A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR, BASTA DE MISÉRIA, PRECONCEITO E REPRESSÃO: GRITO DOS EXCLUÍDOS ACONTECE NA SEGUNDA (7)

Com o tema “A vida em primeiro lugar” e o lema “Basta de Miséria, Preconceito e Repressão! Queremos Trabalho, Terra, Teto e Participação!”, a Igreja celebra na segunda-feira, 07 de setembro, a realização do 26º Grito dos Excluídos e Excluídas. 

Todos os anos a igreja católica convoca seus fiéis para refletir sobre os verdadeiros valores da vida e tudo aquilo que diz respeito à sua dignidade. Neste ano, a mobilização quer chamar atenção da sociedade à necessidade de dar um basta à miséria, ao preconceito e a repressão e à importância de ações que garantam, a todos, condições fundamentais para uma vida digna com trabalho, terra, teto e participação.

O Grito dos Excluídos, uma manifestação popular carregada de simbolismo acontece todo ano no Dia da Pátria, 7 de setembro, na tentativa de chamar atenção da sociedade para as condições de crescente exclusão social no país.

“Não é um movimento nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto oculto nos esconderijos da sociedade e, ao mesmo tempo, o anseio por mudanças”, diz a descrição do protesto em seu perfil no Facebook. 

O Grito dos Excluídos foi idealizado inicialmente pela CNBB, em 1994, através das pastorais sociais. “Ele nasceu e é um grande espaço de articulação entre Pastorais, Movimentos Sociais, Igreja e Movimentos Populares. Outra importância que eu vejo no Grito é que ele contribuiu ao longo desses anos para uma mudança cultural na forma de se comemorar a Semana da Pátria, e que hoje é vista pelos movimentos pastorais, pelas organizações sociais como um horizonte de luta. E a gente tem conseguido fazer isso nesse período”, afirma Ari Silva, da secretaria nacional do Grito dos Excluídos.

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JORNALISTA JUAZEIRENSE ESTREIA PROGRAMA DE ENTREVISTAS NO INSTAGRAM

Jornalismo, informação e cultura em tempos de pandemia da Covid-19. É com essa proposta que o jornalista juazeirense Raphael Leal fará sua estreia na próxima segunda-feira (7), às 19h30, o programa jornalístico #PapocomRapha, transmitido no Instagram @raphael_leal_jor. 

Para a estreia, Raphael entrevista o assessor de imprensa do Governador da Bahia, jornalista Eudes Benício, e a jornalista Monyk Arcanjo, coordenadora de comunicação da Prefeitura de Petrolina, que vão discutir os impactos sociais na rotina de trabalho em função do novo coronavírus e compartilhar experiências como profissionais da comunicação.

Raphael é formado pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e já trabalhou em redações de televisão no Rio de Janeiro, como repórter do Canal Futura, tem experiência com jornalismo impresso e trabalha com assessoria de comunicação – principalmente no relacionamento com a imprensa – e consultoria de marketing político.

Ao longo dos 12 anos de profissão, o comunicador tem demonstrado que jornalismo se faz com diálogo e crítica também. Agora, é a vez dele ocupar as redes sociais, entrevistando pessoas e trazendo informação para a comunidade.

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PREVISÃO DE POUCAS CHUVAS PARA O RIO SÃO FRANCISCO

A videoconferência mensal da Agência Nacional de Águas (ANA) foi realizada  no início desta semana com o intuito de discutir as condições hidrológicas da bacia do Rio São Francisco. Representantes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentaram os relatórios mensais acerca da situação atual da bacia.

De acordo com a apresentação feita pela equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a ocorrência de chuvas na bacia do São Francisco foi, mais uma vez, abaixo da média em agosto. Segundo eles, a primeira metade do ano hidrológico foi deficiente em se tratando de chuva.

O superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, disse que a antecipação de chuvas para o mês de setembro é quase que descartada. “Há um critério para definir quando a estação chuvosa está atrasada ou não e nas próximas semanas a previsão é de pouca chuva, mas em outubro teremos uma melhor expectativa”.

Um dos técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou uma avaliação das condições hidrológicas e de armazenamento na bacia do rio São Francisco. Mas antes mostrou aos participantes por meio de gráficos um balanço energético do subsistema Nordeste, onde permanece o quadro de exportação de energia para as outras regiões. O técnico contou que neste mês de setembro não há grandes variações, porém em outubro já se observa um cenário melhor.

A videoconferência foi uma grande oportunidade para estudantes de mestrado da Universidade Federal da Bahia (UFBA) apresentarem seus trabalhos que têm grande relação com o rio São Francisco. O primeiro trouxe o tema “Hidrograma Ambiental – Caso do Rio São Francisco. Já o segundo foi um artigo que tratou dos “Efeitos da adoção do regime de escoamento do sistema de reservatórios do rio São Francisco para atender às demandas de água para usos múltiplos”, e o terceiro trouxe uma “Avaliação dos efeitos da operação de reservatórios na qualidade da água, considerando alterações das condições de restrição de defluência mínima.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, parabenizou os estudantes pelas abordagens dadas durante suas apresentações no que diz respeito à vida aquática e aos cursos de vazão do rio São Francisco. 

“Os trabalhos trouxeram elementos para que comecemos a buscar soluções para alguns problemas que temos de enfrentar. O ideal é conciliar um trabalho com o objetivo de manter o nível dos reservatórios no padrão mínimo e os usos múltiplos. Um ecossistema como o rio São Francisco precisa de todo cuidado necessário. O Comitê tem tomado várias iniciativas e conversou com a Sudene sobre o Plano de Recursos Hídricos. Estamos trabalhando com o Plano de Saneamento Básico junto às prefeituras para coleta e tratamento de esgotos e tentaremos executar de forma concreta a coleta de esgoto. Quem ama o Velho Chico não maltrata”, disse.

Diogo Carneiro Ribeiro Bueno Martins, engenheiro de Planejamento Hidroenergético da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), trouxe uma rápida apresentação sobre a UHE Três Marias que trata do teste de defluência zero. O teste será realizado no dia 19 de setembro e terá a duração de uma hora. O objetivo é avaliar o tempo para restabelecimento da vazão mínima de perenização do rio, avaliando os possíveis impactos socioambientais e, em especial, à ictiofauna, causados por este tipo de operação.

A videoconferência que avalia as condições hidrológicas da bacia do rio São Francisco acontece na sede da Agência Nacional de Águas, em Brasília (DF) e é transmitida para os estados da bacia. Participam dela diversos representantes relacionados às questões do Velho Chico, a exemplo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), usuários, governo, irrigantes, entre outros. A próxima reunião está marcada para o dia 06 de outubro, a partir das 10h.

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UNIVASF DISCUTE IMPACTO NA VIDA DE PAIS E FILHOS SAÍDA DOS FILHOS PARA A VIDA ESTUDANTIL

Na busca de refletir sobre a experiência de pais cujos filhos saem de casa para cursar uma universidade em outra cidade, outro estado ou até mesmo país, o Núcleo de Cuidado ao Estudante Universitário do Semiárido (Nuceu), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), discutirá o assunto na live “Pais in, filho (a) universitário (a) out: como existir?”. 

A transmissão acontecerá nesta quinta-feira (3), no Instagram do Nuceu, às 19h, e terá como convidada a professora da Residência em Saúde Mental da Universidade de Pernambuco (UPE) Lindair Araújo.

A live está direcionada a toda a comunidade acadêmica e externa. A coordenadora do Nuceu e professora do colegiado de Psicologia da Univasf, Shirley Macedo Vieira de Melo, explica que essa ação faz parte de uma nova etapa do projeto de extensão, que visa alcançar os familiares dos universitários, diante de uma demanda que surgiu dos próprios pais e mães.

A professora Lindair Araújo conta que abordará alguns pontos para reflexão sobre os aspectos inerentes à separação pais-filhos. Dentre eles estão: o ser pai e mãe; síndrome do ninho vazio; pais preocupados com “a vida da cidade”, ameaçados pela violência, truculência, competitividade; no contexto da pandemia, ameaça constante; cuidar do filho out (fora) - controle que precipita o desejo de liberdade do filho; lugar que não oferece educação e preparação para mercado de trabalho; separação x cuidado de si.

Parentes e universitários podem enfrentar adversidades com o distanciamento social, afirma a professora Shirley Macedo. Por isso, a importância da temática ser discutida amplamente. “A ideia do Nuceu é sempre colaborar com reflexões que ajudem as pessoas a enfrentar o sofrimento com mais saúde mental”, observa.

Além de lives, o Núcleo também realiza oficinas, rodas de conversa e capacitações. São atividades focadas em favorecer a saúde mental para a vida acadêmica e, preferencialmente, dos universitários. Até o mês de agosto, foram realizadas 12 lives, sete oficinas e uma aula. Foram abordados 20 temas que alcançaram, até o dia 24 de agosto, um público de 3.311 espectadores. Das lives realizadas, seis estão disponíveis no IGTV do Instagram do Núcleo.

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FESTIVAL VIRTUAL DE ARTE E CULTURA DO IF SERTÃO COMEÇA NESTA QUARTA-FEIRA (2)

Festival Virtual de Arte e Cultura do IF Sertão-PE começa nesta quarta-feira (2). O evento é promovido pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura do IF Sertão-PE, com o apoio dos Institutos Federais de Pernambuco (IFPE), Bahia (IFBA), Maranhão (IFMA), Paraíba (IFPB) e Rio Grande do Norte (IFRN), além da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e do Serviço Social do Comércio (Sesc).

A iniciativa, que tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento de ações culturais e artísticas, de forma a envolver toda a comunidade, proporcionando a divulgação e a valorização de atividades que expressem a diversidade e multiplicidade de linguagens artístico-culturais, pode ser acompanhada de forma on-line pelos canais de videochamadas do Instituto no Google Meet e de compartilhamento de vídeos no Youtube. 

Entre as 88 atividades relacionadas na programação, estão 30 atividades culturais, incluindo a tão aguardada Mostra Artístico-cultural. As 27 palestras listadas discorrem sobre os mais diversos temas, como fanzine, literapia, fotografia, o ensino de arte, a representação do Nordeste, cinema, música, capoeira, fanfic, carijada, dança, cultura popular, a representação da mulher nas artes visuais, a produção e gestão de carreiras artísticas, as vozes femininas no ambiente do improviso e as interfaces da arte com a matemática, a educação, o ensino, o currículo e como território de afetos, debates e insurgência. 

A mesa redonda da grade debaterá a produção artística de Petrolina enquanto possibilidade de desenvolvimento de processos educativos e estéticos contextualizados às realidades locais. A programação conta ainda com 20 minicursos, que vão instrumentalizar os participantes sobre áreas como a produção de vídeo, dança contemporânea, música, desenho, literatura, teatro, arte, gênero e violência, aquarela, educação patrimonial, projetos culturais, capoeira, fotografia e estamparia artesanal. (Fonte: IF Sertão-Luis Osete)

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SOLIDÃO, SOLITUDE E ARTE DO ISOLAMENTO CRIATIVO

Solidão: 1. Estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento. 2. caráter dos locais ermos, solitários. Há quem já tenha expressado que fulano ou sicrano vive “em meio à solidão do deserto". A psicologia observa que, entre seus diversos fatores, a solidão pode ser normal e é um indicador de doença subjacente somente quando os sentimentos se tornam excessivos, obsessivos e interferirem na vida cotidiana. 

A solidão sempre foi uma parede imensa na rotina dos criadores das diversas linguagens das artes, mas com suas janelas capazes de serem abertas à maneira de cada personagem. O poetinha Vinícius de Moraes contestava as condições do ato solitário com humor, como forma de negar a ideia de se estar só, mesmo que em momentos intensos, e observou: “É melhor se sofrer junto  que viver sozinho”.

No livro O Dilema do Porco Espinho (2019), o filósofo Leandro Karnal, viaja pela modernidade liquida e também analisa a solidão no mundo virtual, a ponto de contemplar tanto temas como amigos imaginários das crianças até pensamentos de filósofos. Aristóteles pregou certa vez que a solidão criava deuses e bestas. Para Karnal , amor, ódio, paixão, ambição e solidão são temas recorrentes na literatura mundial e facilitam esteticamente a identificação do leitores com o “eu” dos personagens. A literatura pode ser a chave para o autoconhecimento. 

A música idem, só que é um campo em que se brinca através da sonoridade, ritmos e harmonias, com as palavras e o imaginário coletivo como forma de se tentar instigar o que se pensa/sente pelo horizonte da “solitude”, ou seja, o estado de privacidade de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão.

Para o cineasta Oscar Wilde “O homem nasce só, vive só e morre só”. Um dos personagens eternos da literatura mundial, Dom Quixote - o cavaleiro de Miguel de Cervantes, personifica a solidão idealista de um fidalgo arruinado. “Desiludido com o mundo, enamorado de livros de cavalaria, leitor voraz dos feitos e glórias de outrora, torna-se solitário em seus sonhos", como relata Karnal. No romance literário, Robson Crusoé também traduz-se no seu isolamento forçado e imposto ao personagem em decorrência de um naufrágio.

Em A paixão segundo G.H., Clarice Lispector desvenda a trajetória de uma mulher madura, solitária, escultora nas horas livres e provavelmente entorpecida para a realidade. O que imaginar sobre o que se passa entre os personagens de Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marques? E de O Velho e o Mar, de Hernesto Hemingway, levando em conta o sofrimento solitário deste homem numa ilha? São obras quer falam de solidão, feito nas tempestivas noites e dias de solidão criativa, sem falar em ócio. 

Na Música Popular Brasileira, as palavras solidão e amor, talvez, sejam dois substantivos mais presentes e cantados das várias formas, por diversas vozes e sentimentos diante da liberdade poética de quem produziu suas letras em momento solitário ou não. Há solidão de dor, tristeza, banzo, vazio e ausência de algo ou alguém. Também há a solidão na multidão e até mesmo em meio a alegria do carnaval. 

O cantor e compositor pernambucano Alceu Valença, em 1984 arrebatou com seu disco “Mágico”, recheado de forró, repente e maracatu. A balada meio blues "Solidão" nasceu em meio à leitura de Cem anos de Solidão. O artista descreveu em caráter biográfico momentâneo, seus sentimentos numa madrugada contemplativa em Minas Gerais. 

"A solidão é fera a solidão devora/É amiga das horas prima irmã do tempo/E faz nossos relógios caminharem lentos/Causando um descompasso no meu coração/A solidão dos astros/A solidão da lua(...). 

A música desabrochou num momento solitário após um show. “A solidão é inerente a todo ser humano. Compus esta canção na varanda de um  hotel contemplando a lua sozinho. Comecei a pensar a minha solidão após uma apresentação com a casa lotada. Comecei a divagar sobre os dois momentos. Solidão  faz com que nosso relógios caminhem lentos e a gente que passar por esse tempo".

Paulinho da Viola compilou sua ideia sobre o assunto em "Dança da Solidão", um requintado choro gravado por Marisa Monte no disco Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão (1984). O sambista carioca alinhou o sentimento solitário com desilusão como enfatizou em parte da letra: 

"Solidão é lava que cobre tudo/Amargura em minha boca/Sorri seus dentes de chumbo/Solidão palavra cavada no coração/Resignado e mudo/No compasso da desilusão/Desilusão, desilusão/Danço eu dança você/Na dança da solidão"

Desde os anos 1970, Chico Buarque passou a dar voz às mulheres em inúmeras  composições, com suas narrativas poéticas em clima de relações conturbadas e caráter psicológico intenso. Em "A Mais Bonita", gravada por Maria Bethânia e outras intérpretes a voz ativa se exprime contra a solidão e provoca: 

"Não, solidão, hoje não quero me retocar/Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas/Deixo que as águas invadam meu rosto/Gosto de me ver chorar/Finjo que estão me vendo/Eu preciso me mostrar/Bonita, Pra que os olhos do meu bem/Não olhem mais ninguém/Quando eu me revelar/da forma mais bonita".

A dor de cotovelo por sofrer por um ex-amor, expressão tão repetida hoje, ficou popular por causa de Lupicínio Rodrigues. Ele sabia o que cantava: os momentos de sofrimento envolvendo as mulheres não foram poucos, e eram matéria-prima de canções cheias de lamento e solidão. Abandonado por elas, Lupi – como era chamado desde a infância – transformava a dor em belos versos. Quem pensa que o coração magoado se fechava, enganou-se.

 O gaúcho era vingativo para com a solidão. Deixava um lugar especial para as arrependidas: ‘Castigo’, ‘Remorso’, ‘Calúnia’, ‘Amigo ciúme’, ‘Caixa de ódio’ eram títulos de músicas que dão uma ideia da turbulenta vida amorosa de Lupicínio, que garantia que todas as letras eram inspiradas nas próprias experiências.

Solidão não tem gênero, nem cor, nem crença. É um substantivo abstrato que parece torturar coisas concretas da vida humana. Mas sempre foi na arte que disseram muito e ainda dirão. Imagine em tempo de pandemia e isolamento social? Quantas telas foram pintadas para retratar a solidão do pintor artístico e mais alguém? (Fonte: Multiciência/Agência de Notícias)

*Coluna Do Texto ao Texto (Letras e sons) por Emanuel Andrade, jornalista, professor do curso de Jornalismo em Multimeios e Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou como Repórter no Jornal do Comércio e foi pioneiro no jornalismo cultural na região, ao assinar a coluna de Literatura e Música  para o Gazzeta do São Francisco na década de 1990 e para rádios do Vale do São Francisco (Fonte: Multiciência/Agência de Notícias)

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VIRGILIO SIQUEIRA: PERMITAM-ME QUE VOS LEMBRE QUE NOVAMENTE É SETEMBRO

 Permitam-me que vos lembre

Que, novamente, é Setembro
Casulos podem – e devem – explodir borboletas
Pétalas, polens ao frescor das horas
Do arrebol nascedouro
No suavizado lume do sol da manhã
Abelhas usinando a quintessência
Com a qual adoçaremos nossos beijos
E besuntaremos nossa alma
(Comunguemos com os zumbidos delas)
Num dia qualquer deste mês, numa tardinha
Passearemos ali, pela beira do rio
(Só porque é Setembro)
Louvaremos então – silentes – ao espírito das águas
Sem, no entanto, exaltar datas ou crenças
(Só porque é Setembro)
E porque brotaram flores novas em nossos quintais
E porque, na cidade acinzentada
Canteiros receberam promessas de novos encantos
Pode ser que teimosas borboletas
Venham tingir, multiflorindo, pela teimosia
Os ares do abandono instalado ali
Pela indiferença às pétalas
(Não nos parece lógico
Mas há homens que cultuam o cinza das coisas
E não se atêm à cinza do tempo)
Mesmo assim, o canteiro rebrotará e redesenhará a praça
A cidade vicejará, de novo, intensa e acesa
(Só porque é Setembro)
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VIRGÍLIO SIQUEIRA-compositor, escritor e poeta
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