BARTÔ GALENO UMA VOZ REFERÊNCIA DA MÚSICA BRASILEIRA ROMÂNTICA, DO BREGA AO FORRÓ

A foto é de Bartô Galeno e Roberto Carlos. Escutei Bartolomeu da Silva, mais conhecido como Bartô Galeno, no Programa de Francisco Fernandes, apresentado na Rádio Grande Rio am. Francisco Fernandes é um desses profissionais capaz de saber o valor de um artista.

Precisamos valorizar mais nossos artistas. Bartô Galeno é paraibano, cantor e compositor brasileiro do estilo romântico,  considerado brega. Detalhe: Bartô Galeno gravou num dos melhores estúdios de produção de discos do Rio de Janeiro lançado em 1978, No toca-fita do meu carro, música que tornou Bartô Galeno um astro da música. Bartô Galeno tem ritmo, melodia e ótimos arranjos capaz de impressionar qualquer admirador dos bons acordes musicais. Detalhe: muitas de suas músicas inclusive traz uma sanfona na harmonia.

Com 10 anos de idade, saiu de Souza e  mudou-se para Mossoró, Rio Grande do Norte, na época do surgimento do movimento da jovem guarda. Bartô Galeno, como era chamado, passou a cantar na Rádio Rural e a participar de vários programas de calouros, nos quais frequentemente ficava em primeiro lugar, chegando a ser considerado “a mais bela voz do Rio Grande do Norte”.

Coloco Barto Galeno como um dos mais talentosos artistas da música brasileira, sem exageros. Basta você se despir do preconceito musical e ouvir os CDs, músicas ou mesmo os discos vinil, Essa cidade é uma selva sem Você, Máquinas Humanas, Só Lembranças, Meu Lamento, Lembrança do Rei. Detalhe: antes de criticar lembre Caetano Veloso gravou Peninha e Fernando Mendes, também icones da música romântica brega.

Aliás o talento de Bartô Galeno também construiu o Forró gravado pelo Trio Nordestino, “Toque Toque” que revela o valor de dançar com a mulher amada e o cheiro do perfume dela. Bartô Galeno é também parceiro de Carlos André ou Oseas Lopes que foi produtor de vários CDS/Discos de Luiz Gonzaga. A música Toque Toque foi regravada pelo cantor Petrucio Amorim.

Barto Galeno gravou com Vicente Nery e Agnaldo Timoteo. Recentemente numa entrevista o cantor e compositor Chico Cesar citou Barto Galeno, Elino Julião e outros cantores que ele ouvia na rádio Emissora Rural de Caicó, e que até hoje provoca bons sentimentos no espaço e no tempo.

O jornalista e historiador Paulo César é o autor da biografia “proibida” do “Rei” Roberto Carlos – leitura obrigatória para quem conseguir encontrar algum exemplar do livro censurado. Paulo pesquisou durante sete anos a história da chamada música brega entre 1968 e 1978 – os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil. 

O livro mostra que os cantores Odair José, Benito Di Paula, Diana Pequeno, Barto Galeno, Evaldo Braga, Fernando Mendes, Agnaldo Timóteo foram ignorados por estudos e pesquisas sobre o período e marginalizados na história cultural do país. É preciso saber: os cantores (chamados) bregas, embalavam as massas, foram quase tão vitimados pela censura quanto Chico Buarque, Caetano Veloso. Foram massacrados pela industria cultural. No livro Eu Não Sou Cachorro, Não, título extraído de um grande sucesso de Waldick Soriano, o historiador tenta fazer justiça a esses ídolos populares.

Odair José, por exemplo, teve  música proibida por ter sido lançada quando o governo fazia programas de incentivo ao controle de natalidade entre as populações pobres, apesar da posição católica contrária ao uso de anticoncepcionais. Para os censores, a canção de Odair José representava uma conclamação à desobediência civil e uma referência explícita à sexualidade.

A maioria dos trabalhos sobre música brasileira trata da tradição, como o folclore nordestino, e da modernidade, como o tropicalismo', diz o escritor. 'O brega não é nem uma coisa, nem outra. Caiu no limbo. 'A ideia é mostrar que os bregas também tiveram importância na história de nossa cultura'.

Então tenho dito: Viva Barto Galeno. Viva a música brasileira!


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MINISTÉRIO PÚBLICO COBRA DA AGROVALE QUE CUMPRA AÇÃO JUDICIAL E DEIXE DE QUEIMAR CANA DE AÇUCAR

Após identificar que a liminar deferida em face da empresa Agrovale (Agro Indústrias do Vale do São Francisco SA), localizada em Juazeiro, na Bahia, não estava sendo cumprida, o Ministério Público Público de Pernambuco (MPPE) solicitou à 2ª Vara Cível da Comarca de Petrolina a majoração da multa para o valor de R$ 100 mil por dia de descumprimento.

A Promotoria de Justiça do município ainda requereu que a empresa fosse advertida quanto à possibilidade de incidência em ato atentatório à dignidade da Justiça, consistente no não cumprimento de decisão jurisdicional.

“Embora tenha sido devidamente intimada, a empresa reiteradamente tem se eximido de cumprir os seus termos, sobretudo no que diz respeito à cessação da queima da palha da cana-de-açúcar, ante as notícias públicas e notórias relativas à continuidade da queima, em completa desobediência à tutela de urgência concedida, conforme o Relatório de Fiscalização Ambiental, emitido pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA/BA)”, comentou a promotora de Justiça Rosane Moreira Cavalcanti, no documento.

Segundo o relatório, a empresa Agrovale teria realizado procedimento de queima na pré-colheita da cana-de-açúcar todas as noites, entre os dias 12 e 20 de agosto.

“Diante do reiterado descumprimento de decisão judicial e da notória capacidade econômica da ré, o valor da multa diária (inicialmente previsto no importe de R$ 10 mil) mostrou-se insuficiente à caracterização da coerção necessária ao cumprimento da decisão judicial”, explicou a promotora Rosane Cavalcanti.


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BAHIA SOLIDÁRIA: FAMÍLIAS DE JUAZEIRO RECEBEM CESTAS BÁSICAS

A pandemia de coronavírus tem agravado as desigualdades sociais existentes no país, e no mundo todo, especialmente onde não há a implementação de políticas sociais e econômicas estruturantes, o que atua diretamente no agravamento da crise. Em contraponto, a solidariedade entre as pessoas, empresas e instituições tem sido uma ação constante neste momento. 

Esta semana, em Juazeiro, região do semiárido baiano, 50 famílias que passam por dificuldades financeiras, insegurança alimentar, além da constante preocupação em relação à saúde, por conta do novo vírus, receberam cestas básicas para amenizar os impactos socioeconômicos e aliviar um pouco a tensão, já que essas pessoas estão sendo mais afetadas pela falta de emprego e de oportunidades.

As cestas básicas foram obtidas através da campanha "Bahia solidária: do sertão ao litoral", realizada pela Articulação Semiárido na Bahia (Asa Bahia) e iniciada em Julho, com um show virtual da banda Remela de Gato, que é composta por integrantes da entidade. Desde então, está sendo feita a arrecadação de doações de pessoas físicas ou empresas, através de dinheiro ou itens alimentícios não-perecíveis. A iniciativa, que conta com a parceria do Comitê Popular Solidário da Bahia e o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tem como meta entregar 12 mil cestas básicas a famílias rurais e de periferias em 12 territórios baianos. A campanha segue até dezembro.

Em Juazeiro, deverão ser entregues mil cestas. A mobilização para a arrecadação e distribuição das cestas no Território Sertão do São Francisco tem sido realizada pelo Irpaa, uma das entidades que integra a Asa Bahia. As famílias contempladas nessa primeira entrega de 50 cestas básicas foram indicadas pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do bairro João Paulo II. De acordo com a colaboradora do Irpaa, Gizeli Maria, que está à frente do recebimento de doações e da montagem e organização das cestas básicas, em Juazeiro, as famílias selecionadas passam por dificuldades pioradas com a pandemia.

"Essas famílias foram localizadas pelo CRAS, que acompanha essas famílias e sabe a situação de vulnerabilidade econômica, sabe a situação de dificuldade com alimentação que estão passando neste momento de pandemia. São famílias que tinham uma renda, que viviam de diárias, a maioria delas, não só no bairro, como nos espaços aqui de Juazeiro. (...) Tem muitas que perderam o emprego, muitas não receberam o auxílio. E, mesmo aquelas que receberam o auxílio, a gente sabe que não é suficiente, porque são famílias grandes, a maioria com muitas crianças", explica Gizeli Maria.

A escolha da Asa Bahia por fazer a arrecadação de doações até o mês de dezembro é justamente para garantir uma ajuda para as famílias que poderão não estar mais recebendo o auxílio emergencial oferecido pelo Governo Federal logo nos primeiros meses da pandemia. Contemplados com uma cesta básica, Edilma Soares e seu esposo trabalham com reciclagem e têm uma filha, Jéssica, que desde a adolescência foi diagnosticada com miastenia grave, uma doença autoimune, e necessita de cuidados médicos constantes, além de muitos medicamentos.

Para Edilma, a doação dos alimentos veio na hora certa, pois a família está com problemas para arranjar trabalho. "Eu e meu esposo 'podia' trabalhar mais tranquilo, agora 'nós só tá' fazendo limpeza em dois locais. Antigamente, 'nós tinha' mais local para limpar (..) Apesar que teve esse auxílio do governo, mas desse dinheiro é muito difícil eu ir no mercado fazer uma boa compra, porque eu dependo mais do remédio da menina, gasto mais com medicação, que a secretaria não tem a medicação dela, ai eu tenho que comprar", diz.

A situação também não está fácil para Lilian Fernanda de Souza e sua família, que moram no Residencial Brisa. Apegada à Fé, ela diz que se sente grata pela ajuda que, segundo ela, pediu tanto em suas orações. "Não tem sido fácil, porque nós sabemos que nessa época de pandemia fica muito difícil pra trabalhar (...) Chegou num momento muito importante na minha vida [a cesta] e mais uma vez eu agradeço a Deus porque ele sabe da nossa necessidade. Também agradeço a vocês, porque eu vejo isso como fruto das minhas orações", afirma Lilian.

LIVE SOLIDÁRI: Como parte da campanha, será realizada no dia 11 de setembro, a partir das 19h30 a 2ª live show solidária para arrecadar fundos e alimentos. O evento será transmitido pelo canal da Asa Bahia no youtube e contará com músicas tocadas pela banda Xerim de Xiqueiro, pelo cantor Roberto Malvezzi e com participação do poeta Agnaldo Rocha e de jovens cordelista da região.

Como doar: Para contribuir com a campanha "Bahia solidária: do sertão ao litoral", é possível realizar transferência bancária para conta do Irpaa: Banco do Brasil, Titular: Irpaa, CNPJ: 63.094.346/0001-16, Conta Corrente: 224-0, Agência: 8573-1, ou doar itens alimentícios. Cada região do estado conta com pontos de arrecadação.

Em Juazeiro, o escritório do Irpaa está funcionando como ponto de coleta das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira. Outras informações podem ser obtidas no site do Irpaa, nas redes sociais da ASA Bahia e de entidades parceiras. (Texto: Comunicação Irpaa)

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VALE APRESENTAR: A ARTE DE SIBELLE FONSECA E ROBERTO POSSÍDIO NO SHOW NOVES FORAS

O Vale Apresentar, projeto de lives musicais que movimentou o final de semana passado com um formidável encontro de Tico Seixas e Mariano Carvalho, volta à cena cultural de Petrolina e Juazeiro neste sábado (29), levando ao palco o talento e a arte de Sibelle Fonseca e Roberto Possidio no show 'Noves Fora'.

O show começa às 20h numa live transmitida pelo www.youtube.com/sincroniafilmes4k e vai contar ainda com algumas participações especiais em performances musicais e poéticas.

Sibelle Fonseca é jornalista e começou na noite fazendo voz e violão com Roberto Possidio, nos anos 80. Em 1990 ganhou o Troféu João Gilberto/ Festival Som da Margens do Sol, como Melhor Intérprete, com a canção "Quanto Tempo" de Edésio Santos.

Roberto Possidio participou de shows com Luiz Galvão, acompanhou artistas como Ivete Sangalo, tocou no Projeto Pôr do Sol, comandado por Carlinhos Brown, em Salvador, onde também dividiu o palco com Margarete Menezes, Xangai, Jackson Costa e Lazzo Matumbi.

O Vale Apresentar é uma realização da Sincronia Filmes com apoio da Clas Comunicação e Marketing e patrocínio exclusivo da Agrovale. O projeto, apresentado pela jornalista e cantora Mirielle Cajuhy, reúne artistas regionais e convidados especiais em quatro lives, sempre aos sábados às 20h.

Em função da pandemia do novo coronavírus a renda dos encontros será destinada aos artistas e técnicos de som e os alimentos arrecadados serão doados às entidades filantrópicas de Petrolina e Juazeiro. (Fonte: Class Comunicação e Marketing)

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PADRE CÍCERO DO JUAZEIRO DO CEARÁ SERÁ TEMA DE SIMPÓSIO

As celebrações alusivas aos 150 anos de Ordenação Sacerdotal do Padre Cícero Romão (1870-2020), marcadas pela devoção do povo romeiro e devoto, serão celebradas através do Departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a Arquidiocese do Rio de Janeiro, Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e a Diocese de Crato – CE, que organizam o Simpósio Padre Cícero Romão Baptista: “Um padre e sua fé: Cícero, história e legado”, dias 6 e 7 de outubro.

Este Simpósio acontecerá de forma virtual, por meio da plataforma de videoconferência Webinar, com certificado de 14h para atividades complementares, sob a coordenação do professor doutor Padre Waldecir Gonzaga. As inscrições e comunicações podem ser feitas pelo e-mail: rodrigopoliceno@puc-rio.br.

A programação traz um conjunto de reflexões na intenção de valorizar o caminho já percorrido sobre os fatos do Juazeiro do Ceará e das várias dimensões que marcaram a ação do Padre Cícero, partindo de três eixos temáticos: Padre Cícero e a espiritualidade; Padre Cícero e os pobres; Padre Cícero e a ecologia. Esse contexto histórico será analisado à luz da reforma do catolicismo brasileiro.

Cícero Romão Batista nasceu na cidade do Crato, Ceará em 24 de março de 1844, e faleceu em Juazeiro do Norte, em 20 de julho de 1934.  Ele era conhecido como Padre Cícero, ou, mais coloquialmente, “Padim Ciço”. O início da carreira eclesiástica foi em 1865, na cidade de Fortaleza; foi ordenado padre em 1870 e, em 1872, nomeado vigário de Juazeiro do Norte. Após diversos acontecimentos religiosos na paróquia que dirigia foi acusado de mistificação (manipulação da crença popular) e heresia (desrespeito às normas canônicas). 

Em seus preceitos ecológicos, Padre Cícero fazia os seguintes alertas:

Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de árvore.

Não toque fogo no roçado nem na Caatinga.

Não cace mais e deixe os bichos viverem.

Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer.

Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza.

Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva.

Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só.

Aprenda a tirar proveito das plantas da Caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca.

Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer.

Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.


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JUSTIÇA SOCIAL: COMPLETAM-SE 21 ANOS DA MORTE DE DOM HELDER CÂMARA

"Se dou pão aos pobres, todos me chamam de santo. Se mostro por que os pobres não têm pão, me chamam de comunista e subversivo”, costumava dizer o religioso Dom Helder Câmara. Ele foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que teve importante papel de enfrentamento à ditadura militar brasileira. Graças a esse trabalho, foi elevado ao título de bispo da igreja católica, em 1952, tornando-se o secretário geral dessa organização. Em 1964, ele se tornaria arcebispo de Recife e Olinda.

Nesta quinta-feira, 27 de agosto, completam-se 21 anos da morte de Dom Helder Câmara, arcebispo emérito da Arquidiocese de Olinda e Recife. A data será lembrada em missa presidida por Dom Fernando Saburido, às 19 horas, na igreja do Santíssimo Salvador, em Olinda, com participação de fiéis, parentes de Dom Helder e de colaboradores do Instituto Dom Helder Câmara (IDHeC). A cerimônia será transmitida pelo canal da Arquidiocese, no YouTube. No mesmo dia, às 20h30, o canal do IDHeC no YouTubeapresentará a live Dom Helder em Concerto, com o tenor Igor Alves.

As comemorações pelos 21 anos de dom Helder na Casa do Pai, no entanto, começam na quarta-feira (26), com uma exposição promovida IDHeC na Livraria Paulus, no centro do Recife.

Ícone da justiça social, dom Helder foi declarado Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos em 26 de dezembro de 2017 por meio da Lei Federal nº 13.581, com reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU). Os parlamentares da Assembleia Legislativa de Pernambuco também fizeram o reconhecimento do líder religioso que se destacou pela luta e ações desenvolvidas em prol dos pobres e do povo em todo o Estado, oficializando-o Patrono dos Direitos Humanos de Pernambuco com a aprovação da Lei nº 17.006 e sua promulgação pela presidência da casa, no último dia 10 de agosto.

Caso estivesse vivo, dom Helder teria feito 111 anos de idade em 07/02/2020. O frei Jociel Gomes é o postulador da Arquidiocese de Olinda e Recife junto ao Vaticano, no processo de Beatificação e Canonização e do Servo de Deus Dom Helder Câmara. O processo foi aberto pela Arquidiocese de Olinda e Recife em 03/05/2015 e em dezembro de 2018, a Arquidiocese encerrou sua “fase diocesana”, enviando ao Vaticano uma caixa lacrada com toda a documentação.


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POESIA GARGALHADA DA CAVEIRA, AUTORIA DE PEDRO BANDEIRA CONDUZ A UMA REFLEXÃO DOS VALORES HUMANOS

O Mestre da Cultura, o poeta Pedro Bandeira, o “Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste”, nos deixou na segunda-feira, dia 24 de agosto. Com muita tristeza o Brasil, em especial o Nordeste se despede desse grande artista. No coração, suas canções e também um mundo de gratidão por seu imenso legado e obra, por sua grandeza, por sua imensidão. Pedro Bandeira fez de sua existência a passagem em busca de um mundo mais justo.

A poesia intitulada de “Gargalhada de Caveira”, do mestre poeta repentista cantador Pedro Bandeira, nos conduz a uma reflexão profunda dos nossos valores terrenos. Confira:

Certa noite de insônia e de mistério 

Desengano, fantasma, amor e pranto,

Destinei-me a entrar num campo- santo

Pra sentir do destino grande império.

Palmilhando no vasto cemitério

Eu tremia no ar como um balão,

Apalpava pedaços de caixão,

Cova fresca, torrões, cabelos e ossos,

Cruz quebrada, rosário e outros troços

Que o destino atirava pelo chão.

Em estado de decomposição,

Eu sabia que havia em alguns túmulos,

Corpos frágeis perdendo seus acúmulos

Na rotina da vil putrefação,

Flores murchas, farrapos de cordão,

Indicavam sinais que morreu gente.

Pedacinhos de velas, cera quente

Diziam-me que a morte é muito séria

Inimiga carrasca da matéria

De quem pensa que é forte eternamente.

Como eu, ainda tinha algum vivente,

Lagartixa, morcegos e corujas,

Entre as fendas das catacumbas sujas,

Num fantástico assombroso e diferente,

Epitáfios mostravam claramente

Os valores de mil anos atrás.

Velhas fitas, coroas, de metais

Pareciam pedaços de objetos

Entre vermes, bagaços e insetos

Que só prestam, pra o lixo e nada mais.

Vi na triste cidade dos mortais,

Um sapato sem dono e um tamanco

Um retrato manchado, um lenço branco,

Como símbolo fiel de amor e paz.

E provocando que ali somos iguais

Uma velha caveira abria as mãos,

Entre os restos mortais de outros cristãos,

Com a boca de osso escancarada

Como quem em eterna gargalhada

Reclamava a fraqueza dos irmãos.

Crânio, tórax, coluna, pés e mãos.

Inda estavam ligados pelos nervos,

Tendo a terra estragado outros acervos

Que sustentam crianças e anciãos.

Entre crentes, católicos e pagãos,

Eu não sei de quem era essa caveira,

Oleada coberta de poeira

Nos balanços do vento se tremia,

E nos acenos parece que dizia:

Ame ao próximo que a vida é passageira.

Numa longa risada zombeteira,

O sinistro esqueleto como um louco,

Gargalhava a sorrir fazendo pouco

Dos problemas da vida rotineira.

O orgulho, a inveja, a voz grosseira,

A perfídia, o ódio e a maldade,

Prepotência, rancor, perversidade,

Valentia, calúnia e arrogância,

São lagartas ceifando a substancia

Da floresta feliz da humanidade.

Roubo, vício, vingança e vaidade,

Quem pratica não pode estar liberto,

Sua alma pesada não da certo

No fiel da balança da verdade.

O carinho, a meiguice, a lealdade,

Confundem-se vibrando a mesma luz.

Uns vestidos em trapos e outros nus,

Todo homem morrendo é transformado,

Como um líquido que sai purificado

Das palavras da boca de Jesus.

Tresloucado abracei os ossos nus,

No mais alto e profundo nervosismo

Delirando no amor do cristianismo

Atirei-me nos braços duma cruz,

Assombrado gritando por Jesus,

Angustiado com pena dessa gente,

Que não ri, que não ama, que não sente,

Que não sofre da vida seus ressábios

Quando a terra comer seus negros lábios

Vivera gargalhando eternamente.


 



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