SEMINÁRIO SOBRE SUSTENTABILIDADE DO JORNALISMO ACONTECE ENTRE OS DIAS 25 A 27 DE NOVEMBRO

A Capital cearense volta a ser palco dos grandes debates sobre o jornalismo brasileiro, com a realização de dois eventos simultâneos: o Seminário Nacional Sustentabilidade do Jornalismo e o II Encontro Estadual de Jornalistas de Imagem e Profissionais da Comunicação do Ceará (II EEJIC). As atividades acontecerão de 25 a 27 de novembro deste ano, no auditório do Sebrae/CE (Av. Monsenhor Tabosa, 777, Centro).

Numa realização da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), os eventos pretendem reunir cerca de 200 participantes entre estudantes e professores de Jornalismo, profissionais da mídia e demais interessados.  As inscrições podem ser feitas AQUI.

O Seminário Nacional Sustentabilidade do Jornalismo vai aprofundar o debate sobre a proposta da FENAJ de taxação das grandes plataformas digitais e criação do Fundo Nacional de Apoio e Fomento ao Jornalismo (Funajor), uma das pautas prioritárias da categoria para o novo governo brasileiro. O evento tem apoio da Fundação Friedrich Ebert (FES) e da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ).

“O Jornalismo sofre reiteradas crises no mundo inteiro, em especial no Brasil, com o fim do modelo de negócios baseado na publicidade para a sustentação financeira dos veículos de mídia e a ação predatória das chamadas big techs na captura desses recursos”, comenta a presidenta da FENAJ, a cearense Samira de Castro. “O crescimento da desinformação em massa, por outro lado, evidencia que precisamos cada vez mais fortalecer o Jornalismo e o trabalho dos jornalistas”, acrescenta.

Já o II EEJIC acontece exatamente dez anos depois da sua primeira edição, realizada em setembro de 2012, e tem o objetivo de debater as questões pertinentes aos jornalistas de imagem (repórteres fotográficos e cinematográficos, ilustradores e diagramadores). Entre os temas, a importância dessas funções nos registros jornalísticos, como as guerras e a pandemia de Covid-19, além da própria organização sindical e os direitos trabalhistas destes profissionais.

“O Sindjorce tem uma sólida atuação na defesa dos interesses dos jornalistas de imagem e vem buscando, a cada dia, garantir o cumprimento dos direitos convencionados desse segmento”, afirma o presidente da entidade, Rafael Mesquita. Para ele, a organização da categoria é fundamental para o enfrentamento coletivo dos desrespeitos e para a garantia de valorização desses trabalhadores.

SERVIÇO: Seminário Nacional Sustentabilidade do Jornalismo

II Encontro Estadual de Jornalistas de Imagem e Profissionais da Comunicação do Ceará (II EEJIC)

25, 26 e 27 de novembro de 2022

Local: Auditório do Sebrae/CE (Av. Monsenhor Tabosa, 777, Centro).

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CONFIRA NA INTEGRA O PRIMEIRO DISCURSO DO PRESIDENTE LULA ELEITO NESTE DOMINGO (30)

Confira a íntegra o primeiro discurso do presidente eleito,Luiz Inácio Lula da Silva:

"Meus amigos e minhas amigas.

Chegamos ao final de uma das mais importantes eleições da nossa história. Uma eleição que colocou frente a frente dois projetos opostos de país, e que hoje tem um único e grande vencedor: o povo brasileiro.

Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.

Neste 30 de outubro histórico, a maioria do povo brasileiro deixou bem claro que deseja mais – e não menos democracia.

Deseja mais – e não menos inclusão social e oportunidades para todos. Deseja mais – e não menos respeito e entendimento entre os brasileiros. Em suma, deseja mais – e não menos liberdade, igualdade e fraternidade em nosso país.

O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que exercer o direito sagrado de escolher quem vai governar a sua vida. Ele quer participar ativamente das decisões do governo.

O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que o direito de apenas protestar que está com fome, que não há emprego, que o seu salário é insuficiente para viver com dignidade, que não tem acesso a saúde e educação, que lhe falta um teto para viver e criar seus filhos em segurança, que não há nenhuma perspectiva de futuro.

O povo brasileiro quer viver bem, comer bem, morar bem. Quer um bom emprego, um salário reajustado sempre acima da inflação, quer ter saúde e educação públicas de qualidade.

Quer liberdade religiosa. Quer livros em vez de armas. Quer ir ao teatro, ver cinema, ter acesso a todos os bens culturais, porque a cultura alimenta nossa alma.

O povo brasileiro quer ter de volta a esperança.

É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia.

Foi essa democracia, no sentido mais amplo do termo, que o povo brasileiro escolheu hoje nas urnas. Foi com essa democracia – real, concreta – que nós assumimos o compromisso ao longo de toda a nossa campanha.

E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar – como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades.

A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra.

A roda da economia vai voltar a girar com os pobres fazendo parte do orçamento. Com apoio aos pequenos e médios produtores rurais, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas.

Com todos os incentivos possíveis aos micros e pequenos empreendedores, para que eles possam colocar seu extraordinário potencial criativo a serviço do desenvolvimento do país.

É preciso ir além. Fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres, e garantir que elas ganhem o mesmo salários que os homens no exercício de igual função.

Enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e oportunidades.

Só assim seremos capazes de construir um país de todos. Um Brasil igualitário, cuja prioridade sejam as pessoas que mais precisam.

Um Brasil com paz, democracia e oportunidades.

Minhas amigas e meus amigos.

A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somo um único país, um único povo, uma grande nação.

Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio.

A ninguém interessa viver num país dividido, em permanente estado de guerra.

Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído.

É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida.

O desafio é imenso. É preciso reconstruir este país em todas as suas dimensões. Na política, na economia, na gestão pública, na harmonia institucional, nas relações internacionais e, sobretudo, no cuidado com os mais necessitados.

É preciso reconstruir a própria alma deste país. Recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças e o amor ao próximo.

Trazer de volta a alegria de sermos brasileiros, e o orgulho que sempre tivemos do verde-amarelo e da bandeira do nosso país. Esse verde-amarelo e essa bandeira que não pertencem a ninguém, a não ser ao povo brasileiro.

Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário.

Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias.

Este será, novamente, o compromisso número 1 do nosso governo.

Não podemos aceitar como normal que famílias inteiras sejam obrigadas a dormir nas ruas, expostas ao frio, à chuva e à violência.

Por isso, vamos retomar o Minha Casa Minha Vida, com prioridade para as famílias de baixa renda, e trazer de volta os programas de inclusão que tiraram 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza.

O Brasil não pode mais conviver com esse imenso fosso sem fundo, esse muro de concreto e desigualdade que separa o Brasil em partes desiguais que não se reconhecem. Este país precisa se reconhecer. Precisa se reencontrar consigo mesmo.

Para além de combater a extrema pobreza e a fome, vamos restabelecer o diálogo neste país.

É preciso retomar o diálogo com o Legislativo e Judiciário. Sem tentativas de exorbitar, intervir, controlar, cooptar, mas buscando reconstruir a convivência harmoniosa e republicana entre os três poderes.

A normalidade democrática está consagrada na Constituição. É ela que estabelece os direitos e obrigações de cada poder, de cada instituição, das Forças Armadas e de cada um de nós.

A Constituição rege a nossa existência coletiva, e ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela, ninguém tem o direito de ignorá-la ou de afrontá-la.

Também é mais do que urgente retomar o diálogo entre o povo e o governo.

Por isso vamos trazer de volta as conferências nacionais. Para que os interessados elejam suas prioridades, e apresentem ao governo sugestões de políticas públicas para cada área: educação, saúde, segurança, direitos da mulher, igualdade racial, juventude, habitação e tantas outras.

Vamos retomar o diálogo com os governadores e os prefeitos, para definirmos juntos as obras prioritárias para cada população.

Não interessa o partido ao qual pertençam o governador e o prefeito. Nosso compromisso será sempre com melhoria de vida da população de cada estado, de cada município deste país.

Vamos também reestabelecer o diálogo entre governo, empresários, trabalhadores e sociedade civil organizada, com a volta do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ou seja, as grandes decisões políticas que impactem as vidas de 215 milhões de brasileiros não serão tomadas em sigilo, na calada da noite, mas após um amplo diálogo com a sociedade.

Acredito que os principais problemas do Brasil, do mundo, do ser humano, possam ser resolvidos com diálogo, e não com força bruta.

Que ninguém duvide da força da palavra, quando se trata de buscar o entendimento e o bem comum.

Meus amigos e minhas amigas.

Nas minhas viagens internacionais, e nos contatos que tenho mantido com líderes de diversos países, o que mais escuto é que o mundo sente saudade do Brasil.

Saudade daquele Brasil soberano, que falava de igual para igual com os países mais ricos e poderosos. E que ao mesmo tempo contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres.

O Brasil que apoiou o desenvolvimento dos países africanos, por meio de cooperação, investimento e transferência de tecnologia.

Que trabalhou pela integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe, que fortaleceu o Mercosul, e ajudou a criar o G-20, a UnaSul, a Celac e os BRICS.

Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta. Que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo.

Vamos reconquistar a credibilidade, a previsibilidade e a estabilidade do país, para que os investidores – nacionais e estrangeiros – retomem a confiança no Brasil. Para que deixem de enxergar nosso país como fonte de lucro imediato e predatório, e passem a ser nossos parceiros na retomada do crescimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental.

Queremos um comércio internacional mais justo. Retomar nossas parcerias com os Estados Unidos e a União Europeia em novas bases. Não nos interessam acordos comerciais que condenem nosso país ao eterno papel de exportador de commodities e matéria prima.

Vamos re-industrializar o Brasil, investir na economia verde e digital, apoiar a criatividade dos nossos empresários e empreendedores. Queremos exportar também conhecimento.

Vamos lutar novamente por uma nova governança global, com a inclusão de mais países no Conselho de Segurança da ONU e com o fim do direito a veto, que prejudica o equilíbrio entre as nações.

Estamos prontos para nos engajar outra vez no combate à fome e à desigualdade no mundo, e nos esforços para a promoção da paz entre os povos.

O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a Floresta Amazônica.

Em nosso governo, fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, diminuindo de forma considerável a emissão de gases que provocam o aquecimento global.

Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia

O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensam apenas no lucro fácil, às custas da deterioração da vida na Terra.

Um rio de águas límpidas vale muito mais do que todo o ouro extraído às custas do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana.

Quando uma criança indígena morre assassinada pela ganância dos predadores do meio ambiente, uma parte da humanidade morre junto com ela.

Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia, e combater toda e qualquer atividade ilegal – seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida.

Ao mesmo tempo, vamos promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem na região amazônica. Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente.

Estamos abertos à cooperação internacional para preservar a Amazônia, seja em forma de investimento ou pesquisa científica. Mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania.

Temos compromisso com os povos indígenas, com os demais povos da floresta e com a biodiversidade. Queremos a pacificação ambiental.

Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça.

Meus amigos e minhas amigas.

O novo Brasil que iremos construir a partir de 1º de janeiro não interessa apenas ao povo brasileiro, mas a todas as pessoas que trabalham pela paz, a solidariedade e a fraternidade, em qualquer parte do mundo.

Na última quarta-feira, o Papa Francisco enviou uma importante mensagem ao Brasil, orando para que o povo brasileiro fique livre do ódio, da intolerância e da violência.

Quero dizer que desejamos o mesmo, e vamos trabalhar sem descanso por um Brasil onde o amor prevaleça sobre o ódio, a verdade vença a mentira, e a esperança seja maior que o medo.

Todos os dias da minha vida eu me lembro do maior ensinamento de Jesus Cristo, que é o amor ao próximo. Por isso, acredito que a mais importante virtude de um bom governante será sempre o amor – pelo seu país e pelo seu povo.

No que depender de nós, não faltará amor neste país. Vamos cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro. Viveremos um novo tempo. De paz, de amor e de esperança.

Um tempo em que o povo brasileiro tenha de novo o direito de sonhar. E as oportunidades para realizar aquilo que sonha.

Para isso, convido a cada brasileiro e cada brasileira, independentemente em que candidato votou nessa eleição. Mais do que nunca, vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para aquilo que nos une, do que para nossas diferenças.

Sei a magnitude da missão que a história me reservou, e sei que não poderei cumpri-la sozinho. Vou precisar de todos – partidos políticos, trabalhadores, empresários, parlamentares, govenadores, prefeitos, gente de todas as religiões. Brasileiros e brasileiras que sonham com um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno.

Volto a dizer aquilo que disse durante toda a campanha. Aquilo que nunca foi uma simples promessa de candidato, mas sim uma profissão de fé, um compromisso de vida:

O Brasil tem jeito. Todos juntos seremos capazes de consertar este país, e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos – com oportunidades para transformá-los em realidade.

Mais uma vez, renovo minha eterna gratidão ao povo brasileiro. Um grande abraço, e que Deus abençoe nossa jornada."


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LULA, ELEITO PRESIDENTE PELA TERCEIRA VEZ DO BRASIL

Em pronunciamento na noite deste domingo, após eleito presidente do Brasil pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu o povo brasileiro, disse que governará para todos – quem votou e quem não votou nele – e reafirmou compromissos assumidos durante a campanha. A prioridade número 1 é combater a fome e criar condições para que todos os brasileiros tenham acesso a, ao menos, três refeições por dia.

“Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário. Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias”.

Ao lado da esposa Janja, do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, com sua esposa Lu, e de outros nomes da Coligação Brasil da Esperança, o presidente eleito afirmou que o povo brasileiro é que foi vencedor de uma das eleições mais importantes da história. “Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora”.

Segundo Lula, a mensagem das urnas é que o povo brasileiro deixou claro que deseja mais – não menos – democracia, inclusão social, respeito, oportunidades para todos. “Em suma, deseja mais – e não menos liberdade, igualdade e fraternidade em nosso país. O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que exercer o direito sagrado de escolher quem vai governar a sua vida. Ele quer participar ativamente das decisões do governo.”

Na lista de desejos citados pelo presidente eleito, emprego, bom salário, saúde, educação, segurança, moradia, salário justo, viver com dignidade, comer bem, morar bem. “O povo brasileiro quer viver bem, comer bem, morar bem. Quer um bom emprego, um salário reajustado sempre acima da inflação, quer ter saúde e educação públicas de qualidade”.

Das sinalizações de um novo governo, Lula falou em retomar o protagonismo internacional, fazer a economia crescer, atraindo investimentos externos, lutar contra a crise climática e proteger todos os biomas, sobretudo a Amazônia, com meta de desmatamento zero.

Ele também falou em reconstruir o país em diferentes dimensões, buscar a paz, o entendimento e a democracia real e concreta. “É essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar – como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades”.

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CÂNDIDA BEATRIZ LIMA: CARTA ABERTA AOS PROFESSORES E ALUNOS

De acordo com o artigo 205 da Constituição Federal do Brasil, a educação é um direito de todos e dever do Estado. Portanto, está constitucionalizado que, todos, sem exceção devem ter acesso à educação de qualidade. Contudo, emboraconstitucional, essa nossa realidade nos foi castrada por muito tempo e por muitas vezes, reflexo de políticas, diferenças raciais, de classe social, dentre tantas outras diferenças impregnadas em nossa sociedade que fizeram frente impedirem o acesso à educação de direito a todos Apesar de todos os incansáveis esforços dos meus pais, para que eu pudesse estudar, até o ano de 2003, eu fiz parte de uma dessas classe que não tinham acesso à educação de qualidade.

 Nascida no interior da Bahia, onde o coronelismo imperava por anos, a única coisa que se preocupavam os políticos da época (que não mudou muita coisa) era perseguir quem tentasse ser opor ao pensamento deles, e pagar os salários em dias dos funcionários indicados da Prefeitura Municipal, eu saí de casa aos 13 anos de idade, para tentar estudar em uma lugar que pudesse me proporcionar uma melhor educação. Era assim que os meus pais me ensinavam, era assim acreditavam, na EDUCAÇÃO.

Muito jovem, cheia de sonhos e com uma certeza, eu iria estudar e iria dá muitoorgulho para minha família. Em 2004, eu ingressei na Universidade Estadual do Piauí, no curso de Engenharia Agronômica, encontrei uma universidade sucateada, sem laboratórios, biblioteca com livros antigos, defasados, carteiras quebradas, professores sem perspectivas, reflexo de políticas públicas e educacionais inexistentes. Ao passar de um ano, o cenário era outro, as coisas mudavam, novos professores, a biblioteca ganhava uma nova estrutura, já se falavam em construir um prédio próprio com laboratórios, aquele prédio antigo, com paredes sujas, ganhava uma nova visão. 

A universidade vizinha, UFPI – Universidade Federal do Piauí, ganhava novos cursos, eram outras oportunidades, a nossa visão era a ESPERANÇA!

Com dois anos de universidade, professores com mestrado e cursando doutorado começaram a chegar e fazer parte de um colegiado de concursados efetivos, os sonhos cresciam para eles e para gente também, e eu, uma matuta sonhadora, flutuava nas nuvens com um sonho quase intangível, fazer doutorado fora do país, parecia louco esse sonho, me lembro como hoje, dos meus amigos rindo de mim, e me dizendo que aquilo era impossível, mas eu, repetia aquilo todos os dias, e levava em mim e nos meus pensamentos os meus professores como exemplo, e lembrava de todas as lutas dos meus pais para me manterem ali. Em quatro anos e meio eu me formei em Engenheira Agrônoma, era tudo muito diferente de quando eu iniciei a faculdade, nós tínhamos para onde ir, o que fazer, tinha trabalho, tinha pesquisa, nós tínhamos oportunidades, e eu? Eu abracei todas que surgiram.

Trabalhei em prefeituras, fui bolsista na Embrapa, e em 2013, eu abracei o início daquele sonho de 2006. Comecei em março de 2013, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia a cursar o mestrado em ciências Agrárias, dois anos depois eu embarcava para Manchester – Reino Unido para fazer o doutorado sanduiche, um ano e três meses de experiências fantásticas, vivendo uma cultura, uma educação, vivendo e aprendendo muito. 2017, realmente o sonho se realizou! Doutora Cândida!

Minha trajetória foi marcada por muita luta, muitas dificuldades, muitas privações, como a de todos que se permitem ir em busca dos seus sonhos, sim, e eu me esforcei muito, muito mesmo, mas, nenhum esforço meu, teria resultado na 1ª doutora da Família Lima, porque, nenhum esforço dos meus pais, por mais vontade, anseio, trabalho que eles pudessem fazer, conseguiriam arcar financeiramente com todas as despesas que é viver em outro país, nenhum esforço meu, ou dos meus familiares me permitiriam ter realizado uma pesquisa de tamanha importância para o Brasil e para o mundo sobre o comportamento das abelhas e seu impacto sob a produção de alimentos e interferência no aquecimento global. Tudo que eu vivi, toda a minha construção acadêmica, tudo que me foi permitido até realizar esse sonho de ser doutora com estudo em outro pais, foi exatamente, porque na minha época eu tive a sorte a felicidade de ter políticas públicas educacionais, com bolsas de estudos, financiamento de projetos de pesquisas, parcerias entre instituições de ensino superior, todos eles oportunizados pelo governo Lula e Dilma.

Sim, foi o Lula que oportunizou a mim e a tantos outros ex estudantes, hoje doutores, a conseguirem realizar sonhos como o meu.

Não precisou muito para que esses sonhos de tantos, fossem castrados, Após pessoas como eu e como tantos, de classes sociais menos favorecidas conseguirem o que anteriormente só era permitido a classe A, nos foi tirado o direito constitucionalizado, e as bolsas de estudos, os investimentos à pesquisa, as parcerias entre universidades brasileiras e de outros países foram sendo cancelas, até que não fosse mais possível ter acesso à educação com a mesma facilidade que tínhamos entre os anos de 2003 à 2016.

Se você não assistiu, não viu, ou ouviu, eu sim, eu vi muitos, muitos, muitos colegas e estudantes precisando comprar com dinheiro do próprio bolso, reagente, luvas, vidrarias e esterilizar ponteiras para conseguirem terminar a graduação, sem perspectivas de sonharem com o mestrado, doutorado, ou com o primeiro emprego.

Após 2016, os cortes na educação começaram a crescer, em um ano, cerca 6 bilhões a menos na educação, em 2019, mais de 12 mil bolsas canceladas pela CAPES, maior fomentadora de pesquisa do país, mais de 2.5 bilhões de reais bloqueados que deveriam ser investidos na ciência.

Bem, eu não sei se o seu sonho é parecido com o meu, mas, eu tenho certeza que você tem um sonho, seja fazer uma graduação, montar sua empresa, passar em

um concurso, conhecer um outro país através do estudo, ou de passeios, e eu também tenho certeza, que você alcançará isso se você se esforçar assim como eu, contudo, de nada valerá o seu esforço, se os cortes na educação e na ciência permanecerem.

Eu espero que após ler essa carta, você tenha consciência de tudo e de tantos que perderam e poderão perder a oportunidade de construir, de aprender, de viver e de realizar sonhos assim como eu pude fazer, quando o governo Lula junto com o meu esforço me possibilitou estar aqui hoje, estudante, professora, palestrante, servidora pública e doutora!

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Paulo Freire

Juazeiro, BA, 28 de outubro de 2022

Cândida Beatriz Lima, engenheira agrônoma, mestre e doutora em ciências agrárias – UFRB – University Salford, professora universitária e defensora da educação. 

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CONSTRUÇÃO DE VIVEIROS DE PLANTAS NATIVAS AJUDAM NA RECUPERAÇÃO DOS BIOMAS DA BACIA DO SÃO FRANCISCO

“A floresta em pé é mais interessante, importante, econômica e eficaz”, afirma o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira. Por isso, com os recursos oriundos da cobrança pelo uso da água bruta da bacia do São Francisco, o CBHSF vem investindo sistematicamente em obras que visam a preservação e recuperação das margens do rio e da sua vegetação nativa.

As futuras e atuais gerações já dependem diretamente do que se faz hoje para garantir a melhoria da quantidade e qualidade de água ofertada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Entendendo a situação urgente, o CBHSF investe também na construção de viveiros de plantas nativas para garantir que as populações possam se qualificar e produzir em grande escala espécies de cada região que auxiliem para o reflorestamento da mata ciliar.

Ao longo dos anos, o CBHSF já implantou esses espaços em cidades como Lapão, no médio São Francisco, Patos de Minas, no Alto São Francisco, Santana do Ipanema e Piaçabuçu, no Baixo, e Jaguarari, no Submédio – os dois últimos seguem em fase de conclusão. Em todas as cidades o projeto serve para o plantio de mudas nativas e frutíferas que auxiliam ações ambientais ao longo do leito do rio e ainda podem gerar renda para centenas de famílias que fazem também o beneficiamento dos frutos.

Em Lapão (BA), o projeto “Produzindo mudas para a recomposição da Caatinga” instalado dentro da estrutura do Parque da Cidade, pretende diversificar a produção agrícola da região e incentivar a fruticultura. O novo viveiro oferta à população mudas de espécies nativas para a recomposição da Caatinga, estimulando o reflorestamento em áreas degradadas, especialmente em morros e encostas, ajudando a mudar o processo de desertificação no Território de Irecê, um dos mais atingidos pelo desmatamento no Estado da Bahia.

Em Santana do Ipanema, o viveiro florestal de produção de mudas é irrigado com sistema de reuso da água tratada na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Já no município mineiro de Patos de Minas, uma parceria entre o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a Agência Peixe Vivo, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), responsável pelo viveiro, e a Prefeitura de Patos de Minas garantiu espaço e capacidade para triplicar a produção de mudas destinadas à recuperação do Velho Chico, passando de 200 mil mudas/ano para 700 mil. O viveiro que produz cerca de 500 espécies do Cerrado foi reformado em uma ação financiada pelo CBHSF para atender matas ciliares, nascentes, áreas degradadas, recarga hídrica e programas de educação ambiental para as comunidades rurais.

“É preciso pensar em continuidade de forma a garantir a importância dos viveiros. Acredito muito no sucesso desses locais a partir dos cuidados dados por comunidades tradicionais que vestem a camisa quando se fala em preservação do meio ambiente. Então esses espaços são vitais tanto para a geração de renda como também para se pensar no futuro, entendendo que o avanço do desmatamento e do setor imobiliário é grande, o que por vezes acaba com as plantas nativas. Por isso, acredito muito que além de criar os viveiros é tão fundamental quanto, o cuidado deles, ou seja quem vai ficar responsável pela governança. Com isso, entendo como primordial a participação e o empoderamento das comunidades tradicionais que entendem e vivem todos os conceitos de preservação”, afirmou o ambientalista, especialista em Desenvolvimento Sustentável do Semiárido Brasileiro, Jorge Izidro.

Na cidade de Piaçabuçu, em Alagoas, onde funciona a Associação Aroeira, o Projeto de Educação Ambiental e Reflorestamento Bosque Berçário das Águas está em andamento e já colocou em funcionamento parte do viveiro que fornece mudas para o reflorestamento de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal na região da foz do rio São Francisco, em Piaçabuçu e Brejo Grande/SE, recuperando o ecossistema nativo com foco no extrativismo sustentável e educação ambiental dos beneficiários.

O presidente do CBHSF reforça ainda que manter as árvores de pé é essencial para a preservação da Bacia do Rio São Francisco. “Precisamos ter árvores, cuidar pela preservação ambiental e por isso, os viveiros são essenciais para que haja repovoamento de forma antrópica, com o plantio nas margens dos rios, lagoas, nascentes, áreas de preservação permanente. Como exemplo, o projeto berçário das águas na região da foz do São Francisco além de fazer o replantio de espécies nativas que vão ser preservadas pelas populações, vai possibilitar que essas comunidades possam sobreviver através do beneficiamento de frutos como a cajarana, cajá, pimenta rosa, entre muitas outras árvores e espécies nativas que já estão sendo produzidas”, acrescentou Oliveira.

O viveiro de mudas em Piaçabuçu tem a capacidade de produção de 115.000 mudas ao ano. “Aqui temos em média 13 pessoas já trabalhando no viveiro produzindo diversas variedades de frutas nativas que são beneficiadas e viram doces, geleias, compotas, bolos, entre muitos outros produtos. Então, esse é um importante espaço que representa literalmente nosso futuro”, destacou a presidenta da Associação Aroeira, Maria Patrícia Santos Vilela.

As construções dos viveiros fazem parte das obras de requalificação ambiental que atendem as demandas das comunidades. As obras são financiadas integralmente pelo CBHSF.

Assessoria de Comunicação do CBHSF: *Juciana Cavalcante Fotos: Deisy Nascimento; Bianca Aun

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AS SEVERINAS LANÇAM SINGLE COM COMPOSIÇÃO DO POETA ZÉ MARCOLINO

O trio feminino mais famoso do Sertão do Pajeú vai lançar um novo trabalho na próxima semana, dia 04, em todas as plataformas de streaming digitais. As Severinas, depois de terem lançado o álbum "Forró das Severinas" no primeiro semestre, apresentam agora o single "Minha Crença", de composição de Zé Marcolino.

A canção fará parte do álbum "Zé Marcolino - Cantigas do Poeta", uma homenagem ao compositor, com dez faixas de sua autoria. O lançamento ocorrerá ainda neste ano. "'Minha Crença' foi uma música que me tocou ainda quando nós estávamos no processo de escolha das faixas da obra em homenagem a Zé Marcolino. Eu nunca tinha ouvido a música e quando eu ouvi à capela, sendo cantada por Bira Marcolino, eu fiquei extremamente encantada, me tomou de imediato", contou a cantora Monique D'Angelo, incitando a curiosidade dos fãs.

Ainda de acordo com Monique D'Angelo, ela disse logo às companheiras do grupo que "Minha Crença" deveria ser uma das músicas escolhidas para o álbum e que, provavelmente, seria uma das mais importantes. "Ver o processo da música se montando foi algo peculiar para mim, a cada nova fase da criação, ela ficava muito mais bonita. Até que gravei a voz definitiva e recebi a faixa para ouvir depois, e chorei, essa música me emociona bastante. É a minha música preferida do álbum", confessou.

A música tem a peculiaridade da obra de Marcolino, com letra que fala de costumes, crenças e sabedorias populares, exaltando vivências nordestinas. A faixa é mítica, tem simplicidade e ainda conta com um toque especial - um poema de Isabelly Moreira, declamado pela própria artista. O arranjo deixa "Minha Crença" com uma roupa de um forró autêntico, costurada com uma guitarra agregadora, gravada pelo grande Instrumentista César Raseck.

História - Mesclando música e poesia, e lembrando das raízes culturais do Sertão do Pajeú, o trio As Severinas surgiu com o intuito de difundir, com musicalidade, a força feminina, mantendo a tradição do forró pé-de-serra, dando nova roupagem a cantigas, xotes e arrasta-pés. Formado por três jovens mulheres, o grupo traz Isabelly Moreira, no vocal, triângulo e declamações, Monique D'Ângelo, no vocal, sanfona e declamações, e Marília Correia, na zabumba. As Severinas se apresentam desde maio de 2011.

Em 2012, lançaram o primeiro CD, que leva o nome do grupo, com composições autorais e versões de músicas de Chico César e Vander Lee que conquistaram o público. Em 2016, o grupo lançou o seu segundo trabalho, intitulado "Tribos", com faixas autorais, parcerias e releituras de canções de artistas que influenciaram a formação musical do grupo.

Em 2021, quando As Severinas completaram 10 anos de estrada, foi lançado um documentário registrando a obra e a história do grupo, junto com um EP, denominado "Xamego de Fulô". O trabalho foi todo composto por músicas inéditas, entre canções autorais e parcerias. Houve participações especiais que evidenciaram a relevância artística e cultural adquirida pela banda: Anastácia, Assisão, Quinteto Violado e Thais Nogueira, além da participação da percussionista Negadeza, foram alguns dos nomes presentes no trabalho.

Neste ano, As Severinas se apresentaram no Teatro do Parque, em Recife, e foram premiadas como "Destaque Trajetória em Música", pelo show "Xamego de Fulô" com o Prêmio JGE Copergás de Teatro, Dança, Circo e Música de Pernambuco 2022, realizado pelo 28º Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Artes Cênicas e Música de Pernambuco, edição 2022. Além disso, lançaram o clipe "Não Tento Mais" em março e o DVD junto ao álbum "Forró das Severinas" em junho.

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CREDIBILIDIADE, DESINFORMAÇÃO E ISENÇÃO: COMO A INTERNET MUDOU O JORNALISMO

O surgimento da internet mudou muitos aspectos da vida e hábitos pessoais e uma das principais mudanças nos últimos anos foi em relação ao consumo de informação. O que antes era acessível apenas em rádio, televisão, jornal impresso e revista, agora fica tudo à disposição dos cliques no celular. E se a informação era criada em redações jornalísticas por profissionais da área, hoje, qualquer pessoa pode divulgar e criar qualquer tipo de informação. Esse cenário trouxe junto a questão da credibilidade, principalmente depois do fenômeno das fake news.

Segundo Rodrigo Ratier, jornalista e professor de jornalismo digital da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, a crise de credibilidade da informação na era digital põe em risco a própria existência da profissão de jornalista. “Ela, a crise, dialoga um pouco com a ideia de que vivemos num contexto de pós-verdade, em que as emoções importam mais do que a razão, em que os fatos enfim perdem um pouco da força que eles tinham e que o monopólio sobre o relato do real, que antes era atribuído ao jornalista, está difuso”. 

Para resolver esse dilema, segundo a jornalista e professora da ECA, Daniela Ramos, o jornalismo deve assumir um papel de educador, ajudando as pessoas quanto ao consumo da informação correta. Isso faz com que o jornalismo seja capaz de combater a desinformação. “Nesse sentido o jornalismo brasileiro tem uma grande missão, da sociedade como um todo se sentir representada por ele.” 

Elizabeth Saad, também jornalista e professora de comunicação digital da ECA,  destaca que o jornalismo se encontra em um processo muito grande de desinformação graças ao cenário polarizado, em que “existe uma correlação entre o conteúdo informativo produzido com a linha editorial para qual o profissional trabalha”. De acordo com a professora, a linha editorial se posiciona dependendo da empresa e dos proprietários. “É possível que uma determinada marca informativa, não o profissional em si, mas a marca, se posicione num espectro polarizado e o jornalista tem que produzir a matéria conforme esta linha editorial, o que não implica que ele seja alguém que está produzindo desinformação”. 

Elizabeth enfatiza que o jornalismo não pode se deixar contaminar por fake news, de forma a checar todas as informações antes das publicações. Esse procedimento básico para o jornalista deve ser respeitado para que o próprio jornalismo seja diferenciado dos veículos disseminadores de fake news. Para lutar contra isso, é preciso enfatizar a questão da ética jornalística já dentro da universidade. 

Transformações tecnológicas-Apesar de pôr em xeque a credibilidade da informação, a tecnologia transformou o jornalismo e entre suas novas características está a velocidade com que a informação é gerada e transmitida ao consumidor da notícia. O Superintendente de Comunicação Social da USP e também professor da ECA, Eugênio Bucci, em seu livro A superindústria do imaginário: como o capital transformou o olhar em trabalho e se apropriou de tudo que é visível (Autêntica, 2021), explica que a mudança criou a economia da atenção, isto é, na sociedade transformada pela tecnologia o jornalismo precisa atrair a atenção do espectador, competindo não somente com outros veículos, mas também com redes sociais como o TikTok, Facebook e Instagram e com streamings como a Netflix, HBO, Amazon, etc.

E mesmo antes do surgimento da internet, a tecnologia sempre esteve presente no jornalismo, como lembra o jornalista e professor Ratier. “A gente pode voltar aos primórdios e pensar na prensa de Gutenberg, no século XV, que foi sendo evoluída ao longo dos tempos para aumentar a velocidade de impressão, contemplar a impressão em cores, e assim por diante. Da mesma forma, outras tecnologias foram sendo incorporadas aos sistemas produtivos. O próprio telefone, por exemplo, vai se transformar em um instrumento importante para a transformação das práticas jornalísticas possibilitando as entrevistas à distância e assim por diante”.

Para Ratier, essas transformações tecnológicas proporcionaram o enxugamento das redações. “A gente observa sobretudo uma diminuição muito relevante no número de jornalistas necessários para colocar um programa de TV no ar, para pôr um site para funcionar, em comparação, por exemplo, a veículos impressos se a gente voltar 30 anos no tempo”.

Segundo o jornalista, a diminuição das redações veio acompanhada de um jornalismo multimídia. Ser capaz de produzir e editar vídeos, textos e podcasts, além de articular isso em produtos multimídia, se tornou essencial para garantir um espaço no mercado de trabalho. Ratier conta que além da produção jornalística em si, o profissional deve estar apto a fazer várias atividades. “Fazer a gestão de equipes que consiga controlar o orçamento para produção, que saiba transitar não apenas pensando no contexto do jornalismo digital, entre os sites, mas também nas mídias sociais, entendendo como fluem os canais de divulgação da informação”.

Isenção e precisão-Na construção da produção jornalística o profissional precisa tomar muitas decisões que, querendo ou não, impactam na interpretação do leitor, ouvinte ou espectador. Na faculdade, um dos primeiros aprendizados é de que o jornalista não é imparcial porque imprime no texto automaticamente sua carga de conhecimentos e vivências.

Para Elizabeth Saad, mesmo que o jornalista em si não seja imparcial, ele deve sempre buscar a isenção. A professora explica que trabalhos jornalísticos sempre vão envolver a tríade: precisão, veracidade e isenção. “Em qualquer matéria jornalística que se faça, tem que ter a busca da verdade, a isenção, justamente ouvindo múltiplas vozes envolvidas no acontecimento, e a precisão, ou seja, a checagem do conteúdo levantado”.

Texto: Laura Oliveira-jornal da usp

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