pra conversar, ouvir, construir junto.

Até hoje mainha comenta: “quem me dera se naquele tempo já existisse celular”. Teríamos uma ruma de retratos.

Meses depois, na manhã de 13 de dezembro de 89, o museu foi inaugurado no Parque Aza Branca, ao lado da casa de seu Luiz. Na véspera teve forró arretado, com Dominguinhos, Elba, Fagner, Joquinha, Waldonys menino. O parabéns anunciado por Gonzaguinha foi emocionante. E o único registro em vídeo desse momento foi feito com a filmadora do meu pai, Paulo Marconi, que também gravou a inauguração.

Em 91 ele se foi. Foi muito duro pra todos nós. Cresci mergulhado nas suas canções. Na adolescência, trancado no quarto, ouvia suas lições de cidadania, coragem e afeto.

Em 1997, criei o site gonzaguinha.com.br. Um dos primeiros do Brasil dedicados a um artista. Feito no meu quarto, com todo carinho. Quase 30 anos depois, continuamos cuidando de uma influência que ajudou a formar tantos brasileiros.

Hoje seguimos trabalhando no livro que ele tanto merece, ajudando a manter viva sua memória.

“Eu acredito é na rapaziada, que segue em frente e segura o rojão.”

É mais que lembrar. É reconhecer o que se tornou parte do que sou.

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DIA DO NORDESTINO SERÁ COMEMORADA COM CANÇÕES DE LUIZ GONZAGA

No mês em que é celebrado nacionalmente o Dia do Nordestino (08 de outubro), Salvador ganha uma exposição gratuita inspirada nas canções de Luiz Gonzaga. "Sertão de Fé — a Fé Sertaneja nas Canções de Luiz Gonzaga" reúne gravuras produzidas pelo artista plástico Bi Morais, unindo ilustrações acompanhadas por textos em cordel, em cartaz entre 04 de outubro e 04 de novembro, no Espaço Uno (Rua da Ordem Terceira, 1, Pelourinho). 

Nela, o artista baiano convida o público a olhar para as gravuras que são ilustradas poeticamente pelos cordéis, retratando de forma visual e literária o diálogo entre fé e cultura nordestina sertaneja, notadamente existente nas canções de Luiz Gonzaga. As gravuras foram inspiradas no traço das xilogravuras e nas letras de canções de Gonzagão, onde a religiosidade do catolicismo popular é um tema comum. Através do cordel, são narradas as histórias e causos presentes nas gravuras, dando à mostra um caráter multiartístico. Para isso, o cordelista e músico Rodrigo Chianca foi convidado para compor esse projeto, que parte de uma pesquisa de Bi Morais, que é também músico forrozeiro, sobre a cultura sertaneja, as canções do Rei do Baião e a religiosidade popular. 

"Percebi a recorrência de alguns temas sempre presentes na obra de Gonzagão e uma deles é a religiosidade sertaneja. Através disso, eu comecei a criar desenhos baseados nas xilogravuras nordestinas, desenvolvendo e estudando um novo traço que remetesse às características presentes nas xilogravuras e ao mesmo tempo, tivesse uma identidade minha", destaca Bi, que recorreu às suas memórias afetivas com a vivência no sertão baiano, mais precisamente na cidade de Xique-Xique, na Bahia.

A abertura oficial acontece em uma vernissage gratuita no dia 04 de outubro, às 19h00, dia de São Francisco de Assis, santo que dá nome ao rio mais famoso da região. Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.

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" A ARTE DE SER VAQUEIRO" É TEMA DO SHOW DE ALDY CARVALHO EM PETROLINA

Nos 130 anos de Petrolina, o cantador, poeta e violeiro ALDY CARVALHO, preparou um show memorável a ser realizado nesta quinta-feira,  dia 18 de setembro, às 20h, no CASARÃO - Centro de Petrolina, onde fará, também, o lançamento do seu livro A ARTE DE SER VAQUEIRO - um cordel ilustrado que exalta a bravura, a fé e a tradição nordestina.

A obra homenageia ZÉ DO MESTRE- vaqueiro de Salgueiro.

ALDY, que é petrolinense e radicado em São Paulo há várias décadas, não vê a hora de chegar quinta-feira, dia 18, para realizar essa proposta em Concerto Litéro Musical para amigos, convidados e povo em geral. " Estar em Petrolina é  gratidão e rever pessoas que marcaram minha trajetória artística, além do desenvolvimento dessa belíssima cidade, a quem tanto amo, é estar em transe constante. Me aguarde pois estou chegando!"

Além de ALDY CARVALHO, teremos a participação de vários artistas que comungam com a idéia do cantador nesse show/encontro imperdível!

Lembrando que ALDY CARVALHO tem mais um trunfo para comemorar. Ele foi indicado pela segunda vez a receber PRÊMIO DE RECONHECIMENTO ARTÍSTICO na Câmara Municipal de São Paulo, em cerimônia a ser realizada dia 24 de setembro.

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PADRE CICERO, A FÉ E A ECOLOGIA

Cícero Romão Batista nasceu em Crato, Ceará no dia 24 de março de 1844. Foi ordenado no dia 30 de novembro de 1870. Celebrou a sua primeira missa em Juazeiro em 1871. No dia 11 de abril de 1872 fixou residência em Juazeiro do Norte Ceará. Padre Cícero faleceu no dia 20 de julho de 1934.

A jornalista Camila Holanda escreveu que nas entranhas do Cariri do Ceará foi emergido uma versatilidade de ícones que, entrelaçados povoam o imaginário cultural que habita a região.

Nas terras do Ceará a reportagem da REDEGN, ouviu uma das mais belas histórias: o então, professor, teatrólogo, pesquisador cultural Oswaldo Barroso, ressaltava um dos mais valiosos símbolos, a vigorosa força mítica e religiosa presente na figura do Padre Cícero. 

O saudoso Oswaldo Barroso, cidadão honorário de Juazeiro do Norte, dizia que a primeira vez que esteve no Cariri foi nos anos 70 e a experiência fez com que suas crenças e certezas de ateu fossem desconstruídas e reconstruídas com bases nos sentimentos das novas experiências e epifanias vividas.

"Desde o início, não acreditava em nada de Deus. Mas quando fiz a primeira viagem ao Horto do Juazeiro do Norte, foi que eu compreendi o que era Deus. Isso mudou minha vida completamente", revelou Oswaldo.

Um outra narrativa importante encontrada na mitologia dos Indios Kariris. Nela a região é tratada como sagrada, centro do mundo, onde no final dos tempos, vai abrir um portal que ligará o Cariri  para a dimensão do divino.

A estátua do Padre Cícero encontra-se no topo da Colina. Muitos romeiros percorrem a Trilha do Santo Sepulcro. A pé eles percorrem às 14 estações trajeto marcado por frases e conselhos ambientais do Padre Cícero, que já alertava naquela época para os muitos desequilíbrios ambientais e impactos da agressão humana na natureza.

No ano de 2015 o Vaticano (Italia) reconciliou o padre Cícero Romão Batista com a igreja católica. Com a reconciliação, não há mais fatores impeditivos para que o "santo popular" do interior do interior do Ceará seja reabilitado, beatificado ou canonizado, segundo o chanceler da diocese do Crato, Armando Lopes Rafael. Leia o resumo da carta do Vaticano à diocese do Crato.

Padre Cícero morreu sem conciliação com a igreja católica. 

Padre Cicero descreveu os preceitos ecológicos:

1) Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau; 

2) Não toque fogo no roçado nem na caatinga;

3) Não cace mais e deixe os bichos viverem; 4) Não crie o Boi e nem o bode solto; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer; 

5) Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;

6) Não plante em serra a cima, nem faça roçado em ladeira que seja muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza;

7) Represe os riachos de 100 em 100 metros, ainda que seja com pedra solta;

8) Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, ate que o sertão todo seja uma mata só;

9) Aprenda tirar proveito das plantas da caatinga a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;

10) Se o sertanejo obedecer a estes preceitos a seca vai aos poucos se acabando o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer, mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Rezemos com Fé! . Os sorrisos são a alegria da alma.

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ARTIGO: JOÃO GILBERTO DIZIA: A VOZ É O VENTO

João Gilberto foi uma das pessoas mais gentis e generosas que conheci. Alegre, sincero, falante, intenso. Faro era amigo antigo de João. O diretor do programa Ensaio, da TV Cultura, já havia gravado dois programas com o artista: na TV Tupi, com Caetano e Gal, em 1972, e outro a partir de um show na Bahia, nos anos 1980. Não se viam há muitos anos. Fomos para o Rio, e João desmarcou o encontro dois dias seguidos, por causa de uma indisposição. Eu não acreditava muito que o encontro aconteceria e tinha receio que Faro ficasse desapontado. Até que fomos para a casa da escritora Edinha Diniz, amiga comum, em um final de tarde. Ali Edinha falou várias vezes com João no telefone, procurou me conhecer (conversamos muito sobre os grupos vocais brasileiros), e lá pelas nove da noite fomos enfim convidados para jantar no apartamento de João, no Leblon.

No elevador eu entendi o que estava acontecendo e disse “não acredito que vou conhecer João Gilberto”. Edinha me alertou dizendo que João era muito reservado e não gostava de reações efusivas nem que o chamassem de gênio.

Esperava encontrar alguém sério e calado, quando abriu a porta de serviço do apartamento um homem grande, muito branco, e com o sorriso maior e mais sincero que já vi, dizendo “Farinho…”, com um abraço. Antes que ele pensasse como me cumprimentar dei um beijo em seu rosto.

Foi uma noite encantada, com muita música, conversa, lagostins, chocolate e hospitalidade.

Ouvindo a voz de João sem os fios e os microfones pensei que tinha mais graves, era mais encorpada e ainda mais aveludada e agradável. Ficaria ouvindo por horas, e ficamos, mesmo. Efusivo, ligou para Miúcha para convidá-la, mas ela não podia ir. Ficou imediatamente contrariado, mas logo retomou o semblante sorridente. Faro sugeriu que fizessem um programa sobre Marino Pinto, João adorou a ideia. Com o violão no colo, João passeava por vários assuntos, lembranças, indignações, histórias engraçadas. Ouvimos CDs dos Namorados da Lua e Anjos do Inferno, João falou com carinho de São Paulo, da Rita Lee e de Roberto, da Gracinha, do Vavá, de seu irmão, de futebol, dos EUA e do Brasil, do Lúcio Alves e do Tonzinho. Disse que era uma pena a cortina ter de ficar fechada porque da janela dava pra ver o mar. Eu perguntei “posso olhar um pouquinho?”. Ele disse, educadamente, “Selminha, se quiser abrir pode abrir, mas se eu fosse você não abriria… as pessoas são muito curiosas…”.

O vinho, os licores e os lustres japoneses completavam a sensação de aconchego. Fomos embora às quatro da madrugada; estava clareando quando chegamos em Guaratiba, flutuantes e musicais.

O cochilo do João-Na primeira visita que fiz a João levei o CD do grupo vocal Arirê, de que fazia parte, para dar a ele de presente. Era um CD em homenagem aos grupos vocais antigos, produzido por Faro, e como João sabia tudo sobre os grupos vocais brasileiros achei que poderia se interessar. Certa altura, muito gentilmente, ele colocou o CD para tocar, queria ouvir um pedacinho. Faro ia explicando sobre as versões que fizemos para os arranjos dos Namorados da Lua, entre outros.

João ia ouvindo, Baixinho escolhendo algumas faixas… então disse “mostra o Lamento sertanejo pra ele”, que não era versão de grupo nenhum, era um arranjo meu, solo meu. Muito envergonhada lá fui eu escolher a faixa. João encostou a cabeça no sofá e fechou os olhos. A música era muito delicada, só com viola, acordeon e quatro vozes femininas. Na repetição da música notamos, eu, Faro e Edinha, que João havia cochilado. Eram três da manhã e achei que pudesse estar com sono. Mas morri de vergonha e constrangimento por estar talvez entediando o genial artista… Baixo fechou a cara, um pouco ofendido. Quando acabou a faixa João acordou e disse “eu dormi no meio da música? Isso é muito difícil… bom sinal”.

Aula de música-Então João começou a falar sobre a prática: cantar é fácil. Mas é um músculo, tem que treinar.

Ele dizia, voz é vento. Sobre as divisões, disse que a gente deve experimentar várias, diferentes, em cada frase, procurando deixar natural e facilitar o entendimento da letra. Deu exemplos, cantou uma frase com uma divisão (infelizmente não me lembro a música), depois fez outra divisão bem diferente para a mesma frase e disse, essa não ficou boa, fez de outro e outro jeito, e disse até gostar, então você escolhe.

Sobre o violão dizia que os acordes são como vozes de um grupo vocal: as movimentações têm de ser sutis, e cada voz é uma melodia, poderia ser cantada, deve ter sua independência, seu sentido. Ele pensava as harmonias como vozes. Dava exemplo de mudanças de acordes bruscos ou com saltos e dizia, isso não soa, não ficaria bom uma voz cantar esse salto. E a mão direita era o tamborim e o surdo… e tinha grande prazer em transformar músicas que não eram samba em samba, por exemplo A valsa de quem não tem amor, que teve que sofrer um ajuste para ser tocada em dois, porque, claro, era ternária, era uma valsa.

Lembro agora de outras que viraram samba, Besame mucho, Ave maria no morro, You do something to me, Málaga, Guacira…

Outra fala de João Gilberto que me encantou. Não lembro as palavras exatas, mas disse que antes mudava as linhas melódicas das músicas, como um coautor. Deu como exemplo a música Segredo, de Herivelto Martins… “Quando o infortúnio nos bate à porta”… e cantava “porta” com outra melodia, diferente da original, como está na gravação pirata na casa de Chico Pereira, e como cantou na primeira estrofe, no CD João (na repetição canta a original). E então, com o tempo, concluiu que não deve mudar as melodias. As harmonias sim, ele mudava, criava novas, e mudava outra vez… dava exemplos, isto pode ser assim mas assim também, antes tocava isso deste jeito, agora toco deste… Falou sobre o cuidado que tinha para comunicar com clareza a letra e a melodia destes antigos compositores, considerados por ele grandes mestres.

Nesses encontros quase que só tocava este repertório antigo: Vicente Paiva, Marino Pinto, Herivelto Martins, Caymmi, Janet de Almeida, Orestes Barbosa, Lúcio Alves… Pouco ouvi Tom Jobim, Triste, Wave, Corcovado, uma vez… Lembro mais de É preciso perdoar, Eu sambo mesmo, Siga, Treze de ouro, Rosinha e Hino ao sol, de Billy Blanco e Jobim: “Quero morrer em um dia de sol…”

Por Selma Boragian, orientadora de técnica vocal do Coralusp 

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