João Epifânio: Há tempo também de morrer!

Eu vi a Morte, a moça Caetana,
com o Manto negro, rubro e amarelo.
Vi o inocente olhar, puro e perverso,
e os dentes de Coral da desumana.
Eu vi o Estrago, o bote, o ardor cruel,
os peitos fascinantes e esquisitos.
Na mão direita, a Cobra cascavel,
e na esquerda a Coral, rubi maldito.
Na fronte, uma coroa e o Gavião.
Nas espáduas, as Asas deslumbrantes
que, rufiando nas pedras do Sertão,
pairavam sobre Urtigas causticantes,
caules de prata, espinhos estrelados
e os cachos do meu Sangue iluminado.
 

**Amanheci esta terça-feira 10, com o coração apertado! Nó apertado!!! Dor da saudade de quem já não mais encontrarei. Morreu (viajou para o sertão da eternidade), João Epifanio, esposo da minha Tia Rozemar,.Tia mais que mãe. João sempre amigo camarada! Casal amado! Sempre aliviou as minhas dores: da alma e do corpo.

O escritor Rubem Alves revela que Já teve medo da morte. "Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo também com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver." A vida é tão boa!
 
Cecília Meireles sentia algo parecido: "E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”

Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum...Perdoe-me Pai Criador. Morrer tem seu sentido...
 
Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. 

É assim que Penso: João vai porque em algum lugar vai garantir vida aos amigos...tornar mais belo a razão de viver...
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