FAMÍLIAS DE AGRICULTORES USAM XIQUE XIQUE NA PRODUÇÃO DE FORMA CRIATIVA

O xique-xique é um cacto muito comum na Caatinga que consegue sobreviver a longos períodos de seca e ainda hidratar animais e pessoas que vivem no sertão nordestino. Isso porque metade de sua composição é formada por água.

Na família da agricultora Ozaneide Gomes dos Santos, que mora em Petrolina (PE), o uso dessa planta sempre foi feito de forma criativa. A sua tataravó fazia um doce com o xique-xique, uma tradição que acabou se perpetuando entre as mulheres da família e que Ozaneide quer levar para o mundo.

Ela é uma das lideranças do Assentamento Mandacaru, que fica na zona rural da cidade pernambucana. No local, outras mulheres também produzem o doce, que só é vendido por encomenda.

O g1 visitou o assentamento em outubro de 2023 e, na ocasião, Ozaneide e sua mãe contaram a história delas com o xique-xique, o jeito certo de cortar a planta para ela não morrer e a busca pela patente do doce.

Durante a visita, a equipe acabou saindo um pouco da pauta depois de conhecer o seu Vicente, um agricultor que foi alfabetizado pela Ozaneide aos 60 anos de idade.

Ele cursou até o Ensino Médio e foi aceito numa universidade federal para cursar zootecnia, mas perdeu a matrícula por ter ficado doente após contrair dengue. (G1 TV Grande Rio)

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PADRE CÍCERO 180 ANOS NASCIMENTO

24 DE MARÇO é o dia aniversário do Padre Cícero.  Portanto este ano completa 180 anos do nascimento.

“O nome do padre Cícero / ninguém jamais manchará, / porque a fé dos romeiros / viva permanecerá, / pois nos corações dos seus / foi ele um santo de Deus / é e pra sempre será.” Es te é um dos temas de incontáveis folhetos de cordel espalhados pelas feiras sertóes afora.

Quem já ouviu falar dos preceitos ecológicos do Padre Cicero, muitos o seguem como exemplo de fé e religiosidade, mas poucos sabem que ele foi um dos primeiros defensores do meio ambiente, do bioma caatinga. Padre Cícero soube unir a mitologia e o poder do conhecimento dos indios Kariris.

Cícero Romão Batista nasceu em Crato, Ceará no dia 24 de março de 1844. Foi ordenado no dia 30 de novembro de 1870. Celebrou a sua primeira missa em Juazeiro em 1871. No dia 11 de abril de 1872 fixou residência em Juazeiro. Padre Cícero faleceu no dia 20 de julho de 1934, na cidade de Juazeiro.

A jornalista Camila Holanda escreveu que nas entranhas do Cariri do Ceará foi emergido uma versatilidade de ícones que, entrelaçados povoam o imaginário cultural que habita a região.

Nas terras do Ceará ouvi uma das mais belas histórias. Resumo: o teatrólogo, pesquisador cultural Oswaldo Barroso, ressalta um dos mais valiosos símbolos, a vigorosa força mítica e religiosa. Oswaldo Barroso, cidadão honorário de Juazeiro do Norte, diz que a primeira vez que esteve no Cariri foi nos anos 70 e a experiência fez com que suas crenças e certezas de ateu fossem desconstruídas e reconstruídas com bases nos sentimentos das novas experiências e epifanias vividas.

"Desde o início, não acreditava em nada de Deus. Mas quando fiz a primeira viagem ao Horto do Juazeiro do Norte, foi que eu compreendi o que era Deus. Isso mudou minha vida completamente", revelou Oswaldo.

Um outra narrativa importante encontrei na mitologia dos Indios Kariris. Nela a região é tratada como sagrada, centro do mundo, onde no final dos tempos, vai abrir um portal que ligará o Cariri  para a dimensão do divino.

A estátua do Padre Cícero encontra-se no topo da Colina. Muitos romeiros percorrem a Trilha do Santo Sepulcro. A pé eles percorrem às 14 estações trajeto marcado por frases e conselhos ambientais do Padre Cícero, que já alertava naquela época para os muitos desequilíbrios ambientais e impactos da agressão humana na natureza.

No ano de 2015 o Vaticano (Italia) reconciliou o padre Cícero Romão Batista com a igreja católica. Com a reconciliação, não há mais fatores impeditivos para que o "santo popular" do interior do interior do Ceará seja reabilitado, beatificado ou canonizado, segundo o chanceler da diocese do Crato, Armando Lopes Rafael. Leia o resumo da carta do Vaticano à diocese do Crato.

Padre Cícero morreu sem conciliação com a igreja católica. 

Padre Cicero descreveu os preceitos ecológicos:

1) Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau; 

2) Não toque fogo no roçado nem na caatinga;

3) Não cace mais e deixe os bichos viverem; 4) Não crie o Boi e nem o bode solto; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer; 

5) Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;

6) Não plante em serra a cima, nem faça roçado em ladeira que seja muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza;

7) Represe os riachos de 100 em 100 metros, ainda que seja com pedra solta;

8) Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, ate que o sertão todo seja uma mata só;

9) Aprenda tirar proveito das plantas da caatinga a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;

10) Se o sertanejo obedecer a estes preceitos a seca vai aos poucos se acabando o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer, mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Rezemos com Fé! . Os sorrisos são a alegria da alma. Assim ouvi e aqui reproduzo...


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GOVERNO FEDERAL RETOMA COMISSÃO NACIONAL DE COMBATE Á DESERTIFICAÇÃO


A Comissão Nacional de Combate à Desertificação (CNCD) foi retomada com uma nova constituição e a meta de estabelecer estratégias e promover articulação entre as ações das políticas públicas. A medida - prevista pela lei 13.153/2015 - foi regulamentada por decreto presidencial publicado nesta quarta-feira (28), no Diário Oficial da União.  

Desde que foi criado em 2008, o grupo de caráter consultivo e deliberativo tem como principal objetivo a implementação da Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, em atendimento ao compromisso assumido pelo país por meio da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação.

De acordo com a publicação, o colegiado permanecerá sendo presidido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e terá a participação de outras 11 pastas do governo federal, além de instituições, agências, bancos de desenvolvimento e entidades civis dos estados que integram as Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD). Ao todo, serão 42 membros, com respectivos suplentes.

Com reuniões ordinárias anuais, o decreto determina, ainda, que a Secretaria-Executiva - exercida pela Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável - estabeleça o regimento interno do colegiado em 120 dias, para que seja aprovado pela maioria absoluta dos membros.

O decreto estabelece também que a Câmara Interministerial de Combate à Desertificação vai promover a interlocução da CNCD com os órgãos e entidades executores as políticas públicas. O grupo interministerial terá a participação de 12 pastas governamentais e também vai acompanhar a aplicação de recursos em ações e programas de combate à desertificação no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e nas Leis Orçamentárias Anuais. (Agencia Brasil)

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ZÉ DANTAS SE VIVO FOSSE COMPLETARIA NESTA TERÇA-FEIRA 103 ANOS

Médico, poeta, folclorista e imitador eram algumas das facetas do talento de Josué Souza Dantas Filho, pernambucano do sertão de Carnaíba, cujo 103 anos de nascimento seria festeja nesta terça-feira (27/2).

O Jornal Correio Braziliense, destaca que o que o levou a ser conhecido e reverenciado nacionalmente foi sua parceria com Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. O encontro desses dois extraordinários artistas nordestinos gerou clássicos da importância de A volta da Asa Branca, Riacho do Navio, Sabiá e Xote das meninas.

Zé Dantas era, ainda, estudante de medicina, em Recife, quando conheceu Gonzagão. Mas só três anos depois é que vieram a ser parceiros, À época já estava radicado no Rio de Janeiro. Isolado na antiga capital federal, entre os plantões no Hospital dos Servidores, sempre lembrava e descrevia os contos, motes e causos em que listava personagens típicos que gostava de imitar. Esse material ele reportava para revistas e utilizava no exercício de outra das suas ocupações, no Departamento de Folclore na Rádio Mayrink Veiga.

Profundo conhecedor do legado de Zé Dantas, o pesquisador e sanfoneiro pernambucano Diviol Lira conta que, “em 1951, ao lado de Gonzagão, Humberto Teixeira e do maestro Guio de Moraes, ele produziu para a Rádio Nacional uma série de programas intitulada No mundo do baião, que focalizava a cultura nordestina. Também conhecido como Sabiá do Pajeú, ele conquistou a simpatia dos ouvintes da emissora ao apresentar imitações de personagens sertanejos, contar casos e mostrar composições inéditas inspiradas no sertão do Nordeste”.

Casado com Yolanda Simões, Zé Dantas dedicou à esposa o baião romântico A letra I, destaca Divil. “A partir dali, ela passou a usar essa vogal em seu nome. Além de Luiz Gonzaga, também contribuíram para para a perpetuação da obra do letrista, Marinês, Jackson do Pandeiro, Ivon Cury, além da neta Marina Elali. Ela gravou músicas inéditas do avô, que faleceu aos 41 anos. A morte precoce levou um dos mais importantes compositores de ritmos nordestinos”.

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AREIA: FESTIVAL CULTURAL DO BAIRRO JUSSARA

A cidade onde nasci, Areia, na Paraíba do Norte, tem um bairro chamado Jussara. Foi onde a cidade nasceu. Foi onde a cidade se fez arruado e de onde se expandiu. A ladeira da Jussara se junta às outras ladeiras da cidade, mas é diferente, é primordial. É uma ladeira que nos leva para o alto, mesmo quando a descemos. O bairro da Jussara é amplo e complexo. É sensível, afeto e amplexo. É uma revolução por dentro de um tornado. São raios que sobem aos céus em noites tempestuosas de longa duração. É ligado em alta tensão.

Nos últimos dias 23 e 24 de fevereiro, a Jussara transformou-se em modelo de autogestão cultural. Ancorada em sua associação (transfigurada em feirinha itinerante de artes, gastronomia, culinária, artesanato e sebo), conjugou, na encruzilhada da Rua do Meio e Deodoro da Fonseca, e fez nascer, crescer e prosperar o seu Festival Cultural, território livre, chão de estrela, céu das maravilhas, aura de transcendência, minutagem mágica, alquimia quântica, sanfona dos povos, carimbó das matas, poesia dos corações.

A Filarmônica Abdon Milanez recuperou sua glória, sob a batuta do Maestro Diego Cândido, o homem-música de alma sinfônica universal. Seguindo seus olhares e gestos, o sol foi colocado para dormir ouvindo um repertório popular, entre Cofrinho de Amor e Frevo Mulher, dobrados, xotes, chorinhos e sorrisos de músicos, anjos, arcanjos, serafins, querubins, caboclos, curupiras, comadres-fulozinhas, almas dos vaqueiros, cocares indígenas, coro de sabiás, reunião de entidades, bênçãos e orações.

Benditos aqueles e aquelas que construíram tão belo evento. Benditos e benditas aqueles e aquelas que acreditaram. Benditos aqueles e aquelas que deixaram suas casas nas noites frias para olhar a lua, namorada surgida por trás dos montes da Jussarinha, musa prateada cercada de nuvens. O abrigo dos mototaxistas transformou-se em palco. A rua transformou-se em plateia. O chão irregular foi tapete para quem dança. A comunidade, senhora e cidadã, custeou sua própria existência e se assumiu para a eternidade. Eu amo a Jussara. (Texto-professor mestre, doutor em Ciência da Literatura Aderaldo Lucano)
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CEM ANOS DE SOLIDÃO: ENTRE A EPOPEIA E O LIRISMO

Publicado em 1967, esse romance de Gabriel García Márquez passou a ser considerado um “clássico”, pouco tempo depois de seu aparecimento. O autor tinha quarenta anos quando o livro foi editado e se pode afirmar que é de um dos pontos mais altos de sua carreira como escritor e jornalista.

A narrativa é precedida por uma árvore genealógica que nomeia e enfileira as sete gerações da família Buendía, a quem o narrador atribui a fixação e criação da aldeia de Macondo. Como o enredo acumula numerosas personagens, há múltiplas células dramáticas – que incluem os efeitos provocados pelas visitas dos ciganos levando invenções aos primeiros moradores; a peregrinação dos varões gerados por Úrsula Iguarán e José Arcádio, como o Coronel Aureliano; a força insuperável das mulheres, fossem elas libertárias como Pilar Ternera, Petra Cotes e Amaranta Úrsula, ou castigadas pelo autoflagelo, feito Fernanda del Carpio, ou sua filha Meme.

Por mais de cem anos, essa sucessão de homens e mulheres valorosos esteve relacionada com os rumos da cidade, fosse devido às questões políticas (que levaram os Buendía à guerra em territórios vizinhos, ou à greve local contra os patrões da companhia bananeira fundada pelos estadunidenses); fosse devido aos descaminhos amorosos (que induziram as mulheres a reorientar e reeducar os homens, ensinando-os pelos excessos e faltas).

Isso significa que, ao longo de mais de 400 páginas, Gabo estruturou a narrativa de modo que as particularidades de cada um e as intimidades dos casais se alternassem com as preocupações sociais e a necessidade de defender Macondo dos arbítrios – inventados, primeiro, por um prefeito cercado de homens armados, que queria pintar as casas com as cores de sua fingida convicção; depois, por um punhado de especuladores que, enquanto a natureza permitiu, transformou a cidade num território exportador de bananas.

Desde os parágrafos iniciais, somos surpreendidos pela sabedoria e equidade manifestadas por José Arcádio Buendía, que desenhara as ruas de maneira que “nenhuma casa recebia mais sol que a outra na hora do calor”. A futura cidade, vitimada pela desmedida ambição dos gringos, nascera de um sonho do mesmo José Arcádio Buendía. “No dia seguinte convenceu os seus homens de que jamais encontrariam o mar”, e assim se fundou a antiga aldeia.

Além de Úrsula Iguarán, matriarca que nada tinha de autoritária ou mesquinha, somos apresentados a Pilar Ternera, que logo impressiona e (se) enamora (de) José Arcádio, filho de Úrsula e José Arcádio, pois “aquela mulher, cujo riso explosivo espantava as pombas, não tinha nada a ver com o poder invisível que o ensinava a respirar para dentro e controlar as batidas do coração”. A experiência sublime com Pilar Ternera também educara José Arcádio, a ponto de ele saber explicar ao irmão mais novo (Aureliano) que o amor “É que nem um terremoto”.

À medida que devoramos o romance, recordamos as máximas semeadas por personagens marcantes com que vamos criando curiosa proximidade, tal como a dúvida de José Arcádio Buendía, lançada ao rosto de seus ouvintes (no plano narrativo) e de seus leitores (do lado de fora), que “jamais conseguiu entender o sentido de contenda entre dois adversários que estavam de acordo nos princípios”; ou o rigor autoimposto por Amaranta, ao negar a consumação do amor com Pietro Crespi: “Não seja ingênuo – sorriu -, não caso com você nem morta”.

Esses diálogos e cenas iniciais – que transcrevo a título de amostra, em convite à leitura – dão pequeníssima medida do que vale o livro. Episódios como tais prenunciam o cruzamento entre a vida de personagens – umas expansivas, outras introspectivas; umas libertárias, outra reclusas – como se cada habitante de Macondo fosse a versão em miniatura de um lugar concreto e mágico, sujeito à bonança e à escassez; à justiça e à tirania; ao milagre da fartura alternado com a derrisão provocada pela natureza.

Assim como Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, Cem Anos de Solidão é desses livros concebidos com grande fôlego, cuja jornada de leitura gera ainda maior impacto se percorrida em longos serões.

Por Jean Pierre Chauvin, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP

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PRIMEIRO FESTIVAL DE COMIDA ANCESTRAL DO ARARIPE SERÁ REALIZADO EM OURICURI

O 1º Festival de Comida Ancestral do Araripe será realizado nesta sexta-feira (23), em Ouricuri, Sertão de Pernambuco. O evento celebra o resgate e a disseminação da gastronomia ancestral das famílias agricultoras do território. Um dos objetivos da programação é revitalizar receitas tradicionais da cozinha camponesa e enaltecer ingredientes típicos da região. O festival é promovido pela ONG Caatinga e acontece na Praça Frei Damião, Centro.

Além das receitas preparadas por mulheres sertanejas, agricultoras e oficineiras, há também apresentações artísticas da cultura nordestina e ancestral.

O Festival de Comida Ancestral do Araripe faz parte do Projeto Manafuê, que faz um trabalho de pesquisa sobre a culinária do Sertão do Araripe e busca resgatar e preservar as tradições gastronômicas da região.

Programação:

17h - Exposição De Comidas Ancestrais

18h - Abertura oficial

18h30 - Batucada Feminista

19h - Vídeo oficineiras afetivas

19h30 - Grupo Aricuri

20h10 - Cantando Marias

21h40 - As Fulô

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