METEOROLOGISTAS E PROFETAS PREVEEM CHUVAS ABUNDANTES PARA O SERTÃO EM 2022

Nos próximos meses, entre janeiro e abril, é considerado o período invernoso no sertão nordestino. Isto porque é nestes meses que se concentram as chuvas mais fortes na região e são os mais favoráveis para o plantio. 

Na região, as mudanças climáticas não são pensadas somente através da meteorologia, mas também a partir dos chamados profetas das chuvas, também conhecidos como guardadores de experiências. São homens e mulheres que fornecem previsões para as suas regiões a partir da observação da natureza.

 “Ser profeta das chuvas é uma grande experiência que fazemos com a natureza. Observando o tempo, observando os ventos, observando os animais, as plantas, a floresta, as formigas, todos os seres vivos da terra nós temos que ter observação”, é o que sente Antônio Zeferino, profeta das chuvas e agricultor da zona rural do município Pedro II, no Piauí, que já vem observando os sinais da natureza para as próximas chuvas. 

“A gente viu que quando a chuva passou agora em novembro, ela marcou chuva para o mês de dezembro. Ela ficou pendida e estamos esperando chuvas para dezembro”, prevê.

O ano de 2021, apesar de ter tido um volume de chuvas considerado dentro da média pelos meteorologistas, ainda assim não foi um ano bom de chuvas na região, com o aumento das áreas de seca grave nos estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, segundo dados do Monitor das Secas do Brasil.

“Embora o volume de chuvas tenha sido dentro do esperado, esse esperado é pouco para a região. Só pra você ter ideia, devido à insolação, devido à evaporação que ocorre, ou seja, o aquecimento faz com que toda a água evapore. Então, a evaporação anual é em torno de 2.000 milímetros. No mesmo ano em que chove 600 milímetros, a evaporação anual é de 2.000 milímetros. Então, essa água toda vai se perder - vai evaporar - se não for consumida rápido”, aponta Roberto Pereira, meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), que é parceira do Monitor de Secas do Brasil

Ainda que as informações científicas e os conhecimentos populares nem sempre estejam em concordância, os camponeses e moradores do sertão nordestino estão atentos à todas as informações para estarem sempre prontos para começar o plantio, aliando as informações científicas da meteorologia e os saberes populares dos profetas das chuvas e da observação da natureza passada de geração em geração.

“Isso é um fato que a gente vem acumulando: medir chuva, observar o tempo, observar os fenômenos da natureza, os insetos, o movimento das formigas, das abelhas, isso tudo ajuda a gente a somar o popular e o científico nesta questão da ciência também, da ciência do cotidiano,  da experiência das famílias com o estudo científico que as universidades fazem”, como afirma o agricultor agroflorestal Vilmar Luiz Larmen, da região da Chapada do Araripe, no município de Exú, em Pernambuco.

Para a meteorologia, o próximo inverno sertanejo em 2022 deve apresentar chuvas acima da média, devido ao fenômeno do La Niña. 

“Devido às condições oceânicas que a gente está enfrentando para o ano que seria o La Niña, que estaria acontecendo no Oceano Pacífico e é um esfriamento das águas superficiais do oceano Pacífico na parte equatorial e uma temperatura acima do normal no Oceano Atlântico, isso favorece as chuvas, principalmente no sertão. Então, dentro dos modelos que são programas de computador que a gente coloca as variáveis e tenta estimar como vai ser o comportamento nos próximos meses, ele está dando que vai ter chuvas em torno do normal com a tendência de ser um pouco acima do normal”, avalia o meteorologista.

Também os profetas das chuvas indicam que o próximo período invernoso deve ser abundante, a partir dos sinais dos ventos e da lua. “Vai apresentar um verãozinho no final de janeiro para fevereiro, mas depois o inverno continua. Fevereiro, março vai ter chuvas finas e chuvas grossas pelo meio uma das outras, conforme o vento que a gente observou”, indica Antônio Zeferino. “Então, vai ser o inverno médio, igual a este que passou, um inverno bem temperado, um inverno criador. Que os lavradores tenham fé, acunhem as enxadas para fazer o plantio com muita fé, muita perseverança”, conclui.

(fonte Brasil de Fato-Edição: Vanessa Gonzaga)

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SURTO DE GRIPE, H3N2 E OMICRON: UPAE E HDM ALERTAM SOBRE CUIDADOS

Manchete em todos os grandes jornais do país e na imprensa do Vale do São Francisco, o surto de gripe comum, a epidemia da H3N2, a variante Ômicron e até os casos de infecção dupla por gripe e Covid-19 (Flurona) chamaram a atenção da população neste início de semana.

Profissionais e serviços de saúde já sentem no dia a dia o aumento e pedem que os cuidados básicos como isolamento social e higienização das mãos sejam mantidos para inibir a disseminação dos vírus.

Mas, o que a população precisa realmente saber sobre essas doenças? Profissionais da Unidade de Pronto Atendimento e Atenção Especializada de Petrolina e Hospital Dom Malan (UPAE e HDM) esclarecem.

"É importante destacar que todas essas doenças ocorrem a partir de vírus respiratórios. Ou seja, o contágio acontece por meio de gotículas ou aerossóis dispersos no ar. Essas gotículas infectadas com vírus são expelidas pela tosse, pelo espirro e até mesmo pela fala e, por isso, é muito importante cobrir a boca e o nariz com um lenço ou com o braço ao tossir ou espirrar, utilizar sempre a máscara e higienizar constantemente as mãos, já que elas podem funcionar como vetor levando os vírus aos olhos, nariz e boca [portas de entrada dos vírus no organismo]", esclarece a pneumologista da UPAE, Morgana Carolina.

"Temos também as vacinas como fortes aliadas", acrescenta a profissional. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as atuais vacinas aplicadas na população garantem "alguma proteção" contra a nova gripe, já que os vírus são muito parecidos. A vacina da gripe ofertada pelo SUS é preparada para proteger contra a H1NI, H3N2 e o influenza B. Isso sem falar da eficácia já comprovada do esquema vacinal completo contra a Covid-19.

Vale lembrar que os grupos que estão mais sujeitos ao contágio de doenças respiratórias são os formados por crianças e idosos, gestantes, puérperas, profissionais de saúde e imunodeprimidos.

"Para estes grupos os cuidados devem ser redobrados. É preciso evitar aglomerações, lugares fechados, e frequentar hospitais de forma desnecessária. As vacinas, como já dissemos, o consumo de vitamina C e outras substâncias que ajudam a melhorar a imunidade, também são bem-vindas", informa a médica.

Doenças virais apresentam sintomas parecidos. Conseguir identificar os sinais de cada uma delas é interessante para tentar proteger a saúde individual e coletiva, já que o tempo de transmissão pode mudar de uma para a outra. "Independente de qual seja o vírus suspeito, é importante que, ao menor sinal de quadros respiratórios, já se inicie o isolamento", destaca a pediatra do HDM, Marina Tenório.

Gripe comum: As características básicas são febre, dor no corpo e fadiga. Cada doença tem uma evolução, mas nos casos de gripe ocorre secreção, coriza e tosse. Normalmente, é um quadro limitado e com dois ou três dias se resolve.

H3N2: Febre alta, dores nas articulações, congestão nasal, tosse, inflamação na garganta e dores de cabeça. Em geral, o paciente não precisa de internação. Os sintomas são semelhantes ao da gripe comum.

Ômicron: Os sintomas mais comuns são a perda ou alteração do olfato, perda ou alteração do paladar, febre baixa, tosse persistente, calafrios, perda de apetite, dores musculares, fadiga intensa, tosse seca ou irritação na garganta, diarréia e dores abdominais. A maioria das pessoas apresentam quadro leve e são tratadas em casa.

Flurona: O fenômeno, chamado informalmente de "flurona", costuma ser menos frequente do que a contaminação por apenas um dos vírus, mas deve se tornar mais comum em meio à nova onda de Ômicron e o surto de H3N2 no verão, fora de época.

Não há como saber, sem exames, quando a infecção é por influenza ou por Covid porque os sintomas são praticamente os mesmos.

O exame para influenza, portanto, acaba sendo feito apenas se o paciente está em estado mais crítico, com diagnóstico de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), e apresenta resultado negativo para o coronavírus.

Ter Flurona não quer dizer necessariamente que o quadro seja mais grave do que ter só influenza ou só Covid. A maior probabilidade é de ser um quadro mais leve.

Quando procurar um serviço de urgência e emergência como UPA e PSI (Pronto Socorro Infantil)?

As urgências e emergências devem ser procuradas prioritariamente em casos de desconforto respiratório, dor ou pressão no peito, sinais de desidratação como tontura, dificuldade para urinar ou confusão mental, além de queda brusca do estado geral. Casos mais simples podem ser referenciados para as unidades básicas de saúde, devendo ser tratados em casa.

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EXU PERNAMBUCO: ZÉ PRAXEDES COMPLETA 90 ANOS DE VIDA DEDICADO A CULTURA GONZAGUEANA

A professora Thereza Oldam de Alencar, autora do livro Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-Pernambuco (Sesquicentenário 1868-2018), relata que a Igreja tem entre os devotos fiés um grupo de amáveis pessoas que, de tão assíduas, de tão abnegadas, tornaram-se conhecidas e queridas. José Praxedes dos Santos, seu Zé Praxedes e a Banda de Pífanos são bons exemplos.

Zé Praxedes nasceu no dia 5 de janeiro 1932 e agora tem 90 anos.

Antes deste período da pandemia, seu Zé Praxedes "batia todos os dias o ponto", no Parque Aza Branca e dele se escutava parte da história de Luiz Gonzaga e suas andanças e amor por Exu.

Ano passado numa conversa com José Praxedes dos Santos, este é o nome de batismo, ele não conseguiu responder a pergunta se Exu já tinha vivido um momento assim, de isolamento social: Seu “Zé Praxedes chorou. 

Zé Praxedes possui nestes 90 anos de vida, uma caminhada marcada pelo vínculo com a família de Luiz Gonzaga. Vaqueiro. Durante décadas trabalhou  prestando serviços a “Seu Januário”, pai de Luiz Gonzaga. Praxedes é citado como sendo um “exímio dançador de forró e homem justo”,  no livro da professora Thereza Oldam Alencar, “Igreja de São João Batista do Araripe-Exu, Pernambuco-Sesquicentenário (1868-2018).

“Seu Praxedes é um dos Patrimônios Vivos da Cultura Gonzagueana. Seu universo é Exu, o Parque Asa Branca, o Araripe de São João Batista, o Sítio Ubatuba e Monte Belo, a Fazenda Caiçara, a Igreja de São João Batista, o Parque Aza Branca…”Seu Praxedes ” está presente em todos os momentos. É amor explícito, sem palavras. Sua presença tem voz. Cada pedaço desse mundo é Exu, os mistérios encantados da Chapada do Araripe”. 

HISTÓRIA: A história de fé da Igreja de São João do Araripe, no município de Exú, no Sertão pernambucano, é contada pela primeira vez no livro “Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-PE – Sesquicentenário (1868/2018)”, de Thereza Oldam de Alencar. A obra foi lançada em 2018, com a presença de Seu Zé Praxedes, na própria igreja no dia 23 de junho, véspera de São João, ao final da nona noite do novenário.

O livro remonta a trajetória do Barão de Exú, bisavô da autora, que construiu a igreja como pagamento de uma promessa ao santo, e relembra as tradições e festejos até os dias atuais. Também traça a história da família Alencar, importante na política da região. Aos 91 anos, Thereza escreveu o livro à mão, durante quatro anos de pesquisas e entrevistas.

“Fui juntando peças e ouvindo a voz da tradição. Entrevistei octogenários que guardavam importantes informações e fui vendo se formar, diante de mim, uma linda história de amor e fé. Foram quatro anos de pesquisa e peleja, andando, trabalhando e trabalhando. E, também, me baseei em o que minha mãe – nora do Coronel João Carlos, criado pelo Barão – escreveu”, conta Thereza.

A história começa com a chegada dos Alencar, vindos de Portugal, ainda no século XVII, e vai até o Barão de Exú, Gualter Martiniano de Alencar Araripe, nas fazendas Araripe e Caiçara. Com o “caos de dor” trazido pela epidemia de cólera no Crato, vizinho a Exu, entre 1862 e 1864, o Barão fez uma promessa a São João, para que a doença não se alastrasse por seu povo. Com a graça alcançada, o fazendeiro iniciou a construção da igreja, inaugurada na véspera do Dia de São João em 1868. Em seu testamento, deixou expresso que seus descendentes cuidassem da igreja.

Os 150 anos do Araripe também se entrelaçam com a vida de outro conhecido morador de Exu: Luiz Gonzaga. A bisavó do Rei do Baião se abrigou na Fazenda Caiçara, também do Barão, durante a peste de cólera. Foi na igreja que os pais de Gonzagão, Januário e Santana, se casaram. Gonzaga eternizou os 100 anos da igreja na canção “Meu Araripe”. Foi Thereza, a autora do livro, quem escreveu, inclusive, a apresentação do disco “São João do Araripe”, em 1968.

“Meu sonho é que a história dessa igreja seja disseminada por todos. Pelos devotos, pela nossa família, por Exu, por Pernambuco, pelo Brasil. É uma história simples e verdadeira e não pode ser esquecida. É um santuário de fé, patrimônio histórico e cultural do povo de Exu. Não é só um prédio bonito. Sua argamassa é feita de amor e fé”, conclui a autora.

Dividido em 12 capítulos, “Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-PE – Sesquicentenário (1868/2018)” faz um passeio detalhados sobre esses 150 anos, misturando a história dos Alencar, dos Gonzaga, do município de Exu e do povoado do Araripe. Sua última parte, intitulada “Memorial Idílico do Araripe”, conta com depoimentos de 33 personalidades da região ou que têm uma relação de carinho com o lugar. Entre eles, o jornalista Francisco José e Dominique Dreyfus, biógrafa francesa de Luiz Gonzaga.

O livro tem prefácio escrito pelo advogado Dario Peixoto, filho de Thereza, e orelha da capa escrita pelo ator e humorista piauiense João Claudio Moreno. A contracapa tem autoria do marido da autora, Francisco Givaldo Peixoto de Carvalho, também escritor. E a orelha da contracapa, com perfil biográfico da autora, foi escrito pelo poeta e escritor cearense José Peixoto Júnior.

(Fonte: Thereza Oldam de Alencar, autora do livro Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-Pernambuco (Sesquicentenário 1868-2018)

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A CHUVA É DA NATUREZA, MAS A PREVENÇÃO É DO HOMEM. FALTAM AÇÕES PREVENTIVAS POR PARTE DO PODER PÚBLICO

O verão chegou e o roteiro é o mesmo há décadas. Temporais provocam alagamentos que paralisam as cidades. As chuvas que atingiram o sul da Bahia em dezembro e deixaram um cenário de destruição, agora afetam também o estado de Minas Gerais. 

Rios transbordando por cima das pontes, cidades alagadas até o telhado de suas casas, carros flutuando pelas ruas e o rompimento de duas barragens de armazenamento de água deixaram milhares de famílias desabrigadas. O número de mortos pelas enchentes na Bahia já soma 25 pessoas e em Minas seis perderam a vida em decorrência das chuvas.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as fortes chuvas foram causadas pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), formada por uma faixa de nuvens que se estende do Sul da Amazônia até a área do Atlântico Sul. A ZCAS é muito comum durante o verão e, normalmente, dura de três a quatro dias.

Sempre que ocorrem tempestades como as da Bahia e de Minas Gerais, a força da natureza tem um lugar cativo no repertório de justificativas para os alagamentos. No entanto, não dá para culpar São Pedro por essas tragédias. O vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Marcus Vinícius Polignano, esclarece que eventos extremos como as fortes chuvas do verão existem a milhares de anos e vão continuar a ocorrer. 

“Não temos como culpar as águas pelas tragédias. As chuvas, assim como a estiagem, são eventos climáticos que fazem parte do ciclo da água na natureza. Continuarão a existir e não temos como ter um controle sobre eles. Também é importante destacar que as chuvas, assim como as estiagens, tendem a ser cada vez mais intensas e frequentes devido às mudanças climáticas”, disse.

Embora seja impossível evitar os fenômenos climáticos, o impacto deles poderia ser bem menor e vidas seriam salvas se o Brasil lidasse com esses eventos de forma mais eficiente. “Atualmente, temos informações meteorológicas e hidrológicas cada vez mais precisas, o que nos permite prever esses eventos. O fato de as chuvas não terem um controle efetivo humano, não significa que elas sejam imprevisíveis. O que está faltando é gestão”, esclareceu o vice-presidente do CBHSF.

Para Marcus Vinícius Polignano faltam ações preventivas por parte do poder público. “Realizar uma gestão eficiente das águas e criar políticas públicas de prevenção e controle dessas questões relacionadas aos fenômenos climáticos é de suma importância para que a população tenha mais segurança e não seja pega de surpresa. Mas, o que ocorre na prática é uma falta de vontade política e econômica para questões vitais, como a água”, finalizou.

Ações necessárias: A maioria das cidades entremeadas por rios se desenvolveram sem planejamento nos arredores dos leitos, promovendo o desmatamento das matas ciliares, não permitindo a infiltração adequada das águas das chuvas no solo. Mesmo com as cidades já erguidas é preciso traçar metas que mitiguem os danos causados pelas chuvas, como por exemplo, fazer melhor uso e ocupação do solo, reduzindo a compactação e impermeabilização, retirar populações de áreas alagáveis, locais que devem ser desocupados e instalar sirenes nas áreas de risco para que a população seja alertada quando em perigo.

O secretário do CBHSF, Almacks Luiz Silva, é morador da Bahia e reforça que as chuvas são eventos climáticos que não podem ser evitados e que afetam principalmente as comunidades carentes. “O caos gerado pelas chuvas não é culpa apenas do índice pluviométrico. Com as mudanças climáticas aumentando a intensidade e a frequência dos eventos extremos, os grupos sociais mais atingidos acabam sendo aqueles em situação de maior vulnerabilidade, pois são eles que ocupam as áreas de risco”, informou.

Almacks Luiz Silva relembra que o Comitê há três anos vem fazendo um alerta sobre o perigo das cheias na bacia. 

“Realizamos seminários ao longo do Rio São Francisco sobre as possíveis cheias e a importância de desocupar as áreas alagáveis. Além disso, o Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e os Planos Municipais de Saneamento Básico, estudos financiados pelo CBHSF, apontam as áreas de risco e deveriam ser utilizados pelos governos para evitar tragédias como as que estão acontecendo agora”, comentou. (Fonte: Assessoria de Comunicação CBHSF)

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SIVUQUIANDO: CANTOR E COMPOSITOR BETO MIRANDA PRESTA HOMENAGEM AO SANFONEIRO SIVUCA

Em 1951, com apenas 20 anos de idade, o sanfoneiro Severino Dias de Oliveira, o popular Sivuca, gravou seus primeiros discos de 78 rotações. Entre essas gravações iniciais, estava sua endiabrada versão em para o “Frevo dos Vassourinhas” (Mathias da Rocha), um dos temas mais conhecidos do ritmo pernambucano. 

Em seus mais 50 anos de carreira, o saudoso Sivuca passeou com desenvoltura por diversos estilos musicais, do forró ao jazz, do choro à bossa nova, mas sem jamais relegar o frevo, influência direta de Recife em sua formação profissional. Prova disso são os 4 volumes da série Forró e Frevo, lançados pelo músico paraibano na década de 80. 

70 anos após a gravação de seu primeiro frevo, o Maestro da Sanfona não poderia receber homenagem mais adequada por parte do poeta, cantor e compositor paraibano Beto Miranda, que criou “Sivuquiando”, música instrumental à altura do homenageado, mestre em executar frevos sanfonados. Para interpretar “Sivuquiando”, Beto escalou uma verdadeira seleção de músicos que teve ligação pessoal e profissional com Sivuca: o Maestro Chiquito, lenda viva da música paraibana, conduzindo a Orquestra Metalúrgica Filipeia; no solo de sax, o também Maestro Spok, um dos maiores nomes do ritmo na atualidade; e na sanfona, o talentoso Beto Hortis, o “Filho de Camaragibe”.

A música chega às plataformas digitais no dia 07 de janeiro e também está inserida em um projeto de Beto Miranda para lançamento de um Cd físico, juntamente com outras canções autorais. 2022 está apenas iniciando, e que ele transcorra com a mesma alegria e energia de “Sivuquiando”!

BETO MIRANDA: A Paraíba é terra de grandes poetas e músicos. Todas as regiões do estado, do litoral ao sertão, do brejo ao cariri, possuem férteis representantes da cultura nordestina produzindo poesias, cordéis e músicas que orgulham nosso povo. 

E seguindo a trilha demarcada por esses mestres, surgem ao público, ano a ano, novos nomes para engrandecer o time.  Um desses é o poeta Beto Miranda, que fez sua estreia como compositor e cantor em “Oceano de Carinho”, um trabalho cheio de sentimentos, gerado em meio às dificuldades impostas pela pandemia de covid-19. Algo de que a inquietude dos poetas é capaz.

“Oceano de Carinho” não é um álbum que surge por acaso. Nascido em Mamanguape/Paraíba, Beto Miranda possui convívio no meio musical há bastante tempo, inclusive com várias canções já compostas e que somente agora foram gravadas. Desde cedo influenciado pelo bom gosto musical de seus pais, Sr. Miranda e Dona Ednalva, sanfoneira, e consequentemente pelas interpretações de artistas nordestinos que escutava na coleção de vinis de seu pai, Beto se manteve fiel ao tradicional forró consagrado por esses ícones, sem modismos, construindo um disco com cara e sotaque nordestinos.

 As participações especiais de Targino Gondim, Irah Caldeira, Luizinho Calixto, Luizinho de Serra, Deda Silva (ex-Os 3 do Nordeste e atual Forró D2) e Nonato Lima chancelam e ratificam ainda mais a qualidade do trabalho. 

Com um instrumental formado por sanfona, fole de 8 baixos, triângulo, cavaquinho e zabumba, “Oceano de Carinho” nos mostra que renovar o forró não significa reinventar a sua essência. E como registrou o compositor Accioly Neto, “toda caminhada começa no primeiro passo”. Que este disco marque o início de uma longa e frutífera trajetória musical de Beto Miranda!

Érico Sátiro-Pesquisador Musical



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ESCRITORA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO OTIMISMO E ESPERANÇA PARA 2022

A escritora Daniela Mattos, instrutora de yoga e meditação e também autora do livro "Você é o Seu Próprio Guru", destacou sobre a importância de virar o ano com otimismo, pensamento positivo e de como manter a esperança em tempos difíceis. Mas afinal de contas, o que podemos aprender com esse ano? 

"O ano de 2021 chegou  ao fim e durante esse período refletimos sobre a importância de abraçar os desafios que aparecem em nosso caminho com esperança e otimismo", conta.

Em seu livro, Daniela aconselha as pessoas a buscarem se conectar com a natureza e aproveitar bem os primeiros dias do ano para terem uma energia mais renovada e fortalecer a mente. 

E o que é otimismo? Para os estudiosos, trata-se de um sentimento persistente de que coisas boas vão acontecer. Ou ainda, acreditar que o futuro nos será favorável porque podemos controlar variáveis importantes para que isso aconteça. A pesquisa foi feita com base em dados de quase 70 mil mulheres e pouco mais de 1.400 homens. Os dois grupos responderam a questionários que mediam seu nível de otimismo, assim como da saúde de um modo geral e hábitos que a influenciam, como alimentar-se bem, fumar e beber álcool.

Para Lewina Lee, PhD e professora assistente de psiquiatria da Universidade de Boston, o estudo tem enorme relevância do ponto de vista da saúde pública: “ele sugere que o otimismo é um ativo psicossocial com potencial para estender a expectativa de vida, e há técnicas e terapias que podem tornar as pessoas mais otimistas”. 

Laura Kubzansky, professora de Harvard, acrescenta: “o otimismo pode estar relacionado a saber regular e controlar emoções e comportamentos, assim como lidar com fatores de estresse e suportar dificuldades”. Os pesquisadores também consideram que os indivíduos dotados de um astral para cima tendem a cultivar hábitos saudáveis. “Nosso trabalho pretende ser uma contribuição para promover a resiliência ao longo do processo de envelhecimento”, finaliza Lewina Lee.


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RÁDIO ANO 2022 CADA VEZ MAIS MODERNO E CAMPEÃO DE AUDIÊNCIA

 

Depois do advento da internet comercial, o rádio sofreu uma metamorfose. Ampliaram as possibilidades de produção e escuta. As audiências segmentadas fragmentaram-se em nichos antes não atingidos. 

Nos sites das emissoras de rádio, os estúdios começaram a ser vistos ao vivo, as reportagens passaram a ser transcritas, ganharam fotos e até imagem em movimento. Na web, qualquer emissora do mundo pode ser ouvida em plataformas dedicadas a isso.

Essas propriedades são tema recorrentes do interesse dos pesquisadores de rádio no Brasil que, além do presente e do futuro do veículo, continuam investigando o passado. 

A data de nascimento oficial do rádio no Brasil é 6 de abril de 1919.

No dia seguinte àquela data, o extinto Jornal de Recife deu a seguinte nota: “Consoante convocação anterior realizou-se ontem, na Escola Superior de Eletricidade, a fundação do Rádio Clube, sob os auspícios de uma plêiade [reunião] de moços que se dedicam ao estudo da eletricidade e da telegrafia sem fio (TSF).”

A notícia foi localizada em uma microfilmagem do Jornal de Recife, durante pesquisa do professor Pedro Serico Vaz Filho, da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), que desde o fim dos anos 1990 investiga a história do rádio. A nova data de aniversário foi corroborada por mais notícias localizadas pelo pesquisador em jornais e revistas, publicados dentro e fora de Pernambuco, inclusive sobre o estatuto da nova emissora.

“Claro que não foi uma rádio com a estrutura que nós temos. Eram jovens estudantes curiosos, que estudavam a radiotelegrafia e resolveram montar uma estação de rádio, [de caráter] bem amador, bem experimental, Mas já deram o título de Rádio Clube de Pernambuco”, disse Vaz Filho em entrevista à Agência Brasil.

Além da investigação em periódicos impressos, o pesquisador reviu a bibliografia a respeito e fez entrevistas com diferentes fontes que testemunharam o funcionamento da Radio Clube ainda na primeira metade do século 20.

“Os preparativos para a fundação da emissora, segundo apuração com o ex-presidente da Rádio, também pesquisador Antonio Camelo, aconteceram na rua das Mangueiras, atualmente rua Leão Coroado, no bairro da Boa Vista”, descreveu à reportagem Vaz Filho. Segundo ele, “a Imprensa Oficial do Estado publicou no dia 7 de abril de 1919, um despacho da prefeitura recifense, doando um pavilhão do Jardim 13 de maio, atualmente Parque 13 de maio para funcionar como sede da Rádio Clube.”

As descobertas de Pedro Vaz Filho sobre a primazia da Rádio Clube confirmam o que o professor, jornalista e radialista, Luiz Maranhão Filho, hoje com 87 anos, sempre defendeu. O pai de Maranhão Filho trabalhou na emissora pioneira. Os dois professores participarão da live organizada pela Alcar.

Durante um encontro de história da mídia realizado em 2019 na capital do Rio Grande do Norte, os pesquisadores especialistas no assunto assinaram a Carta de Natal, onde “avalizam essa decisão os dados apresentados há mais de três décadas pelo pesquisador Luiz Maranhão Filho (UFPE) e validados, mais recentemente, pelo pesquisador Pedro Serico Vaz (Anhembi Morumbi).”

O novo entendimento sobre o nascimento do rádio no Brasil muda o conteúdo das aulas dos cursos de jornalismo, audiovisual e publicidade nas faculdades de comunicação. Até recentemente, a bibliografia especializada reconhecia que a transmissão radiofônica pregressa havia ocorrido de fato naquela data em Recife, mas que a primeira emissora regular seria a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a partir de 17 de outubro de 1922.

A Rádio Sociedade foi fundada por acadêmicos como o médico e antropólogo Edgar Roquette-Pinto que via o rádio como um meio estratégico para levar educação à população, então majoritariamente analfabeta. “O TSF [ sistema de telegrafia sem fio] espalha a cultura, as informações, o ensino prático elementar, o civismo, abre campo ao progresso, preparando os tabaréus [pessoa sem instrução] despertando em cada qual o desejo de aprender”, escreveu Roquette-Pinto em artigo publicado em 1927.

De acordo com Vaz Filho, o líder da fundação da Rádio Clube de Pernambuco foi o radiotelegrafista e contabilista Augusto Joaquim Ferreira, também de perfil intelectual, mas não acadêmico. “Ele e outros jovens pensaram naquela possibilidade como meio de comunicação, não exatamente para levar educação às pessoas, o objetivo era outro: levar informações”, como ainda se dá hoje no rádio escutado no dial dos aparelhos à pilha ou na podosfera acessada pelos serviços de streaming.

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